Sie sind auf Seite 1von 48

ESTÉTICA MUSICAL

Professor José Homero – UFPel,


2019
ATIVIDADE

- ESCUTAR
- FALAR SOBRE A PRÓPRIA ESCUTA
(prox.)
Sugestões (tão-somente sugestões) de
direcionamento das falas
• - falar de impressões globais: descrições impressivas
(cenas, histórias, afetos, imagens...)
• - falar do gosto: “gostei ...do que....por que...”;
“não gostei...do que...por que...”

- falar de saberes constituídos pelo sujeito acerca da


música escutada (o estilo, a época, o autor, a execução,
entre outros)
- Interesses novos: coisas interessantes que eu não sei
bem o que é (saberes não constituídos)...
“Paixão segundo João”
Johann Sebastian Bach - BWV 245
• Primeira Parte
• Traição e prisão
• CORO:
Senhor, nosso soberano, cuja glória resplandece em
todo mundo!
Que vossa paixão mostre-nos que sois o verdadeiro
Filho de Deus,
Mesmo na máxima humilhação
Pela eternidade,
Sejais glorificado!
Escutar e dizer: estética musical

• A atividade realizada é a atividade essencial para se


entender a estética musical

• Fruição da obra de arte:


- a escuta
(momento da escuta)
- dizer estético
(momento do dizer, que é o discurso estético, o corpo
de discursos e textos constituintes da estética musical).
Sobre a palavra

aisthetiké: estética
Palavra grega.
Significado: conhecimento sensorial, experiência
sensível, sensibilidade. Sensibilidade ao belo.
estesia - capacidade de sentir sensações, sensibilidade;
capacidade de perceber o sentimento da beleza.
estesia “sensorial”: anestesia, sinestesia, cinestesia
estesia “estética”: estesiar, estetizar, extasiar
Significado geral da estética

Disciplina ou investigação filosófica que toma por


objeto as artes ou uma arte.

Estética ou estética musical.


A investigação filosófica sobre a música pode ser
chamada “estética” (uma ou mais artes) ou
“estética musical” (somente sobre música).
Significado específico da estética

A estética se ocupa:

- da produção: com o artista e com a obra, como


se dá a produção da beleza;

- da recepção: com o espetáculo, com a recepção,


com a afetividade/percepção produzida no
espectador/receptor.
ARTE – BELEZA- produtividade
ARTE- é uma produção, uma atividade humana que
produz obras (de arte).

Obras de arte almejam a beleza (valor beleza,


conforme épocas); nascem para ser exibidas (vistas,
ouvidas, percebidas), comunicadas e fruídas.

BELEZA: produtividade artística (traço essencial da


produção artística) como um valor em cuja extensão se
encontram as categorias estéticas (sublime,
monstruoso, bonito, feio, e assim por diante).
Estética e filosofia
• Primeira aproximação: Platão
• Divisor de águas na história: dualismo de
Platão
VALORES FUNDAMENTAIS DA VIDA
HUMANA - PLATÃO

A verdade (ideia, o ser do ser, conformidade ao real,


fundamento da realidade, Deus)
O belo (processo, propriedade de obras enquanto
produzem processo)
O bem (integridade/solidariedade, função ótima,
ética)

A vida boa é a vida baseada nesses valores


fundamentais!
Beleza

Sendo um valor da vida boa, a beleza não vive isolada


da verdade e do bem, assim como cada valor não vive sem
os outros valores!
Nesse sentido, a vida boa (individual e social) realiza o
bem (é boa), é bela e é verdadeira.
Em consequência, a arte realiza a beleza em relação ao
que é bom e verdadeiro.
A ciência, ao revelar a verdade, torna-se boa e bela!
O comportamento social ético, ao buscar um bem
social (ético),liga-se à beleza e à verdade!
Unidade do conhecimento em Platão

• Platão: afirma existir verdade na ciência, na


metafísica e na arte.

• A arte é uma forma de conhecimento da


verdade!
Questão: como se pode pensar a
unidade platônica (valores
fundamentais) em música?
• Como a música pode ser boa?
Como a música pode ser bela?
Como pode ser verdadeira?
O banquete

• A obra narra um banquete em que os convivas


comem, bebem e fazem discursos.
• Sócrates, personagem central de Platão,
dialoga aplicando seu método de maiêutica
(como um parteiro, faz o interlocutor parir as
suas próprias ideias no diálogo).
• (leitura de “O banquete”).
Arte e Eros

• Diálogo do banquete liga arte à vida em


sentido amplo.
• Sentido amplo: vida cósmica, vida divina
• Diálogo platônico: elegia ao dêmon Eros
EROS: VIDA E ARTE

• EROS é dêmon, um ser entre o homem e


deus. Promove a criação, procriação.
• A vida (criação e procriação de Eros) tem um
limite, a vida necessita parar de
nascer,crescer... A limitação maior é a morte.
• Quando a VIDA é limitada, a ARTE continua....
• EROS CONTINUA A CRIAR E PROCRIAR NA
ARTE!
Cosmos, caos,vida e morte

• O cosmos é ordem e vida, força construtiva;


• Caos é desordem e morte, força destrutiva.
O que é a vida boa?
É a vida certa segundo o cosmos; alguém que
descobre o seu lugar certo no cosmos possui
a vida boa.
Morte e imortalidade

• Os homens invejam os deuses imortais... Querem


a imortalidade...
• O homem mortal precisa vencer a morte...
Como?
• Por meio da vida boa e pelos seus feitos (bons)!
• A ação humana grandiosa (boa, memorável) é
imortal!
• A poiesis permite a imortalidade da vida
humana!
UNIDADE PLATÔNICA

• VERDADE, BELEZA E O BEM : estão unidos,


seja na filosofia, ciência e arte.

