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A REDAÇÃO NA PROVA DO ENEM:

ANÁLISE SUMÁRIA DAS CINCO


COMPETÊNCIAS
Prof. Me. Olavo Barreto de Souza
Graduado em Letras-Português (UFCG); Especialista em Ciências da Linguagem com
ênfase no Ensino de Língua Portuguesa (UFPB) e em Literatura e Ensino (IFRN);
Mestre em Literatura e Interculturalidade (UEPB); Doutorando em Letras (UFPB).
O que é a Redação do ENEM e quais as suas
competências avaliadoras?
• Texto dissertativo-argumentativo (TDA) a partir de uma situação-
problema
• Domínio da Norma Padrão do Português Brasileiro
• Adequação temática/características composicionais do (TDA)
• Organização do discurso argumentativo/coerência entre os enunciados,
além do usos racional de conteúdos advindos do Conhecimento de Mundo e
Científico
• Uso dos operadores argumentativos
• Proposta de intervenção
Síntese das competências
DESCRITORES
I Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
II Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de
conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto
dissertativo-argumentativo em prosa.
III Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista.

IV Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção


da argumentação.
V Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos
humanos.
Por que há uma Redação na prova do ENEM?

• Exige-se de um aluno ingressante no Ensino Superior a capacidade


de crítica sobre a realidade, bem como de atuação social por meio de
propostas. Por esta razão, o texto produzido é dissertativo-
argumentativo. Nele se efetua a ação de crítica e desenvolvimento
de propostas político-sociais. O Ensino Superior capacita
profissionais para atuação no mundo, exercendo as mais diferentes
funções. Espera-se que esse ingressante possa dar alguma
contribuição frente às realidades necessitadas de resolução:
economia, meio ambiente, convívio social, política, etc.
Definição de competência
• “Capacidade de realizar algo de modo satisfatório;
APTIDÃO [ antôn.: Antôn.: incompetência. ]” (Dicionário Aulete)
• “Faculdade para apreciar e resolver qualquer assunto.” (Dicionário
Michaelis)
• “Capacidade decorrente de profundo conhecimento que alguém
tem sobre um assunto: recorrer à competência de um especialista.”
(Dicio – on line)
• “Capacidade, suficiência (fundada em aptidão).” (Dicionário
Priberam)
Síntese do processo textual-discursivo do
TDA

Proposta de
Tema Tese Argumentos intervenção

• Assunto • A ideia central • Dados, • Ação


tratado na defendida pelo exemplos, interventiva na
discussão do autor. citações que sociedade,
texto. endossam a construída a
tese. partir da
argumentação
Competência 01:
Demonstrar domínio da modalidade escrita
formal da Língua Portuguesa
• Escrita formal: conforme os parâmetros concebidos pelas gramáticas
tradicionais; usos linguísticos dos ambientes formais de expressão:
redação oficial e de expediente.
• Oralidade vs. Escrita
• Variantes linguísticas: dialetos e idioletos
• Registros: (+) formal/ (-) formal; informal
• Marcas de oralidade
• Recursos expressivos da escrita
(Manual do Candidato 2013)
Competência 02:
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias
áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

• Diante da proposta de redação, tendo em vista o gênero de texto


dissertativo-argumentativo, propor uma reflexão que focalize:
• Os CONHECIMENTOS DE MUNDO
• Os conhecimentos científicos de diferentes áreas
• O usos desses conhecimentos devem dar suporte à argumentação
levantada na redação
• O que é tangenciar o tema?
• Considera-se tangenciamento ao tema uma abordagem parcial baseada
somente no assunto mais amplo a que o tema está vinculado, deixando em
segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente
proposto. (Redação no ENEM 2018, p. 15)

• O não atendimento ao TDA


• Será atribuída nota 0 (zero) à redação que não obedecer à estrutura
dissertativo-argumentativa, mesmo que atenda às exigências dos outros
critérios de avaliação. (Redação no ENEM 2018, p. 16)
ESTRUTURA DISCURSIVA DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Situação-problema Discussão Solução-avaliação
Contextualiza o assunto, guindo o leitor na Constrói a opinião a respeito da questão Evidencia a resposta ao problema
progressão do texto, para facilitar seu examinada. O produtor coloca todos os apresentado, que pode ser a reafirmação
entendimento acerca do que virá nas argumentos disponíveis para fundamentar do ponto de vista defendido ou uma
demais partes. (KÖCHE; BOFF; a posição assumida e refutar a posição apreciação sobre o assunto. (KÖCHE;
MARINELLO; 2010, p. 77) contrária [...] (KÖCHE; BOFF; MARINELLO; BOFF; MARINELLO; 2010, p. 77) [Na
2010, p. 77) Redação do ENEM trata-se de uma
proposta de ação interventiva]
Competência 03:
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,
opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

