Sie sind auf Seite 1von 20

DESPESAS PÚBLICAS

Universidade Lusófona do Porto


Faculdade de Direito
Licenciatura
2.º ano
Ano lectivo 2017 -2018
Horário nocturno

Maria Odete Oliveira


Despesas públicas
• As despesas públicas “concretizam o próprio fim da actividade
financeira do Estado – a satisfação de necessidades colectivas.
• Consistem no gasto de dinheiro ou no dispêndio de bens por parte
de entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem
serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas =
utilização de dinheiro público tendo por fim a satisfação de uma
necessidade colectiva, ou seja:
– uma despesa pública tem uma finalidade jurídica financeira, de provisão de um
bem público que para o efeito deve ser avaliado e quantificado em termos
monetários e de recursos públicos a obter para lhe serem canalizados.
• Direito da Despesa Pública =conjunto de normas que disciplinam a
actividade financeira do Estado na vertente da definição das
necessidades públicas ou colectivas, na da provisão dos bens
públicos que visam satisfazê-las e na dos demais actos que
justifiquem e envolvam a utilização do dinheiro público.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 2


Definição das despesas públicas
• Do ponto de vista económico, Musgrave aponta três razões para a intervenção do Estado na
Economia (Mesmo na ideal situação de concorrência perfeita é insuficiente a ‘invisible hand’ (“mão invisível do mercado”) de Adam Smith,
podendo o Estado ser chamado a intervir, quer por razões de eficiência, quer por razões de equidade):
– a promoção de uma eficiente afectação dos recursos;
– a estabilização da economia e
– a promoção da equidade, de forma a suprir as falhas de mercado (market failure):

A intervenção por questões de equidade posiciona-se no domínio da justiça social, apelando a medidas redistributivas e à provisão dos chamados
bens de mérito, uma despesa pública fundamental, em todas as acepções do termo fundamental. E para que assim seja, revela-se
indispensável uma tarefa prévia de tipificação das finalidades visadas com as despesas públicas em ordem à sua definição e priorização
A concorrência imperfeita, a assimetria na distribuição, e as características dos bens públicos e mistos, bem como as externalidades negativas, são
exemplos de ineficiências mercados, as quais reclamam a intervenção pública.

. Mas ... nas despesas públicas não há apenas um contexto financeiro :a melhor decisão apela a uma
mais aturada atenção ao domínio extra financeiro – não se trata de mera utilização de dinheiro público.
Além da exigência do equilíbrio financeiro a decisão deve envolver análise sobre as possibilidades
existentes quanto ao emprego dos mesmos recursos para atingir outros benefícios ou contrapartidas, e
ponderar a ocorrência de inconvenientes ou malefícios (a construção de uma estrada pública deve ponderar custos financeiros
e extra-financeiros: custo orçamental, custo ambiental, custo fiscal, custo social, etc., porque a necessidade pública em si considerada não é apenas
financeira, mas também económica, social, ambiental, ou seja, extra-financeira).
•A valia da despesa deve ser avaliada em termos quantitativos e em termos qualitativos. É a realidade que
há-de determinar onde gastar, no que gastar, ou seja qual é a mais justa decisão sobre a assumpção
desta ou daquela despesa pública.
– E é também a realidade que, do ponto de vista quantitativo, assegurará um princípio constitucional obrigatório nesta matéria e que é o da
proporcionalidade na decisão financeira. Aqui, a eleição do que há-de ser considerado como a melhor despesa há-de ponderar a justa
repartição entre os custos e o nível de satisfação da necessidade pública, no presente e no futuro, decisão essa que cabe ao decisor financeiro.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 3


Despesas públicas, Orçamento, Contabilidade Nacional
• Orçamento das Despesas = documento financeiro que indica as rubricas em
que será dividida a despesa pública.
– Para tal, elaboram-se leis e regulamentos que especificam a preparação, a estrutura, a
apresentação, a execução e o controlo da despesa pública e estabelecem-se as regras sobre a
Contabilidade Nacional.
• Contabilidade Nacional = instrumento estatístico que representa, de forma
sintética, a realidade económica do país.
– Trata-se de uma técnica que visa apresentar, sob uma forma quantificada, um quadro conjunto
da economia de um país durante um período de tempo determinado, e que geralmente é o ano
• As leis sobre o Orçamento, Contabilidade e Despesa Pública partem do
princípio de que a despesa pública tem que se basear em programas anuais
que assinalem objectivos, metas e unidades responsáveis de execução (das
entidades ou departamentos governamentais), e abranjam um ou vários
projectos.
– Dentro do Sector Público distingue-se o “Sector Público Administrativo” (SPA), orientado por
critérios não lucrativos) e o “Sector Público Empresarial” (SPE), com actividade orientada por
critérios empresariais ou lucrativos.
• O SPA engloba a Administração Central, a Administração Regional (Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira) e a
Administração Local (freguesias, concelhos e regiões administrativas) e a Segurança Social. O SPE abrange as empresas
públicas, as empresas municipais e as sociedades anónimas de capitais exclusiva ou maioritariamente públicos.


