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Ariel Dorneles Dos Santos

“EU GOSTO MESMO É DAS BIXAS”: REFLEXÕES SOBRE


IDENTIDADE AO SOM DE LINN DA QUEBRADA

Orientação: Prof. Dr. Tiago Duque


Bacharelado em Ciências Sociais

FACH/UFMS
2018
Introdução
• Foi possível identificar que Linn apresenta uma certa dissidência não só por ser travesti,
mas na forma de ser travesti.

• Compreender os caminhos e recursos utilizados pela cantora para

• Essa dissidência foi aqui investigada à luz da teoria Queer, buscando compreender
melhor o processo de construção identitária da cantora e os processos de ressignificação
que esta faz em suas músicas.

• Análise dos videoclipes das músicas da cantora e das entrevistas disponíveis na


plataforma do YouTube.

• A etnografia virtual (AMARAL, 2010) na plataforma do YouTube.


"uma bixa
transviada, uma bixa
travesti, periférica,
preta que está
experimentando o
corpo e está se
jogando”
Linn da Quebrada e a montagem (BENEDETTI, 2000) do corpo
Enviadescer
“Eu gosto mesmo é
das bixas, das que
são afeminadas
Das que mostram
muita pele, rebolam,
saem maquiada”.
O rompimento ou a não
reiteração da Matriz de
Inteligibilidade (BUTLER, 2003)
“A minha história não
Desejo (BUTLER, 2015) é é contada, os meus
um conceito para pensar desejos não são
criados, os meus
o sujeito e a agência
afetos, os meus
desse sujeito.
desejos sexuais, esses
ficam mantidos no
escuro“

Linn da Quebrada
• A alocação da abjeção (BUTLER, 2001).

• Uma dissidência dentro de outra


dissidência?

• A prática do “terrorismo de gênero”.

• A quebra do “roman-cis”.
Bixa Preta

“Bixa estranha, louca, preta, da


favela
Quando ela tá passando todos riem
da cara dela
Mas, se liga macho
Presta muita atenção
Senta e observa a tua destruição”
(...)
A minha pele preta, é meu manto
de coragem
Impulsiona o movimento
Envaidece a viadagem”
“Eu fui expulsa da igreja (ela foi desassociada)
Porque 'uma podre maçã deixa as outras contaminada'
A lenda: Eu tinha tudo pra der certo e dei até o cu fazer bico
Hoje, meu corpo, minhas regras, meus roteiros, minhas pregas
Sou eu mesma quem fabrico”
PiriGoza

"Eu quero saber quem é


que foi o grande otário
Que saiu aí falando que o
mundo é binário
Hein?
(...)
Então olha só, doutor!
Saca só que genial
Sabe a minha identidade?
Nada a ver com xota e
pau!”
Mulher

“De noite pelas calçadas


Andando de esquina em esquina
Não é homem nem mulher
É uma trava feminina.
(...)
Ela é diva da sarjeta, o seu corpo é uma ocupação
É favela, garagem, esgoto e pro seu desgosto
Está sempre em desconstrução
(...)

Ela tem cara de mulher


Ela tem
corpo de mulher
Ela tem jeito, tem bunda , tem peito e o pau de mulher!”
Considerações Finais
• Linn sempre evidencia que sua proposta é de ser ouvida. Estar como cantora, o que para
ela não é estático, é a possibilidade que encontrou no momento de se fazer ouvir.

• O que se destaca em especial na cantora é a forma como conduz suas críticas e as


apropriações que faz tanto dos conceitos a ela aplicados, como de um discurso mais
acadêmico.

• Os posicionamentos e articulações parecem transpor as discussões “transviadas” para o


funk centrando na experiência que a cantora tem de sua condição mais marginalizada,
condição essa que a faz reverter a lógica e a impulsiona e a viabiliza como referência.

• Ao se colocar como “terrorista de gênero” e buscar destruir o “cis-tema” e o “macho alfa”,


Linn parece ser uma figura intragável que não caberia em nenhum espaço,
principalmente os mais inclusivos, por conta de uma espécie de violência retórica que ela
fala ao defender a própria existência.
Considerações Finais
• Conforme verificado no YouTube, Linn ao decorrer dos últimos 2 anos, desde o primeiro
vídeo na plataforma, passou a ser buscada para entrevistas em diversos canais que não
tratam necessariamente sobre corpo, sexualidade e gênero.

• É perceptível que esses canais viram na cantora uma subjetividade destoante que,
conforme dito, conversa muito com os discursos acadêmicos sobre essas temáticas.

• Fica manifesto pela cantora que seu posicionamento não é o de criar uma organização
de novas identidades, mas de permitir que as existentes ganhem vozes, ganhem
espaços.

• Apesar de sua contundente manifestação a uma destruição da norma, é preciso entender


que a proposta é de denunciar essa norma, pois ela não é necessariamente o normal e
nem o ideal, provocando deslegitimações de sujeitos e experiências.
Referências Bibliográficas
AMARAL, Adriana. Etnografia e pesquisa em cibercultura: limites e insuficiências metodológicas. Revista USP, Brasil, n. 86, p. 122-
135, ago. 2010. ISSN 2316-9036. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13818>. Acesso em: 05
mar. 2018.

BENEDETTI, Marcos Renato. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.

BUTLER, Judith. Corpos que pensam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado:
pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. pp. 151-172.

______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

______. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Tradução Rogério Betonni. 1 ed. 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

DUQUE, Tiago. Gêneros incríveis: um estudo sócio-antropológico sobre as experiências de (não) passar por homem e/ou mulher.
Campo Grande, Editora da UFMS, 2017.

MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias. Porto Alegre: 11, n.
21, 2009. pp. 150-182. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2017.

PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura [on
line], v. 11, n. 2, pp. 263-274, 2008 (junho-dezembro). Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=70311249015>.
Acesso em: 20 nov. 2017.

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