• Fazer uso racionalizado dos conhecimentos de mundo e outros para


constituir a argumentação
• Todo dado colocado deve ter razão para o que se vai dizer
• Se a ideia posta não for de autoria própria deve ser feita a referência
• Todo conhecimento extra apresentado deve ser refletido/analisado pelo
autor da redação
• Ter em vista a COERÊNCIA DO TEXTO
• A Competência 3 trata da inteligibilidade do seu texto, ou seja, de
sua coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas, o que
é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela
elaboração de um projeto de texto. (Redação no ENEM 2018, p. 17)
• O que é o Projeto de texto?
• Projeto de texto é o planejamento prévio à escrita da redação. É o esquema
que se deixa perceber pela organização estratégica dos argumentos
presentes no texto. É nele que são definidos quais argumentos serão
mobilizados para a defesa de sua tese, quais os momentos de introduzi-los e
qual a melhor ordem para apresentá-los, de modo a garantir que o texto
final seja articulado, claro e coerente. (Redação no ENEM 2018, p. 18)

• Resumindo: na organização do texto dissertativo-argumentativo,


você deve procurar atender às seguintes exigências:
• Apresentação clara da tese e seleção dos argumentos que a sustentam.
• Encadeamento das ideias, de modo que cada parágrafo apresente
informações coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem
repetições ou saltos temáticos.
• Desenvolvimento dessas ideias por meio da explicitação, explicação ou
exemplificação das informações, fatos e opiniões, de modo a justificar, para
o leitor, o ponto de vista escolhido. (Redação no ENEM 2018, p. 18)
Competência 04:
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação.

