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O Medievalista
e a Arqueologia
(Reflexões sobre o caso português)
1. As linhas que se vão seguir não são, de forma alguma,
nem um balanço da arqueologia medieval em Portugal (o que
se fez e o muito que há ainda para se fazer), nem um programa
de estudo, e muito menos uma proposta metodológica. Isso
não obsta a que julguemos ser de grande utilidade e urgência
um «ponto da situação» e a prospectiva do futuro. Mas tal teria
que ser feito num encontro que juntasse todos aqueles que se
dedicam aos trabalhos arqueológicos neste período, juntamente
com esses outros, os historiadores, que têm algo a pedir ao
arqueólogo.
O que aqui propomos é uma reflexão, escrita, sobre
problemas com que nos temos defrontado, carências que temos
sentido. Deixam-se ideias, algumas que podem valer a pena
explorar e discutir, outras que possivelmente serão consideradas
de menor importância. Teremos atingido o nosso objectivo se
conseguirmos que este texto sirva de estímulo para uma reflexão
teórica sobre o assunto, mesmo que seja para discordar do que
aqui está escrito.
Refere Christopher Taylor, na sua obra Fieldwork in Medieval
Archaeology (Londres, 1974, págs. 11 e 12), que escrever sobre
Arqueologia Medieval de Campo (Medieval Field Archaeology)
como se esta diferisse da arqueologia de campo dos períodos
pré-histórico e romano apresenta muitos riscos, já que não deve
haver divisão, na mente do arqueólogo, entre os vários períodos
da História e da Pré-história.
Esta ideia, defendida ainda hoje por vários especialistas, não
nos parece poder sustentar-se. Na realidade, a especificidade de
cada período deve conduzir a uma especialização do arqueólogo,
de modo a que este saiba o que procura e reconheça o que
encontra. A menos que por arqueólogo queiramos referir apenas
o técnico que escava a terra e regista as estruturas, a estratigrafia
e os artefactos, sem nada querer ou poder entender. Diferente
é o caso da atenção que todo o arqueólogo deve ter em relação
aos vestígios que lhe possam aparecer e que testemunham
períodos diversos do da sua especialidade. Se isso acontece,
ele não poderá deitar fora esses vestígios e fingir que nunca
foram encontrados. Mas deve saber reconhecê-los e de imediato
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Referência
Barbosa, P. G. — O Medievalista e a Arqueologia (Reflexões sobre o
caso português). Revista ICALP, vol. 19, Março de 1990, 109-121.
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