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CRIME NO BRASIL

Professor: Daniel de Pádua


 O emprego da palavra “violência” ganhou,
na época moderna, muitos significados
novos. Porém, resiste em seu emprego
usual uma característica que não se
modificou com o tempo.

 A palavra portuguesa “violência” (como


também em outras línguas latinas e até
mesmo em inglês) vem do latim “violentia”,
que significava ...
 “força que se usa contra o direito e a lei”.
Violento (Violentus) é quem agia com força
excessiva ou exagerada.
 O Emprego retórico passou a lhe conferir

significados cada vez mais largos: a


violência dos ventos, violência das paixões,
a violência da expressão.
 Com o tempo, o termo violência passou a

significar qualquer ruptura da ordem


(emprego de meios para impor uma ordem).
 Pesquisadores perceberam que explicar a
criminalidade pela chave da desigualdade
(ou seja, pobreza + exclusão = crime)
suscitava mais problemas do que os
explicava.
 Embora a maior parte dos delinquentes
viesse das classes pobres, a maior parte dos
indivíduos dessa classe não enveredavam
pela criminalidade. Como explicar os
indivíduos que não se tornaram criminosos?
 O problema não reside na pobreza....
 As relações entre pobreza, miséria e
pauperização com certos tipos de
criminalidade é antiga no imaginário
social, mas adquire status moderno
com as tentativas científicas
socialistas do final do século XIX de
demonstrar sua efetividade causal.
 Durante toda a década de 1970, o aumento da
violência urbana e o crescimento do crime
organizado ganham plena visibilidade na mídia,
bem como a sua percepção social.

 Vinda de Foucault (Vigiar e Punir) palestras PUC


RIO e São Paulo. Ano de lançamento do livro
1974 – “ A verdade e as formas jurídicas”.

 Na academia Brasileira somente nos anos 1980.


 Coelho (1987): desemprego no RJ não
aumentou crimes;
 Beato (1998): municípios pobres de MG têm
menos crimes;
 Beato e Reis (1999): sem correlação entre
desemprego e criminalidade em BH;
 Cano e Santos (2001): não há clara correlação
entre renda e criminalidade;
 Estudos mostraram não haver correlação
significativa entre pobreza e criminalidade.
 Existe uma gradação de pobreza.

 Como utilizar a formula de Marx (Classes =


Burguesia vs. Proletariado) ?

 “Do rio que tudo arrasta se diz violento,


porém ninguém diz violentas
as margens que o comprimem."
 Bertold Brecht
 O que explica o crime não é a pobreza; e sim
uma estrutura social que produz o crime.
 Na perspectiva relativística, a criminalidade se
espalha igualmente por todas as classes
sociais, sendo apenas mais perseguidas nas
classes subalternas que nas dominantes.

 Os “pobres e honestos” se distinguem a si


mesmos dos “vagabundos e bandidos” tanto
quanto um empresário “sério e consciencioso”
se distingue dos “estelionatários e corruptos”.
 No entanto, não há como deixar de
reconhecer relações entre a persistência,
na sociedade brasileira, da concentração
da riqueza, da concentração de
qualidade de vida coletiva precária nos
chamados bairros periféricos das
grandes cidades e a explosão da
violência fatal.
 Nosso problema seria de justiça social
(desigualdade, e não pobreza)?
 O fato de de que, historicamentee até hoje,
as penitenciárias e cadeias brasileiras tenham
uma população carcerária quase que
totalmente constituída de pobres (taxas
variam de 85% até 90%) não significa:
 A) que a maioria dos criminosos brasileiro

seja de pobres;
 B) que a pobreza é a principal causa de sua

criminalidade.
 Mas também não significa que a privação
relativa de bens não seja UMA DAS CAUSAS
importantes de criminalidade.
 O que se sabe é que os aparelhos de resposta
ao crime selecionam mais certos tipos de ação
e de agente, do que outros. Os crimes que
provocam maior reação moral são aqueles
cujos agentes, normalmente não dispondo de
meios de poder, utilizam-se de coação física
imediata (ou mesmo a sua ameaça).
 A seleção dos meios e dos cursos de ação
possíveis está, em geral, determinado
tipicamente pela articulação de operadores
oferecidos pelo contexto social do agente
que opera a ação. Avaliação dos riscos e
alternativas determinadas por sua posição
relativa na estratificação social.

 HIERARQUIA DE AÇÕES CRIMINOSAS.


 Zaluar – Revolta e Masculinidade;
 Ramos – Meninos do Rio e a

complexidade do fenômeno;
 Soares – Invisibilidade Social;
 Machado – Sociabilidade violenta.
TRABALHADOR BANDIDO

Otário Vagabundo, recusa da


moral do trabalho
McEscravo Teleguiado

Covarde porque aceita Covarde porque


ser explorado carrega armas
 Cultura das armas;
 Disposição para matar (e ritual de
passagem para a carreira criminosa);
 Diferenciação entre quadrilha e galera
(formada por estudantes e trabalhadores,
tenta escapar da marca do otário através de
vestimentas, bailes e engajamento em lutas
por disputas territoriais).
 Sexualidade: poder de atração das armas
sobre os jovens (masculinidade e
conquista de mulheres – Maria Fuzil);
 Adrenalina, empolgação: “o olho brilha”,
mesmo para aqueles que já saíram do
tráfico, o que atrai jovens cada vez mais
jovens;
 Participação de jovens em milícias (reforça
dimensão do “trabalho” no crime).
 “Um jovem pobre e negro caminhando pelas
ruas de uma grande cidade brasileira é um
ser socialmente invisível” (SOARES).
 Luiz Eduardo Soares, há alguns anos, alertou
para a importância dos aspectos simbólicos
associados à opção pelo crime e pelas armas
por jovens urbanos. Esse “menino invisível”
se torna poderoso, temido e respeitado
quando passa a andar armado.
A GÊNESE DA CRIMINALIZAÇÃO

1) O ESTADO DEFINE EM LEI AS


CONDUTAS CONSIDERADAS COMO
CRIMES.

