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Teoria da Argumentação Jurídica

Âmbito da Argumentação Jurídica


Campos jurídicos
(da argumentação jurídica)
1 –Da produção ou estabelecimento de
normas jurídicas;

2 – Da aplicação das normas jurídicas (na


solução de casos)

3 – Da dogmática jurídica
1 – Campo da Produção ou estabelecimento
de normas jurídicas
1.a) Argumentações que ocorrem na fase pré-legislativa
Surgem como consequência de um problema social, onde a solução, a princípio, será confiada
ao legislador, que providenciará uma medida legislativa
(aborto, eutanásia, tráfico de drogas)
*discussão popular – opinião pública
CARÁTER MAIS POLÍTICO E MORAL
1.b) Argumentações na fase propriamente legislativa
Surgem que um determinado problema passa a ser considerado pelo Poder
Legislativo ou órgão do governo, com ou sem discussão popular
CARÁTER TÉCNICO-JURÍDICO
2 –Campo da aplicação das normas jurídicas
(solução de casos)
Levada a cabo por:
_Juízes
_órgãos administrativos
_por particulares

2.a) Argumentações: problemas relativos a fatos


2.b) Argumentações relativas ao Direito (problemas de interpretação)
3 – Campo da dogmática Jurídica
Funções da dogmática:
a) Fornecer critérios para a produção do Direito
nas diversas instâncias;

b) Oferecer critérios para a aplicação do Direito;

c) Ordenar e sistematizar um setor do


ordenamento jurídico.
Teorias de primeira ordem (buscam a solução de
discordâncias morais):

• Liberalismo (consolidou a liberdade como principal vetor moral da


vida pública. É aqui que se divide as liberdades públicas positivas e
negativas).
• Utilitarismo (uma faceta do liberalismo, a maximização do bem-estar
por meio do cálculo utilitário)
• Igualitarismo liberal (modelo substantivo de democracia. As
diferenças sociais e desigualdades econômicas são justificadas, se
resultarem da escolha das pessoas e não de suas circunstâncias -
John Rawls e Ronald Dworkin)
• Comunitarismo (centra seus interesses nas comunidades e na
sociedade e não no indivíduo)
Tópica
Theodor Viehweg
Theodor Viehweg
Tópica – Aristóteles
Topoi: pontos de vista utilizáveis e aceitáveis em toda a parte
Técnica do pensamento problemático: A arte de pensar problemas
Lugares comuns e a superação: ideias e pensamentos que são aceitos, de
forma consensual
A dialética: a arte de trabalhar com opiniões opostas – base da prudência
O que é prudência?
Aporia
O pensar tópico
“O pensar tópico como forma de argumentação
diferencia-se da dogmática. Pois a dogmática parte
de pontos de partida indiscutíveis e inegáveis,
enquanto a tópica vale-se de pontos de partida
abertos à discussão, já que são tentativas de
compreensão e não uma certeza absoluta” (Eduardo
Bittar)
Dialética

“A dialética é, então, uma espécie de arte de trabalhar com


opiniões opostas, que instaura entre elas um diálogo,
confrontando-as, no sentido de um procedimento crítico.
Enquanto a analítica está na base da ciência, a dialética está
na base da prudência” (Tercio Sampaio Ferraz Jr)
Argumentação Jurídica
Contexto de Descoberta e contexto de justificação
A filosofia distingue o contexto da descoberta e o contexto da justificação nas
teorias científicas
Contexto de descoberta: descobrir ou enunciar uma teoria (aqui não é
suscetível de análise lógica). Nesse plano somente se expõe a forma de
desenvolvimento do conhecimento científico (sociólogo, historiador da ciência).

Contexto da justificação: justificar ou validar a teoria, a descoberta, ou seja,


confrontá-la com os fatos a fim de mostrar a sua validade (aqui se exige uma
análise do tipo lógico.

