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PÓS-MODERNISMO: CLARICE

LISPECTOR
Surgido no contexto do fim da Segunda Guerra Mundial
e da Guerra Fria, o conceito de Pós-Modernismo ainda
não é muito claro para os especialistas, dada a
diversidade desse período. Embora com propostas
diversas, a partir da década de 1940, surgiu no Brasil
uma geração de escritores marcada pela
experimentação e pela pesquisa estética. Aqui,
enfatizaremos a produção da prosadora Clarice
Lispector.
Tendências da literatura pós-modernista

 Retomada de recursos formais clássicos e trabalho com a


materialidade do texto poético

 Concretismo e seus desdobramentos (Neoconcretismo e


Poema-Processo)

 Poesia social de Ferreira Gullar.


 Prosa realista-fantástica de Murilo Rubião e J. J. Veiga.
 Prosa psicológica de Lins, Piñon, Nassar, Dourado e Lygia Fagundes
Telles.

 Escritura do choque e desautomatização de Clarice Lispector.


 Regionalismo fantástico de Guimarães Rosa.
 Prosa agressiva, irônica e direta de Fonseca e Trevisan.
PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR
Clarice Lispector

DIVULGAÇÃO ROCCO
(1920-1977)

Clarice aborda o imprevisto que


rompe o rotineiro.

Essa experiência literária chocou


críticos e leitores quando a autora,
em 1943, publicou Perto do
coração selvagem, obra distante
dos pressupostos do Neorrealismo
brasileiro.

Clarice Lispector, década de 1960

PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR


CLARICE LISPECTOR
CLARICE LISPECTOR- BIOGRAFIA

•Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1925 em


Tchetchelnik, Ucrânia. Quando ela contava apenas dois meses
de idade, sua família mudou-se para o Brasil. Clarice passou a
infância em Recife PB e em 1937 transferiu-se para o Rio de
Janeiro RJ, onde cursou direito. Estreou na literatura ainda
muito jovem com o romance Perto do coração selvagem
(1943), visão interiorizada do mundo da adolescência. Em
1944, recém-casada, viajou para Nápoles, onde serviu num
hospital da Força Expedicionária Brasileira. De volta ao Brasil,
publicou em 1946 O lustre e, depois de uma longa estada na
Suíça e Estados Unidos, fixou-se no Rio de Janeiro. Publicou
diversas obras e falece no Rio de Janeiro em 9 de dezembro
de 1977.
Clarice Lispector (1920-1977)

A literatura de Clarice é marcada pela


transgressão, ruptura e inquietação diante da
automatização que amortece a vida.

A autora aproximou-se do indizível, daquilo que a


palavra não representa, na tentativa de capturar o
agora, mesmo tendo consciência de seu óbvio
fracasso. Clarice buscou a reprodução do “instante-
já” do pensamento.

PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR


Clarice Lispector (1920-1977)

Segundo Affonso Romano de Sant’Anna, as obras de


Clarice, em geral, percorrem quatro etapas:

1. Personagem disposta em determinada situação


cotidiana

2. Prepara-se um evento que é pressentido


discretamente pela personagem.

3. Ocorre o evento que “ilumina” (epifania) a vida da


personagem.

4. Ocorre o desfecho em que a vida da personagem


é revista.
PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR
Clarice Lispector (1920-1977)
O fluxo de consciência e a epifania são característicos das suas
obras.

Publicações:

 Laços de família (1960)


 A paixão segundo GH e A legião estrangeira (1964)
 Felicidade clandestina (1971)
 A hora da estrela (1977)
Destacam-se os contos “Amor”, “A imitação da rosa”, “Felicidade
clandestina”, “Feliz aniversário”, “Legião estrangeira”, “A bela e a
fera” ou “A ferida grande demais”. Clarice também escreveu
literatura infantil.
PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR
CARACTERÍSTICAS DE SUA OBRA

 As circunstâncias exteriores e a trama narrativa têm importância


secundária nos contos e romances de Clarice Lispector. Em
busca de uma linguagem especial para expressar paixões e
estados de alma, a escritora utilizou recursos técnicos modernos
como a análise psicológica e o monólogo interior. Sua obra,
densa e original, figura entre as mais importantes da narrativa
literária brasileira.

