avaliação Clínica Psicanalítica – 1º semestre de 2019 Legendas • Roxo: gostei muito
• Verde: sugestões e correções sobre o conteúdo
• Amarelo: sugestões e correções sobre a escrita
Sugestão para o fichamento:
Denise Maurano – Para que serve a psicanálise?
Quando cabe procurar um psicanalista? p. 29-38
Condições preliminares da análise.
Sobre a interpretação Clínica Psicanalítica – 1º semestre de 2019 Sobre a interpretação “Os seres humanos são pessoas muito estranhas e até absurdas. Se você já o percebeu, acho que andou a terça parte do caminho para se tornar psicanalista.
O segundo terço do caminho consiste em
aprender algumas coisas: o método, a teoria e a técnica psicanalíticos, de que lhe vou falar um pouco neste livrinho.
Quanto à última e mais difícil etapa, que é
a de você mesmo descobrir que é também uma pessoa estranha e absurda, isto é, que é um ser humano, lamento não poder ajudá- lo a percorrer, pelo menos escrevendo: é preciso passar por uma análise”(p.1) Sobre a interpretação • Aoque prestamos atenção em uma conversa cotidiana? • Aoque prestamos atenção em uma análise? “Por mais intransmissíveis que fossem os humanos, eles sempre tentavam se comunicam através de gestos, de gaguejos, de palavras mal ditas e malditas
O que é que uma pessoa diz a outra? Fora 'como vai?'
Se desse a loucura da franqueza, o que diriam as pessoas
às outras?
Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a
realidade”
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres –
Clarice Lispector Sobre a interpretação • Na clínica psicanalítica, ouvimos alguém contar sobre o que acontece
• Ouvimos alguém contar sobre o que sente sobre o que
acontece
• Como ela se sente ao contar sobre o que sente?
• Em que posição a pessoa se coloca em relação ao que
conta, ao que vive, o que sente?
• Quais são os pontos de rigidez nessa posição?
• Como esses pontos de rigidez limitam a percepção, a
sensibilidade, a experiência?
• Como construir novas posições, novas perspectivas?
Sobre o sintoma • Sintoma como perda da liberdade
• Algo que impele: "Tenho que fazer"
• Algo que impede: "Não posso, não consigo"
• Liberdade não corresponde a conseguir tudo o que deseja
• Liberdade corresponde a admitir que deseja, reconhecer-se
como desejante
• O que o sintoma traz que a pessoa não expressa
diretamente, o que o sintoma quer dizer? Sobre o sofrimento • O modo como sentimos muda o modo como contamos
• O modo como contamos muda o modo como sentimos
• Ao contrário do adoecimento orgânico, o adoecimento
psíquico muda quando pode ser nomeado
• O sofrimento corresponde à demanda por elaboração, por
reconhecimento
• Toda forma de sofrer, toda forma de sentir, toda forma
de ser, não pode ser generalizada, é uma experiência única. • Nós somos complexidades singulares do ser humano – tão diferentes nas formas de nossas personalidades quanto em nossas características físicas, por exemplo, nossas impressões digitais. • Cada paciente terá seu “idioma”. • A receptividade do(a) analista à forma idiomática do(a) analisando(a) pode libertar uma forma de ser mais real, mais sincera e mais espontânea, para realizar futuros até então desconhecidos e não experienciados. • Facilitar a articulação do idioma é uma tarefa tênue e sutil, que torna a profissão da psicanálise um fascinante desafio único e infinito. • O idioma da pessoa não é, contudo, um roteiro escondido na biblioteca do inconsciente esperando pela revelação pelo mundo. • É mais um conjunto de possibilidades únicas daquela pessoa, um conjunto específico, sujeito à articulação a partir da natureza da experiência vivida no mundo real. • O idioma será encontrado na forma como a pessoa experiencia o mundo, nos efeitos que suscita nas pessoas com quem convive e que lhes são significativas (otherness). Sobre a interpretação “(...) seu paciente conta-lhe algo do que fez ontem, depois comenta um detalhe novo do consultório, faz uma piada, tosse, lembra-se de um sonho etc.
Se você fosse uma pessoa bem educada, numa
situação cotidiana, se interessaria polidamente por cada assunto em separado, responderia, riria com ele... E perderia o sentido de conjunto.
Fazer análise é uma espécie de falta de
educação sistemática.