“uma coisa é o procedimento mediante o qual se estabelece determinada


premissa ou conclusão, e outra é o procedimento que consiste em justificar essa
premissa ou conclusão” (Manuel Atienza)
Por exemplo:
Considerando o argumento: “é necessário torturar
o suposto terrorista”:
Temos que distinguir as causas psicológicas, o
contexto social, as circunstâncias ideológicas, dentre
outras, que me levaram a tomar essa decisão (ou o
magistrado) e as razões que demonstram estar correta
minha decisão
Então:
se eu afirmar que decidi conforme minhas crenças religiosas,
significa enunciar uma “razão explicativa”;

• por outro lado, se eu afirmar que baseei minha decisão em


determinada interpretação do art. 5º da Constituição, significa
enunciar uma “razão justificadora”

Conclusão: não se deve explicar as decisões e sim justificá-las


Explicação (crenças e desejos) / Justificação (avaliação)
Perspectivas de análise das argumentações
1 – Das ciências sociais: adoção de diversos modelos para explicar o processo de
tomada de decisões.
No Direito um desses modelos chama-se:

*“informação integrada” (Martin F Kaplan, 1983): a tomada de decisões é resultado da


combinação dos valores da informação com os da impressão inicial. Se inicia, assim, o
processo com:
 a acumulação de unidades de prova ou informação;
 o processo de avaliação (atribuição de valor a cada item informativo – escala de
valores);
 atribuição de um peso para cada informação;
 avaliada e sopesada, a informação é integrada em julgamento singular (como por
exemplo “probabilidade e culpabilidade”; e
 por fim se leva em conta a impressão inicial, ou seja, os preconceitos de quem decide,
que podem provir tanto de condições circunstanciais (seu humor no momento do
julgamento), quanto de condições ligadas à sua personalidade (p.ex. preconceitos
raciais ou religiosos)
CONCLUSÃO

Com esse método não se pretende explicar como se decide


(ou como se argumenta), mas sim como reduzir o peso dos
preconceitos, dando peso maior a outros elementos, ou como
estabelecer um grau de confiança a essas decisões
2 – a perspectiva de outras disciplinas:

que estudam sob que condições se pode considerar justificado, correto


um argumento.
Estamos diante da justificação formal dos argumentos (formalmente
correto – lógica formal ou dedutiva) e da justificação material dos
argumentos (determinado argumento é aceitável – lógica material ou
informal - tópica)

Parte-se, então, do fato de que as decisões jurídicas devem e podem


ser justificadas, se opondo ao DETERMINISMO METODOLÓGICO
e ao DECISIONISMO METODOLÓGICO
Distinção
Determinismo metodológico: posição para a qual as decisões
jurídicas não precisam ser justificadas porque procedem de uma
autoridade legítima e/ou são resultado de simples aplicações de
normas gerais;

Decisionismo metodológico: nesse caso, entende-se que as


decisões jurídicas não podem ser justificadas porque são puros
atos de vontade
O Direito moderno e o determinismo metodológico

Tal postura é atualmente insustentável, já que no


contexto do Direito moderno se estabeleceu a obrigação
de motivar, justificar as decisões, contribuindo para
torna-las aceitáveis, fazendo o Direito cumprir sua
função de guia da conduta humana
O Direito moderno e o decisionismo metodológico

