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2 6 | junho/J uni 2013


Instaurações situacionais
SITUATIONISTISCHE AUFSTELLUNGEN

Cecilia Cotrim

metrópole ready-made corpo políticas da amizade


Metropole Ready-made Körper Politiken der Freundschaft

A partir do estudo de algumas proposi- Ausgehend von der Analyse einiger An-
ções artísticas contemporâneas, o artigo sätze der zeitgenössischen Kunst, geht es
lança perguntas sobre a relação entre in dem vorliegenden Beitrag um Fragen
arte e externalidade. zur Relation von Kunst und Externalität.

SITUATIONIST INTERVENTIONS Based on the study of some contemporary art projects, the article
raises questions on the relationship between art and externality. | Metropolis, ready-made, body,
friendship policies

Duas capas-mar Zwei Meeresumhänge

Não há ordem que possa definir a relação entre Es gibt keine wirkliche Reihenfolge, welche die
um e outro momento, e começo pelo dúplex mo- Beziehung zwischen dem einen und dem anderen
dernista em que se situava o Rés-do-chão, espaço Moment erläutert, aber ich beginne mit der mo-
movente numa Lapa misteriosa, ainda em ruínas, dernistischen Maisonette, wo sich der belebte Ort
com clima que mal podia prever as reurbaniza- Rés-do-chão befand. In einem mysteriösen Lapa
ções, revitalizações e outros conceitos vazios que [Stadtviertel in Rio], noch immer in Trümmern,
levaram ao desaparecimento de lugares como o mit einer Atmosphäre, die kaum die Reurbanisie-
Bar das Quengas ou o Ceará, redutos populares rung, die Sanierung und andere gehaltlose Kon-
do Centro onde os artistas residentes do Rés al- zepte vorhersehen konnte, die zum Verschwinden
moçavam com cariocas e simpatizantes de todos von Orten, wie der Bar das Quengas oder dem
os cantos do mundo. Mas volto então ao apar- Ceará geführt haben, den beliebten Hochburgen
tamento modernista e a sua escada interna, que des Zentrums, an denen die Artists in Residence
cortava a sala do Rés em diagonal – lugar de vom Rés mit den Bewohnern Rios und anderen
passagem e de muitas histórias, encontros, per- Sympathisanten aus aller Welt gemeinsam zu
formances, shows − até árias de óperas foram Mittag aßen. Ich möchte aber auf die modernis-

Mar e Eros. Performance realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro


Meer und Eros. Performance verwirklicht im Museum für Moderne Kunst von Rio de Janeiro, 2011
Foto Grupo Empreza

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entoadas no alto daquele patamar, sobre a mesa tische Wohnung mit der innen liegenden Treppe,
dourada, minipalco riscado por tantos saltos de sa- welche das Wohnzimmer des Rés diagonal unter-
pato. Com o projetor pendurado sobre o parapeito teilte, zurückkehren – einem Ort des Durchgangs
de mármore, Yann Beauvais e Tato Teixeira coor- und vieler Geschichten, Treffen, Performances,
denaram dali uma apresentação performativa do Konzerte, sogar Arien von Opern wurden hier
vídeo Shibuya no solo do primeiro andar, proces- angestimmt. Oben auf jenem Treppenabsatz, auf
so envolvendo a participação de artistas do Grupo dem goldenen Tisch, einer kleinen von zahlreichen
Empreza que, ao se movimentar pelo piso coberto Schuhabsätzen linierten Bühne. Mit einem an die
de jornais do dia, criavam uma tela dinâmica para Marmorbrüstung gehängten Projektor koordi-
a projeção horizontal1 das imagens da megacidade nierten Yann Beauvais und Tato Teixeira dort eine
japonesa. Isso foi em dezembro de 2005. performative Präsentation des Videos Shibuya,

