UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA – FACULDADE DE

ENGENHARIA ELÉTRICA

Relatório: Ensaios em Motor de Indução

Trifásico

Arceu Santos cordeiro de Campos

Uberlândia, Fev. 2013

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Resumo
Este relatório descreve os ensaios realizados no laboratório de Máquinas
Elétricas da UFU em um motor de indução trifásico de rotor bobinado, com o objetivo
de determinar os parâmetros do mesmo. Os ensaios são: ensaio a vazio e ensaio com
rotor bloqueado.

Calculados os parâmetros através dos ensaios foi feita uma simulação utilizando
o software Matlab para determinação das curvas de fator de potência, rendimento,
conjugado e corrente de estator em função da velocidade do rotor.

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1 - Desenvolvimento teórico
Seguem abaixo a etapas e os resultados obtidos em cada ensaio, bem como a explicação
teórica das conclusões obtidas.

1.1 – Resistência do enrolamento do estator:

A resistência do estator foi medida utilizando um multímetro calibrado em ohms

onde foi obtida a resistência total do enrolamento do estator de aproximadamente
6,6Ω mas devemos verificar que de fato essa não é a resistência da bobina, pois esse
valor medido é entre dois terminais de linha e como o estator está em ∆ temos a
seguinte configuração:

Figura 1 - Medição da resistência de fase

2∗𝑅𝑓𝑎𝑠𝑒∗𝑅𝑓𝑎𝑠𝑒 2𝑅𝑓𝑎𝑠𝑒
Rmedido = =
2𝑅𝑓𝑎𝑠𝑒+𝑅𝑓𝑎𝑠𝑒 3

3𝑅𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜
Rfase =
2

1.2 – Ensaio a vazio:

No ensaio a vazio aplica-se a tensão nominal com o rotor sem carga e mede-se a
corrente e a potência de entrada nas linhas. A corrente é a mínima necessária para
suprir as perdas por atrito e ventilação, as perdas no enrolamento do estator e as
perdas no no ramo magnetizante do circuito equivalente do motor da Fig. 2.
Como a resistência doo estator foi medida, podemos calcular as perdas por atrito
e ventilação. Portanto a potência P medida é consumida na resistência da bobina do
estator, no ramo magnetizante e sobre forma de atrito e ventilação.

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Figura 2 - Circuito equivalente do motor de indução trifásico

De posse dos valores medidos no ensaio a vazio foi possível calcular as perdas
rotacionais e as perdas no núcleo bem como as reatâncias e resistências associadas a
essas perdas. O ensaio é feito como na Fig. 3:

Figura 3 - Medições do ensaio a vazio

Pvz = Prot + Pnucleo + 3*R1*(Ivz)²

Pvz = potência a vazio medida

Prot = perdas rotacionais

3*R1*(Ivz)² = perdas na resistência do enrolamento do estator

Para o ensaio a vazio podemos simplificar o circuito equivalente como apenas a

resistência e a reatância do estator R1 e X1 e uma resistência e uma reatância do núcleo
Rm e Xm respectivamente, desprezando a resistência e reatância do secundário, ou
rotor.

Assim temos oo seguinte desenvolvimento:

Zvz = Rvz + jXvz

Zvz = R1 + Rm + j(X1 + Xm)

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 A potência aparente fornecida para o motor a vazio é:

Svz = √3 ∗ 𝑉𝑣𝑧 ∗ 𝐼𝑣𝑧

S = √𝑃2 + 𝑄 2

Qvz = √𝑆𝑣𝑧 2 − 𝑃𝑣𝑧 2 = 3*Ivz²*Xvz

Pvz = 3*Ivz²*Rvz

Podemos assim determinar Xvz, mas não conseguimos inicialmente separar os

valores de X1 e Xm. Com o valor de Pvz podemos determinar o valor de Rm, pois o
valor de R1 é conhecido: Rvz = R1 + Rm. Para encontrar os valores de X1 e Xm
partimos então para o ensaio com o rotor bloqueado.

1.3 – Ensaio de rotor bloqueado:

Este ensaio é feito com o rotor travado, ou seja s=1 variamos a tensão até
obtermos a corrente nominal. Não podemos aplicar corrente acima da nominal para não
danificar o enrolamento. O ensaio com rotor bloqueado fornece informações sobre as
impedâncias de dispersão. Realizamos as medições da Fig. 4:

Figura 4 - Medições realizadas no ensaio de rotor bloqueado

Como o motor é de baixa potência, o efeito da frequência sobre as reatâncias é

desprezível e foi usada a frequência nominal de 60Hz.

