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AULA II.1
Educação em/para Direitos Humanos – Conceitos/Definições
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
Profa. Dra. Cleide Magáli
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O tema DH não estava incluído na agenda brasileira de debates antes do golpe militar
(1964) que reprimiu os direitos políticos e, ao mesmo tempo expropriou direitos econômicos
e sociais. No entanto, foi ainda no contexto dos governos militares (1964-1985) que
surgiram as primeiras manifestações históricas que incorporavam o referido discurso.
Na década de 80, verificamos iniciativas como a criação de um Movimento Nacional de
Direitos Humanos, bem como, esforços na construção de uma rede que estabeleceu
relações entre organizações nacionais e de países como Uruguai e Argentina, levando à
incorporação do Brasil na Rede Latino-americana de Educación para a La Paz e Los
Derechos Humanos (CEAAL). Também nessa década, a Constituição de 1988, consignou
no seu texto, os direitos fundamentais da pessoa humana, prevendo os meios de garantia
desses direitos e fixando responsabilidades por seu respeito e sua promoção.
“um trabalho intencional e sistemático de educação em direitos humanos emergiu entre nós na segunda
metade dos anos de 1980, no clima de mobilização social e afirmação, da sociedade civil, inerentes ao
processo de (re) democratização do país”. (CANDAU, 2000, p.73),
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Numa breve retrospectiva, vimos que na década de 80, cursos foram promovidos por
universidades com o apoio de secretarias estaduais e municipais de Justiça, Cidadania e
Educação, realizados em ONGs, sindicatos e outros. Já a década de 90, foi marcada
pela ampliação das atividades realizadas na década anterior, mas sua característica
mais marcante, foi à incorporação de novos atores, particularmente do governo federal
que apesar de suas atuações interrompidas pelas mudanças na gestão pública,
promoveu avanços como a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
ensino fundamental, que apoiados na Lei de Diretrizes e Bases de 1996, trouxeram a
reflexão sobre temas essenciais para uma cultura de direitos humanos; outro fato
marcante, ocorreu em 1995, com a constituição da a Rede Brasileira de Educação em
Direitos Humanos, que realizou o 1º. Congresso Brasileiro de Educação em Direitos
Humanos e Cidadania, em São Paulo,1997. Nos anos 2000, já um importante passo foi
dado com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) que começou
a ser elaborado em 2003, sendo finalizado em 2006 e lançado oficialmente em março de
2007, sob a coordenação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos
(CNEDH) da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República
(SEDH/PR), como fruto de um processo de consultas públicas nos 27 Estados da
Federação, recebendo diversas contribuições de gestores, profissionais do sistema de
ensino, das áreas de segurança pública, do sistema judiciário, de conselhos de direitos,
entre outros segmentos e entidades da sociedade. Sob a responsabilidade do Ministério
da Educação, do Ministério da Justiça e da Unesco (SANTOS, 2008, p,16-18) 7
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O discurso dos direitos humanos está marcado por forte polissemia e, consequentemente, as
maneiras de se entender a educação em direitos humanos também. É possível distinguir pelo menos
dois grandes enfoques.
O primeiro, marcado pela ideologia neoliberal, tende a ver a preocupação com os direitos humanos
como uma estratégia de melhorar a sociedade dentro do modelo vigente, sem questioná-lo. Enfatiza os
direitos individuais, as questões éticas e os direitos civis e políticos, centrados na participação nas
eleições. São abordados também temas como discriminação racial e de gênero, preconceito, violência,
se
O segundo enfoque parte de uma visão dialética e contra hegemônica, em que os direitos
humanos são vistos como mediações para a construção de um projeto alternativo de sociedade:
inclusivo, sustentável e plural. Enfatiza uma cidadania coletiva, que favorece a organização da
sociedade civil, privilegia os atores sociais comprometidos com a transformação social e promove o
empoderamento dos grupos sociais e culturais marginalizados. Afirma que os direitos políticos não
podem ser reduzidos aos rituais eleitorais, muitas vezes fortemente mediatizados pela grande mídia e
pelas estratégias de marketing. Coloca no centro de suas preocupações a inter-relação entre os direitos
de primeira, segunda e terceira gerações e se coloca na perspectiva da construção de uma quarta
geração de direitos que incorpora questões derivadas do avanço tecnológico, da globalização e do
multiculturalismo. Acentua a importância dos direitos sociais, econômicos e culturais para a própria
viabilização dos direitos civis e políticos. Privilegia temas como: desemprego, violência estrutural, saúde,
educação, distribuição da terra, concentração de renda, dívida externa e dívida social, diferença cultural,
segurança social, ecologia. Trabalha as dimensões sociocultural, afetiva, experiencial e estrutural do
processo educativo e assume do ponto de vista psicológico um construtivismo sociocultural, segurança,
drogas, sexualidade, tolerância, e meio ambiente.