12/02/2020 Maria Odete Oliveira 4
As tendências de evolução nas Despesas Públicas
• Em período mais ou menos longo, em termos gerais e condições normais,
pode enunciar-se uma constatação: a da tendência para o seu aumento
crescente, o mesmo é dizer, uma tendência para o aumento da intervenção
do Estado
– Esta constatação parece confirmar a previsão feita por Adolfo Wagner, alemão,
economista, que, em 1883, afirmava ser o crescimento das despesas públicas a
tendência natural entre os povos civilizados e progressistas. Razões:
• a reestruturação social subjacente à transição de uma sociedade baseada em actividades extractivas
para a sociedade industrial acarreta um crescente apelo à intervenção papel do Estado, um Estado
atento à regulação da actividade económica e disposto a controlar os seus efeitos.

• Hoje há que concluir“cum grano salis”- mesmo num contexto de crescimento


económico a dilatação da despesa pública não pode ocorrer, em razão da
sustentabilidade das Finanças Públicas, comprometida por muito maior
crescimento da despesa relativamente ao da receita.
– Num ambiente de fraco crescimento económico a consequência será a explosão
da dívida pública para a continuada cobertura dos défices verificados. Defende-se
agora, e cada vez mais, que reduções dos défices através de redução nas
despesas públicas apresentam vantagens acrescidas relativamente a aumentos
nos impostos, revelando muito maior probabilidade de reduzirem o stock de
dívida.
•12/02/2020 Maria Odete Oliveira 5
... Em Portugal
• A despesa pública aumentou substancialmente durante um passado
recente, com destaque para o período de 1995 a 2005,nomeadamente:
– aumento das prestações sociais em dinheiro (por via da despesa em pensões)
– aumento das prestações sociais em espécie
– Aumento do consumo intermédio.

• Os quatro principais tipos de despesa de acordo com a classificação funcional (defesa e segurança e
ordem pública, saúde, educação e protecção social). Adicionalmente, neste período, Portugal
convergiu para a estrutura funcional média da área do euro.
– Uma avaliação simples da eficiência no sector da saúde revela que se verificou em Portugal uma melhoria
substancial dos indicadores do estado de saúde entre 1995 e 2010, situando-se a despesa ligeiramente abaixo da
do grupo de países com melhores resultados no último ano deste período. Quanto ao sector da educação, apesar
da melhoria ao nível das taxas de participação e dos resultados em exames internacionais, Portugal surge ainda
em 2009 como um país com resultados do processo educacional desfavoráveis e uma despesa elevada em
termos relativos”.

• O crescimento da despesa pública, a par com a crise financeira e


económica, determinou uma explosão da dívida pública contraída, quer
inicialmente (para tentar por via do investimento público compensar a
paragem, ou pelo menos grande decréscimo na actividade do sector
privado), quer depois para compensar os défices e assegurar o serviço da
dívida.

•12/02/2020 Maria Odete Oliveira 6


E consequentemente:
• Portugal foi obrigado a entrar num Programa de Assistência Económica e Financeira
(PAEF) desde meados de 2011.
• A evolução tem sido, então e obrigatoriamente, a da redução da despesa pública, e,
face ao desacelerar da economia e às exigências do Programa, a previsibilidade é
para a continuação da descida do seu nível.
– Mesmo no cenário mais optimista para a evolução da economia portuguesa, não será nunca possível voltar
ao padrão de crescimento da despesa que, com uma ou outra interrupção precária, se verificou até 2010. A
necessidade de contenção e de cortes da despesa é incontornável face à indispensabilidade de adequar o
nível do gasto público à capacidade produtiva da economia e à carga fiscal que os agentes económicos no
seu conjunto estão dispostos a suportar.

