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A ética deontológica

de Kant

Reflexões
Filosofia 10º ano

Isabel Bernardo
Catarina Vale
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

De que modo
devemos agir para
agir moralmente?

A ética
deontológica de
Kant
Uma ética do
dever na
Fundamentação
O baile de Paula Rego (1988)
da Metafísica dos
Costumes
Exercício de conceptualização
Noção de vontade boa, segundo Kant
O que torna o ato moral num ato moralmente bom?

Para responder a esta questão, Kant, ao contrário de outras


teorias éticas, não procura definir o que é o Bem, mas procura
identificar algo que se possa identificar como
absolutamente bom, algo que incarne completamente uma
ideia de Bem.

“Neste mundo, e até fora dele, nada é possível pensar que


não possa ser considerado como bom sem limitações a
não ser uma só coisa: uma boa vontade”
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Ed. 70, 2000, p. 21.
Exercício de conceptualização

Noção de vontade boa , segundo Kant

A vontade boa é aquela que age exclusivamente por dever,


por respeito à lei moral, independentemente das
consequências que advenham da sua ação ou das inclinações
que podem levar à ação.

“A boa vontade não é boa por aquilo que promove ou


realiza, pela aptidão para alcançar qualquer finalidade
proposta, mas tão-somente pelo querer, isto é, em si
mesma e por si mesma”.
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Ed. 70, 2000, p. 21.
Para clarificar melhor esta ideia (e assim explicitar melhor
o conceito de vontade boa), Kant introduz uma distinção:
agir por dever ou agir em conformidade ao dever.

Esta distinção é fundamental para saber se uma ação


tem, ou não, uma intenção ético e se se pode considerar
moralmente boa.
Exercício de conceptualização – aplicação de
conceitos

Vamos analisar um exemplo, apresentado por Kant


embora um pouco adaptado, com os quais o autor
pretende exemplificar o que entende com a diferença
entre “agir por dever” e “agir em conformidade ao
dever”.
Um merceeiro tem um cliente novo na sua loja, um turista
que não sabe falar ou ler em português. O turista quer um
quilo das belas maçãs que acabaram de chegar e que ainda
não têm o preço marcado. O merceeiro pode aumentar o
preço das maçãs, mas vende-as ao turista ao mesmo preço
a que estavam no dia anterior.

Como sabemos se a ação do merceeiro foi moralmente


boa?

Para sabermos se a ação do merceeiro foi uma ação moral


e moralmente boa, Kant diz que temos que saber a resposta
à seguinte questão: “Qual foi o motivo da ação do
merceeiro?”
Exercício de conceptualização – aplicação de
conceitos

De acordo com Kant, qual dos motivos, apresentados


no diapositivo seguinte, nos permitiria considerar a
ação como sendo moralmente boa, isto é, feita por
dever? Justifica a tua resposta.
O merceeiro agiu assim, porque:
a) Teve receio que o comprador fosse, afinal, um inspetor das
atividades económicas disfarçado de turista;

b) Não quer ficar mal visto e perder a confiança dos clientes


habituais que estavam na loja;

c) Não se deve enganar os outros;

d) É muito religioso e tem receio do castigo divino;

e) É naturalmente bondoso e não faz parte das suas inclinações


naturais, do seu modo de ser, enganar seja quem for.
Somente a razão “porque não se deve enganar os outros”
torna a ação moralmente boa.

“Uma ação praticada por dever tem o seu valor moral (...)
no princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo-
se de todos os objetos da faculdade de desejar, foi
praticada. (...) O valor moral de uma ação não reside,
portanto, no efeito que dela se espera”.
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Lisboa: Ed. 70, 2000, pp. 30-31.
Exercício de conceptualização

Noção de dever

O que Kant entende por dever?

“Dever é a necessidade de uma


ação por respeito à lei”.
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica
dos Costumes. Lisboa: Ed. 70, 2000, p. 31.

