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“E tudo era possível”

Ruy Belo
Ruy Belo
Ruy Belo nasceu em S. João da Ribeira, Rio Maior, em
1933. Tirou o curso de Direito, primeiro na
Universidade de Coimbra e depois na Universidade de
Lisboa, onde se diplomou em 1956. Em Lisboa, viria a
frequentar também a Faculdade de Letras, terminando
em 1967 a licenciatura em Filologia Românica. Além de
atividade no domínio editorial, Ruy Belo foi também
professor. Leitor na Universidade de Madrid desde
1971, regressou ao país em 1977, vindo a falecer de
modo súbito no ano seguinte.
Nome de destaque na poesia portuguesa
contemporânea, exerceu igualmente intensa atividade
de ensaísta e crítico literário.
E Tudo Era Possível

Na minha juventude antes de ter saído


da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido


o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida


e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança


entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer Ruy Belo, Homem de Palavra[s]Lisboa, Editorial Presença,
1999 (5ª edição)
Análise Formal

• O poema é um soneto, constituído por duas quadras e dois tercetos


• Os versos são formados por 12 sílabas – alexandrino
• A sua escansão rimática:
“Na/mi/nha/ju/ven/tu/dean/tes/de/ter/sa/í/do”
• O poema não apresenta pontuação, logo não tem pausas, o que lhe faz ter
uma pontuação rara
Esquema rimático
Na minha juventude antes de ter saído A
da casa de meus pais disposto a viajar B
eu conhecia já o rebentar do mar B
das páginas dos livros que já tinha lido A

Chegava o mês de maio era tudo florido A


o rolo das manhãs punha-se a circular B
e era só ouvir o sonhador falar B
da vida como se ela houvesse acontecido A

E tudo se passava numa outra vida C


e havia para as coisas sempre uma saída C
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer D

Só sei que tinha o poder duma criança E


entre as coisas e mim havia vizinhança E
e tudo era possível era só querer D
Tipo de rima
Na minha juventude antes de ter saído A
da casa de meus pais disposto a viajar Rima pobre
B
eu conhecia já o rebentar do mar B Rima rica
das páginas dos livros que já tinha lido A

Chegava o mês de maio era tudo florido A


Rima pobre
o rolo das manhãs punha-se a circular B
e era só ouvir o sonhador falar B
A Rima rica
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida C


e havia para as coisas sempre uma saída C Rima pobre
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer D
Rima pobre
Só sei que tinha o poder duma criança E
entre as coisas e mim havia vizinhança E
e tudo era possível era só querer Rima pobre
D
...
Na minha juventude antes de ter saído A
da casa de meus pais disposto a viajar Consoante
B
eu conhecia já o rebentar do mar B Consoante
das páginas dos livros que já tinha lido A

Chegava o mês de maio era tudo florido A


Consoante
o rolo das manhãs punha-se a circular B
e era só ouvir o sonhador falar B
A Consoante
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida C


e havia para as coisas sempre uma saída C Consoante
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer D
Consoante
Só sei que tinha o poder duma criança E
entre as coisas e mim havia vizinhança E
e tudo era possível era só querer Consoante
D
...
Na minha juventude antes de ter saído A
da casa de meus pais disposto a viajar Interpolada
B
eu conhecia já o rebentar do mar B Emparelhada
das páginas dos livros que já tinha lido A

Chegava o mês de maio era tudo florido A


Interpolada
o rolo das manhãs punha-se a circular B
e era só ouvir o sonhador falar B
A Emparelhada
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida C


e havia para as coisas sempre uma saída C Emparelhada
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer D
Emparelhada
Só sei que tinha o poder duma criança E
entre as coisas e mim havia vizinhança E
e tudo era possível era só querer Interpolada
D
Análise da 1ª estrofe

“Na minha juventude antes de ter saído


da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido”

Recurso expressivo:
• Metáfora
Análise da 2ª estrofe

“Chegava o mês de maio era tudo florido


o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido”

Recurso expressivo:
• Comparação
Análise da 3ª estrofe

“E tudo se passava numa outra vida


e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer”
Análise da 4ª estrofe

“Só sei que tinha o poder duma criança


entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer”

Recurso expressivo:
Recurso expressivo: • Hipérbole
• Metáfora
Estavam atentos ?
Vamos às
perguntas
Conclusão:
O poeta acolhe e celebra a magia e a felicidade de
ser criança, apercebendo-se que em adulto já não
consegue encontrar aquela profunda alegria e
liberdade que tinha quando era criança.

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