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O que é a “Cultura do Estupro”?

O termo “Cultura do Estupro” é


uma tradução de “Rape Culture”,
termo que vem sendo utilizado
pelas feministas americanas
desde a década de 70 para
mostrar como a sociedade
culpava as próprias vítimas pelo
abuso sexual sofrido e tratava
como normal a violência de
homens contra as mulheres.
É essa crença de que a
culpa é sempre da vítima e que
a violência contra a mulher é
natural que encoraja todo tipo
de violência contra a mulher,
inclusive as agressões sexuais.
Essas agressões sexuais
incluem tanto cantadas, quanto
gestos obscenos, linguagem
obscena, abraços, beijos e
qualquer outra forma de contato
físico sem consentimento até o
estupro em si.
Algumas imagens de propagandas que alimentam a cultura do estupro:
Mais algumas propagandas:
Mais algumas propagandas:
Mais algumas propagandas:
Nem as crianças escapam. Propaganda de uma marca de roupas infantis:
A Cultura do Estupro está nas imagens, na linguagem (piadas,
gírias, expressões), nas leis, na TV (filmes, séries, novelas, programas de
entrevistas, telejornais, propagandas, reality show), nas redes sociais, etc.

O nome que
deveria se dar
a um cara
desses é
estuprador.
Por vivermos imersos
nesta cultura, somos levados a
acreditar que a violência contra
a mulher, principalmente a
sexual, é algo natural, que é a
forma como as coisas são.
E que é dever da mulher
evitar ser estuprada e não dos
homens não estuprar.
Limitamos a vida das mulheres,
seu direito de ir e vir, seu
direito a estudar, a se divertir
etc.
Sabemos que a desigualdade entre homens e mulheres é
socialmente construída. Desde a infância meninos são educados para
serem fortes e brutos e as meninas para serem delicadas e sensíveis.
Meninos são educados para viverem a rua, para entenderem que o
espaço publico lhes pertence e as meninas são educadas para acreditarem
que seu espaço é o lar. Mas podemos e devemos fazer diferente.
Se educarmos meninos e meninas da mesma forma, encorajando as
mesmas características estaremos criando uma sociedade mais justa e
menos violenta. As meninas tem o direito à ter liberdade e os meninos tem
direito ao afeto.
Mas não apenas as brincadeiras são diferentes. As responsabilidades
também. As meninas desfrutam de menos tempo de lazer que os meninos e
os meninos são criados com menos responsabilidades que as meninas.
Assim são demarcados
explicitamente os papéis de
cada gênero e as relações
de poder entre homens e
mulheres. O machismo e a
cultura do estupro coloca a
mulher como objeto de
desejo e de propriedade do
homem, o que termina
legitimando e alimentando
diversos tipos de violência,
entre os quais o estupro.
Sabemos que as estatísticas sobre o estupro não refletem tão bem a
realidade pela falta de notificação dos crimes. Mas baseando-nos em
algumas estatísticas que temos vamos analisar alguns dados sobre esse
crime.
Em relação ao total das notificações ocorridas em 2011, 88,5% das vítimas
eram do sexo feminino e mais da metade tinha menos de 13 anos de idade.
Como vimos no slide anterior mais de
70% dos estupros vitimaram crianças e
adolescentes.
As consequências, em termos
psicológicos, para esses meninos e meninas
são devastadoras, uma vez que o processo de
formação da autoestima estará comprometido,
ocasionando inúmeros problemas nos
relacionamentos sociais desses indivíduos.
Pesquisas relatam maiores índices de dependência química,
prostituição e problemas psicológicos, inclusive tentativas e mortes por
suicídio entre crianças e jovens que sofreram abuso.
PERFIL DOS AGRESSORES:

a maioria esmagadora dos agressores


é do sexo masculino seja qual for a
faixa etária da vítima (quase 95%). A
participação das mulheres é maior
quando a vítima é criança
correspondendo a 1,8% dos casos.
Como já dissemos o machismo e a cultura do estupro fazem com que as
agressões sejam naturalizadas e as vítimas sejam culpabilizadas pelas
agressões que sofreram. Os dados abaixo deixam bem claro isso:
Como vimos, a tabela 5 mostra que no caso de
estupros cometidos contra crianças 24,1% dos
agressores são os próprios pais ou padrastos e que
32,2% são familiares, amigos ou conhecidos da vítima.
O indivíduo desconhecido passa a configurar
paulatinamente como principal autor do estupro à
medida que a idade da vítima aumenta. Na fase adulta,
este responde por 60,5% dos casos.
Mas de maneira geral, 70% dos estupros são
cometidos por parentes, namorados ou
amigos/conhecidos da vítima, o que indica que o
principal inimigo está dentro de casa e que a violência
nasce dentro dos lares.
Vimos nas duas tabelas do slide anterior que
sendo o agressor conhecido ou não, a ameaça e a
força corporal/espancamento estão fortemente
presentes e aumentam com a faixa etária da vítima.
A prevalência do uso de objetos
contundentes ou perfuro cortantes também
aumenta com a faixa etária e é sempre maior
quando o perpetrador é desconhecido.
As maiores diferenças no tipo do
instrumento utilizado se dão em relação ao uso
das armas de fogo, presentes em quase 24% dos
crimes quando a vítima é adulta e desconhece o
estuprador.
LOCAL DO ESTUPRO
Como vimos, na maioria
dos casos, o estupro é cometido
por conhecidos (muitas vezes
familiares) da vítima e a
residência é o principal local onde
ocorrem os estupros, seja qual
for a idade da vítima.
Apenas quando o criminoso
é desconhecido, menor parte dos
casos, a via pública é o principal
local do crime. Ou seja, ficar
trancada em casa não garante a
segurança de nenhuma mulher.
Ao contrario do que a maioria das pessoas que culpam as
vitimas pelos estupros devem pensar o dia da semana em que há
um maior numero de ocorrências é segunda-feira. Bem diferente
dos números de homicídios e outros incidentes letais violentos em
geral, cuja maior prevalência ocorre nos finais de semana.
Também é curioso
que os meses de inverno
sejam aqueles em que há
maior ocorrência de
estupros tanto contra
crianças e adolescentes
quanto contra adultos.
Mais uma vez, tal
padrão é exatamente o
inverso do observado nos
crimes violentos letais.
Possivelmente uma
especificidade de crimes
que ocorrem dentro de casa.
Os estupros contra crianças e
adolescentes acontecem mais no
período de meio-dia à meia-noite. Já os
crimes contra adultos ocorrem mais
entre as 18 horas e 6 horas da manhã.
Você acha que um
homem não se dá ao
respeito por ele ter tido
vários relacionamentos?
Você acha que um homem está pedindo pra ser estuprado quando bebe?

