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Maio de 2012
Fenômeno humano Relacionado à cultura Transcende tempo, espaço e cultura O ato de cantar é universal
Traço humano adquirido cedo e espontaneamente (ontogeneticamente e filogeneticamente) Modo de expressão quase onipresente Uso mais complexo do som (do que a fala)
“Nem a apreciação nem a capacidade de produzir música são faculdades inúteis para o ser humano no seu dia-a-dia. Elas devem ser listadas entre as coisas mais misteriosas com as quais ele é dotado” Darwin (1871 – Descent of Men)
Filogenético: não há consenso sobre quem surge primeiro Ontogenético: habilidade de cantar e outras habilidades musicais estão presentes desde os primeiros dias de vida e, algumas desde a vida intrauterina Reconhecimento de timbres e padrões melódicos (Peretz, 2009) Preferência por consonância (Peretz, 2009) Características prosódicas de choro de neonatos (Mampe et alt., 2009) Entre outros Processamento cerebral da música é mais amplo do que da fala, apesar de haverem áreas em comum (Patel, 2008; Peretz, 2008)
Vivemos num mundo que privilegia a linguagem verbal, mas nem todo processo comunicativo e nem toda a experiência pode ser expressa por meio da fala
Humberto Maturana (2001): Construímos nosso mundo na linguagem (verbal) e, deste modo, pensamos, refletimos e explicamos nossas experiências na linguagem Hans-Georg Gadamer: Não é a linguagem que está a serviço do homem, mas sim o homem que está a serviço da linguagem.
Percepção da vibração sonora (acústica e tátil) Percepção de padrões sonoros: pulso (beat), cadências, ciclos etc. Processamento cerebral do estímulo sonoromusical Estímulo a movimento e sincronia Lembranças e reminiscências Despertar de emoções Etc.
Estímulo e organização do movimento, incluindo energização Lembranças e reminiscências Expressão de conceitos, ideias, afetos etc. Entrar em comunicação (compartilhar uma experiência) Ingresso em estados não usuais de consciência, incluindo a experiência estética Vivenciar (e organizar) o transcorrer do tempo
Musicoterapia é a utilização da música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou um grupo, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender as necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais, e cognitivas. A Musicoterapia busca desenvolver potenciais e/ou restaurar funções do indivíduo para que ele, ou ela, alcance uma melhor integração intrapessoal e/ou interpessoal, e consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através de prevenção, reabilitação ou tratamento. (WFMT, 1996)
Práticas de Música e Saúde e/ou Música e Modificação de Comportamento são realizadas desde a antiguidade
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Ideologias pré-científicas
Ideologia néo-rousseauístas
Música atinge o mundo afetivo antes de passar pelo intermédio das representações
Interior
Individual
Música Subjetiva
Exterior Individual
Música e Rituais de Cura Música nos Hospitais (1ª metade do séc. XX) Música na Educação Especial
Estado Atual
Estado Pretendido
entrevista inicial e avaliação diagnóstica musicoterapêutica objetivos terapêuticos atendimento / desenvolvimento do processo avaliação do processo alta e/ou encaminhamento
terapeuta
cliente
Sampaio, 2007
S., 54 anos, divorciada, 3 filhas Disfunção da Articulação Temporomandibular com dor crônica (aprox. 8 anos) IES interior de SP – projeto multidisciplinar Musicoterapia receptiva breve
Caráter inicialmente sintomático Possibilidade de resignificar a sua vida
Público
Paciente Familiares / Cuidadores Equipe de Saúde
Foco
Alívio e Manejo de Sintomas (fisiológicos e psicofisiológicos) Expressão e Elaboração de sentimentos, dor, ideias Facilitação da Comunicação (compartilhar) Vivência de uma experiência temporal rica (não cronológica) Re-significação da experiência de vida e de morte
Escuta para recreação, distração etc.) Musicoterapia Vibroacústica Entrainment (canto e ritmo) Recriação de canções (jogo de tensões e distensões musicais) Composição de Canções Presente Musical (canção da literatura, improviso, composição etc.) Improvisação referencial e não-referencial Música e Imagem Escuta para ação / relaxamento
Musicoterapeuta: Ana Cristina Sampaio e estagiária Paciente oncológico, sexo masculino, 10 anos + acompanhante (mãe)
Resistência inicial Improvisação Canção com mãe Presente musical
Supervisor: Renato Tocantins Sampaio Estagiário (8º período) Paciente: 63 anos, sexo feminino, câncer ovário + metastase Entrevista com paciente e filha Composição de canção para paciente e família Cantar junto a história da pessoa
Musicoterapeuta: Renato T. Sampaio + estagiário (8º período) Paciente: 22 anos, Duchene 1ª fase (4 sessões): samba 2ª fase (4 sessões): composição
Hoje acordei animado para a vida Peguei a estrada, fui pra Minas Gerais Tudo era lindo, o lugar tinha água E o verde da natureza me deixou feliz...
Encontrei os amigos e a família Esqueci os problemas da vida Tudo era lindo, o lugar tinha água E o verde da natureza me deixou feliz...
O amor que eu desejo ter E é necessário pra viver melhor O amor... que eu espero Espero que seja bom pra nós dois
Que seja forte e verdadeiro Que seja lindo e sincero Que seja forte e verdadeiro E todo mundo sonha em ter ...
Musicoterapeuta: R.T.S. Paciente: R., consultório particular, 2 anos após morte do pai
1ª fase (aprox. 1 mês): improvisação nãoreferencial 2ª fase (aprox. 3 meses): improvisação referencial (instrumental e vocal) e ciclo de canções
COSTA, C. O Despertar Para o Outro. São Paulo: Summus, 1989. COSTA, C. História da Musicoterapia no Rio de Janeiro: 1955-2005. Rio de Janeiro: AMT-RJ, 2008. MAMPE, B.; FRIEDERICI, A; CHRISTOPHE, A.; WERMKE, K. Newborns' Cry Melody Is Shaped by Their Native Language. Current Biology, vol. 19 (23): 1994-1997, 2009. MATURANA, H. Cognição Ciência e Vida Cotidiana. Belo Horizonte: UFMG, 2001. PATEL, A. Music, Language and the Brain. New York: Oxford, 2008.
PERETZ, I.; CHAMPOD, A.S.; HYDE, K. Varieties of Musical Disorders. The Montreal Battery of Evaluation of Amusia. Ann.N.Y.Acad.Sci., 999: 58-75, 2003. PERETZ, I. Musical Disorders. From behavior to genes. Current Directions in Psychological Science , vol. 17, pp. 329-333, 2008. PERETZ, I. Towards a neurobiology of musical emotions. In: JUSLIN, P.; SLOBODA, J. (Eds.), Handbook of Music and Emotion: Theory, research, applications. Oxford: Oxford University Press, 2009. SAMPAIO, R. Considerações sobre a Linguagem na Prática Clínica Musicoterapêutica numa Abordagem Gestáltica. XVII Encontro Nacional da ANPPOM, Anais... Instituto de Artes – Unesp, São Paulo, 2007.
SAMPAIO, R.T.; SAMPAIO, A.C.P. Apontamentos em Musicoterapia, vol. 1. São Paulo: Apontamentos, 2005. SAMPAIO, R.T.: SAMPAIO, A.C.P. Musicoterapia e Cuidados Paliativos. In: SANTOS, F.S. Cuidados Paliativos: Diretarizes, Humanização e Alivio de Sintomas. São Paulo: Atheneu, 2010.