Justificar uma decisão, num caso difícil, é mais do


que deduzir algo, do que efetuar uma operação
dedutiva, extraindo uma conclusão a partir de
premissas normativas e fáticas.
Se entendermos que os juízes (ou quem decide) não
justificam, nem poderiam justificar suas decisões, mas
sim que decidem de forma irracional, estaremos diante
do decisionismo
Estudo de Caso
No final de 1989, vários presos dos Grupos Anfascistas “primeiro de Octubre
(GRAPO) declararam-se em greve de fome como medida para conseguir algumas
melhorias em sua situação carcerária; com isso eles basicamente pressionavam no
sentido da reunificação dos membros do grupo num mesmo centro penitenciário, o
que significava modificar a política governamental de dispersão dos presos por
delito de terrorismo. Nos meses seguintes, vários juízes da vigilância penitenciária e
vários tribunais provinciais tiveram de se pronunciar sobre se cabia ou não
autorizar alimentação à força desses presos quando sua saúde estivesse ameaçada.
Alguns órgãos judiciais consideraram que o governo autorizava a alimentação dos
presos à força mesmo quando eles se encontrassem em estado de consciência
plena e manifestassem sua repulsa à medida. Outros, pelo contrário, entenderam
que o governo só estava autorizado a tomar esse tipo de medida quando o preso
tivesse perdido a consciência.
Problematização primeiro horário
Grupo 1 – Defenda a decisão que referendou a alimentação
forçada quando o preso estava em estado de consciência;

Grupo 2 – Defenda a decisão que referendou a alimentação


forçada apenas quando o preso não mais estivesse em plena
consciência´.
Problematização do segundo horário
(argumentação na fase propriamente legislativa)
Grupo 1 – Crie um projeto de lei que legaliza o aborto no Brasil em
todos os casos – exponha (escreva) os argumentos que o justificam

Grupo 2 – Crie um projeto de lei que legaliza a eutanásia no Brasil em


todos os casos – exponha (escreva) os argumentos que o justificam

Grupo 2 – Rebata em argumentos jurídicos e fáticos o projeto do


primeiro grupo

Grupo 1 – Rebata em argumentos jurídicos e fáticos o projeto do


segundo grupo
Situação problema 1
A morte do taifeiro
No verão de 1884, quatro marinheiros ingleses estavam à deriva em um
pequeno bote salva-vidas no Atlântico Sul, a mais de 1.600 Km da costa. Seu
navio naufragara durante uma tempestade; eles tinham apenas duas latas de
nabos em conserva e estavam sem água potável. Thomas Dudley era o
capitão; Edwin Stephens, o primeiro-oficial; e Edmund Brooks, um
marinheiro – “todos homens de excelente caráter”, segundo os jornais
noticiaram. O quarto sobrevivente era o taifeiro Richard Parcker, de 17
anos. Ele era órfão e fazia sua primeira longa viagem pelo mar. Olhavam para
o horizonte esperando um navio passar para resgatá-los. Nos primeiros três
dias, comeram pequenas porções dos nabos. No quarto dia, pegaram uma
tartaruga. Sobreviveram durante mais alguns dias. Depois ficaram sem ter o
que comer por oito dias. Parker adoecia por ter bebido água salgada,
contrariando a orientação dos outros. Dudley sugeriu um sorteio para
determinar quem morreria para alimentar os demais. Brooks foi contra e
cancelaram o sorteio.
Situação problema 2
“Em 1988, o presidente Ronald Reagan transformou em lei um pedido
oficial de perdão aos nipo-americanos por seu confinamento em campos
de prisioneiros na Costa Oeste durante a Segunda Guerra Mundial.
Além do pedido de desculpas, a lei indenizou com 20 mil dólares cada
sobrevivente desses campos, criando também fundos para divulgar a
cultura e a história dos nipo-americanos. Em 1993, o Congresso pediu
perdão por um erro histórico ainda mais antigo – a derrubada, um século
antes, do reino independente do Havaí. Talvez a maior questão sobre
perdão dos EUA envolva a herança da escravidão. A promessa da
Guerra Civil de “16 hectares e uma mula” aos escravos negros
libertados nunca foi cumprida, porém, na década de 1990, o movimento
de reparação aos negros recebeu nova atenção. A partir de 1989, foram
propostas no Congresso a criação de uma Comissãopara avaliar as
indenizações para os negros”( Michael Sandel)
Argumentação Moral

