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Marta Nussbaum: artes, humanidades e a

democracia
• Em Sem Fins Lucrativos, Nussbaum lança um
alerta a respeito da “crise silenciosa” em que as
nações “descartam competências” enquanto
“ficam obcecadas pelo Produto Nacional Bruto”;
• Por toda a parte, artes e humanidades estão
perdendo espaço e importância, de modo que
os atributos fundamentais da própria
democracia estão sofrendo uma corrosão
perigosa;
• Estamos em meio a uma crise de enormes
proporções e de grave significado global; não se
trata da crise econômica global que começou em
2008; trata-se de uma crise que, como um câncer,
passa em grande parte despercebida; uma crise
que, no longo prazo, será muito mais prejudicial
para o futuro dos governos democráticos: uma
crise mundial da educação;
• O seu diagnóstico é de que, se essa tendência
prosseguir, todos os países logo estarão produzindo
gerações de máquinas lucrativas, em vez de
produzirem cidadãos íntegros que possam pensar
por si próprios, criticar a tradição e entender o
significado do sofrimento e das realizações dos
outros. É disso que depende o futuro da
democracia;
• com a corrida pela lucratividade no mercado global,
nos arriscamos a perder valores preciosos para o
futuro da democracia, especialmente numa era de
inquietação religiosa e econômica;
• O incentivo ao lucro sugere a muitos líderes
ansiosos que a ciência e a tecnologia têm uma
importância decisiva para o futuro bem-estar de
seus países;
• A preocupação é que outras competências,
igualmente decisivas, correm o risco de se perder no
alvoroço competitivo; competências decisivas para o
bem-estar interno de qualquer democracia e para
uma criação de um cultura mundial generosa, capaz
de tratar, de maneira construtiva, dos problemas
mais prementes do mundo.
• A capacidade refinada de raciocinar e refletir
criticamente é crucial para manter as democracias
vivas e bem vigilantes; é preciso ter a capacidade
de refletir de maneira adequada sobre um amplo
conjunto de culturas, grupos e nações no contexto
de uma compreensão da economia global e da
história de inúmeras interações nacionais e
grupais;
• O interesse nacional de qualquer democracia exige
uma economia sólida e uma cultura empresarial
próspera; mas isso não implica a exclusão das artes
e das humanidades; artes e humanidades são
fundamentais na promoção de um ambiente
administrativo responsável e uma cultura de
inovação criativa.
• Educação para o lucro ou educação para a
democracia?
• Pensar sobre a educação para uma cidadania
democrática implica em pensar sobre o que são as
nações democráticas e pelo que elas lutam; o que
significa, então, para um país progredir?
• Resposta: de um certo ponto de vista, significa
aumentar seu produto interno bruto per capita;
essa medida de desempenho nacional tem sido,
por décadas, o principal critério utilizado por
economistas desenvolvimentistas de todo mundo,
como se ele representasse adequadamente a
qualidade de vida geral de uma não;
• De acordo com esse modelo de
desenvolvimento, o objetivo deve ser o
crescimento da nação; esqueça a igualdade
distributiva e social, esqueça os pré-requisitos
necessários de uma democracia estável, esqueça
a qualidade das relações raciais e de gênero,
esqueça o aperfeiçoamento de outros aspectos
da qualidade de vida do ser humano que não
estejam completamente ligados ao crescimento
econômico;
• Não existe uma correlação significativa entre
liberdade política, saúde e educação, de um
lado, e crescimento econômico, de outro.
• O argumento dos defensores desse modelo de
desenvolvimento diz que a adoção do
desenvolvimento econômico (mercado livre; PIB
per capita) trará, por si só, inúmeras coisas boas:
saúde, educação, diminuição da desigualdade
social e econômica;
• Para Nussbaum, é equivocado pensar que
desenvolvimento econômico é sinônimo de
justiça social, de vida boa; crescimento
econômico, portanto, não produz democracia,
nem cria uma população saudável, participativa
e educada em que as oportunidades de vida boa
estejam ao alcance de todas as classes sociais.
• Portanto, é errado pensar que uma nação age
corretamente quando apenas se esforça por
maximizar o crescimento econômico; é
estranho pensar que o único objetivo da
educação é o crescimento econômico;
• O desenvolvimento nacional, objetivo de toda
educação, é entendido como crescimento
econômico – eis o objetivo do antigo modelo de
desenvolvimento econômico;
• Pois bem, que tipo de educação o modelo
antigo de desenvolvimento preconiza?
• A educação voltada para o desenvolvimento
econômico exige competências básicas: noções
básicas de aritmética, conhecimentos mais
avançados de informática e tecnologia etc.
