Sie sind auf Seite 1von 15

Samuel de Sousa Silva (UFG-GO)

Antes de mais nada, o que é gramática?

 “No que segue,



proponho que se aceite, para efeito de
argumentação, que a palavra gramática significa "conjunto de
regras". Não é uma definição muito precisa, mas não é
equivocada. Serve bem como guarda-chuva” Posenti, 2000, p.63
 O que distingue a linguagem de todos os outros signos é o fato
dela analisar a representação segundo uma ordem
necessariamente sucessiva: os sons só podem ser articulados um a
um; a linguagem não pode representar o pensamento de uma só
vez na totalidade; é necessário que disponha parte por parte,
segundo uma ordem linear. “Se o pensamento é uma operação
simples, sua enunciação é uma operação sucessiva [e] aí reside o
que é próprio da linguagem, o que a diferencia ao mesmo tempo
da representação e dos signos” (FOUCAULT, 2002, p. 116).
 A gramática geral, segundo Foucault, em a palavra e
as coisas”, é o estudo da ordem verbal na sua relação
com a simultaneidade, que lhe cabe representar. O
seu objeto próprio não é nem o pensamento, nem a

língua, mas o discurso entendido como sucessão de
signos verbais.
 1) conjunto de regras que devem ser seguidas;
 2) conjunto de regras que são seguidas;
 3) conjunto de regras que o falante da língua domina.
Gramática normativa

 se destina a fazer com que seus leitores aprendam a "falar e
escrever corretamente". Para tanto, apresentam um
conjunto de regras, relativamente explícitas e relativamente
coerentes, que, se dominadas, poderão produzir como
efeito o emprego da variedade padrão (escrita e/ou oral)
 É o seu foco na concepção de erro; o falar ou escrever
correto (a norma culta) X o falar ou escrever errado (as
variantes estigmatizadas da língua)
Gramáticas descritivas

 é a que orienta o trabalho dos linguistas, cuja
preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais
como elas são faladas. Neste tipo de trabalho, a
preocupação central é tornar conhecidas, de forma
explícita, as regras de fato utilizadas pelos falantes —
daí a expressão "regras que são seguidas“ e não que
devem ser seguidas – nesse tipo de gramática não se
pratica prescrições.
 Os conceitos de acertos e erros são substituidos por
usos em variados contextos e funções sócio-
interacionais.
Gramáticas internalizadas

 conjunto de regras que o falante domina — refere-se a
hipóteses sobre os conhecimentos que habilitam o falante
a produzir frases ou sequências de palavras de maneira
tal que essas frases e sequências são compreensíveis e
reconhecidas como pertencendo a uma língua. Diante de
frases como "Os meninos apanham as goiabas" ou "Os
menino (a)panha as goiaba", qualquer um que fale
português sabe que sáo frases do português (isto é, que
não são frases do espanhol ou do inglês)
isso tem a ver com aspectos observáveis das
próprias frases, dentre os quais se podem

enumerar desde características relativas aos
sons (quais são e como se distribuem), até as
relativas à forma das palavras e sua
localização na sequência
ENSINAR LÍNGUA OU ENSINAR GRAMÁTICA ?


 Não vale a pena recolocar a discussão pró ou contra a
gramática, mas é preciso distinguir seu papel do papel da
escola — que é ensinar língua padrão, isto é, criar condições
para seu uso efetivo. É perfeitamente possível aprender uma
língua sem conhecer os termos técnicos com os quais ela é
analisada.
 saber uma língua é uma coisa e saber analisá-la é outra. Que
saber usar suas regras é uma coisa e saber explicitamente
quais são as regras é outra.
 A proposta ao ensino de língua, portanto, é o abandono da
metodologia que leva a expor um conceito teórico ou uma
regra, ilustrar com alguns exemplos, propor exercícios de

fixação e avaliar numa prova sua memorização. A proposta
é a inversão desse caminho tradicional – teoria–exemplo–
exercício –, de modo que o trabalho comece da prática para
chegar à teoria, vá do concreto para o abstrato, parta do
que é conhecido pelo aluno para depois lhe apresentar o
desafio do desconhecido. Esse caminho, cuja base
epistemológica é a teoria sócio-interacionista de Vygotsky,
parece mais de acordo com os procedimentos intuitivos de
busca de compreensão do mundo e, por isso, com maiores
chances de se revelar eficiente, produtivo e prazeroso na
escola.
 BRONCKART (1999), quando se refere ao eixo gramatical do
ensino, propõe que se possibilite ao aluno observar e analisar
conjuntos de frases previamente selecionados para daí inferir e
formular conceitos e regras do sistema da língua, referentes,