• Já se actuou no âmbito de algumas das componentes da despesa:


– reformou-se o sistema público de pensões em 2006-2007;
– limitaram-se as promoções e as progressões automáticas nas carreiras da administração pública (ligando-as
à avaliação do desempenho) e,
– racionalizaram-se, mais aceleradamente as redes de prestação de serviços públicos, nomeadamente no que
tange aos sistemas públicos de saúde e de educação não superior.
• Também se actuou no domínio dos procedimentos orçamentais, logo em 2011, com a
aprovação de um conjunto de alterações à Lei do Enquadramento Orçamental, incluindo
– o estabelecimento de um objectivo de médio prazo para o saldo estrutural,
– a definição de um quadro plurianual de programação orçamental e
– a criação de um conselho independente de finanças públicas

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 7


O PAEF
• O Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) foi acordado, em Maio
de 2011, entre as autoridades portuguesas, a União Europeia e o Fundo Monetário
Internacional (FMI). O Programa comportava um empréstimo de 78 mil milhões de
euros até Junho de 2014.
• Concretizou-se numa carta de intenções, subscrita pelo Governador e pelo Ministro
de Estado e das Finanças, e em memorandos de entendimento (Memorando de
Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica, com a Comissão
Europeia, e Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, com o FMI).
• Para restabelecer a confiança dos mercados financeiros internacionais e promover a
competitividade e o crescimento económico sustentável, o PAEF assentou em três
pilares: consolidação orçamental, estabilidade do sistema financeiro e transformação
estrutural da economia portuguesa (O pacote de assistência financeira previa, para o período de 2011
a 2014, um total de 78 mil milhões de euros, dos quais 52 mil milhões de euros através dos mecanismos europeus
(Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) e 26 mil milhões
de euros a assistência do FMI, ao abrigo de um Programa de Financiamento Ampliado. Deste total, 12 mil milhões
de euros foram destinados ao mecanismo de apoio público à solvabilidade de bancos viáveis (Bank Solvency
Support Facility)).
• O Programa de Assistência Económica e Financeira, tinha como principais objectivos:
– a diminuição do défice das administrações públicas e
– a inversão da trajectória de crescimento do rácio da dívida pública.
– Adicionalmente, pretendia contemplar um conjunto de alterações estruturais que compatibilizem a evolução
da despesa pública com o crescimento potencial da economia, mesmo para além do horizonte do
Programa.
12/02/2020 Maria Odete Oliveira 8
Discussão relevante
• Aceite a actual situação económica, é obrigatório repensar seriamente o
papel do Estado

• O futuro do papel do Estado na economia está indissociavelmente ligado à


necessidade de escolhas difíceis que exigem não só uma grande
maturidade no debate, mas também uma clara e bem fundamentada razão
para os cortes a que haverá de proceder, na despesa pública, bem como a
sua priorização e periodização, com o fornecimento de credíveis garantias
sobre a preservação da qualidade dos serviços a manter.

• Urge então a indispensabilidade de uma negociação teórica aprofundada


sobre custos e benefícios (disponibilidade e financiamento), distinguindo

– serviços públicos que estejam disponíveis quando alguém deles precise e estão-no para
todos, independentemente do seu nível de rendimento, e
– serviços reconhecidos como passíveis de serem fruídos apenas por certas e determinadas
pessoas.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 9


Classificação das Despesas Públicas
• I - Critério assente na respectiva natureza económica, e tendo em conta as
interfaces entre economia e as finanças - três tipos de despesas públicas :
– Despesas de Investimento e Despesas de Funcionamento
• As despesas de investimento (também designadas como produtivas) – as que o Estado realiza para fazer
crescer, no futuro, a riqueza do país, através do aumento da sua capacidade produtiva (despesas com a
construção de infra-estruturas - auto-estradas, pólos industriais, aeroportos, etc.) e do financiamento da
investigação científica e tecnológica
• As despesas de funcionamento abrangem os gastos necessários ao normal funcionamento da “máquina”
administrativa, sendo a sua componente mais saliente a que respeita aos salários dos funcionários
públicos
– Despesas em Bens e Serviços e Transferências
• As Despesas em Bens e Serviços- compra de bens e serviços pelo Estado para assegurar a criação de
utilidades (energia, água, esgotos, estradas, pontes, etc.).
• Transferências = redistribuição de recursos a beneficiários (do sector público quer do sector privado) =
prestações unilaterais do Estado dirigidas a outros entes económicos, públicos ou privados, sem que estes
efectuem, em contrapartida, qualquer prestação. Ex: aos Fundos e Serviços Autónomos, à Segurança
Social, às Autarquias Locais e às Regiões Autónomas (transferências a favor de Administrações Públicas);
a associações de beneficência, associações desportivas, associações de socorros mútuos, fundações e ou
prestações sociais individuais e ainda as feitas ao exterior, quer para a União Europeia quer para países
terceiros ou organizações internacionais).

