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A crônica descreve um "cãomício" no calçadão de Copacabana, onde diferentes raças de cachorros discutem assuntos políticos em alegoria à sociedade brasileira da época. Cachorros de raça representam a elite e defendem seus privilégios, enquanto um vira-lata propõe igualdade e é rotulado de comunista, revelando tensões entre classes presentes no país na década de 1970.
A crônica descreve um "cãomício" no calçadão de Copacabana, onde diferentes raças de cachorros discutem assuntos políticos em alegoria à sociedade brasileira da época. Cachorros de raça representam a elite e defendem seus privilégios, enquanto um vira-lata propõe igualdade e é rotulado de comunista, revelando tensões entre classes presentes no país na década de 1970.
A crônica descreve um "cãomício" no calçadão de Copacabana, onde diferentes raças de cachorros discutem assuntos políticos em alegoria à sociedade brasileira da época. Cachorros de raça representam a elite e defendem seus privilégios, enquanto um vira-lata propõe igualdade e é rotulado de comunista, revelando tensões entre classes presentes no país na década de 1970.
Jos Carlos Oliveira (1934-1986), (Vitria,18 de agostode1934
Vitria,13 de abrilde1986) foi umescritorbrasileiro. Celebrizando-se por suas colaboraes dirias noJornal do Brasil para o qual escreveu quase diariamente, por vinte e trs anos, entre 1961 e 1984., tornou-se um dos grandes cronistas brasileiros do sculo XX , mas praticou tambm o romance e o memorialismo. Bomio pobre e talentoso, preferia chamar a si mesmo de Carlinhos Oliveira, "cristo, catlico apostlico romano, pago, filho de Iemanj", "o mais ecumnico dos ateus", "brasileiro por fatalidade, temperamento e vocao", "apenas dois dedos maior que Napoleo Bonaparte", "com o corao de Gauguin, o fugitivo, o liberado, o inocente, o doido", expresses com que se autodefiniu em crnica bem humorada. Foi um defensor do livre pensamento, sem temer polmicas nem o revanchismo dos poderosos de qualquer faco, como mostra a sua obra pstuma, organizada em 1995 porBernardo de Mendona,Dirio daPatetocracia, que rene as crnicas escritas e publicadas ao longo do ano de 1968 noJornal do Brasil, um perodo marcante na exacerbao da ditadura instaurada em 1964 sob o comando dos generais. Seu romance Terror e xtasefoi adaptado para o cinema em1979, em um obra de sucesso dirigida porAntnio Calmon.
MOVIMENTOS SOCIAIS DC. 60:
MOVIMENTOS OPERRIOS
Movimento operrio um termo que refere-se
organizao coletiva de trabalhadores para a defesa de seus prprios interesses, particularmente (mas no apenas) atravs da implementao de leis especficas para reger as relaes de trabalho. O ano de 1968 rompeu um perodo de refluxo para a classe operria e os movimentos populares no s no Brasil, mas em todo mundo. Foi o ano em que o movimento de massas deu um grande salto qualitativo na luta de classes, pois pela primeira vez o movimento operrio rompia com as direes pelegas e formava um movimento independente, passando por cima da burocracia nas assemblias, nas greves, passeatas e ocupaes de fbrica, pela primeira vez desde que o regime militar havia
MOVIMENTOS SOCIAIS DC. 60:
MOVIMENTOS OPERRIOS
Na primeira dcada do sculo XX, o Brasil j
tinha um contingente operrio com mais de 100 mil trabalhadores, sendo a grande maioria concentrada nos estados do Rio de Janeiro e So Paulo. Foi nesse contexto que as reivindicaes por melhores salrios, jornada de trabalho reduzida e assistncia social conviveram com perspectivas polticas mais incisivas que lutavam contra a manuteno da propriedade privada e do chamado Estado Burgus.
Imagem representando O Movimento Operrio.
MOVIMENTOS SOCIAIS DC. 60:
GREVE EM OSASCO
A principal fbrica metalrgica de Osasco, a Cobrasma,
com seus 3 mil operrios, precisava de apenas um pretexto para comear uma greve. O pretexto encontrado era a prpria ditadura militar. E foi no dia 16 de julho de 1968, s 9h da manh, que se ouvia a sirene extra da Cobrasma anunciar o incio da operao de ocupao da fbrica. A situao era to radicalizada que os operrios discutiam sobre a possibilidade do governo decretar um estado de stio logo aps a ocupao da indstria metalrgica. Qualquer fagulha poderia iniciar um incncio pelo Pas e a ocupao da Cobrasma no era uma fasca, mas um barril de plvora.
