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AC COLETIVO

CEJAB
LUIZ VIANA FILHO
Um sonho

Hoje com 76 anos, da janela de casa observo todas as


manhãs o movimento das pessoas. Pitanga, minha
cidade, já foi mais tranquila. É um corre-corre: uns para
o trabalho; outros, estudantes, que chegam a pé, de
carro ou de ônibus escolar ao Colégio Dom Pedro I, ali do
outro lado da rua. Trazem mochilas, livros e cadernos.
Conversam animados. Penso: será que eles têm o sonho
de aprender como eu tinha? Meu pensamento voa para
uma época distante, vejo-me criança, quando eu e meu
irmão íamos a pé para a escola. Nosso material ia num
“bocó” – sacola de retalhos feita por mamãe na máquina
de costura movida a mão.
Naquele tempo não havia cadernos como agora. Eram
folhas soltas e escrevíamos a lápis. Caneta tinteiro, só
para os mais velhos. Queria ir à escola para aprender
a ler, escrever e fazer contas. As braças, léguas,
atilho... não entendia o que eram na matemática,
sabia apenas que aprenderia na escolinha do Rio
Batista, de Pitanga. Nasci e vivi minha infância neste
lugar encantado para mim, fundado pelo pioneiro José
Batista Melo, meu avô.
A merenda era de casa: bolo de fubá, pão com banha
ou doce de abóbora, bolinho da graxa, pinhão cozido,
mandioca frita, batata-doce assada... Hummm... Que
delícia! Só de pensar, o cheiro e o gosto da infância me
dão água na boca. Um sabor do céu! Não sobrava
nada, apenas tempo para brincar de passa-anel,
peteca e futebol, no campinho da escola.
Para chegar à escola passávamos por um faxinal – lugar
onde os animais eram criados soltos. Para não fugirem,
faziam mata-burro – ponte com tábuas vazadas.
Sempre havia bois e vacas bravos. Eu morria de medo.
Meu irmão, valentão, dizia: “Venha, não tenha medo!
Eu te protejo”. Parece que ainda escuto sua voz, na mão
um pedaço de pau, como a espada do Dom Quixote das
histórias da professora Alice. Uma vez, levamos um
“corridão” de um boi. Subimos como um corisco numa
árvore... e o abençoado não saía. Na boca da noite nosso
irmão mais velho veio a cavalo e tocou o bendito, no
estalar do seu chicote: tha, a, a!
Lembro que naqueles anos os invernos eram rigorosos,
as geadas na terra vermelha faziam pavios de gelo e, ao
pisarmos, as marcas no chão dizíamos ser pegadas de
ursos. Às vezes, até caíamos. O mês de julho inteiro era
férias devido ao frio. Mamãe fazia “perena” – acolchoado
de penas de marreco. Não existia cobertor, edredom,
nem aquecedor, como hoje. Minha família se reunia e se
aquecia em volta do fogão a lenha.
As aulas da professora Alice ficaram na memória. Todos
na mesma sala. Cada série sabia o que copiar. Ela
contava histórias de reis, rainhas, bruxas, princesas... e
do Dom Quixote. Tinha gravuras maravilhosas! A
imaginação corria solta! Piii!
Piii! O apito da serraria nos trazia ao mundo real. Às
vezes, passava por ali a boiada, a estrada era nuvem
vermelha de poeira, nós corríamos às janelas para ver.
“Êra boi! Êra boiada!” Como era lindo escutar os
tropeiros tocando seus berrantes! Fuóóóó! Fazia eco nas
canhadas. Perto da antiga escolinha conserva-se,
ainda hoje, o olho-d’água de São João Maria, aonde
muitos vão rezar e pegar água. Mamãe contava que ali
passou o monge João Maria, ensinando remédios
caseiros e benzendo as pessoas – naquela época não
havia médicos.
Tudo o que vivi na época da escola parece distante no
tempo, porém vivo na minha memória. O sacrifício
valia a pena. Estudar era um sonho impossível para
muitos, devido à distância ou pelo trabalho na roça. Ah!
Como era simples a vida, sem correria!
Sempre vou ao Rio Batista, visitar meus sobrinhos.
Infelizmente, a escola não existe mais, só o campinho.
Ao passar pelo lugar onde vivi a infância, as imagens
afloram à minha mente: a escola sorrindo para mim,
o triririm do sininho e a professora Alice nos
chamando... Parece que ouço as risadas e os gritos da
criançada.
Fiz até a 4ª- série, não estudei no ginásio de Pitanga,
mas meu sonho, completei nos filhos. Todos se
formaram. Das pegadas deixadas ao longo de minha
vida, só posso dizer que fui muito feliz.
(Texto baseado na entrevista feita com a senhora Ana
Batista Alenski, 76 anos.)
Projeto 06 de Setembro
Emancipação Política
de Aramari/BA
PROJETO EMANCIPAÇÃO DA CIDADE
TEMA: “MINHA CIDADE, MEU LUGAR, MINHA CULTURA”.
ARAMARI/BA 56 ANOS