– Despesas Produtivas e Despesas Reprodutivas.


• Despesas Produtivas= criam directamente uma utilidade. Ex.as relacionadas com a actividade policial e
jurisdicional.
• Despesas Reprodutivas = contribuem para o aumento da capacidade produtiva, gerando pois utilidades
acrescidas, não imediatamente mas sim no futuro. Ex. Adespesas com a construção de escolas, estradas,
barragens, pontes, etc..

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 10


Classificação das Despesas Públicas
• II – Critério de regularidade
– Despesas Ordinárias e Despesas extraordinárias
• Despesas ordinárias = as que, com grande probabilidade, se repetirão em todos os períodos financeiros
(v.g. gastos com pessoal)
• Despesas Extraordinárias= as que não se repetem todos os anos, tendo carácter esporádico ou
excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e por isso difíceis de prever, não se sabendo ao certo
quando voltarão a repetir-se (guerra, calamidade pública, etc.).
– Despesas Correntes e Despesas extraordinárias
• Despesas Correntes = as que o Estado faz ou vai fazer, durante um período financeiro (em geral um ano),
em bens consumíveis (compra de bens). Não alteram o património do Estado. São Despesas operacionais;
• Despesas de Capital= as realizadas em bens duradouros e as utilizadas no reembolso de empréstimos.
Alteram o património do Estado.

•III – Critério de afectação patrimonial


– Despesas Efectivas e Despesas não Efectivas
• Despesas Efectivas = traduzem-se numa diminuição do património monetário do Estado, quer se trate de
despesas em bens de consumo, quer em bens duradouros. Ou seja, implicam sempre uma saída efectiva e
definitiva de dinheiros da tesouraria.
• Despesas Não Efectivas = embora representem uma diminuição do património de tesouraria, têm, como
contrapartida, o desaparecimento de uma verba de idêntico valor do passivo patrimonial (são meramente
permutativas).
• IV – Critério do horizonte temporal
– Despesas Anuais e Despesas Plurianuais
• Despesas Anuais = ocorrem durante o ano
• Despesas Plurianuais = aquelas cuja efectividade se prolonga por mais de um ano

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 11


Classificação orçamental das Despesas Públicas
• Classificação Orgânica - reparte as despesas segundo a orgânica
governamental entre Estado (Ministérios, Secretarias de Estado, …) e Serviços e
Fundos Autónomos (Universidades, Politécnicos, Hospitais…).

• Classificação Económica – distingue as despesas em correntes e de capital,


umas e outras descriminadas por agrupamentos, subagrupamentos e rubricas. Cada
agrupamento divide-se em subagrupamentos e estes em rubricas, sendo 11 os
agrupamentos (6 para as despesas correntes; 5 para as despesas de capital); 38
subagrupamentos (19 para despesas correntes; 19 para as despesas de capital).
Havendo necessidade disso as rubricas desdobrar-se-ão em alíneas que terão de ser
sempre e só alfabéticas [a), b)...], vedando-se o uso de alíneas numéricas
(condicionante informática). A afectação de dotações deverá fazer-se por rubrica
(salvo excepções raras).

• Classificação Funcional - agrupa as despesas de acordo com a natureza das


funções exercidas pelo Estado (gerais de soberania; sociais; económicas e outras)

• Despesas por Programas – um programa de despesas é um conjunto de


verbas destinadas à realização de determinado objectivo, podendo abranger um ou
vários projectos.
12/02/2020 Maria Odete Oliveira 12
Regra de Despesa
• Quando uma meta não for atingida, ela deve obrigatoriamente ser
compensada no ano seguinte.
• A regra chamada “regra de despesa”, insere-se no objectivo de controlo do
gasto público.
• Foi lançada em Portugal apenas em 2007 como proposta da Comissão para
a Orçamentação por Programas (COP), e recomendada em 2008, pela
OCDE como instrumento para um controlo mais eficaz do não crescimento
da despesa.
• A relevância do estabelecimento da “regra de despesa” reside na fixação de
objectivos plurianuais e na fixação tectos quantitativos para o gasto público,
expressos em valores monetários ou em percentagem do PIB e referentes a
um determinado período temporal (a OCDE tem vindo a defender a adopção
de uma regra (norma legal) que limite a despesa pública, vinculativa durante
um período de quatro anos, mesmo que fora do texto constitucional (solução
que é defendida por alguns em detrimento da sia consagração
constitucional)).
• Para além disso, a Lei de Enquadramento Orçamental e as suas revisões
têm introduzido alterações significativas no processo orçamental, de que
resultaram melhorias visíveis no domínio da transparência orçamental e
assinaláveis contributos para a significativa minimização de algumas das
fragilidades daquele processo.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 13