Atrás do paciente, você estará calado,
procurando juntar os pedaços da conversa, sem se deter no que, de hábito, significaria uma mudança de assunto” (p. 11). Sobre a associação livre e a atenção flutuante • Incoerências
• Incoerências como ponto de partida
• Dimensão contraditória, conflituosa, ambivalente das
experiências humanas
• Expectativas de ordem, de sequência, de coerência, de
explicações do dia-a-dia
• O que não foi integrado nas explicações coerentes?
• O que escapa? O que destoa? O que se destaca?
• Como a mesmice das palavras e das lembranças que se
repetem serve mais para encobrir e construir barreiras em torno do que sentimos do que para expressar o que sentimos? Sobre a interpretação • Tom de voz • Silêncios • Hesitações • Repetições • Contradições • Mudanças de assunto • Mudanças repentinas de assunto • Detalhes • Aspectos que parecem bobos • Identificações Sobre a interpretação • Atentar-se para mudanças no tom de voz, pedir para que a pessoa associe a partir das palavras com maior ênfase
• Atentar-se para elementos que parecem contraditórios
• Atentar-se para as repetições
• Atentar-se para os silêncios e hesitações
• Atentar-se para o que as negações afirmam
• Atentar-se para as reações intensas e/ou abruptas
• Atentar-se para como a pessoa se dirige a você, qual a
relação que estabelece, que posição lhe é atribuída
• Pensando no idioma do(a) paciente, naquela nova
linguagem a ser conhecida, ter em mente a pergunta: “o que a palavra dita quer dizer?” Sobre a interpretação “Os muitos sentidos das palavras humanas, se tomados em conjunto, poderiam levar- nos para quase qualquer lugar. Sucede, porém, que durante uma sessão eles se cruzam e descruzam, determinando pontos de convergência ou nós, para onde se encaminham porções consideráveis dos sentidos marginais do discurso. A essas malhas damos o nome de fantasias” (p. 14). Sobre a interpretação • Relacionar fragmentos das falas que forem mais intensos, que se repetirem, que se destacarem • Fazer perguntas abertas (evitar perguntas em que a resposta seja "sim" ou "não) • Pedir detalhamento do que parecia ser só um detalhe • Tomar as palavras uma a uma, sem tanta importância para a coerência entre elas • Atentar-se para elementos que parecem contraditórios • Atentar-se para como a pessoa se dirige a você, qual a relação que estabelece, que posição lhe é atribuída, buscando implicar a pessoa no que ela relata • Pedir para que imagens sejam relatadas • Pensando no idioma do(a) paciente, naquela nova linguagem a ser conhecida, ter em mente a pergunta: “o que a palavra dita quer dizer?” “Eu tenho à medida que designo - e esse é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e não como acho. Mas é do buscar e do não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço” A paixão segundo G.H. – Clarice Lispector O que é ressignificação?
“Das várias formas possíveis de infelicidade,
a que me parece mais aflitiva não é necessariamente a que mais dói. Muito mais trágico me parece o destino de quem atravessa a vida sem se molhar, como se os efeitos (felizes ou nefastos) escorressem sobre a pele como água sobre as plumas de um pato” (CALLIGARIS, 2004, p. 79) O que é ressignificação?
“Qualquer cura tem duas faces: uma,
digamos assim, demolidora, que desfaz as certezas cristalizadas da história que nos acua em sintomas que, à vista de nosso passado, parecem inelutáveis, e outra, construtiva, que nos permite reinventar ou modificar um pouco a história da qual somos fruto” (CALLIGARIS, 2004, p.91) Sobre a ressignificação • Há outras maneiras de ver a si próprio(a), de perceber a si próprio(a), de narrar sobre si próprio(a). A análise implica essa dimensão de criação. “Bem foi avisado que se explicasse ninguém entenderia, pois explicando como é que um pé segue o outro ninguém reconhece o andar.
É também verdade que se uma pessoa fizesse apenas o
que entende, jamais avançaria um passo.
No momento em que ela mais queria ser ela própria - com
aquela individualidade idealizada que os anos haviam criado para si mesma - nesse momento sua personalidade inteira ruiu como se não fosse verdadeira, e no entanto ela era, pois essa personalidade inventada seria o máximo dela mesma”
A mação no escuro – Clarice Lispector
“Ser sincero contradizendo-me a cada minuto.
