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A intervenção por questões de equidade posiciona-se no domínio da justiça social, apelando a medidas redistributivas e à provisão dos chamados
bens de mérito, uma despesa pública fundamental, em todas as acepções do termo fundamental. E para que assim seja, revela-se
indispensável uma tarefa prévia de tipificação das finalidades visadas com as despesas públicas em ordem à sua definição e priorização
A concorrência imperfeita, a assimetria na distribuição, e as características dos bens públicos e mistos, bem como as externalidades negativas, são
exemplos de ineficiências mercados, as quais reclamam a intervenção pública.
. Mas ... nas despesas públicas não há apenas um contexto financeiro :a melhor decisão apela a uma
mais aturada atenção ao domínio extra financeiro – não se trata de mera utilização de dinheiro público.
Além da exigência do equilíbrio financeiro a decisão deve envolver análise sobre as possibilidades
existentes quanto ao emprego dos mesmos recursos para atingir outros benefícios ou contrapartidas, e
ponderar a ocorrência de inconvenientes ou malefícios (a construção de uma estrada pública deve ponderar custos financeiros
e extra-financeiros: custo orçamental, custo ambiental, custo fiscal, custo social, etc., porque a necessidade pública em si considerada não é apenas
financeira, mas também económica, social, ambiental, ou seja, extra-financeira).
•A valia da despesa deve ser avaliada em termos quantitativos e em termos qualitativos. É a realidade que
há-de determinar onde gastar, no que gastar, ou seja qual é a mais justa decisão sobre a assumpção
desta ou daquela despesa pública.
– E é também a realidade que, do ponto de vista quantitativo, assegurará um princípio constitucional obrigatório nesta matéria e que é o da
proporcionalidade na decisão financeira. Aqui, a eleição do que há-de ser considerado como a melhor despesa há-de ponderar a justa
repartição entre os custos e o nível de satisfação da necessidade pública, no presente e no futuro, decisão essa que cabe ao decisor financeiro.
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As tendências de evolução nas Despesas Públicas
• Em período mais ou menos longo, em termos gerais e condições normais,
pode enunciar-se uma constatação: a da tendência para o seu aumento
crescente, o mesmo é dizer, uma tendência para o aumento da intervenção
do Estado
– Esta constatação parece confirmar a previsão feita por Adolfo Wagner, alemão,
economista, que, em 1883, afirmava ser o crescimento das despesas públicas a
tendência natural entre os povos civilizados e progressistas. Razões:
• a reestruturação social subjacente à transição de uma sociedade baseada em actividades extractivas
para a sociedade industrial acarreta um crescente apelo à intervenção papel do Estado, um Estado
atento à regulação da actividade económica e disposto a controlar os seus efeitos.
• Os quatro principais tipos de despesa de acordo com a classificação funcional (defesa e segurança e
ordem pública, saúde, educação e protecção social). Adicionalmente, neste período, Portugal
convergiu para a estrutura funcional média da área do euro.
– Uma avaliação simples da eficiência no sector da saúde revela que se verificou em Portugal uma melhoria
substancial dos indicadores do estado de saúde entre 1995 e 2010, situando-se a despesa ligeiramente abaixo da
do grupo de países com melhores resultados no último ano deste período. Quanto ao sector da educação, apesar
da melhoria ao nível das taxas de participação e dos resultados em exames internacionais, Portugal surge ainda
em 2009 como um país com resultados do processo educacional desfavoráveis e uma despesa elevada em
termos relativos”.
– serviços públicos que estejam disponíveis quando alguém deles precise e estão-no para
todos, independentemente do seu nível de rendimento, e
– serviços reconhecidos como passíveis de serem fruídos apenas por certas e determinadas
pessoas.
