literatura especializada. Segundo Garvin (2002:48) existem cinco abordagens principais para definição de qualidade:
i) transcendentais ii) baseada no produto iii) baseada no usuário iv) baseada na produção v) baseada no valor i) transcendentais
Entende-se a qualidade como sendo constituída de
padrões elevadíssimos, universalmente conhecidos.
Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em
vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento. (Tuchman)
Qualidade não é uma idéia ou uma coisa concreta, mas
uma terceira entidade independente das duas... Embora não se possa definir qualidade, sabe-se o que ela é. (Pirsig) ii) baseado no produto
A qualidade é constituída de variáveis e atributos que
podem ser medidos e controlados, nos produtos.
Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de
quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado. (Abbott)
Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem
preço presentes em cada unidade do atributo com preço. (Leffler) iii) baseado no usuário
Nesta definição a qualidade deve atender plenamente
aos requisitos dos usuários (clientes).
Qualidade é a adequação ao uso. (Juran)
Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos.
(Edwards)
Na análise final de mercado, a qualidade de um
produto depende de até que ponto ele se ajusta aos padrões das preferências dos consumidores. (Kuehn & Day) iv) baseado na produção
Aqui a qualidade pode ser vista como o atendimento
às especificações do projeto do produto/serviço na sua fase de produção.
Qualidade quer dizer conformidade com as exigências.
(Crosby)
Qualidade é o grau em que o produto específico está
de acordo com o projeto ou especificação. (Gilmore) v) baseada no valor
Nesta última definição, a qualidade é entendida como
sendo a relação entre o uso e o preço, ou seja, o preço que o cliente está disposto a pagar pela qualidade de um produto/serviço.
Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável
e o controle da variabilidade também a um custo aceitável. (Broh)
Qualidade quer dizer o melhor para certas condições
do cliente. (Feigenbaum) Para a NBR ISO 9000:2000:
A qualidade é um conjunto de características inerentes
(propriedades diferenciadoras) que satisfaz a requisitos (necessidades ou expectativas que são expressas, geralmente, de forma implícita ou obrigatória).
A partir das definições apresentadas, a qualidade pode
ser conceituada segundo o enfoque que estamos dando, ou seja, não há uma única definição para a qualidade.
Sintetizando, podemos dizer que a Qualidade é o
fornecimento de produtos/serviços que superem as expectativas dos clientes. Todas as definições da qualidade apresentadas são referentes à aplicação no âmbito empresarial, isto é, situações que envolvam a produção de bens e serviços destinados aos clientes.
O conceito qualidade é amplo, podendo ser empregado
em diversas áreas de nosso cotidiano. Atualmente, muito se tem falado sobre qualidade ambiental e qualidade de vida; no primeiro, pode ser empregado a norma ISO 14000, cuja certificação vem sendo muito procurada pelas empresas. Entretanto, estes assuntos estão fora de nosso plano de ensino. O caminho mais seguro para se definir qualidade em uma empresa é através de sua política da qualidade, que pode incluir mais de uma das abordagens citadas.
O conceito de qualidade segundo Garvin (2002) pode
ser desdobrado em: - desempenho - características - confiabilidade - conformidade - durabilidade - atendimento - estética - qualidade percebida Desempenho: refere-se às características operacionais básicas do produto.
Características: são as funções secundárias do
produto, que suplementam seu funcionamento básico.
Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau
funcionamento de um produto.
Conformidade: refere-se ao grau em que o projeto e as
características operacionais de um produto estão de acordo com os padrões preestabelecidos. Durabilidade: refere-se à vida útil de um produto, considerando suas dimensões econômicas e técnicas.
Atendimento: refere-se à rapidez, cortesia, facilidade
de reparo ou substituição dos produtos.
Estética: refere-se ao julgamento pessoal e ao fluxo das
preferências individuais.
