Direito, exerceu brevemente a profissão. Além disso, foi fazendeiro, editor, adido comercial nos Estados Unidos. A sua luta pelo petróleo valeu- lhe a prisão e o exílio. LITERATURA INFANTIL SURGIMENTO
• Com as obras de Monteiro Lobato;
• Gênero passou muito tempo vivendo à sua sombra; • Ambiente rural e interação com esse grupo social; • Agente formador e modificador da percepção do público. 1931 - O pó de pirlimpimpim 1932 - Viagem ao céu 1920 - A menina do narizinho arrebitado 1933 - Caçadas de Pedrinho 1921 - Fábulas de Narizinho 1933 - Novas reinações de Narizinho 1921 - Narizinho arrebitado 1933 - História do mundo para as 1921 - O Saci crianças 1922 - O marquês de Rabicó 1934 - Emília no país da gramática 1922 - Fábulas 1935 - Aritmética da Emília 1924 - A caçada da onça 1935 - Geografia de Dona Benta 1924 - Jeca Tatuzinho 1935 - História das invenções 1936 - Dom Quixote das crianças 1924 - O noivado de Narizinho 1936 - Memórias da Emília 1927 - As aventuras de Hans Staden 1937 - Serões de Dona Benta 1928 - Aventuras do príncipe 1937 - O poço do Visconde 1928 - O Gato Félix 1937 - Histórias de Tia Nastácia 1928 - A cara de coruja 1938 - O museu da Emília 1929 - O irmão de Pinóquio 1939 - O Picapau Amarelo 1929 - O circo de escavalinho 1939 - O minotauro 1930 - Peter Pan 1941 - A reforma da natureza 1930 - A pena de papagaio 1942 - A chave do tamanho 1931 - Reinações de Narizinho 1944 - Os doze trabalhos de Hércules 1947 - Histórias diversas A ESPECIFICIDADE DE MONTEIRO LOBATO • Volta-se para o Brasil sem o apelo ao exotismo; • Identifica nossas peculiaridades; • Jeca Tatu e a tipificação humana; • Jeca Tatu passa a personificar a estagnação, o marasmo, a precariedade da vida nacional, a aceitação passiva das arbitrariedades do poder; o comodismo que prefere tudo perder antes de esforçar-se em uma tomada de posição; • Monteiro Lobato estabelece uma ligação entre a literatura e as questões sociais. O NACIONALISMO DE LOBATO • Sem ufanismo, sem patriotada; • Olho crítico e impiedoso na realidade do país; • A inconformidade com os problemas da sociedade brasileira; • Denúncia literária, economia, política. O NACIONALISMO DE LOBATO [...] Monteiro Lobato escandaliza, assusta e ameaça a modorra nacional. No bom- mocismo acomodado nas salas de visita literárias, irrompe a figura inquietante de um escritor que não aceitava a ingestão passiva das modas europeias por detestar a importação, que questionava os modelos do sistema e tinha outros para propor, alguém • Vanguarda: risco da inovação. Da aventura da descoberta pessoal; • Rompe com os padrões prefixados do gênero; • Livros infantis criam um mundo que antecipa uma realidade que supera os conceitos e os preconceitos da situação histórica em que é produzida; • Compreende o passado criticamente, para pensar o futuro; • Cuidado com o leitor: tem papel ativo; • Foge do moralismo adulto. • Inovação: apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos social, político, econômico, cultural tem interlocução com o destinatário. • O CONHECIMENTO: o desafio das personagens. Se impõem por meio dele; • Inteligência como valor superior; • Esperteza; • Moral não é absoluta Situacional: liberdade e criatividade levam ao progresso; • Atraso/mal: Ignorância, Subdesenvolvimento. LITERATURA GERAL LITERATURA ADULTA: Urupês (1918); Cidades Mortas (1919); Negrinha (1920). Apresentam a dualidade dos textos pré- modernistas. (GONZAGA, 2002, p. 150-151). • Relatos seguem a linha tradicional; • Modelo Guy de Maupassant: final imprevisto, inesperado; • Desconhece o conto moderno; • Escrita pesada e acadêmica; • Aspecto inovador e já moderno: registro do universo rural paulistano; • Jeca Tatu: símbolo do caboclo; • Pintura realista em Cidades Mortas: maior interesse documental que estético. OS IMPRESCINDÍVEIS CONTOS DE MONTEIRO LOBATO • Todas as obras foram editadas durante a Primeira República, a República Velha que dura da Proclamação até a Revolução de 1930; • Escrevendo longe da capital; • Não se deixa levar pelas ilusões dos paulistas da Semana de Arte Moderna; • Brasil Real dos anos 1920: autoritarismo militar, povo excluído, campo servia à oligarquia, distribuição de riqueza desigual, negros marginalizados. • [...] presentar ao leitor a imensa pobreza do país, o atraso em que a maior parte da população permanecia imersa, as dificuldades em se implantar um regime realmente republicano, a convivência do atraso com ímpetos vanguardistas; • A contundência com que constrói a imagem do país, as imagens que apresenta da gente que o habita, as situações e os conflitos de seus personagens não só provocaram recepção favorável imediata como permanecem importantes no quadro da cultura brasileira sobretudo pela forma que Lobato, nestes textos, UMA TEORIA DO CONTO
Para Lobato, o conto é mesmo a narrativa
