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A DIMENSÃO RELIGIOSA

«Será que Deus existe? Esta é uma questão


fundamental, uma questão que a maior parte das
pessoas já enfrentou num ou noutro período da vida.
A resposta dada por cada um de nós não afeta apenas
a forma como agimos, mas também a forma como
compreendemos e interpretamos o mundo e o que
esperamos do futuro.» (Warburton)
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Etimologicamente religião
deriva do latim. Para Cícero
derivava de relegere, reler. Para
Santo Agostinho derivava do
étimo religare, unir, traduzindo
o laço que une os seres
humanos à transcendência.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Todas as definições do fenómeno religioso mostram uma


característica comum: à sua maneira, cada uma dessas
definições opõe o sagrado e a vida religiosa ao profano e à
vida secular.

 Sagrado opõe-se a profano. É uma força que não emana do


mundo físico ou natural mas do mundo sobrenatural.
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 O ser humano liga-se ao sagrado através das suas
manifestações: hierofanias.

 Hierofania deriva do grego hierofani, algo de sagrado


revela-se-nos.

 São hierofanias todos os seres, objetos, ações, templos


e/ou lugares que, no contexto de uma determinada
religião, adquirem o valor de sagrado, sacralidade.
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 A experiência religiosa é
inseparável da consciência
que o ser humano tem do
limite temporal da sua
existência – a morte, isto é, da
consciência do caráter finito
da existência humana.
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«A morte é comum a todos, e nem


os deuses dela podem afastar um
homem, por muito que o amem,
quando a Moira funesta da morte o
vier derrubar.» (Homero, Odisseia,
III, 236-238)
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 O ateísmo afirma que com a morte física do corpo termina a


vida e a consciência. O ateísmo nega a existência de um
mundo sobrenatural ou transcendente.

 O agnosticismo abstém-se de tomar posição. Considera que


não é possível determinar, através do conhecimento, a
existência de um mundo sobrenatural.
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 Os crentes nas diversas religiões


contestam o ateísmo e o
agnosticismo. Afirmam que a
morte é o fim da vida terrena e
o início de uma outra forma de
vida, transcendente e eterna.
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 A crença na existência de um Deus único denomina-se


teísmo ou monoteísmo.

 A crença na existência de uma pluralidade de deuses


designa-se politeísmo.

 A crença numa força divina que está presente e penetra em


todas as coisas do mundo denomina-se panteísmo.
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 O teísmo é frequentemente o ponto de partida da filosofia
da religião.

 O teísmo defende a existência de um deus único, a sua


omnipresença, omnipotência, omnisciência e suprema
bondade.

 Esta perspetiva é partilhada por judeus, cristãos e


muçulmanos.
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 Mas será que o Deus descrito pelos


teístas existe de facto?

 O teísmo pretendeu demonstrar


através da razão a existência de
Deus.

 Foram apresentados diversos


argumentos.
A DIMENSÃO RELIGIOSA
O argumento do desígnio

 O argumento teleológico, ou argumento do desígnio,


procede por meio de uma analogia e afirma que se as
máquinas são criadas por seres inteligentes e se o
universo é semelhante a uma máquina constituída por
partes que conjuntamente tendem para um fim, então,
também o universo foi criado por um desígnio inteligente.
Logo, esse desígnio inteligente é Deus.
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 Críticas ao argumento do desígnio:

 É um argumento por analogia, logo, a sua conclusão será


sempre fraca.

 Nada mostra que o universo em si mesmo é um sistema


teleológico – não sabemos qual a sua finalidade.

 Só podemos afirmar que o universo possui muitas partes


naturais que se assemelham a máquinas, não podendo
demonstrar que o desígnio inteligente do universo seja
Deus.
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 O argumento cosmológico

 O argumento cosmológico, ou argumento da causa primeira,


afirma que todas as coisas foram causadas. Nada existe sem
uma causa. Segundo os defensores deste argumento, se
recuarmos na sucessão de causas que deram origem ao
universo e a tudo quanto nele existe, encontraremos uma
causa primeira ou original, Deus.
A DIMENSÃO RELIGIOSA
 Críticas ao argumento cosmológico:

Para evitar a contradição entre a principal premissa do


argumento (tudo tem uma causa) e a sua conclusão, Deus
terá de estar fora do âmbito de tudo, terá de ser
sobrenatural, o que torna o argumento ininteligível.

Defende simultaneamente que não pode haver uma causa


não causada e que há uma causa não causada (Deus).
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 Críticas ao argumento cosmológico (continuação):

 Não quer dizer que tudo tem uma causa, mas apenas que
tudo, exceto Deus, tem uma causa.

 Mesmo que se possa resistir a estas críticas, o argumento


não prova que a causa primeira seja o deus teísta.
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 O argumento do ontológico

 O argumento ontológico defende que a existência de Deus se


segue necessariamente da sua definição. Deus define-se
como o ser mais perfeito de todos os seres. Um ser perfeito
não seria perfeito se não existisse. Logo, Deus existe. Este foi
o argumento escolhido por filósofos como Santo Anselmo
(1033-1109) e Descartes (1596-1650).
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 Críticas ao argumento ontológico:

 Poderíamos justificar a existência de qualquer coisa,


mesmo que seja absurda.

 A existência não é uma propriedade, é apenas uma


condição de possibilidade para que algo, neste caso Deus,
tenha uma qualquer propriedade.

 A existência não faz parte da essência; o argumento passa


ilegitimamente da ordem lógica para a ordem ontológica.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Estes argumentos do teísmo a


favor da existência de Deus
revelam fragilidades lógicas e
têm sido racionalmente
contestados por muitos
pensadores.
Um dos seus maiores críticos foi
I. Kant.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Para I. Kant é preciso assumir


que, no plano teórico, não pode
demonstrar-se a existência de
Deus (tal como não é possível
demonstrar ou provar o
contrário).
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Apenas podemos conhecer as


realidades deste mundo (os
fenómenos). O nosso saber deve
apoiar-se na experiência
sensível, a única ao nosso
alcance.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Os limites do conhecimento não


nos permitem conhecer os
númenos. Contudo, diz Kant,
podemos pensar as realidades
metafísicas, como Deus.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 Em relação aos objetos da


metafísica - liberdade,
imortalidade da alma, Deus - «o
interesse especulativo da razão
é muito débil» e a ciência pode,
em certo sentido, passar sem
eles.
A DIMENSÃO RELIGIOSA

 A distinção kantiana entre


conhecer e pensar evita as
contradições em que se cai
quando se procura demonstrar
racionalmente a existência de
Deus.
Bibliografia

 Vancourt, R., Kant, Edições 70, Lisboa, 1986.

 Warburton, N., Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva,


Lisboa, 1998.

 Rowe, William L., Introdução à Filosofia da Religião, Verbo,


Lisboa, 2011.

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