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DIREITO CIVIL IV

TEORIA GERAL DOS


CONTRATOS
PROF. M. IWAO C. SUZUKI

murasuzuki@uni9.pro.br

Aula 02 - PRINCÍPIOS
CASO 02. Considere a seguinte situação: “Tício, locatário de um trator
pertencente a Mévio, ajustou o valor de R$ 2.500,00, por trinta meses,
em seu contrato de aluguel, conforme instrumento celebrado de forma
válida. Ocorre que, a partir do terceiro mês, ele passou a depositar na
conta combinada o valor de R$ 1.800,00 e, partir daí, regularmente,
depositou esse valor no dia de vencimento do aluguel, sem que Mévio
jamais o notificasse de qualquer irregularidade. Ao final do prazo do
aluguel, Mévio entra na justiça cobrando a diferença referente aos 28
meses de aluguel em que Tício pagou a menos.” Com base nas
informações acima, julgue as afirmações abaixo, justificando a sua
resposta:

AFIRMAÇÃO I: A atitude de Tício, em pagar a menos a Mévio, encontra


respaldo na lei, diante do instrumento celebrado?

AFIRMAÇÃO II: Mévio poderá exigir o cumprimento do contrato


celebrado com Tício, na Justiça, exigindo as diferenças de valores,
diante da concordância tácita com a atitude de Tício?
CONCEITO DE PRINCÍPIO
“Normas positivadas ou implícitas no ordenamento jurídico, com um grau de
generalidade e abstração elevado e que, em virtude disso, não possuem hipóteses de
aplicação pré-determinadas, embora exerçam um papel de preponderância em
relação às demais regras, que não podem contrariá-los, por serem as vigas mestras
do ordenamento jurídico e representarem os valores positivados fundamentais da
sociedade.”(Marcelo Harger)

“Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele como disposição


fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e
servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir
a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere à tônica e lhe dá
sentido harmônico.(Mauricio Antonio Ribeiro Lopes)

“Princípio jurídico é um enunciado lógico, implícito ou explicito, que, por sua grande
generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes do Direito e, por
isso mesmo, vincula, de modo inexorável, o entendimento e a aplicação das normas
jurídicas que com ele se conectam.(Roque Antonio Carrazza)
PRINCÍPIOS CLÁSSICOS
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

O princípio da autonomia da vontade estabelece a liberdade


contratual das partes, isto é, “no poder dos contratantes de
disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades,
suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica” (CARLOS
R.GONÇALVES) - é a faculdade que têm as partes de se
vincularem a um contrato, adquirindo direitos e obrigações,
segundo a regra “o contratado predomina sobre o legislado”

A liberdade contratual está prevista no art. 421 do Código Civil de


2002, com a redação dada pela Medida Provisória nº 881, de
2019(MP da Liberdade Econômica)
PRINCÍPIOS CLÁSSICOS
PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO

É o princípio segundo o qual o simples acordo de duas ou mais vontades


basta para gerar o contrato válido, pois a lei não exige, em regra,
qualquer forma especial para a formação do vínculo contratual”. Conforme
ORLANDO GOMES, “no Direito hodierno vigora o princípio do
consentimento, pelo qual o acordo de vontades é suficiente à perfeição do
contrato. Em princípio, não se exige forma especial”.

Nem todos os contratos são simplesmente consensuais, pois alguns


possuem sua eficácia vinculada a determinadas solenidades prescritas em
Lei, por exemplo, o contrato de compra e venda de bem imóvel (art. 1.245
do Código Civil) e há outros contrato que só são efetivamente firmados no
momento em que há transferência da coisa do devedor para o credor.
Estes são os contratos reais, como o comodato, mútuo e o depósito.
PRINCÍPIOS CLÁSSICOS
PRINCÍPIO DO RELATIVISMO