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Segundo Sime (1994), é uma proposta educativa que tenha como eixo
central a vida cotidiana e que queira recuperar o valor da vida, no sentido
radical...
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Bases da EdcDH:
Para Benevides (2016), a Educação em/para DH deve partir de três pontos: (i)
deve ser uma educação permanente, continuada e global; (ii) deve estar voltada
para a mudança cultural e (iii) deve ser uma educação em valores e não apenas
instrução, ou seja, não se trata de mera transmissão de conhecimentos - uma vez
que, o valor é sempre um elemento mobilizador, se mostra em atitudes e se
concretizam em ações. Portanto, deve objetivar a formação de uma cultura de
respeito à dignidade humana por meio da promoção e da vivência de valores
como: liberdade, justiça, igualdade,solidariedade, cooperação, tolerância e da paz.
Isso significa criar, influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes,
atitudes, hábitos e comportamentos que decorram desses valores, os quais devem
se transformar em práticas. Ser a favor de uma educação que significa a formação
de uma cultura de respeito à dignidade da pessoa humana, significa querer uma
mudança cultural.
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Para Benevides (2008) “o educador em Direitos Humanos sabe que não deve contar com
resultados imediatos” e, para esse fim, Sime (1994) nos faz uma proposta metodologia que
articula três pedagogias: da Indignação, da Admiração e das Convicções Firmes.
"(...) deve ser uma pedagogia de indignação e que diga não a resignação. Não queremos
formar seres insensíveis, e sim capazes de indignar-se, de escandalizar-se diante de todas as
formas de violência, de humilhação. A atividade educativa deve ser um espaço onde
expressamos e compartilhamos a indignação através dos sentimentos de rebeldia contra o que
está acontecendo"(SIME, 1994, p.272).
"Esta pedagogia da admiração é um convite a criar espaços para partilhar a alegria de viver.
Alegramo-nos porque vamos descobrindo que existem pequenos germes de um cotidiano
novo, porque nos admiramos ao ver como mudamos e ao ver como os demais mudaram ou
querem mudar. A admiração estimula a gozar tudo o que, desde nossa realidade imediata,
contribua para a vitória da vida." (SIME, 1991, p. 274)
"A convicção do valor supremo da vida é a coluna vertebral do nosso projeto de sociedade, de
homem e de mulher novos. Nossa opção pela vida é o que unifica nossa personalidade
individual e nossa identidade coletiva. Mas também existem outros valores que propomos
como convicções, que dão consistência ética à mística pela vida: solidariedade,15 justiça,
esperança, liberdade, capacidade crítica." (SIME,1991, p. 274)
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REFERENCIAS
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GOMES, Rafaela da Costa. Concepção e prática de educação em direitos humanos: um olhar sobre o programa mais educação. Encontro de ensino, pesquisa e
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MOSCA, J. J. y AGUIRRE, L. P. Direitos Humanos: pautas para uma educação libertadora. Rio de Janeiro: Vozes, 1992
SANTOS, Cleide Magáli. Projeto: Programas de Políticas Públicas em Educação em/para Direitos Humanos no Estado da
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TAVARES, Celma. Educar em direitos humanos, o desafio da formação dos educadores numa perspectiva interdisciplinar. In: ZENAIDE, M. N. T. et. al. (Org.).
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<http://www.dhnet.org.br/dados/livros/edh/br/fundamentos/29_cap_3_artigo_07.pdf> Acesso em: 02-04-2018 às 22:00
Documento:
BRASIL Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos / Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. –
Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça,
ONU. Declaração e programa de ação de Viena. 1993. Disponível em: <http:www.dhnet.org.br/direitos/anthist/Viena/declaração_viena.htm>. Acesso em: 02 de abril 2018.
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