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Religiões Africanas e Afro-

brasileiras
PROF. JORGE LUÍS DOS SANTOS.

GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA.

ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA AFRICANA E


AFRO-BRASILEIRA.

COORDENAÇÃO DA DIVERSIDADE NO
NÚCLEO REGIONAL DA EDUCAÇÃO DE
APUCARANA.
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OBJETIVO – Não pretendemos aqui adentrar as
especificidades das Religiões Africanas e Afro-
brasileiras, muito menos doutrinar ou cometer
qualquer tipo de proselitismo.
A abordagem será feita á partir de um víés
histórico e metodológico de modo a desconstruir
paradigmas, estereótipos e preconceitos.
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“...não há religiões falsas. Todas são


verdadeiras á seu modo: todas
correspondem , ainda que de maneiras
diferentes, a condições dadas da existência
humana”. Èmile Durkhein
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“AFROTHEOFOBIA”
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Afro= de África + theo= Divino+ fobia = medo


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CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
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CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

VI - é inviolável a liberdade de consciência e


de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
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Recorrentemente as religiões de matriz


africana não são consideradas religiões por
supostamente não apresentarem filosofia e
teologia que caracteriza as correntes
religiosas tradicionais
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:
Descartes: “...o estudo da sabedoria....por
sabedoria não se entende somente
prudência das coisas, mas um perfeito
conhecimento de todas as coisas que o
homem pode conhecer tanto para a conduta
de sua vida quanto para a conservação da
sua saúde e a invenção de todas as artes”
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:
Boff: No grego antigo, teologia possuía
sentido de “hino de louvor”, ou ainda
“proclamação do divino em geral”
Platão: estudo critico racional dos deuses da
mitologia que objetiva a criação de bons
cidadãos e bons dirigentes, enquadrando a
teologia nos critérios de bondade e
veracidade para a interpretação dos mitos.
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:
A partir do século III a Igreja Católica se
apropria inteiramente da teologia numa
relação teleológica e depois pelos
Protestantes da Reforma, havendo para isso
quem assegure que a teologia é,
indubitavelmente um termo cristão.
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:
Segundo Honório Rito, a sentença que fica é a
de que “em qualquer cultura a palavra
'teologia' vai significar um discurso sobre
'Deus” (1999, p.26), que pode ser um
discurso de qualquer noção de Deus e não
necessariamente de Deus na visão de
mundo ocidental judaico-cristã.
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:
Não se tem mais nenhum questionamento
sobre a comprovação de que a África é o
nascedouro do ser humano, berço da
civilização humana, assim como o Egito
Africano é a fonte da Civilização Ocidental.
“Os sistemas teológicos e filosóficos gregos
também se originaram no Egito, onde vários
escritores [...]como Sócrates, Platão, Tales,
Anaxágoras e Aristóteles estudaram com
sábios africanos”. NASCIMENTO, 1996,p.43
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Algumas considerações acerca da filosofia e
teologia:

A África é o continente onde surgiu a


humanidade e se deu a primeira
manifestação/relação do Ser Humano
(homem e mulher) do e com o
Transcendente.
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COSMOLOGIA – Compreendida como


“filosofia da natureza” e depois passando
por aprofundamento de vários teóricos, a
cosmologia, em Kant, é definida como a
ciência “que procura determinar as
características gerais do universo em sua
totalidade” (ABBAGNANO, 1999, p. 215).
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COSMOGONIA – O dicionário a define como


“mito ou doutrina referente á origem do
mundo” (ABBAGNANO, 1999, p. 215)
“Qualquer doutrina ou narrativa a respeito da
origem, da natureza e dos princípios que
ordenam o mundo ou o universo, em todos
os seus aspectos[...] FERREIRA (1999,p.58)
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Compreensões que se fazem necessárias
sobre a cosmologia e a cosmogonia
africana: o entendimento do valor simbólico
como valor interagente nas relações sociais
de um povo e as coletividades de uma
cosmovisão na qual a dicotomização ou o
maniqueísmo não se configuram como
partes estanques da realidade, do cotidiano.
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“Os mitos apontam, sobretudo, para os
valores e os princípios capazes de garantir
orientação para o melhor caminho da
existência social, das relações humanas e
soluções de problemas. Os mitos são
metáforas da potencialidade espiritual do ser
humano. Considerando, deste modo, os
mesmos poderes que animam a nossa vida,
animam a vida do mundo. [...] Aliás, o herói
mitológico sempre foi uma necessidade do
homem...
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A cultura afro-brasileira, no seu aspecto religioso,
tem como fundamento muitos mitos para organizar-
se. Pelo conhecimento do mito, o iniciado pode
empenhar-se melhor na manutenção das relações
individuais e coletivas. Através dos mitos, dos Itans
dos oduns (histórias dos caminhos), é que
chegamos ao conhecimento de nós mesmos e do
grupo ao qual pertencemos e participamos. E por
mais sociais e humanos que sejamos, os mitos
africanos mantêm o ser humano também conectado
à unidade da natureza (MACHADO, 2002, p. 122-
123).
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Uma vez que se liga ao comportamento
cotidiano do homem e da comunidade, a
cultura africana não é, portanto, algo abstrato
que possa ser isolado da vida. Ela envolve
uma visão particular do mundo, ou, melhor
dizendo, uma presença particular no mundo –
um mundo concebido como um Todo onde
todas as coisas se religam e interagem (BÂ,
1982, p. 183, grifo do autor).
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a

