Plano de Desenvolvimento Pessoal Duas Estratégias de Qualificação RVCC 2008 Introdução • A implementação do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências tem seguido um caminho de consolidação ao longo dos últimos anos. Essa consolidação tem sido realizada pelo esforço das equipas técnico-pedagógicas, no terreno e na criação de instrumentos, metodologias, recursos e práticas para a implementação dos referenciais de competência-chave e pela ANQ na procura de regular/regulamentar a estrutura do processo nas suas mais variadas vertentes. Introdução (2) • Assim, a realidade aponta para situações que, pela sua pertinência são relevantes para o processo de efectiva qualificação e não só meramente certificação dos adultos. Falamos da existência de uma estratégia para a qualificação assente nos Planos de Desenvolvimento Pessoal e Planos Pessoais de Qualificação. Linhas Orientadoras • Temos como linha de orientação dois princípios essenciais: 2. Que o processo de qualificação começa no momento em que o adulto se inscreve num Centro Novas Oportunidades e com este momento começa a elaboração do Plano de Desenvolvimento Pessoal. 3. Que a qualificação é um processo e não um momento. Não é feita com a finalização do processo de certificação mas sim na apropriação e consciencialização da dinâmica da aprendizagem ao longo da vida e da qualificação pessoal e profissional. Princípios • São 5 os princípios orientadores da Qualificação: 2. A qualificação é um processo não é um momento. 3. A consciência da necessidade da qualificação nasce da consciencialização da necessidade de aprendizagem. 4. A aprendizagem deve ser associada à qualificação por via da aferição e apropriação pessoal das competências. 5. A melhoria da qualificação pessoal resulta de um processo contínuo de auto-avaliação. 6. A qualificação deve ser tida pelo adulto como um reconhecimento social, profissional e pessoal. Os Planos • O Plano Pessoal de Qualificação (PPQ) e o Plano de Desenvolvimento Pessoal (PDP) não devem ser vistos como meros documentos. São, acima de tudo, roteiros assentes num processo de negociação, informação e consciencialização entre o adulto e a equipa técnico-pedagógica com vista à tomada de decisão, orientação e consolidação de uma estratégia em benefício do adulto e com o objectivo claro da qualificação a curto, médio e longo prazo. O Plano Pessoal de Qualificação (PPQ)
• Este instrumento tem duas funções essenciais, para além da
função resultante da sua estruturação descrita já pela ANQ (Ver documento de Diagnóstico e Triagem):
b) Registar informação e posicionar o adulto em função do seu
percurso formativo a ser completado/realizado. c) Consciencializar, informando o adulto, das competências evidenciadas, assim como, da própria articulação entre estas e os referenciais de competências-chave para o processo RVCC/EFA. Este documento tem ainda uma função “oculta” de apoio à articulação entre as equipas dos processos RVCC e equipas dos Cursos EFA. Pode ser um excelente documento de formulação de apoio à tomada de decisão pelas equipas de formação EFA no posicionamento do adulto, nomeadamente, ao nível das competências, perfil do adulto, diagnóstico para a língua estrangeira e percurso formativos a construir em função dos objectivos pessoais, profissionais e escolar do adulto. O Plano de Desenvolvimento Pessoal (PDP):
• O PDP é essencialmente o resultado do trabalho colaborativo entre
a equipa técnico-pedagógica, o adulto, o Avaliador Externo e sempre que útil, o apoio de entidades externas e socialmente úteis para criar linhas de orientação para a qualificação do adulto. O PDP não é um documento fechado. É uma linha de rumo, uma estratégia, uma primeira orientação para que o adulto reforçe a consciência da importância da aprendizagem ao longo da vida em função da sua valorização pessoal, social e profissional. • O PDP ganha especial importância quando ligado a instrumentos como o Catálogo Nacional para a Qualificação ou os perfis profissionais neste contidos numa estratégia de reconhecimento da importância da formação e certificação profissional em função dos objectivos pessoais de cada adulto. • O PDP pode ainda ser um instrumento muito válido em caso de situações em que os adultos se encontram desempregados, pois pode, se devidamente construído, orientar os adultos na procura de emprego, na definição/redefinição das suas orientações vocacionais e na relação entre a qualificação e o mercado de trabalho. Práticas • Destacamos duas funções distintas para o PPQ e o PDP: b) O PPQ é essencialmente um documento criado para apoio aos processos RVCC parciais ou para articulação entre o processo RVCC e o EFA. Não deve resumir-se a isto, visto que é um excelente recurso para o adulto ter conhecimento das suas competências. c) O PDP é essencialmente um documento criado com o adulto, em articulação com a equipa técnico- pedagógica e o Avaliador Externo como meio de traçar um conjunto de linhas orientadoras na valorização e efectiva realização da qualificação ao nível pessoal, profissional, escolar e formativo. Orientações • Na construção do PPQ/PDP deve a equipa técnico-pedagógica, assim como, o Avaliador Externo, em conformidade com os objectivos do adulto, terem em conta: • Que os objectivos/metas a traçar devem ser realistas e ter como base as Barreiras/Obstáculos – Dificuldades antecipadas - e Estratégias/Recursos – Possíveis estratégias para superação das dificuldades - no percurso definido para a qualificação do adulto. Consideramos que as mesmas não devem fazer parte do documento final, no entanto, devem estar espelhadas no realismo dos objectivos traçados. • Que a construção do PDP não deve ser apenas realizada como obrigação de apresentação de uma estratégia, mas sim, como baseada num processo de negociação, informação, articulação entre os objectivos do adulto, o perfil definido pela equipa e as necessidade de qualificação individuais e a situação profissional no mercado de trabalho. Orientações (2) 3. Que deve existir informação ao Avaliador Externo do conteúdo do PPQ/PDP. No envio de documentação ao Avaliador Externo prévio à reunião com a equipa para organização e proposta de adultos a júri, aquando do envio dos Dossies Pessoais/Portefólios Reflexivos de Aprendizagens, devem ser remetidas as versões existentes destes documentos, adequadamente PPQ ou PDP. 4. Em reunião de equipa técnico-pedagógica com o Avaliador Externo estes documentos são analisados, melhorados ou redefinidos antes da sessão de júri de certificação. 5. Em sessão de júri de certificação o PPQ/PDP é apresentado ao adulto/com o adulto/pelo adulto (consoante a melhor estratégia) de forma a haver uma discussão do mesmo ou argumentação em torno do mesmo. 6. O PPQ/PDP são também excelentes recursos para a avaliação. Neste contexto podem ser fontes de análise pós-processo para o registo dos dados entre o que foi previsto e a linha de orientação dada ao adulto e o percurso seguido pelo mesmo após algum tempo. Este trabalho de “seguimento” pelo CNO dos adultos que concluiram o processo afere, não só resultados para o CNO como para a(s) estratégia(s) de orientação realizadas pela equipa com vista à qualificação dos adultos pós-processo. Conclusão • Estes dois recursos (PPQ e PDP) podem ser estratégias de uma importância fundamental no processo de Qualificação de Adultos. Devem ser vistos como recursos para a consciencialização e não como meros formalismos burocráticos. O recurso à articulação entre estes documentos e a função da Iniciativa Novas Oportunidades com a valorização da Aprendizagem ao longo da vida são fundamentais para a o reforço do aperfeiçoamento das competências dos adultos.