O princípio da relatividade do contrato representa uma segurança às


pessoas, pois ninguém ficará amarrado a um contrato, a menos que a lei o
determine, ou a própria pessoa o queira. Segundo ULHOA COELHO:
“pelo princípio da relatividade, o contrato gera efeitos apenas entre as
partes por ele vinculadas, não criando, em regra, direitos ou deveres para
pessoas estranhas à relação). Porém, há exceções a este princípio: a
estipulação em favor de terceiro e o contrato coletivo de trabalho, por
exemplo

A estipulação em favor de terceiro é um contrato firmado entre as partes,


denominadas estipulante e promitente, mas que convenciona uma
vantagem a um terceiro, determinado beneficiário, que não participa da
formação do contrato, conforme o art. 436, “o que estipula em favor de
terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.”
PRINCÍPIOS CLÁSSICOS
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DAS CONVENÇÕES

O princípio da obrigatoriedade determina que o contrato deverá ser


cumprido entre as partes que o celebraram, consubstanciado na
expressão “pacta sunt servanda”. Este principio significa, em essência, a
irreversibilidade da manifestação de vontade validamente manifestada.

Quando os contraentes celebram um contrato, estão adstritos a este, de


modo que deverão cumprir com os compromissos assumidos. O contrato,
deste modo, é lei entre as partes. ORLANDO GOMES explica:
“Celebrado que seja, com observância de todos pressupostos e
requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas
partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos.”

A obrigatoriedade dos contratos como princípio é relativa(cláusula


“rebus sic stantibus” e Teoria da Revisão
PRINCÍPIOS CONTEMPORÂNEOS
PERSPECTIVAS DO CONTRATO CONTEMPORÂNEO - CRISE
DO INSTITUTO

MASSIFICAÇÃO
DESPERSONALIZAÇÃO
DESEQUILIBRIO CONTRATUAL DE ORIGEM

TENDENCIAS

REINTERPRETAÇÃO DO CONTRATO À LUZ DA TÁBUA


AXIOLÓGICA CONSTITUCIONAL

ADOÇÃO DE NOVOS PRINCÍPIOS A PARTIR DAS IDEIAS DE


HUMANIZAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DO CONTRATO
PRINCÍPIOS CONTEMPORÂNEOS
HUMANIZAÇÃO DO CONTRATO - DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA (CF/88 1°, III)

SOCIALIZAÇÃO DO CONTRATO (SOLIDARIEDADE


CONTRATUAL – CR, 3°, III)

(...) de sorte que deixem de se inspirar no egoísmo individualista e se


interpretem segundo o solidarismo. O contraste se estabelece não
entre indivíduo e coletividade, mas entre individualismo e
solidarismo. O indivíduo, na nova ordem da socialidade, não pode
exercitar a liberdade contratual ignorando os interesses de
terceiros e da coletividade. (...) É assim que se há de compreender
o valor ético-jurídico perseguido pelo instinto da função social do
contrato, no contexto do Código Civil e da Constituição (Theodoro
Júnior, 2004).
PRINCÍPIOS CONTEMPORÂNEOS
“O novo direito contratual preocupa‐se com a condição das partes
contraentes, caracterizando‐se pela crescente atenção dirigida à
pessoa concreta em cada caso particular. A proteção jurídica é
voltada ao sujeito contratual economicamente mais fraco
consoante as particularidades do caso concreto no espectro da
constitucionalização do Direito Civil com vistas a considerar o
direito positivo na ótica dos ditames constitucionais na proporção
que a pessoa humana é posicionada no centro das preocupações
normativas diferentemente do Direito Contratual clássico que se
concentrava na prestação patrimonial”(CAIO MÁRIO)

PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO


PRINCÍPIO DA BOA-FÉ CONTRATUAL
PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA OU JUSTIÇA CONTRATUAL
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
“A função social do contrato consiste em abordar a liberdade
contratual em seus reflexos sobre a sociedade (terceiros) e não
apenas no campo das relações entre as partes que estipulam
(contratantes)”(Humberto Theodoro Júnior.)