de “causos” e deve se desenrolar levando com ele o leitor atento à sucessão dos fatos. “Quero conto que conte coisas; conto donde eu saia podendo contar a um amigo o que aconteceu, como fulano morreu, se a menina casou, se o mau foi enforcado ou não.” (p. 12). Critica a escrita acadêmica parnasiana; Cornélio Pires e Arthur Azevedo: drama, comédia e anedota; Fontes: histórias que ouve, relatos, recriações de mitos e fábulas tradicionais; Ouve a gente do interior e seus causos: quem conta um conto aumenta um ponto:
Contos andam aí aos pontapés, a questão é saber
apanhá-los. Não há sujeito que não tenha na memória uma dúzia de arcabouços magníficos, aos quais para virarem obra de arte, só Gosto pela oposição grotesco/sublime; “Bocatorta” “Vida, amor e morte se entrelaçam conflituosamente como uma pintura decadentista” Critica o indianismo de Alencar: idealização; Romantismo: Folhetim; “Os negros”: fantástico, amor romântico à história de terror Personagens tipos: Resto de onça, O engraçado arrependido, Um homem honesto; O conto como um relato de “causos”. (p. 14) A ESTÉTICA NATURALISTA- NACIONALISTA Crítico de artes visuais – Jornais: 1915 a 1919; Ilustrou Urupês; Tadeu Chiarell – Um jeca nos vernissages: identificar os princípios da estética de Lobato, princípios estes que se estendem das artes visuais à sua literatura, na intenção de formalizar um programa Chiarelli aponta no romancista uma fidelidade à verdade como base da estética naturalista; o moderno em pintura era o naturalismo, e entre nós: Almeida Júnior e Wasth Rodrigues,
“O naturalismo nacionalista em artes visuais
queria ser uma tentativa de superação do atraso e da dependência do país, nesta área, em relação às nações europeias. A arte moderna para ALMEIDA JÚNIOR Caipira Negaceando (1888) Cozinha Caipira (1895) Derrubador Brasileiro (1879) Violeiro (1899) Sobre as interpretações demonizadoras dos primeiros modernistas; Desautorização de sua condição de crítico; Não reconhecimento do papel dele na modernização da arte; Desejava formular uma “História ideal do Modernismo”; Modernistas: apenas os aspectos positivos; Oswald de Andrade e sua trilogia Os Experiência com as artes plásticas impregna sua escrita; Os faroleiros; Colcha de retalhos; Proximidade com as pinturas de Almeida Júnior; Gilda de Mello e Sou]a, em ensaio em que identifica os traços renovadores de artistas precursores do Modernismo, mostra o quanto Almeida Júnior renova assuntos e personagens, vinculando as figuras ao Lima Barreto sobre Urupês:
A sua roça, as suas paisagens não são coisas de
moça prendada, de menina de boa família, de pintura de discípulo ou discípula da Academia Julien: é da grande arte do nervoso, dos criadores, daqueles cujas emoções e pensamentos saltam logo do cérebro para o papel ou para a tela. Ele começa com o pincel, pensando em todas as regras do desenho e da pintura, mas bem depressa deixa uma e outra coisa, pega a espátula, os dados e tudo o que ele Sobre as interpretações demonizadoras dos primeiros modernistas; Desautorização de sua condição de crítico; Não reconhecimento do papel dele na modernização da arte; Desejava formular uma “História ideal do Modernismo”; Modernistas: apenas os aspectos positivos; Oswald de Andrade e sua trilogia Os CENAS DA POBREZA Narrativas curtas: pobres pertencentes a diversos segmentos da vida na República; 1920: não há dinheiro, há poucos empregos conseguidos sempre pela estrutura do favor, não há possibilidade de ascensão social. Não interessam os personagens elegantes da sociedade emergente que se moviam entre as metrópoles europeias e nossas capitais, assim como também não vê o país com a lentes frequentes do Sua estética como sua ética, se ocupa do que falta ao país e a seus habitantes e não com as ilusões da modernidade, com suas baratinhas, melindrosas e almofadinhas, viagens a Paris e outros luxos partilhados por poucos. O país de Lobato é realmente pobre. No campo e nas cidades do interior, mas mesmo nas grandes cidades, morre-se de fome. (p. 18). A luta pela comida é uma batalha diária. A sobrevivência é conseguida com trocas ou vendas dos objetos mais fundamentais, sejam móveis ou livros de estudante. Aos ex-escravos resta o favor dos antigos donos em troca de trabalhos gratuitos. É isso ou morrer de fome. Os funcionários públicos dividem- se em duas categorias: os que assinam o ponto e os que trabalham. Os pequenos funcionários que exercem de fato suas A estética naturalista-nacionalista serve bem à vontade de pintar os quadros dessa realidade adversa e caminha junto à intenção de denunciar desigualdades; O locus de onde fala, a área agrária de São Paulo, reforça sua visão da pobreza; “Cidades mortas”; “Café, Café”; “O luzeiro agrícola”; “Dona Expedita”; “Um suplício moderno”. “Velha praga”; “Urupês”; Jeca Tatu: Lei do menor esforço; Ideias de Jeca Tatu (1919) OS NEGROS: RACISMO OU DEFESA? “Negrinha” (1920); Comovente, sensível e contundente; Órfãos de Charles Dickens; “O jardineiro Timóteo” Os negros” REFERÊNCIA • CADEMARTORI, Ligia. O que é literatura infantil. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2010. • GONZAGA, Sergius. Manual de literatura brasileira. 17. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2002. • LOBATO, Monteiro. Contos completos. 1. ed. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014.