Situação 1 - Consideremos uma situação na qual uma bomba-relógio


está por explodir. Imagine-se no comando de um escritório local da CIA.
Você prende um terrorista suspeito e acredita que ele tenha
informações sobre um dispositivo nuclear preparado para explodir em
Manhattan dentro de algumas horas. Na verdade, você tem razões para
suspeitar que ele próprio tenha montado a bomba. O tempo vai
passando e ele se recusa a admitir que é um terrorista ou a informar
onde a bomba foi colocada. Seria certo torturá-lo até que ele diga onde
está a bomba e como fazer para desativá-la?
A Nova Retórica
de Chaïm Perelman
• Chaïm Perelman
• Nasceu na Polônia – 1912, viveu na Bélgica, estudou Direito e
Filosofia na Universidade de Bruxelas
• Dedicou-se à lógica formal
• Durante a ocupação nazista, se dedicou a realizar um trabalho sobre a
justiça – método positivista de Frege
• Eliminação da ideia de justiça todo juízo de valor (estes estariam fora
da racionalidade)
Tese fundamental
de Perelman
Noção validade de justiça de caráter meramente formal

“Deve-se tratar do mesmo modo os seres pertencentes à mesma


categoria”
Critérios materiais de justiça
para estabelecer quando 2 ou mais seres pertencem à mesma categoria

1. A cada um o mesmo
2. A cada um segundo atribuído pela lei
3. A cada um segundo a sua categoria
4. A cada um segundo seus méritos ou capacidade
5. A cada um segundo seu trabalho
6. A cada um segundo suas necessidades
Para entender os último critérios, sua lógica formal não era suficiente

Propôs, então, um novo raciocínio sobre valores, ao ler Aristóteles

O raciocínio dialético – desenvolvido na obra Tratado da


Argumentação – A nova retórica (Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts-
Tyteca)
Porque Retórica e não Dialética?
Atividade avaliativa
Descubra, sob a ótica de atribuição de argumento
justo em Perelman:

1. O ponto de partida da Argumentação


2. Suas técnicas argumentativas (classificação dos
argumentos)
JUSTIÇA
Introdução

A concepção de justiça como equidade foi apresentada em 1971, por John Rawls numa das
mais representativas obras do pensamento político dos últimos anos:
Teoria da Justiça.
A justiça deve possuir, um carácter contratual e social, por isso John Rawls admite os
seguintes pressupostos:
1. Igualdade racional de todos os Homens
2. O homem é um fim em si mesmo e não um meio
3. A dignidade humana é um carácter essencial e intrínseco a qualquer ser humano
John Rawls
Filósofo norte-americano, nasceu em 1921, em Baltimore, e frequentou as
Universidades de Oxford e de Havard, tendo mais tarde lecionado nesta
última.
Faleceu a 24 de novembro de 2002.

A sua obra traz uma reflexão sobre os domínios da ética e da teoria

política. Na sua obra Teoria da Justiça, ressuscita a ideia de Contrato

Social que, de uma ou outra forma, tinha sido alvo de reflexão por parte de

Hobbes, Locke e Jean-Jacques Rousseau. Para ele, o conceito de justiça


Por isso

“a justiça é a primeira virtude das instituições


sociais, como a verdade o é em relação aos
sistemas de pensamento” (Rawls)
A sociedade nos dizeres de John Rawls
“Associação de pessoas que reconhecem caráter vinculativo a um determinado conjunto de regras e
atuam de acordo com elas.”
Tais regras existem para alicerçar um sistema de cooperação entre todos para
benefício de todos.
Entretanto, surgem os conflito de interesses.
Para resolver os conflitos são necessários princípios ou regras que nos
ajudem a escolher qual será a melhor forma de organizar a sociedade, ou
seja, a melhor forma de repartir esses benefícios.

A tarefa da justiça na sociedade não se resume à reposição das


irregularidades e aos castigos aos criminosos.