• A arte é assim também verdade e bem, assim


como é beleza.
• UNIDADE DOS VALORES
Modernidade desintegra a unidade
platônica: diferença entre a verdade
(universal) e a beleza (gosto)
Verdade: ciência e filosofia

Beleza: artes
O tempo entre Grécia Clássica e
Modernidade

• SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES: Séculos IV e


V A.C.

• MODERNIDADE: século XVIII-XIX D.C


Iluminismo, fundações da Estética como ramo
filosófico.
Nascimento da estética na
modernidade: o gosto

Antes da modernidade: arte e religião, arte


liga-se ao divino da religião

Modernidade: arte e autonomia – arte torna-


se autônoma!
Afirmação do sujeito moderno, sujeito do
gosto. Arte liga-se ao gosto subjetivo.
Luc Ferry, descrevendo o nascimento
da estética:

• “Com o conceito de gosto, efetivamente, o belo é


ligado tão intimamente à subjetividade humana
que se define, no limite, pelo prazer que
proporciona, pelas sensações ou pelos
sentimentos que suscita em nós [...]. Com o
nascimento do gosto, a antiga filosofia da arte
deve, portanto, ceder lugar a uma teoria da
sensibilidade” (do livro “Homo aestheticus – A
invenção do gosto na era democrática”).
Estética nos séculos XVIII e XIX

• Arte é atividade humana autônoma – não


serve à religião nem à política;
• Subjetividade do artista é mais importante do
que as normas da sua arte;
• Finalidade da arte: contemplação da beleza
(arte desinteressada, não tem interesse no
culto, na política, na prática moral, nos
objetos de uso e costume);
Cont.
• Contemplação do ponto de vista do artista: é a
busca do belo; do ponto de vista do público:
avaliação/julgamento do valor de beleza atingido
pela obra (por meio do juízo de gosto);
• Diferença entre belo, bom e verdadeiro (Com
Platão, não havia essa diferença ou divisão): o
bem é da ética; a verdade é da ciência e da
metafísica; a beleza é da estética.
• Subjetividade e originalidade – arte e
genialidade
BASES PARA UMA ATITUDE
COMPREENSIVA DA ATIVIDADE
ESTÉTICA

Tipos de juízos
Pensamento reflexivo
Mais do que pensar sobre algo, é pensar
sobre si mesmo, sobre como penso, por que
penso... REFLEXÃO.
Cont.
• Juízos de fato: são juízos que estabelecem um
acontecimento, aquilo que existe por si
mesmo – não são dependentes
(relativamente independentes) de valor
atribuído ou interpretação do sujeito.
Exemplo: “nós estamos aqui”.
O acontecimento do juízo de fato é algo
evidente.
Fato óbvio – que se apresenta, é
evidente
• “Estarmos aqui” é um fato, um acontecimento no
tempo e no espaço. Existe realmente o “estar
aqui”. É um fato óbvio; em condições normais da
vida, não preciso demonstrar ou convencer
ninguém de que “estamos aqui”.
Óbvio: fácil de descobrir, evidente – mas,
entender essa evidência, é difícil. Às vezes, é
difícil enxergar o óbvio.
• Aristóteles: o óbvio é o mais difícil de entender.
Cont.

juízos de valor: são juízos que, além de estabelecer


um acontecimento, dizer que algo existe,
estabelecem uma relação valorativa (do sujeito
com o seu objeto) na proposição do
acontecimento.
Exemplo: “Nós estamos aqui; penso que isso é
muito bom”.
O acontecimento (estar aqui) é considerado um
bem (é bom) para o sujeito da proposição.
O juízo estético ou juízo de gosto

• Juízo estético, juízo científico e juízo metafísico são


diferentes ( a diferença entre os juízos é pressuposto
da estética moderna, não platonista, não aristotélica).

Verdade (alethéia): é o que é conhecido pelo


intelecto, precisa de demonstração e prova; conceitos
e leis lógicas; indução (inferir um universal de vários
particulares) dedução (inferir um particular de um
universal).
Indução, dedução e abdução

• Dedução: há um universal, há um
conhecimento prévio a partir do qual o sujeito
enquadra o singular.
• Na dedução, há uma validação do
conhecimento pelo teste da experiência.
• Experiência (singular) valida ou não valida o
conhecimento (universal).
Indução

• Processo ao contrário da dedução.