• Formas de demonstrar o pensamento construído na argumentação


• Estruturação discursiva do argumentar: pela negação, pela inclusão, pela
probabilidade, etc.
• Uso adequado dos operadores argumentativos
• Uso de adjetivos e orações adjetivas na construção dos juízos de valor
construídos
• Uso adequado dos mecanismo de COESÃO textual: partículas de ligação
entre as orações; uso regular da regência verbal e nominal; etc.
Encadeamento textual
• Para garantir a coesão textual, devem ser observados determinados
princípios em diferentes níveis:
• Estruturação dos parágrafos – um parágrafo é uma unidade textual formada por
uma ideia principal à qual se ligam ideias secundárias. No texto dissertativo-
argumentativo, os parágrafos podem ser desenvolvidos por comparação, por causa
consequência, por exemplificação, por detalhamento, entre outras possibilidades.
Deve haver uma articulação entre um parágrafo e outro.
• Estruturação dos períodos – pela própria especificidade do texto dissertativo-
argumentativo, os períodos do texto são, normalmente, estruturados de modo
complexo, formados por duas ou mais orações, para que se possa expressar as
ideias de causa-consequência, contradição, temporalidade, comparação,
conclusão, entre outras.
• Referenciação – As referências a pessoas, coisas, lugares e fatos são introduzidas
e, depois, retomadas, à medida que o texto vai progredindo. Esse processo pode
ser realizado mediante o uso de pronomes, advérbios, artigos ou vocábulos de base
lexical, estabelecendo relações de sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia e
de expressões resumitivas, metafóricas ou metadiscursivas.
Estratégias de Referenciação (nível do léxico)
Sinonímia É a característica de as palavras adquirirem, em determinados contextos, sentido
idêntico, ou seja, tornarem-se “sinônimos”. (PIMENTEL, 2004, p. 201). Ex.: luz ≅
claridade; tranquilo ≅ calmo, etc.
Antonímia Propriedade de duas palavras terem significados opostos, torando-se antônimos.
(CAMARA JUNIOR, 2007, p. 62). Ex.: feliz ≅ infeliz; legal ≅ ilegal; excluir ≅ incluir,
etc.
Hiponímia A relação por hiponímia é aquela que ocorre entre uma palavra de sentido mais
específico e outra de sentido mais genérico, que tem com a primeira traços
semânticos comuns. (PINTO, 2016, p. 128). Ex.: gato ≅ animal; mesa ≅ objeto, etc.
Hiperonímia São ‘palavras gerais’, ‘palavras superordenadas’ ou ‘nomes genéricos’, com os
quais se nomeia uma classe de seres ou se abarcam todos os membros de uma
grupo. A hiperonímia está ligada, assim, à relação que se pode estabelecer entre
um nome mais específico ou subordinado (gato) e um outro mais geral ou
superordenado (animal). (ANTUNES, 2005, p. 102). Ex.: residência ≅
casa/apartamento; computador ≅ notebook, netbook, pc; etc.
Estratégias de referenciação (nível do enunciado)
Expressões resumitivas São um recurso coesivo constituído por um sintagma nominal (demonstrativo
e um nome núcleo) que sinaliza a retomada de uma porção textual anteriormente
descrita e, ao mesmo tempo, essas expressões podem funcionar como uma
poderosa estratégia textual de construção de sentidos e progressão temática.
(MELO; CORDEIRO, 2012, p. 01).
Ex.: O alumínio e o polietileno são prensados e secados ao ar. A recuperação
posterior desses dois materiais pode envolver a incineração com obtenção de
energia, produzindo vapor d’água, dióxido de carbono e trióxido de alumínio
(Al2O3), que pode ser usado como agente floculante em tratamentos de água
ou como refratário em altos fornos. (MELO; CORDEIRO, 2012, p. 07)
Expressões metafóricas Consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o
seu (...) a metáfora tem uma função expressiva, que é pôr em destaque aspectos
que o termo próprio não é capaz de evocar por si mesmo. (CAMARA JUNIOR,
2007, p. 205). Ex.: A última luz do sol.; São ideias de uma cabeça de alfinete.
Estratégias de referenciação (nível do enunciado)
Expressões metadiscursivas Atribuem um ponto de vista a partes do texto, servindo para o locutor comentar a
formulação do enunciado ou a própria enunciação.
(1) modalizadores, que são usados para o locutor se posicionar diante do que diz:
certamente, evidentemente, aparentemente, obrigatoriamente, sem dúvida,
(in)felizmente, lamentavelmente, talvez, no meu modo de entender, em resumo,
entre muitos outros;
(2) articuladores metaformulativos, que são usados quando o locutor faz
reflexões sobre a forma como empregou termos ou palavras em seu texto, ou
sobre a função de um segmento em relação a um anterior: mais precisamente,
sobretudo, isto é, quer dizer, na verdade, quanto a, em relação a, a respeito de, a
título de esclarecimento/de comentário/de crítica e outros;
(3) articuladores metaenunciativos, que são usados na introdução dos
enunciados e evidenciam que o locutor está refletindo sobre sua forma de
expressão: digamos(assim), como se diz, podemos dizer, sei lá, grosso modo...
(MARINHO, 2014)
Competência 05:
Elaborar proposta de intervenção para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos.
• A proposta de intervenção precisa ser detalhada de modo a permitir
ao leitor o julgamento sobre sua exequibilidade, portanto, deve
conter a exposição da intervenção sugerida e o detalhamento dos
meios para realizá-la. (Manual do candidato, ENEM 2013)
• A proposta deve, ainda, refletir os conhecimentos de mundo de
quem a redige, e a coerência da argumentação será um dos
aspectos decisivos no processo de avaliação. É necessário que ela
respeite os direitos humanos, que não rompa com valores como
cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural. (Manual
do candidato, ENEM 2013)
Componentes da Proposta de Intervenção
• Ação interventiva: elemento que declara a ação prática a ser realizada,
mediante a discussão empreendida no texto. Tal atividade responde a questão:
“O que fazer?”.
• Agente: ator social (Estado, Instituições, Sociedade Civil, Poderes públicos,
Igrejas, Escolas, etc.) escolhido para a execução da ação interventiva. A escolha
do agente responde à questão: “Quem irá fazer?”.
• Modo/meio: maneira e/ou recursos utilizadas para a realização da ação
interventiva. A pergunta designada a este elemento é: “Como se executará?”.
• Efeito: resultados esperados com a ação interventiva posta em prática. Esse
elemento responde ao questionamento: “Para quê se realiza a ação?”.
• Detalhamento: acréscimo de informações sobre a ação interventiva e/ou
meio/modo designando exemplificações ou justificativas para esses elementos.
Vinícius Oliveira de Lima, de 26 anos - Duque de Caxias (RJ)
Disponível em <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2016.ghtml>
A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a
todos a liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa mostram que os indivíduos ainda
não experimentam esse direito na prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para
combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta
Gilberto Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava
compactada no interior da casa-grande, cuja religião oficial era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas –
eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência cristã, conhecida hoje por
sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve,
pois, ser repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade Líquida”, que o
individualismo é uma das principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade, e, consequentemente,
parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil,
onde, apesar do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante àqueles que
dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o
principal problema da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.
Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa. Cabe
aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no território brasileiro, por meio de
debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério
Público, por sua vez, compete promover as ações judiciais pertinentes contra atitudes individualistas ofensivas à
diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre população e poder público, alçará o país a verdadeira
posição de Estado Democrático de Direito.
Referências
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. 5ª ed. Parábola
Editorial, 2005.
CAMARA JUNIOR, Joaquim Mattoso. Dicionário de linguística e gramática:
referente à língua portuguesa. 26ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fogali.
Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Rio de
Janeiro: Vozes, 2010.
MELO, Cinthya Torres de; CORDEIRO, Maria Sirleidy de Lima. Expressões
resumitivas em artigos científicos. Anais do IV Fórum internacional de
Pedagogia. Campina Grande: Realize Editora, 2012.
REDAÇÃO no Enem 2018: cartilha do participante. Brasília: INEP/MEC, 2018.
PIMENTEL, Carlos. Português descomplicado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
PINTO, Deise Cristina de Morae. Introdução à semântica. Rio de Janeiro:
Fundação Cecierj, 2016.

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