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Introdução
Os guias
são estruturas metálicas cilíndricas ocas que, na prática, tem secção
transversal rectangular, circular ou elíptica. A vantagem dos guias de
onda está no facto das perdas ao longo de seu comprimento serem
menores quando comparadas com as linhas de transmissão, uma vez
que eles (os guias) não são preenchidos por dieléctricos.
2. Objectivos
2.1. Objectivos Gerais
Fazer o estudo dos Guias de Ondas;
∇2 𝐸 + 𝜔2 𝜇𝐸 = 0
∇2 𝐻 + 𝜔2 𝜇𝐻 = 0
𝐸 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝐸 0 𝑥, 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
𝐻 𝑥, 𝑦, 𝑧 = 𝐻0 𝑥, 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
Onde 𝛾 = 𝛼 + 𝑗𝛽 é a constante de propagação. Substituindo estas expressões nas
equações de Helmoltz leva a:
∇2𝑥𝑦 𝐸 0 + ℎ2 𝐸 0 = 0
∇2𝑥𝑦 𝐻0 + ℎ2 𝐻0 = 0
2 𝜕 2 𝜕 2
Onde ∇𝑥𝑦 = ൗ𝜕𝑥 2 + ൗ𝜕𝑦2 é o chamado laplaciano
transversal e;
ℎ2 = 𝛾 2 + 𝜔2 𝜇𝜀
É possível manipular estas equações
para se poder determinar as
componentes
transversais dos campos partir das
componentes longitudinais 𝐸𝑧 e 𝐻𝑧
3.2. Modos de Propagação num Guia
É possível classificar as ondas electromagnéticas de acordo com as suas
componentes longitudinais
𝐸𝑧 = 𝐻𝑧 = 0: Ondas transversais electromagnéticas (ambos os campos são
perpendiculares à direcção de propagação) ou simplesmente ondas TEM;
𝐸𝑧 = 0 e 𝐻𝑧 ≠ 0: Ondas transversais eléctricas (campo eléctrico é
perpendicular à direcção de propagação) ou ondas TE;
𝐸𝑧 ≠ 0 e 𝐻𝑧 = 0: Ondas transversais magnéticas ou ondas TM.
Para se obter as expressões dos campos eléctrico e magnético dentro de um guia de onda é
necessário se utilizar as equações de Maxwell, que levam, inevitavelmente, à resolução das
equações de onda.
∇2 Π𝑒 + 𝑘 2 Π𝑒 = 0
∇ 2 Π ℎ + 𝑘 2 Πℎ = 0
𝚷ℎ = Πℎ 𝒂𝑧
Considerando que a propagação da onda se dá no sentido 𝒛+ , a solução de (9)
tem que ser do tipo:
𝚷ℎ = Πℎ 𝒂𝑧 = 𝜓ℎ 𝑥, 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛
∇ 2 Πℎ
𝜕 2 Πℎ 𝜕 2 Πℎ 𝜕 2 Πℎ
= 2
+ 2
+
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 2
2 2
2
𝜕 Π ℎ 𝜕 Πℎ 2 2 2
∇ Πℎ = 2
+ 2
+ γ Π ℎ = ∇ Π
𝑡 ℎ + 𝛾 Πℎ = 0
𝜕𝑥 𝜕𝑦
Deste modo temos:
∇2𝑡 Πℎ + 𝑘𝑐2 Πℎ = 0
Ou de outra forma:
∇2𝑡 ψℎ + 𝑘𝑐2 ψℎ = 0
Onde
𝑘𝑐2 = 𝛾 2 + 𝑘 2
