Parte IV

Número de escolas de Karatê Budo aumenta...

É possível?

No capítulo anterior a pergunta ficou no ar:

“Haveria a possibilidade então de haver tantos conhecedores do Karatê Budo

como se afirma, e em crescimento?”

Uma resposta sim ou não ainda neste momento é por demais apressada. Temos
que continuar a estabelecer a ponderação sob diversos prismas.

Indubitavelmente o embasamento histórico é o que temos de fator mais

providencial. Pensemos na pessoa de Funakoshi O´Sensei.

Em primeiro lugar, os Mestres do Budo com o qual Funakoshi O´Sensei,

Okuyama Yoshitaka, Egami travaram conhecimentos, agregaram e evoluíram a
prática para patamares jamais vistos na antiguidade – e mesmo o próprio
Mestre Funakoshi – foram categóricos em expressar de que o que ensinavam
não era esporte e nem para competições.

Lembremos o próprio reconhecimento atribuído à Masatoshi Nakayama,

considerado por muitos como o responsável pela expansão do Karatê
esportivo:

“... eu não posso dizer se a idéia de competições de estilo livre combina com
a alma do karatê como ensinado pelo Mestre Funakoshi Gichin, o fundador do
karatê-do.“

Existem alguns dados nestas linhas que são importantes e que pode passar
despercebido pela a visão ocidental. A cunhagem mostra o conhecimento de
diferenciações.

Observemos a referência a conceitos tais como, “competições de estilo livre”

em oposição à “alma do Karatê”.

Sem dúvidas “alma” do Karatê significa por sinônimo, o “Do” do Karatê.

Aqui existe certa confusão generalizada no tocante a termos.

Lamentavelmente até promulgado por Sensei de diversos matizes. Talvez uma
rápida explanação seja necessária.
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Será que seria compreensível se dizer que nem tudo que se chama Karatê
provém de Mestre Funakoshi?

Creio que a resposta seja unânime devido a sua logicidade. Sim, existe Karatê
que não provem de Mestre Funakoshi... Devemos lembrar que apesar de
Mestre Funakoshi ter modificado os Kanji, foi por decisão Okinawense adotar
o termo para expressar suas práticas, isto é, Karatê.

Por outro lado, Mestre Funakoshi é referido como sendo o fundador do que se
chama de Karatê-Do. Aqui existe uma grande diferença de termos e na
condução de desenvolvimentos.

O mais importante é o reconhecimento de Mestre Funakoshi de que o que

havia em Okinawa expressava um método e, portanto o designava como sendo
“jutsu” ou com a adoção okinawense, Karatê-jutsu.

Uma modificação do Kanji trazia para Mestre Funakoshi um significado último

que na realidade era a saída do Jutsu-okinawense em direção ao Do-japonês.

Interessantemente ele se referia a sua criação como sendo o Karatê-japonês.

Será que podemos compreender este significado?

Creio que sim, se olharmos as distinções havidas entre as duas culturas e suas
práticas.

A obra de Funakoshi O´Sensei visava um outro patamar, muito além da simples

técnica pré-existente. Tratava-se de uma transformação em todos os níveis a
partir da fusão técnica com a culturalmente existente em termos do Budo
japonês.
A partir deste momento, o Karatê-jutsu cede lugar, é modificado para Karatê-
Do, partilhando das mesmas essências existentes nas artes japonesas.

Para melhor compreensão ao pensarmos na figura do Samurai este tem

representatividade assegurada quando o compreendemos na forma de
Samurai-Do.

No que tange a obra de Mestre Funakoshi, esta somente pode ser

compreendida, em termos de seus objetivos finais, na forma de Karatê-Do.

Repassando, Karatê se refere à jutsu ou ao desenvolvimento existente em

Okinawa nos tempos de O´Sensei Funakoshi ou ao estado cru do Karatê-Do.

Evidentemente que devemos compreender este estado anterior do Karatê-Do

ou até mesmo irmos ainda mais além na linha do tempo.

Contudo isto deve ser sempre visto no compendio do aprendizado em termos

de Budo. Eis que a própria técnica anterior junto a Mestre Funakoshi foi

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modificada por ele e existe um motivo muito importante para isto, que será
objeto de nossos estudos em algum momento.

Continuaremos na Parte V.

Hai!

A. Filie Jr.
松濤會 江上流 空手道
Karate-do Shotokai Egami-Ryu®
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