Duplo Retrato de Almada


Negreiros (1934-36)
Exercício de conceptualização

Noção de imperativo categórico


“Mas que lei pode ser essa, cuja representação, mesmo
sem tomar em consideração o efeito que dela se espera,
tem de determinar a vontade para que esta se possa
chamar boa absolutamente e sem restrição?” (p. 33)

Ou seja, qual é a lei moral a que, independentemente da ação


que seja, das circunstâncias em que se realize, ou das
consequências que possa vir a ter, deve obedecer a ação
voluntária?

A essa lei, Kant chama de imperativo categórico.


Ao longo do texto da Fundamentação da Metafísica dos
Costumes, Kant apresenta várias formulações do imperativo
categórico, mas afirma que todas elas são equivalentes, de
tal modo que as diferentes formulações surgem apenas como
clarificações de uma mesma ideia fundamental.

A fórmula mais conhecida do imperativo categórico diz-nos:

“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao


mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”.
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Lisboa: Ed. 70, 2000, p. 59.
Exercício de conceptualização – aplicação de conceitos

Como se pode observar o imperativo categórico é uma


lei formal que não nos diz o que fazer em concreto, mas
dá-nos uma orientação para avaliarmos se a ação que
pretendemos fazer é, ou não, moralmente aceitável.
Assim, ao deliberarmos se devemos fazer uma ação
temos que:

1.º Identificar qual a regra que estaríamos a seguir se


fizéssemos a ação.

2.º Perguntar se estaríamos dispostos a que a regra fosse


seguida por todos em todas as situações iguais.

3.º Realizar, ou não, a ação de acordo com a conclusão


obtida.
Para mostrar a aplicabilidade da sua posição, Kant apresenta
quatro exemplos de ações e analisa-os de modo a
determinar a sua moralidade. Vamos analisar dois, um pouco
adaptados aos nossos dias.
Tarefa 1

Analisa, com o teu par de carteira ou colega do lado, o


exemplo que se segue e determina, argumentando, se o
poderemos considerar, à luz da ética kantiana, um ato
moralmente bom.
O trabalho será seguido de discussão em grande grupo.
Exemplo 1 – Exemplo das falsas promessas

Imagina que queres comprar um tablet, mas não tens dinheiro


suficiente. Sabes que um amigo teu tem um dinheiro guardado
porque trabalhou nas férias de Verão. Ponderas pedir o
dinheiro ao teu amigo, embora saibas que com a tua mesada
não lhe podes pagar tão cedo. Decides, no entanto, pedir o
dinheiro emprestado e prometes ao teu amigo que lhe pagarás
no final do mês, sabendo que não o vais poder fazer.
Podes, pela tua vontade, desejar que a máxima que presidiu a
esta ação seja universalizável?

Para podermos chegar a uma conclusão, em primeiro lugar


temos de identificar qual seria a máxima da ação. Qual é a
máxima da ação?

“É possível efetuar uma falsa promessa se isso nos permite


obter um fim desejado”.
Ao universalizarmos a máxima estamos a afirmar que todos
podem mentir, efetuar falsas promessas, se isso permitir
atingir um objetivo.

Ora, considera Kant, nenhum ser racional poderia eleger


esta máxima como princípio universal de ação, pois isso iria
destruir todo o edifício de confiança sobre o qual assentam as
relações sociais.

Por outro lado, a máxima da ação entra logicamente em


contradição, pois colocaria em causa as bases que
possibilitam as falsas promessas, já que uma mentira só tem
efeito se partirmos do princípio de que as pessoas, em geral,
dizem a verdade.
Tarefa 2

Analisa, com o teu par de carteira ou colega do lado, o


exemplo que se segue e determina, argumentando, se o
poderemos considerar, à luz da ética kantiana, um ato
moralmente bom.

O trabalho será seguido de discussão em grande grupo.