A função da justiça é mais profunda: definir a atribuição de direitos e


deveres e distribuir os encargos e os benefícios da cooperação social.
A teoria de Rawls constitui, em grande parte, uma reação ao
utilitarismo clássico. Se uma ação maximiza a felicidade, não importa
se a felicidade é distribuída de maneira igual ou desigual. Grandes
desníveis entre ricos e pobres parecem, em princípio, justificados. Mas
na prática o utilitarismo prefere uma distribuição mais igual.
Para o utilitarismo, uma determinada quantidade de riqueza produzirá mais
felicidade do que infelicidade se for retirada dos ricos para dar aos pobres. Tudo isto
parece muito sensato, mas deixa Rawls insatisfeito. Ainda que o utilitarismo conduza
a juízos corretos acerca da igualdade, Rawls pensa que o utilitarismo comete o erro
de não atribuir valor intrínseco à igualdade, mas apenas valor instrumental. Isto
quer dizer que a igualdade não é boa em si — é boa apenas porque produz a maior
felicidade total. Por consequência, o ponto de partida de Rawls se faz
significativamente diverso.
Rawls toma por ponto de partida uma concepção geral de
justiça, que se baseia na seguinte ideia:

• Todos os bens sociais primários — liberdades, oportunidades, riqueza,


rendimento e as bases sociais da autoestima (um conceito impreciso) —
devem ser distribuídos de maneira igual a menos que uma distribuição
desigual de alguns ou de todos estes bens beneficie os menos
favorecidos.
Tratar as pessoas como iguais não implica remover todas as
desigualdades, mas apenas aquelas que trazem desvantagens para alguém.

Por exemplo:

Se dar mais dinheiro a uma pessoa do que a outra promove


mais os interesses de ambas do que simplesmente dar-lhes a mesma
quantidade de dinheiro, então uma consideração igualitária dos interesses
não proíbe essa desigualdade.
Ocorre que essa concepção geral ainda não é uma “teoria da justiça”
satisfatória

A ideia em que se baseia não impede a existência de conflitos entre os


vários bens sociais distribuídos.

Por exemplo, se uma sociedade garantir um determinado rendimento


a desempregados que tenham uma escolaridade baixa, criará uma desigualdade
de oportunidades se ao mesmo tempo não permitir a essas pessoas a
possibilidade de completarem a escolaridade básica. Há neste caso um conflito
entre dois bens sociais, o rendimento e a igualdade de oportunidades
Princípios
Como podemos ver, a concepção geral de justiça de Rawls deixa estes problemas por
resolver.

Será então indispensável um ‘sistema de prioridades que justifique a opção por um dos
bens em conflito’

Nesse caso, se escolhemos um bem em detrimento de outro, é porque temos uma


razão forte para considerar um dos bens mais prioritário do que outro. Nesse sentido,
John Rawls divide a sua concepção geral em três princípios:

• Princípio da liberdade igual

• Princípio da oportunidade justa

• Princípio da diferença
Princípio da liberdade igual

A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada


pessoa, compatível com uma liberdade igual para todos os outros.
Princípio da oportunidade justa:

As desigualdades econômicas e sociais devem estar ligadas a postos e


posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de
oportunidades
Princípio da diferença

A sociedade deve promover a distribuição igual da


riqueza, exceto se a existência de desigualdades
econômicas e sociais gerar o maior benefício para os
menos favorecidos
Prioridades
Desse modo, o princípio da liberdade igual (A sociedade deve assegurar a
máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os
outros) tem prioridade sobre os outros dois (oportunidade e diferença)e o princípio da
oportunidade justa (As desigualdades econômicas e sociais devem estar ligadas a postos e
posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de oportunidades) tem
prioridade sobre o princípio da diferença (A sociedade deve promover a distribuição igual da
riqueza, exceto se a existência de desigualdades econômicas e sociais gerar o maior benefício
para os menos favorecido).
Prioridades
Atingido um nível de bem-estar acima da luta pela
sobrevivência, a liberdade tem prioridade absoluta sobre o bem-
estar econômico ou a igualdade de oportunidades, o que faz de
Rawls um liberal. Um exemplo do que a teoria de Rawls rejeita,
seria o de abdicar de gozar de liberdade de expressão para um dia
ter a vantagem econômica de lhe cobrarem impostos.
Distribuição justa
Em cada um dos princípios mantém-se a ideia de distribuição justa

Assim, uma desigualdade de liberdade, oportunidade ou rendimento será


permitida se beneficiar os menos favorecidos.