O campo eléctrico pode ser representado da seguinte forma:
𝜕Πℎ 𝜕Πℎ
𝑬 = −𝑗𝜔𝜇∇ × Πℎ = −𝑗𝜔𝜇 𝒂𝒙 − 𝒂𝒚
𝜕𝑦 𝜕𝑥
𝑯 = 𝑘 2 𝚷ℎ + ∇ ∇ ∙ Πℎ
= 𝑘 2 ψℎ 𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛 − 𝛾∇t (ψℎ 𝑒 −𝛾𝑧 )
Ou simplesmente:
𝑬𝑡 = 𝑗𝜔𝜇𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛 × ∇t ψℎ
𝑯𝒕 = −𝛾𝑒 −𝛾𝑧 ∇t ψℎ
𝑯𝒛 = 𝑘𝑐2 ψℎ 𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛
3.2.2. Modo Transversal Magnético (TM)
𝚷𝑒 = Π𝑒 𝒂𝑧
𝚷𝑒 = Π𝑒 𝒂𝑧 = 𝜓𝑒 𝑥, 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛
Deste modo
∇2𝑡 Π𝑒 + 𝑘𝑐2 Π𝑒 = 0
Ou de outra forma:
∇2𝑡 ψ𝑒 + 𝑘𝑐2 ψ𝑒 = 0
𝜕Π𝑒 𝜕Π𝑒
𝑯 = 𝑗𝜔𝜖∇ × Π𝑒 = 𝑗𝜔𝜖 𝒂𝒙 − 𝒂𝒚
𝜕𝑦 𝜕𝑥
O que equivale a escrever o seguinte:
𝑯𝒕 = −𝑗𝜔𝜖𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛 × ∇t ψ𝑒
𝑬𝒕 = −𝛾𝑒 −𝛾𝑧 ∇t ψ𝑒
𝑬𝒛 = 𝑘𝑐2 ψ𝑒 𝑒 −𝛾𝑧 𝒂𝒛
3.3. Características de Ondas Guiadas
3.3.1. Constante de Propagação
A propagação da onda num guia qualquer depende do parâmetro 𝑘𝑐 ,
denominado número de onda de corte. Portanto, pode-se obter a
equação:
𝛾= 𝑘𝑐2 − 𝑘 2
Para um guia sem perda onde 𝑘 < 𝑘𝑐 , tem − se 𝛾 = 𝛼 Modo evanescentes
Quando neste mesmo guia 𝑘 > 𝑘𝑐 , tem-se 𝛾 = 𝑗𝛽 Modo de propagação
𝛽= 𝑘𝑐2 − 𝑘 2
3.3.2. Comprimento de Onda Guiada e de Corte
O comprimento de onda de corte está relacionado com o número de onda de corte
𝑘𝑐 .
2𝜋
𝜆𝑐 =
𝑘𝑐
Para que haja propagação de onda no guia e necessário que: 𝑘 > 𝑘𝑐 implica em 𝜆 < 𝜆𝑐 .
O comprimento da onda guiada é fornecido por:
2𝜋 𝜆
𝜆𝑔 = =
𝛽 2
𝜆
1−
𝜆𝑐
3.3.3. Frequência de Corte
𝑐
𝑓𝑐 =
𝜆𝑐 𝜖𝑟
𝜔 𝑐
𝑣𝑓 = =
𝛽 2
𝜆
𝜖𝑟 1−
𝜆𝑐
3.3.5. Velocidade de Grupo
Sabe-se que a velocidade de grupo é definida como:
−1
𝜕𝜔 𝜕𝛽
𝑣𝑔 = =
𝜕𝛽 𝜕𝜔
Logo, para uma onda propagando-se num guia, tem-se:
2
𝑐 𝜆
𝑣𝑔 = 1−
𝜖𝑟 𝜆𝑐
para 𝜆𝑐 ≫ 𝜆, a velocidade de grupo é igual a de fase que, por sua vez, é igual a velocidade de um
onda TEM num meio não dispersivo.
Transversal Electromagnético.
3.3.6. Impedâncias Modais
Para o caso TE, a impedância é calculada como sendo:
𝐸𝑥 𝐸𝑦 𝑗𝜔𝜇
𝑍𝑇𝐸 = =− =
𝐻𝑦 𝐻𝑥 𝛾
Quando não existem perdas, 𝛾 = 𝑗𝛽 e
𝜂
𝜔𝜇 𝑘𝜂 𝑍𝑇𝐸 =
𝑍𝑇𝐸 = = Ou
2
𝛽 𝛽 𝜆
1−
𝜆𝑐
Já para o caso TM, a impedância é obtida da razão dos
campos, isto é:
𝐸𝑥 𝐸𝑦 𝛾
𝑍𝑇𝑀 = =− =
𝐻𝑦 𝐻𝑥 𝑗𝜔𝜖
2
𝜆
𝑍𝑇𝑀 =𝜂 1−
𝜆𝑐
3.4. Guia Rectangular
• As expressões deduzidas nos itens anteriores são validas para guias com secção
transversal qualquer.