– ao nível da despesa corrente, verificou-se um aumento de 3,6% (€ 1.716,0 milhões) face à execução
de 2015, montante inferior ao aumento de 5,9% (€ 2.778,4 milhões) implícito no Orçamento inicial
para 2016. Nos principais agregados de despesa observou-se:
As despesas com pessoal aumentaram 3,1% (€ 281,4 milhões), mais do que o aumento
inicialmente orçamentado de 0,8% (€ 69,6 milhões).. Por componentes observou-se:
Segurança social – contrariamente à diminuição de 8,3% (€ -177,8 milhões) prevista no Orçamento inicial,
verificou-se um aumento de 6,7% (€ 144,2 milhões), sobretudo no Programa Ensino Básico e Secundário ;
Abonos variáveis ou eventuais – o aumento verificado, de 6,4% (€ 22,6 milhões) foi superior ao previsto,
de 0,5% (€ 1,8 milhões);
Remunerações certas e permanentes – o aumento de 1,7% (€ 114,6 milhões) em consequência,
sobretudo, da reversão da redução remuneratória , foi inferior ao previsto, de 3,7% (€ 245,7 milhões).
A aquisição de bens e serviços diminuiu 3,9% (€ -63,5 milhões), divergindo do aumento orçamentado
inicialmente, de 5,9% (€ 96,8 milhões).
Os juros e outros encargos aumentaram 4,0% (€ 283,9 milhões), menos do que os 6,3% (€ 450,2 milhões)
previstos.
As transferências correntes, para as quais estava inicialmente orçamentado um aumento de 4,4% (€
1.278,2 milhões)2, aumentaram apenas de 3,7% (€ 1.075,1 milhões), sobretudo nas transferências para o
orçamento da União Europeia (€ 65,8 milhões, face à previsão de € 240,1 milhões).
Os subsídios diminuíram 0,3% (€ -0,4 milhões), face à previsão de aumento em 14,9% (€ 17,8 milhões).
Nas outras despesas correntes (excluindo a “dotação provisional” e a “reserva orçamental”, destinadas a
reforçar outras dotações), foi orçamentado um aumento de 63,0% (€ 212,1 milhões), verificando-se um
incremento menor, de 41,4% (€ 139,4 milhões).
Taxas de execução
A despesa realizada representou uma taxa de execução média de 93,6%, destacando-se nas
dotações com taxas inferiores: os ativos financeiros (63,3%), a aquisição de bens de capital
(67,5%) e a aquisição de bens e serviços correntes (82,6%).
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• In a very weak economy, when you say 'cut government spending,'
what you mean is you're laying off school teachers and you're de-
funding various programs that put money into the economy. This
means you have more unemployed people that then draw
unemployment benefits and don't pay taxes.
• Fareed Zakaria
(ii) A despesa corrente (€ 48.827 milhões) foi aumentada em € 1.716 milhões, sobretudo por efeito, por um
lado, do acréscimo nas transferências para os serviços e fundos autónomos (€ 752 milhões), da
reclassificação da “repartição de solidariedade (€ 352 milhões) para as Regiões Autónomas de
transferências de capital para correntes e aumento das despesas com pessoal (€ 281 milhões) e, em sentido
contrário, pelas diminuições verificadas nas transferências para a segurança social (€ 138 milhões).
(iii) A despesa de capital aumentou 11,0% (€ 152 milhões), resultante das transferências para a
Infraestruturas de Portugal (€ 347,5 milhões) e da aquisição de bens de capital (€ 35,5 milhões). A referida
reclassificação da “repartição de solidariedade” diminuiu as despesas de capital em € 352 milhões.
No entanto, se a estas despesas acrescermos os ativos financeiros, tal como identificados no
(iv) Quadro 14, que em 2016 totalizaram € 3.109 milhões, verifica-se que a despesa atingiu os € 53.471
milhões, em particular por via de aumentos de capital a empresas públicas (incluindo EPR) que totalizaram €
1.896 milhões e dos empréstimos a médio e longo prazos, que
ascenderam a € 1.098 milhões.
Nos SFA –
(i) A despesa global dos SFA (incluindo as EPR) sem ativos financeiros ascendeu a € 29.336 milhões.