 INTRODUÇÃO

Na formação de um novo município se evidencia diversos propulsores,


mas mesmo sendo eles originados por questões políticas, é inegável que
o sentimento de pertença é algo que vai além do papel, é a relação
cultural, histórica que uniu as pessoas a uma identidade coletiva.
O projeto que faz parte do tema geral do ano letivo de 2017, Estreitando
laços entre escola e comunidade: conhecendo, aprendendo e
transformando, visa dar continuidade às discussões sobre o processo
identitário que formou/forma a cidade de Aramari, para tanto propõe-se
que sejam pesquisados, discutidos e organizados os dados históricos e
culturais que marcaram a cidade ao longo das décadas, desde sua
emancipação em 06 de setembro 1961 .
Proporcionar à comunidade aramariense mais um momento de
exaltar sua memória, suas marcas ao longo dos anos se justifica
pelo iminente esquecimento que vivenciamos dos aspectos
históricos da nossa formação, seja por uma postura de
desconhecimento por falta de vivência ou mesmo pelo próprio
processo histórico e globalizante em que vivemos. O projeto
visa, antes de tudo homenagear a cidade e seus munícipes,
representados pelas pessoas e fatos que se destacaram nessa
história. Dessa forma, será evidenciado no desfile que
comemora sua emancipação, o resultado das discussões e
estudos realizados nas Unidades Escolares através do sub tema
minha cidade, meu lugar, minha cultura.
Nos dias atuais, vale ressaltar que pensar a história local é
também refletir sobre a identidade/cultura/contexto/ideologias
que estamos inseridos, mas que nesse momento a proposta se
delineará quanto a reflexão desses aspectos históricos culturais
fortalecendo principalmente nas novas gerações o sentimento
de pertença à sua cidade, suas origens culturais e históricas,
para que assim percebam os novos contextos que surgem.
 Objetivos:

 Oportunizar situações de valorização e respeito


às identidades dos sujeitos e de sua interação
com a comunidade a que pertence;
 Conhecer e refletir sobre os aspectos históricos e
culturais do município;
 Ressaltar história local para o fortalecimento das
identidades;
 Comemorar a Emancipação política do município.
PROPOSTA: UM RESGATE À HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE
ARAMARI, DESDE A SUA EMANCIPAÇÃO AOS DIAS ATUAIS;

 Distribuição da temática:
 Grupo terceira idade: Homenagem aos
representantes da história do município;
 José de Araújo Batista (Zezito)-primeiro prefeito
do município
 Severão (Rezador)

 Pedro Rocha (pai de santo)

 José Gomes (primeira banca de jogo do bicho)

 Famílias que formaram a história do município


 Anos 60-Das memórias de um povo recontamos a
história;
 Dos Olhos D’água ao Roncador...Assim tudo
começou.
 Emancipação
 Ferrovia
 CNEC
 Filarmônica
 Micarema
 Terno de reis
 Quermesse
 Cinema, outros...
 Anos 70- A influência da arte e do esporte na
cultura local;
 Copa do mundo

 Times locais

 Circo

 Presépios, outros...
 Anos 80- Surgem novas tendências;
 Boate Aladim

 Matinê

 Tendências/Moda, outros...
 Anos 90-A manifestação de um povo através das
Festas Populares;
 Arraiá Pendura Saia
 Arraiá Deixa a Saia Cair
 Festa do Padroeiro
 Lavagem da Capelinha
 Arrastão do Boi
 Bloco Gera;
 Bloco Raça
 Festa cigana
 São Marçal
 Bloco Licor Mania,
 Força jovem, outros...
 2000 aos dias atuais - A cultura e o trabalho do
povo aramariense;
 Economia

 Artes locais

 Artistas locais

 Culinária

 Religião

 Transporte

 Educação

 Comunicação, outros...
 Aramari cidade das águas;
 Espelho D´água (resgate da história da represa e
seu impacto na cultura local).
PERÍODO AÇÃO RESPONSÁVEL
Junho/Julho Elaboração do projeto SEDUC
Julho Apresentação da Proposta às SEDUC
Unidades Escolares

Julho Apresentação do Projeto das Unidades Escolares


Unidades escolares à SEDUC

Julho/Agosto/Setembro Desenvolvimento do Projeto nas Unidades Escolares


Unidades Escolares

06 de setembro Culminância do Projeto: desfile Prefeitura Municipal/ SEDUC/


para a comunidade Unidade Escolares

Setembro Avalição do Projeto Unidades escolares/ SEDUC


TEMÁTICA /ALAS UNIDADE ESCOLAR PONTO DE APOIO

1. Homenagem aos representantes da história do Grupo terceira idade Secretaria de Ação Social
município;
2. Anos 60-Das memórias de um povo recontamos a CEJAB CEJAB
história;

3. Anos 70- A influência da arte e do esporte na CEJAB CEJAB


cultura local;

4. Anos 80- Surgem novas tendências; Nossa Senhora da Guia Biblioteca


José Braz da Anunciação
Áurea Carvalho
Afrísio Vieira Lima
São José

5. Anos 90- A manifestação de um povo através das José Constâncio SEDUC


Festas Populares; Felix Bispo
Alberto Dantas
Jairo Azi
Nossa Senhora de Fátima
João Pereira

6. Anos 2000 aos dias atuais - A cultura e o trabalho São Luiz São Luiz (arrumação)
do povo aramariense;
Mercado Municipal (lanche)

7. Aramari cidade das águas; Luiz Viana Luiz Viana (arrumação)


 Espelho D´água (Resgate da história da
represa e seu impacto na cultura local). Mercado Municipal (lanche)
“QUASE TODOS OS JOVENS DE
HOJE CRESCEM NUMA ESPÉCIE
DE PRESENTE CONTÍNUO, SEM
QUALQUER RELAÇÃO ORGÂNICA
COM O PASSADO PÚBLICO DA
ÉPOCA EM QUE VIVEM. POR ISSO
OS HISTORIADORES, CUJO OFÍCIO
É LEMBRAR O QUE OS OUTROS
ESQUECEM, TORNAM-SE MAIS
IMPORTANTES QUE NUNCA”.

Eric Hobsbawm

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