• A igualdade de acesso, porém, não é importante;
um país pode muito bem crescer enquanto os
camponeses pobres continuem analfabetos e sem
dispor de recursos básicos de informática;
• A educação de uma elite técnica, nesse sentido,
torna os estados atraentes para os investidores
externos; os resultados desse crescimento
econômico não se refletiram na melhora da saúde
e das condições de vida dos camponeses pobres;
• Principal problema do paradigma de
desenvolvimento baseado no PIB per capita:
não dá importância à distribuição e pode
avaliar positivamente países ou estados em que
o nível de desigualdade são alarmantes;
• Portanto, dada a natureza da economia da
informação, os países podem aumentar o PIB se
se preocupar muito com o acesso à educação,
desde que criem uma elite tecnológica e
empresarial competente;
• A educação voltada para o desenvolvimento
econômico precisa de um conhecimento bastante
rudimentar da história e da realidade econômica;
• Porém, é preciso tomar cuidado para evitar que a
narrativa histórica e econômica não leve a
nenhuma reflexão crítica sobre classe, raça e
gênero ou que ponha em dúvida se o investimento
externo beneficia, de fato, os camponeses pobres e
se a democracia pode sobreviver quando
subsistem enormes desigualdades nas
oportunidades básicas de vida;
• O raciocínio crítico não seria uma parte muito
importante da educação voltada para o
crescimento econômico;
• Nussbaum: “se o que se deseja é um conjunto
de trabalhadores obedientes tecnicamente
treinados para executar os projetos de elites
que visam o investimento externo e o
desenvolvimento tecnológico, a liberdade de
pensamento dos alunos é perigosa. O raciocínio
crítico, portanto, será desestimulado”.
• Os educadores comprometidos com o
desenvolvimento econômico não desejam que o
estudo da história tenham foco as injustiças de
classe, de casta, de gênero e filiação étnico-
religiosa, uma vez que isso vai estimular o
raciocínio crítico sobre o presente;
• Além disso, esses educadores não querem que
se faça qualquer reflexão séria sobre o avanço
do nacionalismo, sobre os prejuízos causados
pelos ideais nacionalistas e sobre os conceitos
éticos – cada vez mais anestesiados pelos ideais
da autoridade técnica;
• Sobre a versão histórica a ser apresentada: ela
deverá mostrar que a atual ambição por riqueza
é algo muito bom, que deve ser desejado por
todos, minimizando, assim, os temas da pobreza
e da responsabilidade global; uma das
características do ideias nacionalistas atuais é
sua negação do pluralismo (William Galston);
• A ideia de que, se o país está bem, então você
também deve estar bem, mesmo que seja
extremamente pobre e sofra uma série de
privações, é apresentada aos alunos como uma
verdade de que eles devem memorizar e
desenvolver nos exames nacionais obrigatórios;
• A educação para o desenvolvimento econômico
não favorece o ponto de vista sensível à
distribuição ou à desigualdade social;
• E quanto às artes e a literatura, tantas vezes
valorizadas pelos representantes dempcráticos?
• A educação para o desenvolvimento econômico
despreza essas áreas da educação da criança
porque elas não parecem conduzir ao progresso
pessoal ou ao progresso da economia nacional;
essa é a razão pelo qual, no mundo inteiro, estão
sendo eliminados os cursos de humanidades e
artes de todos os níveis curriculares, em favor de
cursos técnicos;
• Além disso, os educadores comprometidos com
o crescimento econômico não se limitam a
ignorar as artes e humanidades: eles têm medo
dela.
• A justificativa é: uma percepção refinada e
desenvolvida é um inimigo perigoso da
estupidez, e a estupidez moral é necessária para
executar programas de desenvolvimento
econômico que ignoram a desigualdade; é mais
fácil tratar as pessoas como objetos
manipuláveis se você nunca aprendeu outro
modo de enxergá-las;
• Por essa razão, os educadores que defendem o
crescimento econômico fazem campanha contra
a inclusão das humanidades e das artes no
ensino fundamental;
• Paradigma do desenvolvimento humano X
paradigma do desenvolvimento econômico:
• Modelo de desenvolvimento humano: o
importante são as oportunidades (ou
capacidades), que cada um tem em setores-
chave que vão da vida, da saúde e da
integridade física à liberdade política, à
participação política e a educação;
• Esse modelo reconhece que todos os indivíduos
possuem uma dignidade humana inalienável
que precisa ser respeitada pelas leis e pelas
instituições;
• Um país decente reconhece, no mínimo, que
seus cidadãos possuem direitos nessas e em
outras áreas e cria estratégias para fazer com
que as pessoas fiquem acima do patamar
mínimo de oportunidades em cada uma delas;
• O modelo de desenvolvimento humano está
comprometido com a democracia, uma vez que
poder opinar na escolha das políticas que
governam sua própria vida é um ingrediente
essencial de uma vida merecedora da dignidade
humana.
• O tipo de democracia que ele favorece será
atribuir um papel importante aos direitos
fundamentais que não possam ser retirados das
pessoas por meio do capricho da maioria –
assim, favorecerá uma firme proteção da
liberdade política; a liberdade de palavra, de
associação e de prática religiosa; e direitos
fundamentais em outras áreas como educação
e saúde.

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