Em outra ocasião, durante um debate batizado die auf den Boden des ersten Geschosses proji-

de Por que Deleuze?, alguém fez aos palestrantes ziert wurde. Die teilnehmenden Künstler von der
‘a pergunta que veio da escada’... [me surge ago- Grupo Empreza schufen eine dynamische Bildflä-
ra outra pergunta, de Joseph Kosuth, dessa vez che für die horizontale Projektion1 der Bilder der
em um terreiro da Bienal de São Paulo de 2010, japanischen Megastadt, indem sie sich über den
questão dirigida ao aparato do historiador da mit Tageszeitungen bedeckten Fußboden beweg-
arte, segundo o artista, “ainda não completamen- ten. Das war im Dezember 2005.
te desmantelado”: “Assim, a questão permance, Zu einer anderen Gelegenheit während einer De-
o projeto da história da arte ainda fala com a voz batte namens Warum Deleuze? stellte jemand den
da objetividade, mesmo quando sua missão a Rednern von der Treppe her die Frage … (da fällt
contradiz?” Mas, insistindo nos eventos da esca- mir eine andere Frage ein, von Joseph Kosuth, dies-
da experimental: algum tempo antes, ali, durante mal auf dem Terreiro2 der Biennale von São Paulo
uma dança frenética, uma performer teria atirado 2010, eine laut des Künstlers „noch nicht ganz ent-
longe uma pequena estatueta votiva de Iemanjá larvte“ Fragestellung an den Apparat der Kunsthis-
que explodiria em cacos de todos os tamanhos toriker gerichtet: “thus, the question remains, does
e formas – e isso foi, decerto, em algum dois de the art historical enterprise still speak with the voice
fevereiro, dia de culto à entidade do mar, e ani- of objectivity, even when its mission is contradictory
versário do espaço experimental Rés-do-chão. A to it?”). Aber um bei den Veranstaltungen der ex-
cabeça dessa estatueta de gesso pintada, vestígio perimentellen Treppe zu bleiben: vor einiger Zeit,
da performance na escada, é um elemento de Du-
nachdem ein Performer während eines hektischen
chesse. O outro é a capa-mar.
Tanzes eine kleine Votivstatue der Iemanjá weit weg
Duchesse, um presente de Barrus, com a instalação geschleudert hatte, zerbrach diese in Scherben jegli-
de novas estantes no studio de trabalho, está ago- cher Größen und Formen. Das war gewiss an einem
ra bem mais ligada a meu “dispositivo de escrita”. zweiten Februar, am Tag des Meereswesens und
Dialoga, contra a lâmina de vidro, com a pedra do des Geburtstages des experimentellen Ortes Rés-do-
Cantagalo e a vista dos prédios de Copacabana, in- chão. Der Kopf der bemalten Gipsstatue, als Spur der
corporando uma espécie de efeito repoussoir. Nes- Perfomanz der Treppe, ist ein Element von Duchesse.
sa nova proximidade, tenho apreciado mais que Das andere ist der capa-mar [Meeresumhang].

