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O título
As personagens
O Rata
O caixeiro-viajante,
Outras figuras
vendedor de telefonias,
da aldeia de Alcaria
e o motorista
Os ceifeiros e os restantes
trabalhadores agrícolas
Os habitantes de Alcaria
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As personagens
O protagonista
Sabemos o nome,
o apelido e a alcunha
Indivíduo invulgar
As personagens
O protagonista
Personalidade
• Pouco polido.
«Não faz nada, levanta-se quando
• Agressivo para com a mulher.
calha, e ainda vem dormindo
Dórdioda
lá dos fundos Gomes, Cabeça de ceifeiro
casa.»
• Fraco — bebe e não consegue ultrapassar alentejano (1941).
a frustração e o vazio interior. «cospe por cima do balcão»
As personagens
O Rata
• Companheiro do Batola.
• Mendigo e viajante (contrastando com
o imobilismo do Batola); percorre o Alentejo
e traz notícias do que se passa fora da aldeia.
As personagens
«Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tresmalhadas da aldeia. Nenhuma virá
até à venda falar um bocado, desviar a atenção daquele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos
da faina, que recolhem. Breve, a aldeia ficará adormecida, afundada nas trevas.»
«E eles voltavam para a escuridão, iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia,
lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite.»
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As personagens
O vendedor de telefonias
• Convincente e calculista.
O espaço
O espaço físico
O espaço
O espaço psicológico
O espaço
Microcosmos da pobreza
e do atraso cultural do
O espaço sociopolítico Portugal do Estado Novo
«Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia. Todos sabem o que acontece fora dali. E sentem
que não estão já tão distantes as suas pobres casas. Até as mulheres vêm para a venda depois
da ceia. Há assuntos de sobra para conversar. E grandes silêncios quando aquela voz poderosa
fala de cidades conquistadas, divisões vencidas, bombardeamentos, ofensivas. Também silêncio
para ouvir as melodias que vêm de longe até à aldeia, e que são tão bonitas!...»
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Solidão e convivialidade
Peripécia final
A mulher do Batola muda de opinião sobre
(desenlace)
a telefonia e aceita que o casal compre
o aparelho para animar a loja e a aldeia
Dificilmente, ainda, o leitor de hoje não será tentado a pensar este conto
num quadro de atualidade tecnológica. O mundo globalizado em que vivemos
(que, se nos integra, não deixa, simultaneamente, de nos tornar comunidades
isoladas, quais pequenas aldeias perdidas «lá para o fim do mundo»), bem
como o vertiginoso desenvolvimento de meios tecnológicos e de comunicação
a que assistimos, implicam, necessariamente, alterações nos hábitos,
na convivialidade, no comportamento das populações. As interações
que se criam, ao nível comunitário como ao nível familiar, hão de, por certo,
influir no modo de ser, no íntimo de cada indivíduo.
Violante Magalhães, in Conto português: séculos XIX-XX — antologia crítica
(coord. de M.ª Isabel Rocheta e Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2006, p. 109.