Exemplo 2 – Auxílio aos mais necessitados

Imagina que subitamente recebeste um dinheiro inesperado


que te permite viver bem e ter tudo o que queres. Passas por
um jovem que está na rua a pedir com um cartaz que diz “Por
favor ajude-me! Preciso de pagar as propinas do meu último
ano de curso”. Ponderas partilhar algum do teu dinheiro com
ele. Porém pensas: nada lhe tirei e nada lhe invejo, porque
hei de contribuir para o seu bem-estar? Decides, então,
continuar o teu caminho e não dar nenhum dinheiro ao jovem.
Podes, pela tua vontade, desejar que a máxima que presidiu a
esta ação seja universalizável?

Para podermos chegar a uma conclusão, em primeiro lugar


temos de identificar qual seria a máxima da ação.

Qual é a máxima da ação?


Exercício de argumentação

A dignidade do homem como fundamento do imperativo categórico.

“Mas porque deve o imperativo categórico ser aceite como


uma lei prática que ordena absolutamente a vontade apenas
por dever e sem qualquer outra inclinação natural?” (p. 64)

- Ou seja, por que devemos obedecer ao imperativo categórico?

Por que a razão que comanda a vontade impõe um fim a que se


devem submeter todos os seres racionais.
Que fim pode ser este?

O Homem e todos os seres racionais em geral.

O Homem é o único ser que não pode ser entendido como um


meio para atingir um fim. Esta ideia levou Kant a apresentar
uma nova formulação do imperativo categórico:

“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua


pessoa, como na pessoa de qualquer outro, sempre e
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como
meio” (p. 69).
Tarefa

Como é que esta nova formulação do imperativo


categórico reforça as conclusões já obtidas na
primeira formulação?
Se aplicarmos este princípio aos exemplos anteriores,
poderemos concluir que houve instrumentalização do
Homem, ou seja, que o agente usou outros seres racionais
como meios para atingir os seus fins?

No primeiro exemplo, é fácil de observar que o amigo, a


quem foi feita uma falsa promessa, foi utilizado para atingir
um fim: comprar um tablet, mesmo sabendo-se que não se
poderia devolver o dinheiro no prazo prometido.
No segundo exemplo, Kant admite
que a humanidade pode subsistir se
nenhum de nós contribuísse para a
felicidade dos demais, desde que não
retirássemos nada intencionalmente.

No entanto, argumenta Kant, se cada


um de nós não contribuir ativamente
para os fins dos nossos semelhantes,
não estamos a contribuir para a
“humanidade como um fim em si
mesma”.
Os miseráveis diante do mar
de Pablo Picasso (1903)
“Pois se um sujeito é um fim em si mesmo, os seus
fins têm de ser quanto possível os meus, para aquela
ideia poder exercer em mim toda a sua eficácia”.
Immanuel Kant (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Lisboa: Ed. 70, 2000, p. 71.

Ou seja, para que a ideia de que o “Homem é um fim em si


mesmo” se imponha de forma inequívoca à vontade, é
necessário que considere que os seus fins (objetivos ou
projetos) sejam igualmente importantes para mim e
considerados como algo de bom.
Bibliografia
 Copleston, Frederick (1994). História de la Filosofia: de Wolf a Kant. Barcelona: Ariel, Vol.
VI.

 Dancy, Jonathan (1991). An ethic prima facie duties. In. Singer, Peter (Dir.) A companion
to ethics. London: Blackwell, pp. 219-229.

 Kant, Immanuel (1785). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Ed. 70,
2000, pp. 21 a 91.

 O’ Neill, Onara (1991). Kantian ethics. In. Singer, Peter (Dir.) A companion to ethics.
London: Blackwell, pp. 175-185.

 Rachels, James (2004). Elementos de filosofia moral. Lisboa: Gradiva, pp. 171- 202.

 Rawls, John (2000). Lectures on the history of moral philosophy. Trad. e adap Vitor João
Oliveira. Harvard: University Press. Obtido em http://criticanarede.com/eti_kantrawls.html.

 Sober, E. (2008). A teoria moral de Kant. In Core questions in philosophy. Trad. de


Faustino Vaz. S/l: Prentice Hall. Acedido a 16.01.2006 em
www.criticanarede.com/eti_kant.html.

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