“A função social do contrato representa um mecanismo interventivo


de diminuição da desigualdade para, com isso, aumentar-se a
liberdade real dos contratantes.”(Carlyle Popp)

“(...)o entender do direito subjetivo não só como poder, já que, nele


incluídos, há também deveres, dispostos para que o exercício do
direito se conforme a uma finalidade social. “(Ricardo Lorenzetti).
FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites
da função social do contrato, observado o disposto na Declaração de
Direitos de Liberdade Econômica.(Redação dada pela Medida
Provisória nº 881, de 2019)

Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o


princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus
poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às partes
será excepcional.(Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019)

 CC/Art. 2.035.(...) Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se


contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por
este Código para assegurar a função social da propriedade e dos
contratos.

 CF/88 - Art. 5° - (…) XXIII – a propriedade atenderá à sua função


social;
BOA-FÉ CONTRATUAL
“Historicamente, a boa-fé pode ser considerada como algo que deve estar
presente em todas as relações jurídicas e sociais existentes. É um
compromisso, primordialmente, de fidelidade e cooperação nas relações
contratuais. O art. 422, do CC preceitua que os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.”(CAIO MÁRIO)

“Quando a ação é imbuída da consciência de que a conduta é correta e


proba, fala-se em boa-fé objetiva; quando o agente tem noção de que está
agindo de forma improba, acarretando prejuízo à situação de outra parte
na relação jurídica, fala-se em má-fé objetiva(...) como na aquisição de
coisa sujeita à penhora não registrada em cartório; quem age em situação
de boa-fé subjetiva, geralmente é terceiro na relação jurídica. Quando o
sujeito conhece a invalidade ou ineficácia, e mesmo assim opta pela
prática do ato, está em situação de má-fé subjetiva. (ASSIS NETO)
BOA-FÉ SUBJETIVA E BOA-FÉ OBJETIVA
boa-fé subjetiva: definida como um estado psicológico
do indivíduo, ligado a um dever de agir na
conformidade do direito;

boa-fé objetiva : constitui uma cláusula geral de


observância obrigatória consubstanciada no dever de
cooperar, isto é, uma regra de conduta, um modelo de
comportamento social; variando de acordo com o tipo
de relação jurídica existente entre as partes, o que
confere papel de destaque ao julgador.
BOA-FÉ CONTRATUAL
 CC/artigo 113 - “os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”.

 CC/artigo 187 - “também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

 CC/artigo 422: “os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.”
BOA-FÉ CONTRATUAL
“ Em verdade, há pontual diferenciação entre boa-fé subjetiva e
boa-fé objetiva. Enquanto a boa-fé subjetiva caracteriza-se por ser,
em verdade, um estado psicológico da pessoa do contratante
consistente numa análise subjetiva do estado de consciência do
agente por ocasião da avaliação de um dado comportamento; a
boa-fé objetiva caracteriza-se pela imposição de deveres,
constituindo, portanto, autêntica norma de conduta; sendo
arraigada pela cooperação e pelo respeito mútuo. A boa-fé objetiva
consiste num dever de conduta contratual ativo, a ambos os
contratantes, obrigando-os à colaboração e à cooperação mútua,
levando-se em consideração os interesses um do outro, com vistas
a alcançar o efeito prático que justifica a existência jurídica do
contrato celebrado.”(TERESA NEGREIROS)
BOA-FÉ CONTRATUAL
O princípio da boa-fé objetiva possui diversos
desdobramentos ou funções reativas:

a) venire contra factum proprio;


b) supressio;
c) surrectio;
d) tu quoque.
e) duty to mitigate the loss.
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIO
O “venire contra factum proprium” é
representado pelas situações em que uma
pessoa, por determinado lapso temporal, se
comporta de determinado modo, diferentedo
que reza o contrato celebrado, gerando
expectativas em outra, de que seu
comportamento permanecerá inalterado, mas,
depois disso, modifica o comportamento inicial
por outro contrário, quebrando a relação de
boa-fé e confiança estabelecida na relação
contratual.
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIO
• Art. 175. A confirmação expressa, ou a
execução voluntária de negócio anulável, nos
termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção
de todas as ações, ou exceções, de que
contra ele dispusesse o devedor.

