DE ALEXANDRE HERCULANO ARRAS POR FORO DE ESPANHA • Alexandre Herculano foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.
• Destacou-se por escrever muitas obras literárias sempre com uma
vertente histórica, sendo considerado um grande romancista histórico. Arras por foro de Espanha
• Arras por foro de Espanha é o segundo conto que podemos encontrar
no interior da obra Lendas e Narrativas.
• É constituído por sete capítulos; A arraia miúda; o Beguino; um
Bulhão e uma agulha de alfaiate; mil dobras pé-terra e trezentas barbudas; Mestre Bartolomeu Chambão; uma barregã rainha; Juramento, pagamento e a Nota Final do autor. • A história centra-se durante o reinado de D. Fernando 4º rei da Segunda Dinastia de Portugal e no casamento com Dona Leonor Teles. • A.H. demonstra neste conto a insatisfação de todos os portugueses perante aquela união. Que motivos existiam para tal? • Dona Leonor já era casada com João Lourenço da Cunha e conseguiu que o Papa anulasse o casamento parar conquistar o amor do rei e satisfazer a sua ambição de poder. O rei cego de paixão julgava-se amado o povo via, e sofria. • Os nobres também desaprovavam pois, a união com uma mulher casada não se adequava às leis religiosas e políticas da Idade Média. • A nobreza, descontente, fez chegar aos ouvidos da população os indícios de sua própria revolta, e que resultou logo depois em muito sangue derramado (o dote exigido pela rainha) e na vitória da adúltera. • As personagens em questão existiram, fizeram parte da História da nação portuguesa. • Com esta obra passam a existir na mente do leitor e não apenas na história. Mas é sobretudo a personagem de D. Leonor Telles que centra toda a ação da obra • O caráter diabólico de Dona Leonor adquire uma faceta de tal perversidade e maquiavelismo que AH a chama de Lucrécia Borgia Portuguesa. • "A mulher é um verdadeiro diabo, uma inimiga da paz uma fonte de impaciência, uma ocasião de disputa das quais o homem deve manter-se afastado se quer estar em tranquilidade." (Francisco Petrarca, poeta italiano, século XIV)
• Leonor Telles era também uma mulher conflituosa e inimiga da paz.
Talvez por ter vivido na idade Média pois esta divergia da mulher do Renascimento. Na idade Média a mulher podia até trabalhar para sustentar a casa. Era uma mulher que sabia manipular mesmo quando parecia que quem mandava era o homem. As outras personagens • Dom Fernando fraco, subjugado pela paixão por uma mulher de caráter interesseiro. • Dom Diniz (filho de Inês de Castro e de D. Pedro, irmão de D. Fernando) é tão ambicioso quanto Dona Leonor pois não se acanha em unir-se ao matador de sua mãe, na tentativa de derrubar aquela que se tornara um entrave às suas pretensões. • Dom Diniz é o único que não se dobra aos caprichos da rainha, mas também não termina como um vencedor. Afasta-se de cena, à meia- noite, dentro de uma barca que “subia com dificuldade a corrente rápida do Douro” • O povo (a arraia miúda), personagem coletiva tal como na crónica de Fernão Lopes. • Não há distinções entre o povo. • Exceção para Fernão Vasques, eleito porta-voz da população, tirando este ninguém se destaca em particular. • O povo é grandioso ao lutar, mas pequeno e insignificante na derrota. • Outros personagens aparecem (Frei Roy, Mestre Bartolomeu Chambão e outros) ajudando a formar os elos da intriga tal como é usual no Romantismo do século XIX • Entre todos continua a ser a figura ímpar da rainha que se destaca. • Ela é a alma da narrativa. • Ela é terrível na sua vingança, mas sem ela a história seria outra. • É uma narrativa histórica, repleta das características intrínsecas do romantismo português do século XIX, principalmente a característica que vai retomar os valores medievais, com a descrição dos ambientes vividos em pleno século XIV. • Apresenta uma linguagem tão vívida e cinematográfica quanto a de Fernão Lopes. • Uma leitura deliciosa que nos transporta até à idade Média e nos dá a conhecer a força da Mulher e o maquiavelismo de uma rainha num mundo dominado pelos homens.