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tudo, ao longo das horas, o jogo das luzes sobre Duchesse, ein Geschenk von Barrus, mit der Ins-
a pele experimentada do pedaço de mármore. E a tallation neuer Regale im Arbeitsstudio, ist nun
peça não deixa de despertar outros deslocamentos wesentlich stärker mit meinem „Dispositiv des
de sentido, em zigue-zague, exercício comum aos Schreibens“ verbunden. Es kommuniziert durch
trabalhos de Barrus [que o artista gosta de chamar die Glasscheibe mit dem Cantagalo-Felsen und
de drible]. Duchesse sempre pareceu um tipo de der Sicht auf die Gebäude der Copacabana, in-
readymade recíproco:2 um naco bastante pesado dem es diesen eine Art von Repoussoir-Effekt
de mármore de Carrara, e a cabeça-fragmento de einverleibt. In dieser neuen Umgebung habe ich
uma estatueta votiva [imagem mista de Iemanjá, mehr als alles andere die Stunden des Lichtspiels
entidade da tradição do candomblé, da umban- auf der Oberfläche des Marmorstückes genos-
da e de outros ritos afro-brasileiros, e de um culto sen. Und das Stück hört nicht auf ständig neue
mais geral a uma turística e pop rainha do mar]. Sinnverschiebungen zu erwecken, im Zickzack,
Inscreve-se na lógica de uma colagem sem cola als gewohnte Praxis der Arbeiten von Barrus (was
– tão literal quanto possível. A cabeça em gesso der Künstler als „Dribbeln“ bezeichnet). Duchesse
acopla-se, em encaixe casual mas perfeito, ao rele- schien immer eine Art von reziproken Readymade3
vo bruto do bloco de mármore [presente de uma zu sein: ein ziemlich schwerer Brocken Carrara-
amiga escultora, tomado tal qual]. Marmor, und ein Kopffragment einer Votivstatue
A operação de Barrus gera um objeto beaux- (ein gemischtes Bildnis von der Iemanajá, tradi-
arts-kitsch que faz pensar na célebre Vênus com tionelles Wesen des Candomblés, der Umbanda
gavetas, de Dali, outra imagem de apelo junk und anderer afro-brasilianischer Riten, und auch
art. A peça tensiona de modo enviesado o fazer der„allgemeineren“ Kulte einer touristischen und
indiferenciado de um semiartesanato industrial Pop-Meereskönigin“). Sie ist der Logik einer Col-
e os materiais da academia, correndo, por mais lage ohne Leim zuzuordnen, so wortwörtlich wie
de uma linha, o risco de um êxodo da arte. Essa möglich genommen. Der Gipskopf kuppelt sich,
Iemanjá modificada transita pela diagonal do in einer zufälligen aber perfekten Fuge, in das gro-
louco:3 sortir du champ. O manto que é mar be Relief des Marmorblockes ein (ein Geschenk ei-
desperta um sentido de infinito que já nasce ner befreundeten Bildhauerin).
como dúvida, confirmada pelo sorriso-clichê da Der Vorgang von Barrus schafft ein beaux-arts-
estatueta da loja de macumba da Praça Tiradentes kitsch Objekt, das an die berühmte Venus mit
[um sorriso meio estragado pelo gesto violento Schubladen von Dalí erinnert, ein weiteres Bild
da performance, como na imagem da Gioconda
mit Junk-Art-Appell. Das Stück erzeugt die Span-
grafitada por Duchamp]. A ativação desse objeto,
nung auf eine indirekte Art und Weise im un-
em seu movimento esquizo, se dá como uma
differenzierten Schaffen eines semiindustriellen
possibilidade de abertura para a discussão em
Handwerks und die Materialien der Akademie
torno de trabalhos que despertam ao menos uma
gehen, in mehr als einer Hinsicht, das Risiko ei-
dupla enervação: arte-externalidade [arte-etc.?].
nes Kunstexodus ein. Diese modifizierte Iemanjá
O outro manto traz a palavra mar rasgada na pele geht durch die Diagonale des Verrückten:4 sortir
do dorso de um artista, em ação no MAM do Rio du champ. Der Umhang, der das Meer ist, erweckt
de Janeiro. A escrita poderia reter todas as linhas
4
einen Sinn der Unendlichkeit, welcher schon als