 A obra de Clarice Lispector expressa uma visão profundamente


pessoal e existencialista do dilema humano, num estilo que se
caracteriza pelo vocabulário simples e pela estrutura frasal
elíptica. Sua ficção transcende o tempo e o espaço; os
personagens, postos em situações limite, são com frequência
femininos e só secundariamente modernos ou mesmo
brasileiros.
EPIFANIA

•O termo epifania significa o relato de uma


experiência que mostra toda a força de
inusitada revelação. É a percepção de uma
realidade atordoante quando os objetos
mais simples, os gestos mais banais e as
situações mais cotidianas comportam
súbita iluminação na consciência dos
figurantes. Ao dar-se a epifania, a
consciência do indivíduo se abre para
outra realidade.
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não
conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em
entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”
Obra – “Vida”

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o


que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-
la. Sonhe com aquilo que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela
só temos uma chance de fazer aquilo que queremos. Tenha
felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la
feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas
sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus
caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para
aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam
sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas
que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num
passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando
perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as
emoções que podemos deixar, duram um a eternidade. A vida não é
de se brincar porque em pleno dia se morre. Clarice Lispector
João Cabral de Melo Neto

KUNSTMUSEUM BASEL, BASILEIA/SUCCESSIÓN MIRÓ. LICENCIADO POR AUTVIS, BRASIL, 2009


(1920-1999)
Considerado o mais importante
poeta da Geração de 1945, nasceu
em Recife e passou a infância em
engenhos de açúcar do Nordeste.

Em 1945 publicou O engenheiro,


marcado pela preocupação com a
linguagem, predominando a
substantivação.

Personagens e cachorro diante do sol, 1949, de


Joan Miró. Têmpera sobre tela, 81 × 54,5 cm.

PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR E JOÃO CABRAL


João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

São marcas de sua literatura a realidade brasileira, sobretudo a da


região Nordeste, a metalinguagem e a linguagem-objeto.

Essas marcas estão presentes em O cão sem plumas (1950), O rio


(1954), Morte e vida severina (1965), A educação pela pedra
(1966), Museu de tudo (1975), A escola das facas (1980), Poesia
crítica (1982).

ROBERT HM VOORS/SHUTTERSTOCK
Sua poesia tem ligação com o
Cubismo e dialoga com as obras
de Mondrian, Joan Miró e Le
Corbusier.

Le Corbusier reconstruiu a capela


Notre–Dame-du-Haut em Ronchamp,
na França.

PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR E JOÃO CABRAL


João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

Em Morte e vida severina, um auto de Natal estruturado em


redondilhas, “relê” a história do nascimento de Cristo no Recife.

O protagonista do poema narrativo é Severino, lavrador nordestino


que se desloca do interior do sertão para o litoral em busca de novas
perspectivas para sua vida de miséria, fome e seca.

HIROTO YOSHIOKA
Morte e vida severina, encenada em
1966 no Tuca, em São Paulo, sob
direção de Silnei Siqueira

PÓS-MODERNISMO: CLARICE LISPECTOR E JOÃO CABRAL


EXERCÍCIOS ESSENCIAIS

(Unirio/Ence-RJ)
Texto para as questões de 2 a 5.

A descoberta do mundo
O que eu quero contar é tão delicado quanto a própria vida. E eu quereria poder usar a delicadeza que também tenho em mim,
ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.
Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a
atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas
importantes. Continuo aliás atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não
cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa
expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu
adivinhava mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesma, continuar em inocência
a me enfeitar para os meninos? Enfeitar-me aos onze anos de idade consistia em lavar o rosto tantas vezes até que a pele
brilhasse. Eu me sentia pronta, então. Seria a minha ignorância um modo sonso e inconsciente de me manter ingênua para poder
continuar, sem culpa, a pensar nos meninos? Acredito que sim. Porque eu sempre soube de coisas que nem
eu mesma sei que sei.
As minhas colegas de ginásio sabiam de tudo e inclusive contavam anedotas a respeito. Eu não entendia, mas fingia compreender
para que elas não me desprezassem e à minha ignorância.
Enquanto isso, sem saber da realidade, continuava por puro instinto a flertar com os meninos que me agradavam, a pensar neles.
Meu instinto precedera a minha inteligência.
Até que um dia, já passados os treze anos, como se só então eu me sentisse madura para receber alguma realidade que me
chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo: que eu era ignorante e fingira de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu
havia antes fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de me esclarecer
o mistério da vida. Só que também ela era uma menina e não soube falar de um modo que não ferisse a minha sensibilidade de
então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida.
Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas por quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante – que ali
mesmo na esquina jurei alto que nunca iria me casar.
Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros.
Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem,
passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha
alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável
se tivesse encarregado de me contar como era o amor. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la
com a surpresa, sem obrigá-la a ter toda sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e os seus mistérios.
Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma
planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é
porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.
LISPECTOR, Clarice