Orgia intelectual de sentir a vida!
Eu, o investigador solene das coisas fúteis.
Que tantas vezes me sinto real como uma metáfora.
Eu, o contraditório, o fictício, a espuma,
A impossibilidade de exprimir todos os sentimentos
E o que parece não querer dizer nada sempre quer
dizer qualquer coisa...”
Passagem das Horas – Álvaro de Campos
“O mundo é talvez: e só.
Talvez nem seja talvez.
Meu bem, façamos de conta.
De sofrer, de lembrar, de fruir.
De escolher nossas lembranças.
Façamos, meu bem, de conta.
Que é tudo como se fosse.
Ou que, se fora, não era”.
Claro Enigma – Carlos Drummond de Andrade
“Eu tenho à medida que designo - e esse é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e não como acho. Mas é do buscar e do não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço” A paixão segundo G.H. – Clarice Lispector “E o esquecimento ainda é memória
E lagoas de sono selam o que amamos e fomos um dia
Ou nunca fomos, e contudo arte em nós
À maneira da chama que dorme nos pais da lenha jogados
no galpão
Amar, depois de perder”
Claro Enigma – Carlos Drummond de Andrade
“Por mais intransmissíveis que fossem os humanos, eles sempre tentavam se comunicam através de gestos, de gaguejos, de palavras mal ditas e malditas
O que é que uma pessoa diz a outra? Fora 'como vai?'
Se desse a loucura da franqueza, o que diriam as pessoas
às outras?
Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a
realidade”
Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres –
Clarice Lispector Sobre a interpretação “Os seres humanos são pessoas muito estranhas e até absurdas. Se você já o percebeu, acho que andou a terça parte do caminho para se tornar psicanalista. O segundo terço do caminho consiste em aprender algumas coisas: o método, a teoria e a técnica psicanalíticos, de que lhe vou falar um pouco neste livrinho. Quanto à última e mais difícil etapa, que é a de você mesmo descobrir que é também uma pessoa estranha e absurda, isto é, que é um ser humano, lamento não poder ajudá-lo a percorrer, pelo menos escrevendo: é preciso passar por uma análise”(p.1) Sobre a interpretação • Aoque prestamos atenção em uma conversa cotidiana? • Aoque prestamos atenção em uma análise? Sobre a interpretação “(...) seu paciente conta-lhe algo do que fez ontem, depois comenta um detalhe novo do consultório, faz uma piada, tosse, lembra-se de um sonho etc. Se você fosse uma pessoa bem educada, numa situação cotidiana, se interessaria polidamente por cada assunto em separado, responderia, riria com ele... E perderia o sentido de conjunto. Fazer análise é uma espécie de falta de educação sistemática. Atrás do paciente, você estará calado, procurando juntar os pedaços da conversa, sem se deter no que, de hábito, significaria uma mudança de assunto” (p. 11). Sobre a interpretação “Os muitos sentidos das palavras humanas, se tomados em conjunto, poderiam levar- nos para quase qualquer lugar. Sucede, porém, que durante uma sessão eles se cruzam e descruzam, determinando pontos de convergência ou nós, para onde se encaminham porções consideráveis dos sentidos marginais do discurso. A essas malhas damos o nome de fantasias” (p. 14). Clínica psicanalítica
Processo investigativo e interrogativo
Como formular questões? Abertas Atenção às palavras Atenção a como as palavras condensam muito sentidos Atenção a como as palavras podem expressar sentidos que ultrapassam os sentidos previstos pelo(a) paciente O que alguém diz? O que alguém quer dizer? O que a palavra quer dizer? Exercício Tenho andando distraído
Impaciente e indeciso
Também estou confuso, mas agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente
Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era contar para todo mundo que eu não precisava contar
nada para ninguém
Me fiz em mil pedaços, para você juntas
E queria sempre achar explicações para o que eu sentia.
Exercício Meu caminho é cada manhã Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém Eu não deixo meus rastros no chão Se você não me entende, não vê Se não me vê, não entende Não procure saber onde estou Se meu jeito te surpreende Se um dia eu pudesse ver meu passado inteiro E fizesse parar chover nos primeiros erros Exercício Eu perco o sono e choro, sei que quase desespero
Mas não sei por quê
A noite é muito longa e eu sou capaz de certas coisas que
eu não quis fazer
Será que alguma coisa nisso tudo faz sentido?