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em sua crueza atual. O contorno da palavra cer- eine Ungewissheit entsteht, bestätigt von dem
zida na pele, em sua luminosidade diáfana, pode, Klischeelächeln der Statuette des Macumbaladens
porém, sugerir com o tempo fantasmagorias, in- an dem Tiradentes-Platz (ein von der gewaltsa-
terferências e cruzamentos de outras instâncias e men Geste der Performanz teilweise verdorbenes
de outros extremos-atuais, atravessando cama- Lächeln, wie auf dem von Duchamp besprayten
das e camadas de códigos. Entre as duas capas, Bild der Gioconda). Die Aktivierung dieses Objek-
é preciso dizer, houve um institucionalizar global tes in seiner schizoiden Bewegung bietet sich als
e local, uma captura funesta dos atos artísticos – eine Einstiegsmöglichkeit für die Diskussion um
de seu significado e memória [o furor de arquivo die Arbeiten, die mindestens eine zweifache ner-
de que fala Suely Rolnik,5 e que se exacerba na vliche Verbindung herstellen: Kunst – Externalität
última década]. Ao mesmo tempo, a organização (Kunst – etc.). Das auf den Rücken eines Künst-
da cidade promove de modo vertiginoso suas am- lers eingeritzte Wort mar [Meer], Kunstaktion im
bições ao controle do aparato cultural, levando a MAM [Museum der Modernen Kunst] von Rio de
um desmantelamento das conexões mais vibran- Janeiro,5 zeigt den anderen Umhang. Der Schrift-
tes, talvez reanimadas com as manifestações que zug könnte alle Linien in ihrer aktuellen Grausam-
se espalham em rede, o chamado levante das ruas keit festhalten. Jedoch kann die Kontur des auf
desses últimos dias de junho de 2013. Acompa- die Haut genähten Wortes, in ihrer leuchtenden
nhar as aventuras da produção artística contem- Durchsichtigkeit, mit der Zeit Gespenster, Interfe-
porânea, entretanto, significa aprender a lidar cri- renzen und Kreuzungen anderer Instanzen und
ticamente com os múltiplos aspectos do sistema anderer Aktuell-Extreme andeuten und verschie-
de arte, atravessados por várias linhas de poder e dene Ebenen der Verschlüsselungen durchringen.
pela mobilidade do capital.
Zwischen diesen beiden Umhängen, muss
Assim, a palavra mar gravada na pele do artista é gesagt werden, besteht eine globale und lokale
percebida aqui como homenagem a essa arte em Institutionalisierung, einen verhängnisvollen
devir: a pós-, multivanguarda carioca dos anos 60- Einfang von künstlerischem Schaffen – von dessen
70 que habitava o MAM e seus arredores. Lembra Bedeutung und dessen Andenken (Der Eifer des
mais intimamente as inscrições nas capas-Paran- Archivs wie Suely Rolnik6 sagt, was sich im letzten
golés de Oiticica, e a labilidade de um vestir-assis- Jahrzehnt verschärfte).
tir, fazendo fugir as margens. Tais movimentos e
6

Gleichzeitig fördert die Einrichtung der Stadt auf


buscas da arte aparecem aqui, em tentativas de
Schwindel erregende Art und Weise ihr Verlangen
aproximação crítica: perguntas que se desdobram
nach Kontrolle des Kulturapparats, was einen Ab-
em torno de outros textos da cidade, conversas e
bruch der schwungvollsten Beziehungen mit sich
afetos que proliferam, giram, reverberam. Leituras
bringt, die vielleicht gerade mit den Demonstra-
que se condensam entre palavras, imagens, sons,
tionen dieser letzten Tage im Juni 2013, welche
corpos e muitos atos: muitos combates.
sich im Netz verbreiteten, dem sogenannten Auf-
stand der Straßen, wieder belebt wurden. Jedoch
bedeutet die Abenteuer der zeitgenössischen
Duchesse Kunstproduktion zu begleiten auch mit den viels-
Edson Barrus, 2004
Foto Cecilia Cotrim eitigen Aspekten des Kunstsystems umgehen