A execução orçamental em 2016
• Segundo o Tribunal de Contas (Relatório n.º 3/2017 – Acompanhamento da Execução
Orçamental da Administração Central – janeiro a dezembro 2016), de Maio de 2017:

– ao nível da despesa corrente, verificou-se um aumento de 3,6% (€ 1.716,0 milhões) face à execução
de 2015, montante inferior ao aumento de 5,9% (€ 2.778,4 milhões) implícito no Orçamento inicial
para 2016. Nos principais agregados de despesa observou-se:
As despesas com pessoal aumentaram 3,1% (€ 281,4 milhões), mais do que o aumento
inicialmente orçamentado de 0,8% (€ 69,6 milhões).. Por componentes observou-se:
Segurança social – contrariamente à diminuição de 8,3% (€ -177,8 milhões) prevista no Orçamento inicial,
verificou-se um aumento de 6,7% (€ 144,2 milhões), sobretudo no Programa Ensino Básico e Secundário ;
Abonos variáveis ou eventuais – o aumento verificado, de 6,4% (€ 22,6 milhões) foi superior ao previsto,
de 0,5% (€ 1,8 milhões);
Remunerações certas e permanentes – o aumento de 1,7% (€ 114,6 milhões) em consequência,
sobretudo, da reversão da redução remuneratória , foi inferior ao previsto, de 3,7% (€ 245,7 milhões).
A aquisição de bens e serviços diminuiu 3,9% (€ -63,5 milhões), divergindo do aumento orçamentado
inicialmente, de 5,9% (€ 96,8 milhões).
Os juros e outros encargos aumentaram 4,0% (€ 283,9 milhões), menos do que os 6,3% (€ 450,2 milhões)
previstos.
As transferências correntes, para as quais estava inicialmente orçamentado um aumento de 4,4% (€
1.278,2 milhões)2, aumentaram apenas de 3,7% (€ 1.075,1 milhões), sobretudo nas transferências para o
orçamento da União Europeia (€ 65,8 milhões, face à previsão de € 240,1 milhões).
Os subsídios diminuíram 0,3% (€ -0,4 milhões), face à previsão de aumento em 14,9% (€ 17,8 milhões).
Nas outras despesas correntes (excluindo a “dotação provisional” e a “reserva orçamental”, destinadas a
reforçar outras dotações), foi orçamentado um aumento de 63,0% (€ 212,1 milhões), verificando-se um
incremento menor, de 41,4% (€ 139,4 milhões).

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 14


A execução orçamental em 2016

– Ao nível das despesas de capital:

• As despesas de capital (sem ativos e passivos financeiros) aumentaram 11,0% (€ 152,4


milhões) face a 2015, o que compara com o aumento de 31,7% (€ 437,8 milhões)
inicialmente orçamentado.
• Na aquisição de bens de capital, as dotações iniciais correspondiam a um aumento em
52,6% (€ 150,7 milhões) e situaram-se em 12,4% (€ 35,5 milhões).
• Nas transferências de capital, para os vários sectores, foi previsto um aumento de 27,0% (€
273,9 milhões), tendo sido de 11,7% (€ 119,0 milhões).

– Nas Despesas de capital em ativos financeiros

• Relativamente aos ativos financeiros (exceto empréstimos de curto prazo) foram


orçamentados € 4.914,1 milhões, menos € 1.872,5 milhões que em 20151 , tendo-se
verificado uma redução em cerca do dobro, € 3.677,3 milhões.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 15