MOVIMENTOS SOCIAIS DC. 60:
GREVE EM OSASCO
Imediatamente aps a ocupao, panfletos
foram amplamente distribudos para informarem as outras fbricas. O panfleto, diga-se de passagem, havia sido escrito dois dias antes da ocupao, tamanha era a organizao dos operrios, que esperavam que o primeiro dia de greve deveria acontecer exatamente como estava naquele panfleto. E realmente aconteceu o que haviam previsto: s 9h, a Cobrasma seria ocupada e na troca de turno, s 14h, a Lonaflex tambm seria.
MOVIMENTOS SOCIAIS DC. 60:
GREVE EM OSASCO
O que o movimento no esperava era a
ampliao da greve para outras categorias. Assim que leram o panfleto, os trabalhadores da fbrica de fsforos Granada tambm entraram em greve, assim como as indstrias de madeira, serraria e vrias outras categorias que no tinham qualquer relao com os metalrgicos, que eram chamados inclusive para negociar com os patres em nome destas outras categorias.
ANLISE
Comcio no calado- A narrativa dessa crnica pode ser
analisada por vrios ngulos: em um deles, temos o discurso burgus, que prope medidas suprfluas para sua classe (pipi dog, Cooper no Calado de Copacabana, no querer ir praia); metaforizadas pelas exigncias dos cachorros de raa: (Pastores alemes, Pinther, Poodle Branquinho; Weimaraner azulado, Pointer, Cadelinhas Basset, Dobermans e Boxer); opondo-se as classes proletrias que reivindicavam direito alimentao digna; direito a sade e direito a igualdade, simbolizadas pelas propostas do vira- lata, o qual foi logo visto como comunista. Referncias ao incio de abertura poltica, no final dos anos 70, quando os comcios do operariado tomava conta de grandes centros, e ainda eram visto com preconceitos, receios e represso.
Copacabana Rio de Janeiro : Bairro de classe alta. Espao histrico - Copacabana umbairro nobre situado naZona Sulda cidade doRio de Janeiro, no Brasil. considerado um dos bairros mais famosos e prestigiados doBrasile um dos mais conhecidos do mundo. Tem o apelido dePrincesinha do MareCorao daZona Sul. Faz divisa com os tambmbairros nobresdaLagoa,Ipanema,Botafogo eLeme. J se chamou Socopenapan e o nome atual tem a ver com a santa boliviana que o originou.
TEMPO DA NARRATIVA
Tempo histrico - 1 de Maio em 1979.
Uma multido lota o estdio de Vila Euclides num ato convocado por mais de 60 entidades. Tempo da narrativa atemporal por no trazer marcaes temporais; Tempo da narrao - dcada de 70.
MARCAS NA EMANNCIA DO TEXTO
Comcio no calado: alegorizao de um
perodo crtico. Narrador na 3 pessoa; Descrio atenta do espao; O tempo da realizao do Comcio no explicito na crnica subentendido por causa dos acontecimentos ocorridos numa determinada poca no Brasil, por isso h a necessidade de recontextualizao;
Crnica alegrica ao estilo das fbulas de
Esopo, ces, animais mamferos, carnvoros so personificados e agem como os seres humanos; Linguagem simples; As frases so curtas; Assunto aparentemente banal; Estranhamento Batalho de Gatos, armados de unhas e dentes, garantia a ordem._ ironia;
Primeiro a falar Poodle branco, na esfera social
representa homem branco que detm o poder, lder. Chama a ateno para a irresponsabilidade dos donos; Narrador irnico: _ respondeu a multido raivosa (embora toda ela vacinada). A crnica fala sobre cachorro, mas h momentos que o narrador se refere a eles em termos que designam pessoas, multido, povo; (pessoas transfiguradas em cachorros); O segundo a ter o direito a voz o cachorro Weimaraner azulado repete o paradigma, mas diz querer mudar; Na indicao de lugares explicito o poder aquisitivo dos cachorros, ruas, bairros e prdio de
O narrador deixa implcito que esses
lugares luxuosos de algum modo esto corrodos, a exemplo, o cachorro azulado faz xixi na piscina do Copacabana Palace; 3 a falar, Boxer de cara abobalhada, bom coraofaz em proposio de forma organizada, prope uma abaixo assinado e demonstra preocupao com a opinio pblica e a sade;
O momento de tenso comea com
aparecimento do vira-lata na cenapropondo igualdade entre as raas; Os ces de luxo pertencem a direita, representam o poder, no querem mudana: plano mais amplo da justia social; Vira-lata, pertenceesquerda, recebe rtulo de agitador, comunista deve ser silenciado. O narrador astuto, apresenta passagens humorsticas, mesclados aos aspectosrevoltantes da desigualdade de distribuio de renda no Brasil. Podemos depreender que na crnica os cachorros de raa representam o poder, a classe dominante e o vira-lata pertence