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REALISTA
• A sociedade no centro da
obra literária
• A Revolução Industrial
muda a Europa
representação do mundo
George Clausen (1852-
1944), pintor inglês.
Tornou-se um dos mais
como o mundo é
REALISMO:
aclamados pintores de
paisagens e vida nos
campos. Destaca-se, na sua
obra, o uso da luz, que
contribui para orientar o
olhar do observador para
detalhes que desejava
destacar.
p r o s p e r i d a d e e c o n ô m i c a e d e s e n v o l v i m e n t o t é c n i c o e c i e n t í fi c o .
trabalhadora (proletariado).
direção à pobreza.
representação do mundo A segunda metade do século
como o mundo é
REALISMO:
XIX testemunha um grande
avanço das ciências.
Testemunha também os
efeitos da Revolução
Industrial, que mudou
definitivamente a relação
entre os seres humanos.
Esses eventos transformam o
modo como a arte e, em
particular, a literatura
representam o mundo.
As chefes de família
(1886), Walter Langley.
Os arroubos amorosos
do Romantismo são
deixados de lado, porque
o escritor deseja agora
investigar como é a vida
após o casamento. Por
esse motivo, encontramos
diferentes autores
tratando do tema do
adultério.
No plano social, a
opressão, a corrupção, o
mundo da política e a
frivolidade das elites
também aparecem
tematizados com
frequência. A partir deles
se forma um retrato da
sociedade da época
naquilo que ela tem de
mais verdadeiro.
CLAUSEN, BOUGUEREAU,
George. William Adolphe.
As catadoras de Pequenas ladras,
pedra, 1887. 1872.
LHERMITE, Leon Augustin.
Pagando os agricultores, 1882.
A “anatomia” do caráter
[...] Às nove horas, ordinariamente, entrava D. Felicidade de A objetividade “absoluta”
Noronha. Vinha logo da porta com os braços estendidos, o seu bom da prosa realista precisa,
sorriso dilatado. Tinha cinquenta anos, era muito nutrida, e, como porém, ser questionada.
O olhar do leitor é dirigido
sofria de dispepsia e de gases, àquela hora não se podia espartilhar
pelo narrador realista,
e as suas formas transbordavam. Já se viam alguns fios brancos nos
sem que isso seja feito de
seus cabelos levemente anelados, mas a cara era lisa e redonda, modo declarado ou
cheia, de uma alvura baça e mole de freira; nos olhos papudos, com explícito, como acontecia
a pele já engelhada em redor, luzia uma pupila negra e úmida, nos romances
românticos. Observe
muito móbil; e aos cantos da boca uns pelos de buço pareciam
como o narrador de O
traços leves e circunflexos de uma pena muito fina. [...]
primo Basílio descreve D.
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. 15. ed. São Paulo: Ática, 1994. p.33.
Felicidade de Noronha.
Linguagem: As descrições
[...] Havia cinco anos que D. Felicidade o amava. [...] Viam-na corada e
cruéis
nutrida, e não suspeitavam que aquele sentimento concentrado, O narrador não revela sua
irritado semanalmente, queimando em silêncio, a ia devastando como opinião sobre D. Felicidade,
uma doença e desmoralizando como um vício. [...] Sempre tivera o apenas a descreve. Porém,
as observações que faz
gosto perverso de certas mulheres pela calva dos homens, e aquele
sobre a dispepsia e os gases
apetite insatisfeito inflamara-se com a idade. Quando se punha a olhar que afligem a senhora e
para a calva do Conselheiro, larga, redonda, polida, brilhante às luzes, outros detalhes que destaca
uma transpiração ansiosa umedecia-lhe as costas, os olhos dardejavam- em sua aparência, como a
cara “de uma alvura baça e
lhe, tinha uma vontade absurda, ávida de lhe deitar as mãos, palpá-la,
mole de freira” e os “olhos
sentir-lhe as formas, amassá-la, penetrar-se dela! [...]
papudos”, acabam por lhe
dar um aspecto caricato.
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. 15. ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 34-35.