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O documento discute a relação entre língua padrão e língua culta. A pesquisa do projeto NURC na década de 1970 encontrou divergências entre o modelo prescrito pelas gramáticas e a língua efetivamente falada pelas pessoas cultas, como o uso de pronomes retos e a elipse da preposição "a". Embora a língua culta tenha a língua padrão como base, existem formas linguísticas estabelecidas historicamente que desafiam as normas gramaticais.
O documento discute a relação entre língua padrão e língua culta. A pesquisa do projeto NURC na década de 1970 encontrou divergências entre o modelo prescrito pelas gramáticas e a língua efetivamente falada pelas pessoas cultas, como o uso de pronomes retos e a elipse da preposição "a". Embora a língua culta tenha a língua padrão como base, existem formas linguísticas estabelecidas historicamente que desafiam as normas gramaticais.
O documento discute a relação entre língua padrão e língua culta. A pesquisa do projeto NURC na década de 1970 encontrou divergências entre o modelo prescrito pelas gramáticas e a língua efetivamente falada pelas pessoas cultas, como o uso de pronomes retos e a elipse da preposição "a". Embora a língua culta tenha a língua padrão como base, existem formas linguísticas estabelecidas historicamente que desafiam as normas gramaticais.
O que é a Sociolinguística? A sociolinguística é o ramo da Linguística que estuda as relações entre a língua e a sociedade, coletando, analisando e interpretando o comportamento linguístico dos membros de uma comunidade. Busca saber como ele é determinado pelas relações sociais, culturais e econômicas existentes. A Estatística é uma ciência complementar fundamental no estudo sociolinguístico, pois, por meio da apresentação e estudo contextualizado de dados quantitativos, comprova-se o sentido matemático da frequência real dos comportamentos linguísticos observados. Língua Padrão Língua padrão (do latim patronus: “patrono, protetor, fundador”), também chamada de norma padrão, é aquela que obedece às regras. Ela é determinada por um modelo rígido, por preceitos gramaticais. A língua padrão se baseia no conceito, na ordem, na doutrina. Tem como princípio geral e abstrato a disciplina morfossintática preconizada pelas gramáticas. As gramáticas derivam das formas recomendadas pelos “patronos”, ou seja, pelas lições estabelecidas nas literaturas consagradas. É a forma escrita por excelência. A língua padrão tem a força do dogma e a natureza dos tratados. Sua postura é declarar de modo prático o que é certo e indiscutível, cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem discussão. É a forma linguística atribuída a autoridades (escritores, gramáticos, professores, filólogos, entre outros) acima de qualquer opinião ou dúvida particular: é o princípio estabelecido. É o que nos parece bom por decreto. Língua Culta Língua culta (do latim Cultum: “cultivado, cuidado, preparado”), também chamada de Norma Culta, é aquela falada pelas pessoas cultas, pelos intelectuais ou profissionais com grau de instrução superior. Embora procure seguir a língua padrão, a língua culta é o que se pratica, de fato, nos grandes centros urbanos pelas pessoas de mais alto prestígio social. É a língua efetivamente falada na vida cotidiana, em geral, em situações mais formais, já que a informalidade e o grau de intimidade entre os interlocutores têm influência significativa sobre a forma de expressões de todas as pessoas, mesmo das mais cultas. O Projeto NURC Na década de 1970, o projeto de pesquisa sobre a língua falada nos grandes centros urbanos batizado de NURC (Norma Urbana Culta) foi o primeiro grande estudo sociolinguístico brasileiro. Sua finalidade era investigar a relação entre a língua padrão (o cânone linguístico) e a língua culta (aqui chamada de norma urbana culta), que é aquela efetivamente falada pelas pessoas de mais alto prestígio social. O projeto inicialmente procurou metódica e minuciosamente descobrir como era língua falada em cinco grandes cidades brasileiras que nos anos de 1970 haviam completado mais de 300 anos de fundação e tinham mais de um milhão de habitantes: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Divergências entre padrão e culto As pesquisas do projeto Nurc concluíram que os brasileiros cultos realmente falam uma língua diferente do modelo preconizado pelos padrões estabelecidos por gramáticos. A língua padrão recomendada e prescrita nas gramáticas normativas serve de base para a língua culta efetivamente falada. Na prática, porém, há divergências entre o que se preceitua e o que se pratica. • Com muita frequência os pronomes pessoais oblíquos átonos têm sido substituídos por pronomes pessoas retos. Ex.: Eu adoro elas! Amamos ele de paixão! Peguei ela pelo pescoço! • Algumas regências verbais insistentemente aconselhadas pelas gramáticas há muito não encontram correspondência com a fala culta. A elipse da preposição “a” em verbos transitivos indiretos é quase uma unanimidade nacional. Ex.: Assisti um filme ótimo ontem à noite. 2. Obedeço os meus pais. • O uso proclítico do pronome pessoal oblíquo no início das frases, contrário à todas as normas relativas ao assunto, é o caso de maior incidência entre os falantes de todas as classes sociais. Ex.: Me empresta sua caneta! 2. Te espero sem falta. 3. Se vira! • O conhecido poema “Pronominais”, de Oswald de Andrade, é um bom exemplo de transgressão quanto ao uso do pronome oblíquo em início de frases: Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro ANDRADE, Oswald de. VII Poesias reunidas. • Alguns verbos até recentemente considerados como defectivos, ou defeituosos, pois não possuíam todas as formas para as três pessoas do presente (e as formas derivadas não correspondentes), agora são largamente conjugados. Ex.: Eu explodo de raiva. 2. Compute logo essas datas.3. Adéque sua vida ao que você ganha. Frases como essas, embora transgridam as regras da gramática normativa, são comuns também no vocabulário de pessoas de nível socioeconômico e cultural mais elevado. É fundamental perceber que os falantes que se utilizam dessas formas (da língua culta) divergentes da norma recomendada (padrão) não sofrem nenhum tipo de preconceito linguístico. Entre a língua culta e a língua padrão há uma ampla zona comum. Na língua culta, entretanto, ocorrem palavras e construções que historicamente se estabeleceram à revelia do que manda a norma gramatical. Ainda que alguns gramáticos classifiquem como “erradas” algumas formas linguísticas presentes há muito tempo na fala e na escrita (e até mesmo literária) dos brasileiros urbanos letrados, é preciso reconhecer que elas ocorrem com muita frequência. Aliás, é exatamente esse dinamismo (das formas vivas e mutantes) o aspecto que caracteriza a evolução de toda língua natural.