A tradição africana “consegue colocar-se ao


alcance dos homens, falar-lhes de acordo com
o entendimento humano, revela-se de acordo
com as aptidões humanas”, reafirmando que
“Ela é ao mesmo tempo religião,
conhecimento, ciência natural, iniciação à
arte, história, divertimento e recreação, uma
vez que todo pormenor sempre nos permite
remontar à Unidade primordial” (BÂ, 1982, p.
183).
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Um Itan dos yorubás.
Antes que o Universo existisse, havia somente ar e água.
No início dos tempos, não havia nem mesmo água,
somente ar. Olorum era uma massa infinita de ar. Um dia,
esta massa começou a mover-se lentamente, a se agitar,
a respirar, e uma parte do ar transformou-se em água. Foi
assim que nasceu Orisanlá.
Os ares e as águas continuaram a mover-se e uma
espécie de terra molhada, de argila, surgiu. Desta argila
emergiu uma colina, uma forma vermelha semelhante a
um rochedo. Foi a aparição da matéria. Olorum admirou-
a. Inclinou-se sobre a forma, respirando fortemente. Foi
assim que Ele transmitiu o seu corpo a esta matéria. A
colina começou a viver. O primeiro ser a ter vida foi Exu
(VOGEL, 2001, p. 56-57).
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Características invariáveis da visão de mundo
africana:
- a unidade.
- a comunidade e a hierarquia das ordens e
seres do universo.
- a representação dos ancestrais de grandes
méritos.
- o vínculo indissolúvel entre o visível e o
invisível e, mais especificamente, entre os
mortos, os espíritos e os vivos.
- a importância primordial do ato de viver.
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(...) identificar a experiência espiritual que atua
por trás das religiões afro-brasileiras,
participadas por milhões e milhões de
pessoas de nosso país. É uma experiência
profundamente ecológica, ao redor da
realidade do axé, que corresponde mais ou
menos ao que o “Shi” para os orientais ou o
“Espírito Santo” para a tradição judaico-cristã:
uma energia cósmica que penetra todo o
universo e impregna toda a realidade,
concentrando-se no ser humano,
fundamentalmente mais na mulher do que no
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O exu não é o demônio que devemos


.

expulsar,mas o portador por excelência do


axé, da energia universal. O axé atua dentro de
cada um de nós, como força de irradiação,
como abertura para captar mais energia e
colocá-las a serviço dos demais (BOFF,2001,
p. 61-63)
.
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Religiões de Matriz Africana.
Religiões de Matriz Africana são aquelas cuja
essência teológica e filosófica seja as
oriundas das tradicionais religiões
vivenciadas no continente africano.
As religiões de Matriz Africana podem ser
divididas em dois tipos: as religiões
tradicionais africanas e as religiões afro-
americanas.
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As religiões tradicionais africanas são aquelas


praticadas no continente, geralmente em zona
rural e atualmente mais ligada ás famílias.
Cerca de 29% da população africana praticam
suas religiões tradicionais. 35% praticam o
Cristianismo e outros 35% o islamismo. Cerca
de 1% praticam outras religiões incluindo o
hinduismo.
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As religiões afro-americanas estão dividas em


dois grandes grupos:

-religiões afro-caribenhas
-religiões afro-brasileiras
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As religiões afro-americanas são advindas


