possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fábula do [...] a literatura é o sonho acordado das civilizações“. (Cândido, Antônio) "Seu tema é a relação entre a realidade do mundo que habitamos e conhecemos por meio da percepção, e a realidade do mundo do pensamento que mora em nós e nos comanda. O problema da realidade daquilo que se vê - coisas extraordinárias que talvez sejam alucinações projetadas por nossa mente; coisas habituais que talvez ocultem, sob a aparência mais banal uma segunda natureza inquietante, misteriosa, aterradora - é a essência da literatura fantástica, cujos melhores efeitos se encontram na oscilação de níveis de realidade inconciliáveis" (Calvino, Ítalo) “Sem uma teoria, a literatura é o óbvio. A literatura é um objeto científico que possui variadas formas. Por ser construída pela linguagem e, esta possui uma configuração variável, depende de vastos fatores para uma teorização competente. Em primeira instância poderíamos considerá-la como aberta a lacunas. Estas lacunas devem ser preenchidas pela teoria. O discurso literário se constrói através de um discurso que o sustente. Analisar a obra, ver suas possibilidades de leitura, explicar seu funcionamento são práticas da teoria literária. A teoria literária faz com que a obra tenha um sentido científico. Pois a considera objeto de pesquisa e para tanto procura metodologias que consigam estudá-la" (Acízelo, Roberto) Tal é, pois, a “verdadeira” e “pura” literatura: uma subjetividade que se entrega sob a aparência de objetividade, um discurso tão curiosamente engendrado que equivale ao silêncio; um pensamento que se contesta a si mesmo, uma Razão que é apenas a máscara da loucura, um Eterno que dá a entender que é apenas um momento da História, um momento histórico que, pelos aspectos ocultos que revela. Remete de súbito ao homem eterno; um perpétuo ensinamento, mas que se dá contra a vontade expressa daqueles que ensinam”. (SATRE, J. P.) “[...] o valor dos textos literários é resultante da natureza e da originalidade dos saberes que eles veiculam. A literatura, pela liberdade que a funda, exprime conteúdos diversos, essenciais e secundários, evidentes e problemáticos, coerentes e contraditórios, que frequentemente antecipam os conhecimentos vindouros. Em cada época, textos estranhos e atípicos nos mostram (ou lembram) que o ser humano continua sendo um universo com vasta extensão a explorar” (JOUVE, Vicente) “A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero”. (PAZ, Octavio)