por exemplo à constituição de sintagmas e frases, à conjugação
verbal. Essa proposta aponta na mesma direção do tratamento
considerado adequado pelos PCNs
 Especificamente quanto à reflexão sobre a linguagem, os PCNs
de Língua Portuguesa (p. 78) advertem que “a criação de
contextos efetivos de uso da linguagem é condição necessária,
porém não suficiente, sobretudo no que se refere ao domínio
pleno da modalidade escrita”; recomendam “a realização tanto
de atividades epilinguísticas, que envolvem manifestações de
um trabalho sobre a língua e suas propriedades, como de
atividades metalinguísticas, que envolvam o trabalho de
observação, descrição e categorização, por meio do qual se
constroem explicações para os fenômenos linguísticos das
práticas discursivas”;
Atualizações
 Nossas gramáticas normativas atuais são herança de uma


tradição clássica grecoromana, cuja norma se baseia numa
concepção de língua homogênea, tida como um padrão
abstrato que existe independente dos indivíduos que a
falam. As regras gramaticais são rígidas e fixadas a partir
de textos escritos literários de alguns escritores
portugueses e brasileiros, constituindo, segundo Lyons
(1979), o “erro clássico” da tradição gramatical. As edições
mais modernas das chamadas gramáticas pedagógicas,
embora atualizem os exemplos utilizando textos variados
da literatura e da mídia brasileira, seguem, em geral, o
padrão prescritivo das gramáticas mais clássicas.
 Que efeitos essa concepção de língua e de gramática pode provocar?
Acreditamos que o efeito mais avassalador seja a reprodução do
modelo sociocultural dominante que enfatiza as desigualdades
sociais, tratando as diferenças como deficiências

 o fato de que a língua é historicamente situada e heterogênea, isto é,
está sujeita a variações e mudanças no espaço e no tempo. Em outras
palavras, o sistema linguístico não é homogêneo, mas é constituído
de regras variáveis (ao lado de regras categóricas), que atuam em
todos os níveis linguísticos: fonológico, morfológico, sintático,
lexical e discursivo

 Essas regras variáveis são passíveis de sistematização. Em suma, a


língua é constituída de variedades linguísticas, também chamadas
de dialetos. E a literatura sociolinguística costuma descrever a
variação segundo os seguintes tipos:
variação regional ou geográfica, variação social e variação estilística

 Ex: a variante caipira


 trabalhos mais recentes têm enfatizado o papel da linguagem em
constituir as atividades sociais, as relações interpessoais e os papéis
sociais em contextos específicos
 As atividades sociais podem ser definidas como ações por meio das
quais as pessoas tentam alcançar determinados objetivos e que

foram motivadas por outras ações do próprio sujeito ou de outros em
um processo histórico dinâmico (KOZULIN, 1986, p. xlix)
 E segundo Bakhtin; as pessoas constroem esses seus objetivos
interativamente por meio da linguagem, e especificamente, por meio
dos gêneros discursivos.
 um gênero textual é uma combinação entre elementos linguísticos de
diferentes naturezas – fonológicos, morfológicos, lexicais, semânticos,
sintáticos, oracionais, textuais, pragmáticos, discursivos e, talvez
possamos dizer também, ideológicos – que se articulam na
“linguagem usada em contextos recorrentes da experiência humana,
[e] que são socialmente compartilhados”
(MOTTA-ROTH, 2005, p. 181)
 Gramática dos textos e dos gêneros do discurso
Conclusão

 O ensino de gramática deve ser submetido ao uso da
língua e não o contrário, ser uma auxiliar na
aprendizagem funcional da língua. Dessa forma, o
mais propicio é um ensino coordenado dessas
diferentes noções de gramática a fim do
aprendizado eficiente da língua
Referencias
 Por que (não) ensinar gramática na escola / Sírio

Possenti — Campinas, SP : Mercado de Letras : Associação
de Leitura do Brasil, 1996.
 O ensino de produção textual com base em atividades
sociais e gêneros textuais / Désirée Motta-Roth -
Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, v. 6, n. 3, p.
495-517, set./dez. 2006.
 Variação Linguística E Ensino De Gramática / Edair Maria
Görski e Izete Lehmkuhl Coelho - Work. pap. linguíst., 10
(1): 73-91, Florianópolis, jan. jun., 2009

 Estética da criação verbal / Mikhail M Bakhtin - Martins


Fontes São Paulo 1997.
 A palavra e as coisas / Michel Foucault - Martins Fontes. São
Paulo — 2000.

Das könnte Ihnen auch gefallen