• O sujeito parte de um singular para chegar ao
um universal.
• A indução é busca do conhecimento – a
dedução é uma validação.
Abdução

• Processo que relaciona indução e dedução,


um processo de leitura construtiva da
realidade, leitura de indícios, sinais.
• Detetives, historiadores e artistas usam
abdução.
“Gosto não se discute” – ou se
discute?, subjetividade e julgamento

• Se o gosto não se discute (cada um tem o seu,


o artista, o público...) como falar do juízo de
gosto como critério para se avaliar a obra de
arte?
• Como dar universalidade ao juízo do gosto?
• Como ser universal sem procedimentos
lógicos e científicos?
A resposta de KANT
• O gosto se discute, sim. A discussão não é uma
disputa. Discutir não é disputar, lutar.
Discussão: afinamento das opiniões em que se
busca um acordo entre as partes (na disputa,
uma parte contrária à outra ganha ou perde; no
acordo, as partes concordam a partir da
diferença.
• A discussão estética é reflexão para um juízo
estético compartilhado.
• O Juízo do gosto (juízo estético) adquire assim a
universalidade.
Aprender a discutir

• Estesia e paixão: a vivência é intensa; gera as posições


apaixonadas, convictas, posições em disputa... “Eu
gosto”, “Eu não gosto”,
“Isso é feio”, “ Isso é bonito”...
As posições estéticas em debate tendem ficar no reino da
opinião. Não chegam ao reino da discussão onde se
encontra o juízo estético kantiano.
Os juízos assim contrapostos serão surdos entre si, não
chegam a ser discutidos (serão cegos entre si) e,
portanto, não podem ser critérios do belo.
Juízo estético
Lidar com opiniões: partes do juízo, opiniões de pessoas
distintas ou proposições divergentes.
Lidar com argumentos: lógica que se encontra em
argumentos
Lidar com acordo nos contrários: ver onde as divergências
concordam entre si.
Partes do juízo: são divergentes, argumentos contrários
Lidar: Pensar em nível acima das opiniões, pensar os
argumentos divergentes em forma de convergência.
Somente com esses cuidados pode-se chegar ao
afinamento de opiniões, ao juízo estético (universal).
[...] compreender um texto é ver onde suas partes
contraditórias concordam entre si ...
O belo tem valor universal

O belo não precisa de demonstração,


prova, inferência e conceito – o belo é
imediato!
A obra de arte é particular, singular – o
belo é universal.
“A peculiaridade do juízo de gosto está
em proferir um julgamento de valor
universal tendo como objeto algo
singular e particular” (Chauí, 2009, p.
282).
Belo, objeto da arte, juízo do gosto

• Belo, beleza: valor universal (Platão, O Banquete: a beleza não é


uma coisa... é um modo de fazer, um processo, um acontecimento
que se revelam nas coisas ditas belas)
• A percepção nos revela o belo imediatamente (sem mediação de
prova, demonstração, etc.)
• Obra de arte, objeto: particular, singular (sensações, sentimentos,
percepção, juízo do gosto)

Com a obra de arte, a percepção dá-nos a beleza imediatamente.


Com o juízo do gosto, há a peculiar situação de se partir do singular e
particular (obra, objeto) e se alcançar o que é universal (a beleza, o
belo).
Questões

1- Como o juízo estético atinge a universalidade


passando pela superação de opiniões, indo da
singularidade do objeto de arte ao juízo?

2-O que acontece nas coisas ditas belas segundo


Platão (O Banquete) de modo a ser universal?
,,,,

3- Pensando a música (1) em sentido platônico,


qual é a visão da verdade, da beleza e do bem
posta em relação a uma determinada prática
musical? e (2), em sentido moderno, qual juízo
estético (Kantiano) se pode formar (acordo de
contrários) em relação à música dessa prática
musical?
Exercício de juízo estético

• Tema, apreciação
• Primeira fala ou parte i
• Segunda fala ou parte ii
• Análise das partes : qual afinamento? qual
ponto convergente? qual categoria comum?
• Reformulação das falas-partes em juízo
estético, juízo válido às partes
,,,,,

• 4- Considerando as páginas 40-45 do Belo


Musical de Hanslick, como relacionar a ideia
de Platão com a ideia musical de Hanslick?

• 5- No mesmo trecho da questão 4, considere e


explicite a ideia platônica em dois momentos:
antes e depois da expressão musical.
Sobre o filme (“Por que a beleza
importa?”)

1) O que é beleza para Roger Scruton?


2) Qual é a comparação entre a beleza de Scruton
e a beleza como produtividade artística
apresentada em aula?
3) Que argumentos do filme estão fundamentados
em Platão (relacionados aos conteúdos vistos em
aula, em especial, sobre a vida)?
4) Por que a arte recente difere da beleza?
Cont.

• 5) Como o filme debate a arte na oposição


tradicional versus contemporâneo?
• 6) Qual critério distintivo para a arte relaciona
ideia e realidade?
• 7) Que caminho a música significa para
Scruton e como a peça de Pergolesi o
exemplifica?

Das könnte Ihnen auch gefallen