Qualidade percebida: refere-se à opinião subjetiva do
usuários acerca do produto. 3. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE
a) Introdução
b) Inspeção
c) Controle Estatístico da Qualidade
d) Garantia da Qualidade
e) Gestão Estratégica da Qualidade
a) Introdução
O tema da Qualidade é muito dinâmico, sendo sua
evolução fruto da interação dos diversos fatores que compõe a estrutura organizacional e sua administração.
Qualidade é um conceito espontâneo e intrínseco a
qualquer situação de uso de algo tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de serviços ou percepções associadas a produtos de natureza intelectual, artística, emocional e vivencial. Conceitualmente, a qualidade é conhecida há milênios, entretanto, só recentemente emergiu como função gerencial. No início, a qualidade era direcionada para a inspeção; nos dias atuais, as atividades relacionadas se ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico.
A ampliação da abrangência da qualidade nas
atividades organizacionais pode também ser percebida em responsabilidades que se agregam à área, como qualidade ambiental e qualidade de vida, ética e valores. b) Inspeção
No período anterior à era Industrial, quase tudo era
fabricado por artesões, onde a produção era em baixíssima escala e havia a participação do artesão em praticamente todas as fases do processo. A inspeção se dava segundo critérios especificados pelo próprio artesão e sua pequena equipe.
A inspeção formal passou a ser necessária com o
surgimento da produção em massa e produtos com muitas peças intercambiáveis. Taylor, o pai da administração científica, atribuiu maior legitimidade à atividade de inspeção, separando do processo de fabricação e atribuindo aos profissionais especializados. Assim, as atividades de inspeção se tornaram rapidamente em um processo independente e associado ao controle da qualidade.
A inspeção 100 %, se manteve inalterada durante
muitos anos. Em algumas situações, a inspeção parcial ou por amostragem eram utilizadas, mas sem metodologia estruturada. O controle da Qualidade limitava-se à inspeção e às atividades restritas, como a contagem, a classificação pela qualidade e os reparos. A solução para os problemas era vista como fora das responsabilidades do departamento de inspeção. c) Controle Estatístico da Qualidade i) Introdução A mudança no enfoque da inspeção se deu a partir das pesquisas nos Laboratórios Bell Telephone. O resultado produzido é o que conhecemos, hoje em dia, como Controle Estatístico do Processo, entre os pioneiros, destacamos nomes como Deming, Juran e Shewhart.
Nesse contexto se verifica o controle da qualidade no
processo produtivo, através de procedimentos estatísticos. ii) controle do processo
A estruturação e a organização das etapas que compõe
a realização de uma tarefa, incluindo o seu fluxo, insumos, atividades realizadas e produtos gerados, é possível obter muitas informações sistematizadas e perceber pontos críticos, oportunidades de melhoria e, principalmente, as variações devidas a causas normais e anormais.
As cartas de controle são o instrumento mais simples
para documentar e analisar a ocorrências destes eventos. iii) amostragem
Por motivos técnicos, econômicos e tempo, as inspeções
100% se tornam impraticáveis, surgindo assim, a amostragem, que se consolidou com o desenvolvimento dos métodos estatísticos.
A inclusão de técnicas de amostragem propiciou um
grande avanço nos processos da qualidade, promovendo ampla divulgação de cursos e a evolução dos procedimentos, visando aplicações cada vez mais confiáveis. d) Garantia da Qualidade i) introdução Garantir a qualidade abordando desde a fase do projeto de desenvolvimento do produto, incluindo os aspectos funcionais e atributos de desempenho, ganhou destaque já na metade da década de 50. Um outro destaque é o envolvimento de todos os funcionários, de todos os níveis hierárquicos, assim como fornecedores e clientes nos processos de melhoria da qualidade. Manter e aperfeiçoar as técnicas clássicas da qualidade existentes, também é relevante para o processo. A partir dos anos 50, a qualidade conquistou seu lugar e passou a ser um tema muito bem aceito no ambiente organizacional, com técnicas específicas, resultados efetivos e profissionais especializados.