Isto faz de Rawls um liberal com preocupações igualitárias.


As Liberdades básicas
As liberdades básicas a que Rawls dá atenção são os direitos civis e políticos
reconhecidos nas democracias liberais, como:

a) a liberdade de expressão;

b) o direito à justiça e à mobilidade;

c) o direito de votar e de ser candidato a cargos públicos.

A parte mais disputável da teoria de Rawls é a que diz respeito à exigência de


distribuição justa de recursos. O grande problema com que estas sociedades deparam é o de
saber como devem ser distribuídos os recursos econômicos — trata-se do problema da justiça
distributiva.

Como essa exigência de distribuição justa é expressa pelo Princípio da Diferença,


serão submetidos à avaliação crítica os argumentos de Rawls em defesa desse princípio.
Argumentos
Rawls apresenta dois argumentos a favor do Princípio da
Diferença:

• O argumento ‘oportunidades intuitivo’ da igualdade

• O argumento do ‘contrato social hipotético’


Argumento intuitivo da igualdade de oportunidades

• Apela para a intuição de que o destino das pessoas deve depender de suas escolhas,
e não das circunstâncias em que se encontram;

• Ninguém merece ter suas escolhas e ambições negadas pela circunstância de


pertencer a uma certa classe social ou raça;

• Estando garantida a igualdade de oportunidades, prevalece nas sociedades atuais a


ideia de que as desigualdades de rendimento são aceitáveis;

• Como ninguém é desfavorecido pelas suas circunstâncias sociais, o destino das


pessoas está nas suas próprias mãos.
No entanto, será que essa visão da igualdade de
oportunidades respeita a intuição de que o destino das pessoas deve
ser determinado pelas suas escolhas, e não pelas circunstâncias em
que se encontram?
Rawls pensa que não.
Pela seguinte razão:
Reconhecendo apenas diferenças nas circunstâncias sociais e
ignorando as diferenças nos talentos naturais (escolhas), a visão dominante
terá de aceitar que o destino de um deficiente seja determinado pela sua
deficiência. Se é injusto que o destino de cada um seja determinado por
desigualdades sociais, também o será se for determinado por desigualdades
naturais. Logo, como as pessoas são moralmente iguais, o destino de cada um
não deve depender dos acasos sociais ou naturais. Neste caso não poderá
aceitar o destino da pessoa com deficiência.
Em alternativa, Rawls propõe que a noção comum
de igualdade de oportunidades passe a
reconhecer as desigualdades naturais.
Como?
Ninguém deve se beneficiar de forma exclusiva dos seus
talentos naturais, mas não é injusto permitir tais benefícios se eles
trazem vantagens para os menos talentosos.

Por exemplo: Se uma pessoa nascer muito inteligente, não


pode distribuir a sua inteligência, mas pode usá-la para ajudar os
outros.
O destino de cada pessoa deve ser determinado pelas

suas escolhas. Trata-se de uma noção dominante de igualdade de

oportunidades.
O argumento do contrato social hipotético

Imagine que você não sabe:

• O seu lugar na sociedade

• A sua classe e estatuto social

• Os seus gostos pessoais

• As suas características psicológicas

• A sua sorte na distribuição dos talentos naturais (como a inteligência, a força e


a beleza)

• A sua concepção de bem, ignorando que coisas fazem uma vida valer a pena
Então, princípios de justiça seriam escolhidos por detrás do véu de ignorância?