A execução orçamental em 2016
Alterações orçamentais por classificação económica.
• o limite para despesa aprovado no Orçamento inicial (€56.623,7milhões), foi aumentado pelo
Governo através da abertura de créditos especiais em 0,9% (€ 510,1 milhões) ascendendo o
Orçamento final a € 57.133,9 milhões.
•as dotações para despesas com pessoal foram reforçadas em € 576,6 milhões (6,3%), dos quais
€ 262,2 milhões provenientes da “dotação provisional”, € 192,3 milhões de créditos especiais e o
restante com contrapartida na anulação de outras dotações, nomeadamente, da “reserva
orçamental”.
•As dotações para transferências correntes foram aumentadas em 1,2% (€ 365,6 milhões)
salientando-se as destinadas aos SFA do Ministério da Saúde (€ 236,0 milhões), IFAP (€ 101,3
milhões) e Infraestruturas de Portugal (€ 41,5 milhões).
•Tal como no ano anterior, em 2016 as dotações iniciais para juros e outros encargos excederam
a execução (em € 166,3 milhões).
• a “dotação provisional”, e também a “reserva orçamental”, voltaram a ser utilizadas,
maioritariamente, para reforçar dotações suborçamentadas e não para fazer face a despesas
imprevisíveis e inadiáveis.

Taxas de execução
A despesa realizada representou uma taxa de execução média de 93,6%, destacando-se nas
dotações com taxas inferiores: os ativos financeiros (63,3%), a aquisição de bens de capital
(67,5%) e a aquisição de bens e serviços correntes (82,6%).
12/02/2020 Maria Odete Oliveira 16
• In a very weak economy, when you say 'cut government spending,'
what you mean is you're laying off school teachers and you're de-
funding various programs that put money into the economy. This
means you have more unemployed people that then draw
unemployment benefits and don't pay taxes.
• Fareed Zakaria

• Numa economia muito fraca, quando alguém diz "cortar gastos do


governo , " o que quer dizer é que se vão demitir professores da
escola e se está a tirar financiamento a diversos programas que
colocam dinheiro na economia . Isso significa que haverá mais
pessoas desempregadas que , em seguida, auferirão subsídios de
desemprego e não pagarão impostos
Fareed Zakaria – escritor e político americano, de origem indiana.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 17


• What I'm not saying is that all government spending is bad. It's not -
far, far from it, but there is no free lunch, as a former colleague of
mine used to say. There is no public tooth fairy. Father Christmas
does not work on the Treasury staff this year. You can never bail
someone out of trouble without putting someone else into trouble.
Arthur Laffer

• Eu não digo que todos os gastos do governo são maus. Muito


longe disso , mas a verdade é que não existe almoço grátis, como
um ex- colega meu costumava dizer. Não há nenhuma fada do
dente público. O Pai Natal não trabalha na equipe das Finanças
este ano. Você nunca pode pôr alguém livre de problemas sem
colocar alguém em apuros.
Arthur Laffer – economista dos EUA que se especializou em Economia Pública

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 18


Em síntese
A despesa consolidada da administração central ascende a € 62.770 milhões [€ 64.126 milhões, incluindo
certos ativos financeiros (€ 965 milhões) e passivos financeiros (€ 392 milhões)] .
Nos serviços integrados :
(i) A despesa global sem ativos financeiros, € 50.362 milhões, aumentou € 1.868 milhões (3,9%)
face ao ano anterior, menos que o previsto no OE inicial, de € 3.216 milhões (6,6%).

(ii) A despesa corrente (€ 48.827 milhões) foi aumentada em € 1.716 milhões, sobretudo por efeito, por um
lado, do acréscimo nas transferências para os serviços e fundos autónomos (€ 752 milhões), da
reclassificação da “repartição de solidariedade (€ 352 milhões) para as Regiões Autónomas de
transferências de capital para correntes e aumento das despesas com pessoal (€ 281 milhões) e, em sentido
contrário, pelas diminuições verificadas nas transferências para a segurança social (€ 138 milhões).

(iii) A despesa de capital aumentou 11,0% (€ 152 milhões), resultante das transferências para a
Infraestruturas de Portugal (€ 347,5 milhões) e da aquisição de bens de capital (€ 35,5 milhões). A referida
reclassificação da “repartição de solidariedade” diminuiu as despesas de capital em € 352 milhões.
No entanto, se a estas despesas acrescermos os ativos financeiros, tal como identificados no
(iv) Quadro 14, que em 2016 totalizaram € 3.109 milhões, verifica-se que a despesa atingiu os € 53.471
milhões, em particular por via de aumentos de capital a empresas públicas (incluindo EPR) que totalizaram €
1.896 milhões e dos empréstimos a médio e longo prazos, que
ascenderam a € 1.098 milhões.
Nos SFA –
(i) A despesa global dos SFA (incluindo as EPR) sem ativos financeiros ascendeu a € 29.336 milhões.

12/02/2020 Maria Odete Oliveira 19


12/02/2020 Maria Odete Oliveira 20

Das könnte Ihnen auch gefallen