principalmente dos grupos vindos da África
durante a Diáspora Africana.
Os grupos que predominam a base da religião
africana na América, são os Bantos, Iorubás
ou Nagôs e Fon.
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- Religiões afro-caribenhas: Vodu é o nome da
religião afro no Haiti. Muito sincrética, é uma mistura
de elementos da religião dos povos jeje – do antigo
Daomé, hoje República do Benin, que cultuavam os
vodun, divindades muito semelhantes aos orixás do
povo vizinho, os iorubás – com a religião indígena
das ilhas. Santería é o nome da religião afro em
Cuba. O sincretismo aqui é com o catolicismo.
Cultuam os orixás dos iorubás, que chamam de
lucumi (nome antigo destes), é muito parecido com o
candomblé. Também é chamado de Regla Del Ocha,
ou simplesmente Regla. Seus praticantes são os
santeros.
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Babaçuê – Maranhão, Pará.
Batuque – Rio Grande do Sul
Cabula – Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro
e Santa Catarina.
Candomblé – Em todos os Estados do Brasil.
Culto aos Egungun – Bahia, Rio de Janeiro e São
Paulo.
Culto de Ifá – Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo.
Encantaria – Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas.
Omoloko – Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo.
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Pajelança -Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas.
Quimbanda – Em todos os estados do Brasil.
Tambor de Mina – Maranhão, Pará.
Terecô – Maranhão
Umbanda – Em todos os estados do Brasil.
Xambá – Alagoas e Pernambuco
Xangô do Nordeste – Pernambuco
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CANDOMBLÉ - Candomblé ou canzuá é uma
religião derivada do animismo africano onde se
cultuam os orixás, voduns ou nkisis, dependendo da
nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma
das religiões de matriz africana mais praticadas,
tendo dois milhões de seguidores em todo o mundo,
principalmente no Brasil. Também é possível
encontrar o chamado povo do santo em outros
países como Uruguai, Argentina , Venezuela,
Colômbia, Panamá, México, Alemanha , Itália,
Portugal e Espanha
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CANDOMBLÉ - A religião tem, por base, a anima
(alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada de
anímica. Os sacerdotes africanos que vieram para o
Brasil como escravos, juntamente com seus
orixás/nkisis/voduns, sua cultura, e seus idiomas,
entre 1549 e 1888, é que tentaram de uma forma ou
de outra continuar praticando suas religiões em
terras brasileiras, portanto foram os africanos que
implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias
em uma casa só para a sobrevivência das mesmas.
Portanto, não é invenção de brasileiros
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UMBANDA - Umbanda é uma religião heterodoxa
brasileira, cuja evolução do polissincretismo
religioso existente no Brasil foi resultado de
motivações diversas, inclusive de ordem social, que
originaram um culto à feição e moda do país. O
surgimento da Religião de Umbanda inaugura de
certa forma a teologia das alteridades espirituais.
Num conglomerado teológico a Umbanda se
constitui, inicialmente, mediante as teologias e
filosofias de natureza Kardecista, Indígena e Cristã.
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BANTU (KIBUNDO, IKONGO, FON (JEJE-MINA) YORÙBÁ (NAGÔ-KETU)
UMBUNDO)

Zambi (Apungo) Hunsó Olorum

Bambojira/Pombajira Legbá Exu

Inkices Vodum Orixá

Roxomucumbe Gum Ogun

Mutaculombô Ágüe Oxossi

Gongobira ----- Logun Edé

Catendê Aguê Ossain

Zazi Hevioço Xangô


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TEMAS POLÊMICOS:

HOMOSSEXUALIDADE
ABORTO
SACRIFÍCIOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a Religião de Matriz Africana e Afro-
Brasileira não se inscreva no rol das tradições
judaico cristãs, a mesma se enquadra nos
parâmetros do monoteísmo. Os Orixás,
Inkices e Voduns não são deuses e sim
divindades. A Religião Afro se reporta a um
Deus a que denomina de Olorum, Eledumaré
ou Obatalá (yorùbá), de Zambi (bantu), de
Mawu (fon).
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Em suma, a Religião de Matriz Africana
e Afro-Brasileira e seus locus de
reterritorialização simbólica e material
(Ilê, Casa de Religião, Terreiros/as,
Comunidades-Terreiras, Abaça, Templo,
Canzuá, Roça) constituem-se em
territórios nos quais a diversidade ou as
alteridades se move sem que nenhum
estranhamento seja percebido.
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professorjorgesantos@hotmail.com
3420-1629
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico: versão didática. 2. ed. Petrópolis, Vozes,
1998.
BOFF, Leonardo. A voz do arco-íris. Brasília: Letraviva, 2000.
_________. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante,
2001.
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua
portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
LUZ, Marco Aurélio. Cultura negra e ideologia de recalque. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983
NASCIMENTO, Elisa Larkin (Org.). Sankofa: matrizes africanas da cultura brasileira. Vol. 2.
Rio de Janeiro: EDUERJ,1996.
PERRI, Flávio. O encanto dos orixás. Rio de Janeiro: Expressão e Cultural, 2002.
REZENDE, Antonio (Org.). Curso de fi losofi a: para professores e alunos dos cursos de segundo
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RITO, Honório. Introdução à teologia. 2. ed. Petrópolis, Vozes, 1999.

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