𝜕𝜓ℎ
=0
𝜕𝑥
𝜕𝜓ℎ
=0
𝜕𝑦
em 𝑦 = 0 e 𝑦 = 𝑏.
Utilizando-se o método da separação das variáveis, onde consideramos
que:
𝜓ℎ 𝑥, 𝑦 = 𝑓 𝑥 𝑔(𝑦)
𝑑2 𝑓 𝑥 2𝑓 𝑥 = 0 𝑑2 𝑓 𝑥
2
+ 𝑘 𝑥 + 𝑘 2𝑔 𝑦
𝑑𝑥 𝑑𝑦 2 𝑦
sendo =0
𝑔 𝑦 = 𝐶𝑠𝑒𝑛 𝑘𝑦 𝑦 + 𝐷𝑐𝑜𝑠(𝑘𝑦 𝑦)
Sendo assim:
𝑚𝜋
𝑘𝑥 𝑎 = 𝑚𝜋 ⇔ 𝑘𝑥 =
𝑎
Semelhantemente, aplicando-se as condições de contorno (48) na equação (55), tem-
se 𝐶 = 0 e: 𝑛𝜋
𝑘𝑦 =
𝑏
Onde 𝑚 e 𝑛 são inteiros positivos. Substituindo as equações (57) e (58) em (52), tem-se:
𝑚𝜋 2 𝑛𝜋 2
𝑘𝑐 = +
𝑎 𝑏
Portanto, o comprimento de onda de corte para o modo TE é dado por:
2𝜋 2𝑎𝑏
𝜆𝑐 = =
𝑘𝑐 𝑚𝑏 2 + 𝑛𝑎 2
sendo a frequência de corte é obtida a partir de
𝑐 𝑐 𝑚 2 𝑛 2
𝑓𝑐 = = +
𝜆𝑐 𝜇𝑟 𝜀𝑟 2 𝜇𝑟 𝜀𝑟 𝑎 𝑏
Para estes modos admite-se que ou 𝒎 ou 𝒏 sejam nulos. No entanto, para que
𝑘𝑐 ≠ 0 é
necessário que m ou n não sejam simultaneamente nulos!
A frequência de corte deste modo é a menor possível nos guias rectangulares, logo
o modo 𝑻𝑬𝟏𝟎 é o modo dominante nos guias rectangulares.
𝐻0 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝜓ℎ 𝑥, 𝑦 = 𝐵𝐷𝑐𝑜𝑠 𝑘𝑥 𝑥 cos 𝑘𝑦 𝑦 = 2 cos 𝑥 cos 𝑦
𝑘𝑐 𝑎 𝑏
nas equações (21), (22) e (23). Observa-se que, para a componente de campo
magnético
em (23) ser expressa em 𝐴/𝑚, é necessário que 𝐵𝐷 seja igual a 𝐻0 /𝑘𝑐2 , onde
𝐻0 é a intensidade máxima de campo magnético
Portanto,
𝜕𝜓ℎ 𝑛𝜋𝛾 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐸𝑥 = −𝑗𝜔𝜇𝑒 −𝛾𝑧 = 2 𝐸0 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
𝜕𝑦 𝑏𝑘𝑐 𝑎 𝑏
𝜕𝜓ℎ 𝑚𝜋𝛾 𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐸𝑦 = 𝑗𝜔𝜇𝑒 −𝛾𝑧 =− 𝐸
2 0 sen 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
𝜕𝑥 𝑎𝑘𝑐 𝑎 𝑏
−𝛾𝑧
𝜕𝜓ℎ 𝐸𝑦
𝐻𝑥 = −𝛾𝑒 =
𝜕𝑥 𝑍𝑇𝐸
𝜕𝜓ℎ 𝐸𝑥
𝐻𝑦 = −𝛾𝑒 −𝛾𝑧 =−
𝜕𝑦 𝑍𝑇𝐸
𝐻𝑧
𝑚𝜋 𝑛𝜋
= 𝐻0 cos 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
Não havendo perdas (𝛾 = 𝑗𝛽), têm-se:
𝑗𝑛𝜋𝛽 𝑚𝜋 𝑛𝜋 −𝑗𝛽𝑧