• Art. 330. O pagamento reiteradamente feito


em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.
SUPRESSIO E SURRECTIO
A supressio é a redução do conteúdo obrigacional de um
contrato mediante o fenômeno pelo qual um direito não
mais pode ser exercido, posto que não usufruído por
determinado período de tempo e a intenção de exercê-
lo contrariaria a boa-fé (expectativa) da relação jurídica
estabelecida.

Na surrectio, há o exercício continuado de uma situação


jurídica em contradição ao que foi convencionado ou ao
ordenamento jurídico, de modo a implicar nova fonte de
direito subjetivo, estabilizando-se para o futuro.
Tu quoque
O “tu quoque” designa a situação de abuso que se
verifica quando um sujeito viola uma norma jurídica
contratual e, posteriormente, tenta tirar proveito da
situação em benefício próprio.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo,


nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou
reclamar indenização.

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos


contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.
Duty to Mitigate the Own Loss
O instituto identifica o dever do credor lesado pelo
descumprimento de não aumentar seu próprio prejuízo, a
fim de obter um ressarcimento maior da outra parte.

A parte que invoca a quebra do contrato deve tomar as


medidas razoáveis, levando em consideração as
circunstâncias, para limitar a perda, nela compreendido o
prejuízo resultante da quebra. Se ela negligencia em
tomar tais medidas, a parte faltosa pode pedir a redução
das perdas e danos, em proporção igual ao montante da
perda que poderia ter sido diminuída.
EQUIVALENCIA MATERIAL
O princípio da equivalência material busca realizar e preservar o
equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e
após sua execução, para harmonização dos interesses. Esse
princípio preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja
para manter a proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações,
seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco
importando que as mudanças de circunstâncias possam ser
previsíveis. O que interessa não é mais a exigência cega de
cumprimento do contrato, da forma como foi assinado ou
celebrado, mas se sua execução não acarreta vantagem
excessiva para uma das partes e desvantagem excessiva para
outra, aferível objetivamente, segundo as regras da experiência
ordinária e da razoabilidade. (LÔBO, Paulo. Direito civil:
contratos. São Paulo: Saraiva, 2011, p.70)
EQUIVALENCIA MATERIAL
• Equivalência na formação do contrato: os casos da
lesão(art. 156/CC) e do estado de perigo(art. 157/CC)

• Equivalência após a formação do contrato: cláusula


rebus sic stantibus e a Teoria da Imprevisão (arts.
317 e 478/CC)

 O princípio da intervenção mínima do Estado da


Medida Provisória nº 881, de 2019
REGRAS X PRINCÍPIOS
 Princípio da equivalência material

Onerosidade excessiva – (arts.478-480 CC)


Imprevisibilidade e vantagem excessiva para uma das partes (base
subjetiva) - Resolução contratual

Teoria da imprevisão (art. 317, CC)


Imprevisibilidade e desproporcionalidade
Adequação das cláusulas
REGRAS X PRINCÍPIOS
 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato, observado o disposto na
Declaração de Direitos de Liberdade Econômica. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 881, de 2019)

 Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o


princípio da intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus
poderes, e a revisão contratual determinada de forma externa às
partes será excepcional.(Incluído pela Medida Provisória nº 881,
de 2019)

 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.
REGRAS X PRINCÍPIOS
 Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que
gerem dúvida quanto à sua interpretação, será adotada a mais
favorável ao aderente. (Redação dada pela Medida Provisória nº
881, de 2019)

 Parágrafo único. Nos contratos não atingidos pelo disposto no


caput, exceto se houver disposição específica em lei, a dúvida na
interpretação beneficia a parte que não redigiu a cláusula
controvertida. (Incluído pela Medida Provisória nº 881, de 2019)

 Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que


estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio.
REGRAS X PRINCÍPIOS
 Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas
as normas gerais fixadas neste Código.

 Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa


viva.

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