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Eu, Feuerbach
Eu, Feuerbach
tarde seria levada uma peça infantil. Eu não cabia em mim, estava eufórico.
Havia uma luz azul. Misteriosa, de repente surgiu uma figura, muito grande,
toda dourada. Eu invejava todos os que estavam lá em cima, indo e vindo,
falando e rindo – um deles podia até ir e voltar voando, cortando o ar!
Perguntei à minha tia, que havia comprado o ingresso para mim: “ quanto é
que a gente precisa pagar para estar lá em cima, para falar e voar?” ela riu e
disse: “Nada, seu bobinho; nada, só se paga pra assistir!” “ Não acredito, ela
não tem dinheiro suficiente.” Ela era uma jovem costureira, uma dessas tias
solteiras, que aos domingos pega seu sobrinho pequeno e o leva para se
divertir num lugar qualquer, só para lhe dar uma alegria. Essa é sua vida, ela
não tem outra. Talvez não tenha havido em sua infância uma tia assim como
essa, uma dessas adoráveis, dedicadas e eventualmente teimosas criaturas, que
com suas próprias pernas seguem determinadas o seu caminho, sem esperar
durante toda a sua vida, que alguém se volte e a siga carinhosamente com o
olhar. Sim. Então eu me tornei ator, e paguei por isso com toda a minha vida.
– E você? Como entrou para o teatro?