R: Aqueles que as pessoas aceitariam contanto que não teriam maneira


de saber se seriam ou não favorecidas pelas condições sociais ou naturais.

Nessa medida, a posição original diz que é razoável aceitar que


ninguém deve ser favorecido ou desfavorecido.
Ocorre que para considerar uma vida digna, ou até mesmo o bem estar, deve-se
considerar elementos, requisitos essenciais, presentes para tanto.

A esses requisitos Rawls chama bens primários.

Há dois tipos de bens primários:

Os sociais: diretamente distribuídos pelas instituições sociais, incluindo o rendimento e a riqueza,


as oportunidades e os poderes e os direitos e as liberdades.

Os naturais: Influenciados, mas não diretamente, pelas instituições sociais. Incluem a saúde, a
inteligência, o vigor, a imaginação e os talentos naturais.
Sob o véu do desconhecimento, ainda, as pessoas querem princípios de justiça
que lhes permitam ter o melhor acesso possível aos bens sociais primários.

E, como não sabem que posição têm na sociedade, identificam-se com qualquer
outra pessoa e imaginam-se no lugar dela.

Desse modo, o que promove o bem de uma pessoa é o que promove o bem de
todos e garante-se a imparcialidade.
Objeções à Teoria da Justiça de Rawls
• A teoria de Rawls não compensa as desigualdades naturais.

• A concepção comum de igualdade de oportunidades não limita a influência dos talentos naturais.

• Rawls tenta resolver essa falha através do princípio da diferença. Assim, os mais talentosos não
merecem ter um rendimento maior, desde que, com isso beneficiem os menos favorecidos.

• Mas talvez Rawls não tenha resolvido o problema. Talvez a sua teoria da justiça deixe ainda
demasiado espaço para a influência das desigualdades naturais. E nesse caso o destino das
pessoas continua a ser influenciado por fatores arbitrários.
Imagine agora duas pessoas na mesma posição inicial de igualdade:

Têm as mesmas liberdades, recursos e oportunidades. Uma das pessoas tem o azar de contrair
uma doença grave. Esta desvantagem natural implica custos na ordem dos 2.000 reais/mês para
medicação. O que oferece a teoria de Rawls a esta pessoa?

Como essa pessoa tem os mesmos bens sociais que a outra e os menos favorecidos são definidos
em termos de bens sociais primários, a teoria de Rawls não prevê a possibilidade de a compensar.
Sobre as desigualdades naturais, apenas é dito que os mais talentosos podem ter um rendimento
maior se com isso beneficiarem os menos favorecidos.
O princípio da diferença assegura os mesmos bens sociais primários a esta pessoa
doente, mas não remove os encargos causados, não pelas suas escolhas, mas pela circunstância de
ter contraído uma doença.

Não se vê justificação para tratar as limitações naturais de maneira diferente das


sociais, logo, as desvantagens naturais devem ser compensadas (equipamento, transportes,
medicina e formação profissional subsidiadas).

A teoria de Rawls enfrenta a objeção de não reconhecer como desejável a tentativa


de compensação destas desvantagens.
A teoria de John Rawls é de natureza deontológica.

Está situada naquilo que se pode chamar de “justiça do agente”.

Isto significa que os princípios que regem a sociedade são justos se derivam de

um determinado agente fictício que se supõe ser imparcial, o véu de ignorância.

Implica, pois, que os princípios da justiça só possam ser encontrados por um

observador ideal.
Arthur Schopenhauer
Filósofo alemão do século XIX
Nascimento: 22 de fevereiro de 1788, Prússia
Falecimento: 21 de setembro de 1860, Frankfurt am Main, Alemanha
Influências: Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, mais
Influenciou: Sigmund Freud, Albert Einstein, Ludwig Wittgenstein, mais
Formação: Universidade Humboldt de Berlim (1811–1812), Universidade
de Gotinga, Universidade de Jena

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