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A construção hibrida do romance Purgatório

Tema/Problema

• Análise da função social do artista: como o autor estrutura


sua crítica ao estado-mercado, autoritarismo e violência
promovidos pelo Estado argentino das décadas de 1970/1980.

• De que maneira o tratamento autoral dado à composição dos


“gêneros impuros” do “espaço biográfico” no universo
ficcional martíneziano apresenta uma quebra à linearidade da
“história oficial”. Como essas estratégias exercem função
crítica” ao oferecer visibilidade a fatos, relatos, discursos e
narrativas que se contrapõem ao discurso oficial legitimado
pela ditadura militar Argentina das décadas de 1970/1980?
Purgatório, de Tomás Eloy Martínez.
O Romance

• Tomás Eloy Martínez recupera a atmosfera asfixiante que tomou conta da


Argentina depois do golpe de 24 de março de 1976, “naqueles tempos as
pessoas desapareciam aos milhares sem nenhuma razão aparente”, escreve
o romancista, cuja obra tem se caracterizado pelo enfrentamento
sistemático das feridas mais dolorosas da história recente de seu país.

• Purgatório é um romance de amor, mas não se afasta da temática política


privilegiada por Martínez. A narrativa entrelaça os acontecimentos da vida
da personagem Emilia nos Estados Unidos de 1999 e seu passado de horror
nos “anos de chumbo” da ditadura. Com a rapidez própria da memória
afetiva, o leitor é levado desde o bar de Nova Jersey até uma remota
Buenos Aires dos anos 1970, onde um jovem casal de cartógrafos se casa,
pouco depois do golpe.
Conceitos – Fundamentação teórica

• Hibridação cultural
Néstor Gárcia Canclini
• Gêneros impuros

• Descolecionar e Desterritorializar
Leonor Arfuch
• Espaço Biográfico

• O processo Luís Alberto Romero

Autores argentinos.
O “mosaico” ficcional do universo martíneziano
O autor cria um mosaico ficcional através do apagamento de fronteiras de
gêneros discursivos delineados, o que faz o livro parecer muitas vezes com a
utilização do que Canclini chama de “gêneros intercalados”: um exercício de
cartografia, livro de história, literatura de testemunho, narrativa fantástica e
romance policial:

• “numa entrevista a correspondentes japoneses, a enguia teve de dar uma resposta sobre a
epidemia de desaparecimentos [...] “Um desaparecido é uma incógnita, não tem entidade, não
está vivo nem morto, simplesmente não está. É um desaparecido.”

• “Ao acordar, fiquei entusiasmado imaginando a felicidade que aquela mulher mais velha
poderia sentir ao receber o amor e o sexo de um homem bem mais jovem que ela. Tanto fazia
que fosse o seu marido ou não. Parecia-me um ato de justiça literária, pois na maioria das
histórias a equação é invertida” (“admitir” o contar de uma história).

• “Quando a ouvi falando “aquilo que agora é chamado de ditadura”, pensei, por um
momento, que você também tinha sido cúmplice. Desculpe. Como você sabe, o que nós
sofremos foi mesmo uma ditadura, a mais perversa da história argentina, que conheceu tantas
outras antes” (p. 83).
• Diversas metáforas para falar repetidamente, fragmentadamente de
desaparecimentos:
“A copa os deixaria de boca fechada e os apagaria para sempre de todos os
mapas, condenando-os ao desaparecimento eterno.” (p. 181)

• Desapareciam ruas, pontos no mapa, pessoas, rios, eram avistados discos


voadores (entre 102, 103 tem cosa mejor).

• Sobre a economia dos grandes grupos ligados ao militares:


“O sogro era o seu mentor. Avisou-o, muito antes que isso ocorresse de fato,
que o governo iria abaixar todas as tarifas de importação, para que a
indústria nacional aprendesse a ser competitiva.” (p. 149)

• Sobre soldados na guerra das malvinas:


“Suponho que o que os mantém acordados seja o patriotismo que a ditadura
voltou a desencadear nas pessoas para disfarçar a miséria, a inflação, a
sensação de desmoronamento iminente.”
• Sobre a copa do mundo
“A grande aventura midiática que uniria o país num sentimento nacionalista e
faria as pessoas enterrarem de vez os dramas das torturas, perseguições e
desaparecimentos. “
A ironia como terreno de experimentação da crítica (rir do
opressor)

• “No posto de La Cocha um sargento saiu do banheiro com as calças caídas, no


meio das pernas, e ordenou que revistassem o jipe mais uma vez (p. 43).

• “O atentados terroristas começam assim, com espiões e visitantes de passagem.


Cardólogos, naturólogos, todos se fazem passar por alguma coisa. Cartólagos,
como vocês” (p. 44).

• “Cartógrafos, interveio Emilia. Por que não lê com mais atenção o que está nos
nossos crachás ?” (p. 44).

• “No dia seguinte, os grandes jornais afirmaram que os montoneros tinham


assumido a autoria dos sequestros e exigiam, para devolver os reféns a
libertação de 21 delinquentes subversivos” (184)
• “Quem foi o idiota que achou que os montoneros pudessem chamar seus
próprios companheiros de delinquentes ?” (p. 184).
Considerações Finais
• Fazer com que essa pesquisa gere não apenas artigos, mas discussões e
contribuições em debates políticos e teóricos, pensando na relevância dos
temas tratados tanto por Tomás Eloy Martínez, quanto pelos teóricos
argentinos com os quais trabalhamos.

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