Os ícones no assunto neste período foram Deming e
Juran, que desenvolveram o conceito da qualidade no Japão, fato que colocou este país na vanguarda mundial no que diz respeito às indústrias automotiva e eletrônica. ii) custos da qualidade
Em 1951, Juran abordou este tema em seu livro que se
tornou um dos grandes referenciais da qualidade: Quality Control Handbook. Os elementos que compunham os investimentos para se ter qualidade, classificados por categorias e processos envolvidos, desde o projeto até as fases finais do ciclo de vida de um produto, incluindo assistência técnica e descarte, evoluíram em diversas abordagens. Analisar os elementos que participam dos custos da falta da qualidade tornou-se prática habitual. Nesse sentido, passou a ser relevante as conseqüências com perdas quantificadas, como retrabalho, refugo, devoluções, manutenção, vendas imagem, etc. Tais fatos podem comprometer de forma considerável o desempenho de uma empresa. iii) controle da qualidade total
Feigenbaum foi quem mais abordou este princípio,
onde afirmou que se o depto de fabricação e os de controle da qualidade tivessem que operar de modo isolado do contexto organizacional, a probabilidade seria cada vez menor de que os produtos gerados atendessem aos requisitos cada vez mais rigorosos do mercado.
Assim, todos os departamentos são responsáveis pelo
sucesso do empreendimento, onde a alta administração assume a liderança e a responsabilidade final pela qualidade. iv) engenharia da confiabilidade
O controle estatístico do processo garantia a qualidade
dos produtos produzidos dentro das fábricas, mas pouco se conhecia quanto a pós-fabricação e ao uso, exceto pelos problemas relatados e resolvidos de forma reativa (visualizados através dos defeitos).
Para resolver tal situação, procedimentos baseados em
análises estatísticas foram desenvolvidos, repercutindo em estimativas de tempo de operação de componentes mais confiáveis e maior segurança operacional. v) zero defeito
Este conceito foi o último da Garantia da Qualidade,
sendo Crosby o ícone no assunto. A coordenação entre as funções tornou-se uma preocupação fundamental, e os profissionais da qualidade desviaram sua atenção para delinear programas, determinar padrões e o acompanhar as atividades de outros departamentos.
Pode ser sintetizado como fazer certo na primeira vez,
e seus pilares são a filosofia de trabalho, a motivação e a conscientização. e) Gestão Estratégica da Qualidade
Nas duas últimas décadas a Qualidade passou a ser
percebida como um tema de cunho estratégico. Os princípios da gestão da Qualidade disseminados nos anos 50, foram enfim assimilados pela maioria das organizações. As legislações de defesa do consumidor, a intensificação da concorrência, a globalização dos mercados, além de normas internacionais amplas como a ISO 9000, transformaram o escopo da Qualidade, consolidando-a em todos os pontos do negócio. A essência da abordagem estratégica da qualidade foi resumida de modo muito simples em um relatório da Sociedade Americana de Controle da Qualidade:
1) Não são os fornecedores do produto, mas aqueles
para quem eles servem – clientes, usuários e aqueles que os influenciam ou representam – têm a última palavra quanto até que ponto um produto atende às suas necessidades, satisfazendo as suas expectativas.
2) A satisfação relaciona-se com o que a concorrência
oferece. 3) A satisfação relacionada com o que a concorrência oferece, é conseguida durante a vida útil do produto, e não apenas na ocasião da compra.
4) É necessário um conjunto de atributos para
proporcionar o máximo de satisfação àqueles a quem o produto atende. REFERÊNCIAS
> MARSHALL JR., Isnard. et al. Gestão da Qualidade.
Rio de Janeiro: FGV, 2.004.
> SHIGUNOV NETO, Alexandre; CAMPOS, Letícia.
Manual de Gestão da Qualidade aplicado aos cursos de graduação. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 2004.
> VIEIRA FILHO, Geraldo. Gestão da Qualidade Total