A vida é sempre um risco e eu tenho medo do perigo
A vida é muito injusta e eu estou contando meus
problemas que eu quero esquecer
Será que existe alguém ou algum motivo importante
Que justifique a vida ou pelo menos esse instante?
A Transferência Clínica Psicanalítica Como é o processo da análise?
“Uma análise ou uma terapia acontecem
pelas palavras trocadas e pelas relações que elas organizam” (Contardo Calligaris, 2004, p.52) O que é a transferência? A transferência designa o conjunto dos afetos que ligam um paciente a seu terapeuta. Exemplos: proteção, rejeição, desejo, fantasias, angústia, temor. O psicanalista é como se fosse um imã de afetos. Qual é a importância da transferência? “É preciso que o paciente tenha vontade de vir às sessões e de entregar a intimidade ao terapeuta, de outra forma o tratamento não teria nenhuma chance de florescer. Em uma relação analítica, a dependência do paciente é positiva, necessária e até incortornável, porque é impossível para um analisando expor sua parte mais secreta sem se apegar àquele que o escuta”. O que é a transferência?
“O amor de transferência, grande ou pequeno,
é a mola da cura. Primeiro, ele possibilita que a cura continue apesar dos trancos e dos barrancos. Segundo, ele pode, às vezes, ser o argumento de uma chantagem benéfica: o paciente pode largar seu sofrimento por um amor ao terapeuta, para lhe oferecer um sucesso, para ganhar seu sorriso, para fazê-lo feliz” (Calligaris, 2004, p. 43-44) O que é a transferência?
“Terceiro, ele permite ao paciente viver
ou reviver, na relação com o terapeuta, a gama de afetos e paixões que são ou foram também dominantes em sua vida; essa nova vivência, aliás, é a ocasião de modificar os rumos e o desfecho dos padrões afetivos que, geralmente, assolam uma vida, repetindo-se até o enjôo” (Calligaris, 2004, p. 42-44) O que é a transferência? “É como se na primeira consulta, o paciente dissesse: ‘você está disposto a se deixar amar, idealizar, odiar ou temer? Aceita ser bajulado em um dia e maltratado no dia seguinte? Está pronto a se imiscuir em minhas fantasias e nelas desempenhar um papel?’. O analista se torna um destinatário sentimental”. Como acontece a transferência? É preciso sempre lembrar que não se é amado(a) ou detestado(a), idealizado(a) ou rejeitado(a), pelo que somos, mas sim, pelo que representamos. O que é a transferência?
“O terapeuta não é quem a paciente
imagina. A situação leva a paciente a supor que seu terapeuta detenha o segredo ou algum segredo de sua vida e que, graças a esse saber, ele poderá entendê-la, transformá-la e fazê-la feliz. Ou seja, a paciente idealiza o terapeuta, e quem idealiza acaba se apaixonando” (Calligaris, 2004, p. 45) Como se dá o manejo da transferência pelo(a) analista? Para poder trabalhar, é fundamental que o analista saiba em que lugar está sendo colocado pelo analisando. Que posição está sendo atribuída a ele, em sua organização subjetiva. É da posição que lhe é dada pela transferência que o analista pode analisar, interpretar, enfim, intervir sobre a própria transferência. Exemplo: In Treatment- Caso Mia
Mia é advogada e foi paciente de Paul
há cerca de 20 anos atrás. Os dois se reencontraram porque Paul está sendo processado, e ela trabalha no mesmo escritório do advogado dele. Ela decide voltar para a terapia. Sua principal queixa é a dificuldade de encontrar um parceiro amoroso e a frustração por ainda não ter tido filhos. Exemplo Clínico: Mia
Em que posição Paul está sendo colocado por Mia?
Como você imagina que é para Paul ser colocado nessa posição? Exemplo: In Treatment- Caso Mia
No segundo atendimento, Paul chega
alguns minutos atrasado e Mia precisa esperá-lo. Está frio e chovendo. No decorrer da sessão, é abordado sobre como Mia lida com suas raivas e sofrimentos. Alguns fatos de sua infância são relatados e relacionados a como ela se sente. Exemplo Clínico: Mia
Em que posição Paul está sendo colocado por Mia?
Como você imagina que é para Paul ser colocado nessa posição?