𝐸𝑥 = 𝐸0 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒
𝑏𝑘𝑐2 𝑎 𝑏
𝑗𝑚𝜋𝛽 𝑚𝜋 𝑛𝜋 −𝑗𝛽𝑧
𝐸𝑦 = − 𝐸 0 sen 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 𝑒
𝑎𝑘𝑐2 𝑎 𝑏
𝐸𝑦
𝐻𝑥 = −
𝑍𝑇𝐸
𝐸𝑥
𝐻𝑦 =
𝑍𝑇𝐸
𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐻𝑧 = 𝐻0 cos 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 𝑒 −𝑗𝛽𝑧
𝑎 𝑏
Sendo :
𝜔𝜇
𝐸0 = 𝐻0
𝛽
3.4.3. Modo E (TM)
• Para se obter os campos electromagnéticos que se propagam, nos modos
𝑇𝑀𝑚𝑛, dentro de um guia rectangular, resolve-se a equação diferencial
(∇2𝑡 ψ𝑒 + 𝑘𝑐2 ψ𝑒 = 0). cuja solução fornece o comportamento dos campos
no plano transversal à direcção de propagação.
𝜓𝑒 |(𝑥=0, 𝑥=𝑎) = 0
𝜓𝑒 |(𝑦=0, 𝑦=𝑏) = 0
• Utilizando o método da separação das variáveis em (∇2𝑡 ψ𝑒 + 𝑘𝑐2 ψ𝑒 = 0)
e aplicando-se as condições de contorno, obtém-se a solução do tipo:
𝐸0
𝜓𝑒 𝑥, 𝑦 = 2 sen 𝑘𝑥 𝑥 sen 𝑘𝑦 𝑦
𝑘𝑐
−𝛾𝑧
𝜕𝜓𝑒 𝑚𝜋𝛾 𝑚𝜋 𝑛𝜋 −𝛾𝑧
𝐻𝑦 = −𝑗𝜔𝜖𝑒 =− 𝐻0 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒
𝜕𝑥 𝑎𝑘𝑐2 𝑎 𝑏
−𝛾𝑧
𝜕𝜓𝑒
𝐸𝑥 = −𝛾𝑒 = 𝑍𝑇𝑀 𝐻𝑦
𝜕𝑥
𝜕𝜓𝑒
𝐸𝑦 = −𝛾𝑒 −𝛾𝑧 = −𝑍𝑇𝑀 𝐻𝑥
𝜕𝑦
𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐸𝑧 = 𝐸0 sen 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒 −𝛾𝑧
𝑎 𝑏
Não havendo perdas (𝛾 = 𝑗𝛽), têm-se:
𝑗𝑛𝜋𝛽 𝑚𝜋 𝑛𝜋 −𝑗𝛽𝑧
𝐻𝑥 = 𝐻0 sen 𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝑦 𝑒
𝑏𝑘𝑐2 𝑎 𝑏
𝑗𝑚𝜋𝛽 𝑚𝜋 𝑛𝜋 −𝑗𝛽𝑧
𝐻𝑦 = − 𝐻 0 cos 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒
𝑎𝑘𝑐2 𝑎 𝑏
𝐸𝑥 = 𝑍𝑇𝑀 𝐻𝑦
𝐸𝑦 = −𝑍𝑇𝑀 𝐻𝑥
𝑚𝜋 𝑛𝜋
𝐸𝑧 = 𝐸0 sen 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 𝑒 −𝑗𝛽𝑧
𝑎 𝑏
Sendo :
𝛽
𝐸0 = 𝐻0
𝜔𝜖
• Observa-se nas equações acima que, os modos 𝑇𝑀𝑚0 e 𝑇𝑀0𝑛 não
existem;
• pois basta 𝑚 ou 𝑛 ser igual a zero para que todas as componentes dos
campos sejam nulas.
• Sendo assim, o menor modo TM possível de se propagar num guia
de secção transversal rectangular é o modo TM11 (modo
dominante).