2) O ESTADO DEFINE QUE PESSOAS


RESPONDERÃO POR ESTES FATOS.
 “... Posso afirmar que boa parte dos
autos de prisão em flagrante, lavrados
nas delegacias de nosso estado e
assinados pelas autoridades policiais,
não tem a presença dessas mesmas
autoridades, tipificando a conduta
prevista no crime de falsidade
ideológica. Porém, quantos juízes ou
delegados de polícia respondem por
esse crime?” Orlando Zaccone (Delegado da
PCERJ) – Acionistas do Nada (P 13 – 14)
DELEGACIA (ÁREA) FLAGRANTES

34ª DP (Bangu) 186

36ª DP (Santa Cruz) 89

21ª DP (Bonsucesso) 83

32ª DP (Jacarepaguá) 73

62ª DP (Imbariê) 67

17ª DP (São Cristóvão) 63

TOTAL 561

15ª DP (Gávea) 17

10ª DP (Botafogo) 15

12ª DP (Copacabana) 14

14ª DP (Leblon) 9

13ª DP (Ipanema) 5

16ª DP ( Barra da Tijuca) 3

TOTAL 63
 “UMA MULTIPLICAÇÃO DE DELITOS NAS
ESTATÍSTICAS PODE SIGNIFICAR SOMENTE
UMA MULTIPLICAÇÃO DE ESFORÇOS POR
PARTE DA POLÍCIA E MAIOR EFICIÊNCIA DOS
TRIBUNAIS E NÃO QUE A DELINQUÊNCIA
TENHA AUMENTADO. EM SE TRATANDO DE
SEGURANÇA PÚBLICA, NÃO SÃO OS ÍNDICES
QUE DETERMINAM A POLÍTICA, MAS A
POLÍTICA QUE DETERMINA OS ÍNDICES .”
CARLOS MAGNO NAZARETH CERQUEIRA. O FUTURO DE UMA ILUSÃO: O SONHO DE UMA NOVA
POLÍCIA
 “A ATUAL POLÍTICA DE GUERRA
CONTRA AS DROGAS, PARA ALÉM
DE REVELAR UM VERDADEIRO
FRACASSO NAQUILO QUE SE
PROPÕE, OCULTA SUA REAL
FUNÇÃO QUE CUMPRE COM
MAGNITUDE: O CONTROLE SOCIAL
DAS CLASSES PERIGOSAS.”

ORLANDO ZACCONE. ACIONISTAS DO NADA


Homicídios por 100 mil habitantes no estado e na
cidade do Rio de Janeiro (Registros) – 1951/2008

Fonte: NECVU / IFCS / UFRJ e Instituto de Segurança Pública – ISP


Nota: Para o estado os dados de crimes estão disponíveis para informações a partir de 1977.
Total de Homicídios Dolosos por Dia da Semana
Estado do Rio de Janeiro, 2000

1600

1336
1291

1200
1046
962 924
873 896

800

400

0
2ª Feira 3ª Feira 4ª Feira 5ª Feira 6ª Feira Sábado Domingo

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade


 Dados estatísticos demonstram que os criminosos
são, mais frequentemente, pobres e pouco
escolarizados.
 Dados têm como fonte crimes conhecidos pela
polícia e prisões efetuadas (por exemplo: baixo
registro de crimes como estupro e violência entre
membros das classes altas). O crime é uma
construção social.
 Dados refletem “movimentos” da polícia –
campanha contra certo tipo de crime, pressões
externas, e estereótipos como alvos principais das
suspeitas.
 Ou seja, dados também são construções
sociais.
 Como ensinou Coelho, a sociedade
categoriza as pessoas em termos de
status, de acordo com certos atributos;
A certos tipos sociais atribuímos
maiores probabilidades de
desempenhar certos papéis. São
roteiros típicos.
• Consiste em imputar a certas
classes de comportamento
probabilidades elevadas de que
venham a ser realizadas pelo tipo
de indivíduo socialmente marginal
ou marginalizado.
• Por essa forma dá-se a
marginalização da criminalidade.
• A forma pela qual as leis são
formuladas e implementadas introduz
elementos de self-fulfiling prophecy;
isto é, são criados os mecanismos e
procedimentos pelos quais se tornam
altas as probabilidades empíricas de
que os marginais cometam crimes e
sejam penalizados.
• Por essa forma dá-se a criminalização
da marginalidade.
 Não importa muito o que o
marginalizado faz ou deixa de fazer,
pois, no momento em que ele é
estigmatizado como um criminoso
potencial, começam a ser acionados os
mecanismos legais (polícia, tribunais,
juris e autoridades penitenciárias) que
farão com que a profecia se auto-
realize.
 Por exemplo: criminalização do
funkeiro.

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