BEBER NÃO É CRIME.


ESTUPRAR É.
Você acha que um homem quer ser estuprado quando anda sem camisa?
Assédio sexual: O assédio caracteriza-se por constrangimentos e
ameaças com a finalidade de obter favores sexuais feita por alguém de
posição superior à vítima. (conforme Art. 216-A.do Código Penal)

Importunação ofensiva ao pudor:


é o assédio verbal, quando alguém diz
coisas desagradáveis e/ou invasivas (as
famosas “cantadas”) ou faz ameaças.
Tais condutas também são formas de
agressão e devem ser coibidas e
denunciadas.
(Conforme Art. 61 da Lei nº 3688/1941)
Ato obsceno: é quando alguém pratica uma ação de cunho sexual
(como por exemplo, exibe seus genitais) em local público, a fim de
constranger ou ameaçar alguém. (Conforme Art. 233 do Código Penal)

Estupro: tocar as partes íntimas de


alguém sem consentimento também
pode ser enquadrado como estupro,
dentre outros comportamentos.
(Conforme Art. 213 do Código Penal:
Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com
ele se pratique outro ato libidinoso)
Quando tocar um corpo:
O corpo que você quer tocar é seu?

SIM. NÃO.

Pergunte se pode toca-lo.

A pessoa A pessoa A pessoa A pessoa


Pode não está
falou sim. falou não. está
toca-lo.
inconsciente. 100 %
A pessoa segura
está sob efeito de
Não. drogas ou álcool? Sim. Não toque nele.
Vivemos em um
país em que o número
de estupros é maior que
o numero de homicídios
e que uma mulher é
estuprada a cada 11
minutos e ainda tem
gente que acha que a
culpa é da vítima.
Essa é a
cultura do
Estupro.
O machismo, a violência contra a mulher e a cultura do estupro são
problemas que atingem as mulheres em todo o mundo em maior ou menor
grau. Ainda que saibamos que a violência sexual é subnotificada e que
em alguns países o estupro nem sequer é considerado crime, ainda assim
é aterrador o Brasil estar em 8º lugar no ranking mundial de estupros.
Estupros no nível nacional, Numero de registros
policiais. (Casos/100,000) – Nações Unidas (2012)

(Traduzido para esta aula)


Números da violência contra a mulher no Brasil
relatados no disque 180.
As violências contra mulheres
e meninas são uma grave violação
dos direitos humanos. As formas de
violência são muitas como podemos
ver ao lado.
Esta violência afeta de
diferentes formas as mulheres e as
impede de participar plenamente na
sociedade.
Ela traz consequências não
apenas para as mulheres, mas
também para suas famílias, para a
comunidade e para o país em geral.
Uma das formas com que a
revitimização acontece é pela
exposição social da vítima e
dos crimes incluindo imagens
e vídeos em redes sociais e
demais meios de comunicação,
em ações de violação do
respeito e da dignidade das
vítimas, entre eles a falta de
privacidade, a culpabilização e
os julgamentos morais
baseados em preconceitos e
discriminações sexistas.
18 de maio
Araceli Cabrera Crespo tinha 8 anos quando
foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada,
no Espírito Santo, em 1973. O desaparecimento da
menina completou 42 anos, mas ninguém foi punido
pelo crime.
Diante dos fatos apresentados pela denúncia
do promotor Wolmar Bermudes, a Justiça chegou a
três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o
Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e
Paulo Constanteen Helal – todos membros de
tradicionais e influentes famílias do Espírito Santo.
Os suspeitos foram prisos, julgados e
absolvidos e o processo foi arquivado pela Justiça.
Esta aula foi originalmente elaborada por:

Fernanda Pereira de Moura


Professora de História da SME-RJ
Bacharel e Licenciada em História pela UERJ
Especialista em Gênero e Sexualidade (IMS-UERJ)
Mestranda em Ensino de História (PPGEH-UFRJ)
Mãe e militante feminista.
Contato: fernandapmoura@gmail.com

Esta aula pode e deve ser adaptada ao publico a que


se destinar.

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