A impedância equivalente para o rotor bloqueado fica:

Zbl = Rbl + jXbl

Zbl = R1 + R2 + j(X1 + X2)

Como a constante que relaciona X1 e X2 não foi fornecida, consideramos as duas

reatâncias iguais, o que de fato ocorre para motores do tipo N.

𝑃𝑏𝑙
Rbl =
3∗𝐼𝑏𝑙²
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 𝑄𝑏𝑙
Xbl =
3∗𝐼𝑏𝑙 2

Dessa forma obtemos X1, X2, e R2. De posse de X1 podemos calcular Xm pela
relação Xvz = X1 + Xm.

2 – Resultados dos ensaios

2.1 – Dados do motor:

220V, 4 polos 60Hz, ligado em ∆, rotor bobinado.

2.2 – Parâmetros do circuito equivalente:

De posse dos dados medidos nos ensaio de rotor bloqueado e ensaio a

vazio, podemos calcular os parâmetros do circuito equivalente de acordo com o
desenvolvimento anterior. Foram obtidos os seguintes valores:

R1 = 10 Ω

R2 = 8 Ω

X1 = 3 Ω

X2 = 3 Ω

Rm = 400 Ω

Xm = 100Ω

3 – Curvas
De posse dos parâmetros calculados anteriormente podemos traçar alumas curvas
características do motor de indução.

Para simulação das curvas características foi utilizado o Matlab. Abaixo temos o
escopo do programa:

clear all
clc
//Definições: Parametros do motor
V1 = 220/sqrt(3); // Tensão de alimentação
nf = 3; // Numero de fases
npl = 4; // Numero de polos
fe = 60; // Frequencia de alimentação

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R1 = 10; // Resistencia do estator
R2 = 8; // Resistencia do rotor referido ao estator
X1 = 3; // Reatancia de dispersão do estator
X2 = 2; //Reatancia de dispersão do rotor
Xm = 100; // Reatancia de magnetização
Rm = 400; //Resistência do núcleo
Prot = 46.793;
//Velocidade sincrona
omega = (4*pi*fe)/npl;
ns = (120/npl)*fe;
//Equivalente de Thevenin do estator
Z1th = ((Rm*Xm*Xm + j*Rm*Rm*Xm)*(R1+j*x1))/(Rm*Xm*Xm + j*Rm*Rm*Xm
+ (R1+j*X1)*(Rm*Rm+Xm*Xm));
R1th = real(Z1th);
X1th = imag(Z1th);
V1th = abs(V1*(j*Xm/(R1+j*(X1+Xm))));

//Calculo do torque para diferentes velocidades

for i= 1:200
s(i) = i/200; //vetor de escorregamentos
rpm(i)= ns*(1-s(i)); // vetor de velocidades em rpm
omegam(i)=(1-s(i))*omega;
I2 = abs(V1th/(Z1th+j*X2+R2/s(i))); //I2 para diversos s
Tmec(i) = (nf*I2^2*(R2/s(i)))/omega; //Torque para diversos s
Zf(i) = ((R2/s(i)+j*X2)*j*Xm)/((R2/s(i)+j*X2)+j*Xm);
Zentrada(i) = R1+j*X1+Zf(i); //Impedancia vista na entrada
I1(i) = V1/Zentrada(i);
modI1(i) = abs(I1(i)); //modulo da Corrente no estator
FP(i) = cos(angle(I1(i))); //Fator de potencia
Pentrada(i) = nf*V1*I1(i)*FP(i); //Potencia na entrada
Pg = nf*I2^2*(R2/s(i));
Peixo(i) = ((1-s(i))*Pg)-Prot; //potencia no eixo
Pmec(i)=Peixo(i)+Prot;
rend(i) = Peixo(i)/Pentrada(i); //rendimento
Tmec(i)=Pmec(i)/omegam(i);
end
//Plotagem dos resultados
subplot(411);
hold on;
plot(rpm, Tmec);
grid on;
xlabel('rpm');
ylabel('Torque');
title('Torque vs Velocidade','FontSize',13);
subplot(412);
hold on;
plot(rpm, modI1);
grid on
xlabel('rpm');
ylabel('I1');

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title('Corrente de estator vs Velocidade','FontSize',13);
subplot(413);
hold on;
plot(rpm,FP);
grid on;
xlabel('rpm');
ylabel('FP');
title('Fator de potencia vs Velocidade','FontSize',13);
subplot(414);
hold on;
plot(rpm, rend);
xlabel('rpm');
ylabel('Rendimento');
title('Rendimento vs Velocidade','FontSize',13);
grid on;

4 – Referências:
A. E. FITIZGERALD, Charles Kingsley Jr., Stephen D. Umans. Máquinas Elétricas.
Porto Alegre: Bookman, 2006.