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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 2
“A descoberta do mundo” é representante do gênero textual crônica porque:

a) a partir de espaços temporais, avalia-se o processo de


amadurecimento do personagem.
b) a estrutura narrativa só comporta um personagem com reflexões
intimistas.
c) apresenta um monólogo interior, utilizando estruturas,
predominantemente, informais.
d) a partir de um dado particular se faz projeção de um conhecimento
maior do mundo.
e) apresenta relação de causa e efeito proporcionais à atitude de
descoberta do mundo.
RESPOSTA: B

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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 3
No texto, há várias ocorrências da palavra então.
Considerando o trecho “... que não ferisse a minha sensibilidade de então” (6o parágrafo), o valor semântico dessa palavra é:

a) realce.
b) conclusão.
c) tempo.
d) inclusão.
e) intensidade.
RESPOSTA: C

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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 4
Em “eu quereria poder usar a delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me
salva...”
O uso da expressão “quereria poder usar” antecipa ao leitor:

a) perspectiva inicial sem definição.


b) visão de futuro imediato.
c) conjunto de ações globais.
d) reação ao momento observado.
e) visão de uma ação não realizada.
RESPOSTA: E

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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 5
Nos parágrafos 4o, 5o, 6o e 7o, há predominância de conjunções adversativas e concessivas. A função discursiva desses
elementos no parágrafo corrobora o sentimento de:

a) ilusão repentina vivida pelo narrador.


b) contraposição vivida pela personagem e o mundo.
c) contradição vivida entre a adolescência e a fase adulta.
d) permanência e transformação típicas da fase adulta.
e) intimidade com as descobertas na fase adolescente.
RESPOSTAS: B e C

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EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 15
(Ufop-MG)
A metalinguagem está presente nestes versos de A educação pela pedra, de João Cabral de Melo Neto, EXCETO em:

a) c)
Certo poema imaginou que a daria a ver Durante as secas do Sertão, o urubu,
(sua pessoa, fora da dança) com o fogo. de urubu livre, passa a funcionário.
Porém o fogo, prisioneiro da fogueira, O urubu não retira, pois prevendo cedo
tem de esgotar o incêndio, o fogo todo; que lhe mobilizarão a técnica e o tacto,
e o dela, ela o apaga (se e quando quer) cala os serviços prestados e diplomas,
ou o mete vivo no corpo: então, ao dobro. que o enquadrariam num melhor salário,
e vai acolitar os empreiteiros da seca,
MELO NETO, J. C. de. Dois P. S. a um poema. veterano, mas ainda com zelos de novato:
A educação pela pedra. aviando com eutanásia o morto incerto,
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. p. 218. ele, que no civil quer o morto claro.

MELO NETO, J. C. de. O urubu mobilizado.


A educação pela pedra.
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. p. 209.
b) d)
Catar feijão se limita com escrever: Quando um rio corta, corta-se de vez
jogam-se os grãos na água do alguidar o discurso-rio de água que ele fazia;
e as palavras na folha de papel; cortado, a água se quebra em pedaços,
e depois joga-se fora o que boiar. em poços de água, em água paralítica.
Certo, toda palavra boiará no papel, Em situação de poço, a água equivale
água congelada, por chumbo seu verbo: a uma palavra em situação dicionária:
pois, para catar esse feijão, soprar nele, isolada, estanque no poço dela mesma;
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. e porque assim estanque, estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
MELO NETO, J. C. de. Catar feijão. porque cortou-se a sintaxe desse rio,
A educação pela pedra. o fio de água por que ele discorria.
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. p. 222.
MELO NETO, J. C. de. Rios sem discurso.
RESPOSTA: C A educação pela pedra.
Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. p. 229-230.

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