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 225


Mover territórios zu lernen, welche von verschiedenen Machts-
trukturen und von der Mobilität des Kapitals
Se um desenho – mapa, diagrama – é
durchdringt werden.
convocado a servir de ferramenta para
produção de pensamento, é porque está já So wird hier das in die Haut des Künstlers gravierte
posto o desejo de se pensar de outra forma Wort „mar“ als eine Ehrung für diese Kunst, die im
– pensar sensivelmente, sensorialmente, Aufkommen ist, betrachtet: nämlich die Post- und
pensar o ainda não-articulado, o impensado. Multi-Avantgarde von Rio de Janeiro der 60er und
Ricardo Basbaum 70er Jahre, die im MAM und in dessen Umgebung
verkehrte. Es steht in noch engerer Verbindung
As perguntas surgem aqui provocadas por obras
mit den Inschriften auf den Parangolés–Umhän-
que surpreendem em seu modo de desdobrar o
gen von Oiticica, und mit der Labillität von einem
tecido vivo do mundo, deflagrando um movimen-
Anziehen-Zusehen, was die Grenzen verflüchtigen
to potencialmente crítico.7 É um desenho, dispo- lässt7. Solche Bewegungen und Suchen der Kunst
sitivo aberto, “impensado”, que se configura ao erscheinen hier, als Versuche einer kritischen An-
investigar essas regiões intersticiais: territórios e näherung: Fragen, die sich auf andere Texte der
intensidades. Essas obras buscam mover espaços, Stadt ausdehnen, Gespräche und Affekte, die sich
gerando mapas dinâmicos e provisórios, já que… vermehren, rotieren und zurückstrahlen. Lektüren,
“a única alternativa presente para aquele que die sich verdichten durch Wörter, Bilder, Klänge,
atravessou o deserto do abstrato, é a da potência Körper und viele Handlungen: kurz viel Gefecht.
constituinte”, escreve Antonio Negri, em uma de
suas ‘Nove cartas sobre arte’.8
Territorien in Bewegung bringen
Arrastão na Paulista traz algo do herói absurdo,
Wenn eine Zeichnung – Karte, Diagramm –
o Sísifo atualizado por Joseph Beuys: o eterno
dazu berufen ist als Werkzeug für die Ge-
retorno da tarefa poética, a arte reconduzida
dankenerzeugung zu dienen, dann ist es,
a seu ritmo de constituição. Encarna o grau
weil der Wunsch in einer anderen Form zu
zero que tanto teria marcado as poéticas
denken, schon darin enthalten ist – sensibel,
contemporâneas. Nessa amarração de atos/
sensorisch zu denken, das noch nicht artiku-
afetos, a retomada do mito de Camus por Beuys
lierte zu denken, das Unbedachte.
propõe a arte como uma pergunta sobre os
limites do ato criativo: dúvida que se transforma Ricardo Basbaum
em crença e atravessa a obra do artista alemão. Hier erscheinen die Fragen, hervorgerufen von
Um quiasma entre arte e vida marca também Kunstwerken, die mit ihrer Art das lebendige
radicalmente as ações do Grupo Empreza. Tuch der Welt auseinanderfalten, überraschen,
Arrastão toca de modo atroz esses limites, indem sie eine potentiell kritische Bewegung auf-
testando as franjas da vida civil na metrópole lodern lassen.8 Es ist eine Zeichnung, ein offenes
mestiça 9
do século 21, lugar dos impulsos „unbedachtes“ Dispositiv, das sich im Ergründen
antagônicos. “Suprimindo os juízos de valor folgender zwischen-räumlicher Bereiche formt:

Arrastão na Avenida Paulista


Bandenüberfall auf der Paulista
São Paulo, 2009
Foto Grupo Empreza

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tradicionais, Sísifo introduz aqui um novo valor, Territorien und Intensität. Diese Werke versuchen
aquele do herói absurdo: o homem que não tem Räume zu bewegen, indem sie dynamische und
mais nenhum sistema de valores hereditário”.10 provisorische Landkarten erzeugen, schon weil, wie
Antonio Negri in einem seiner „Neun Briefe über
Um jovem de terno e gravata deixa um edifício
Kunst“9 schreibt, „die einzige vorliegende Alterna-
na Avenida Paulista e segue para seu hotel, várias
tive für denjenigen, der die Einöde des Abstrakten
quadras adiante. Dá alguns passos, atira-se ao
durchquert hat, ist die der konstituierenden Kraft.“
solo, e assim segue, enfrentando ondas de caos
ao longo de muitos quarteirões, arrastando seu Arrastão na Paulista10 bringt etwas von einem ab-
corpo pelas calçadas e pelo asfalto das transver- surden Helden mit sich, dem von Joseph Beuys
sais. Em seu estranho deslocamento, colado ao aktualisierten Sysiphos: die ewige Wiederkehr der
chão, lança interrogações a cada respiro. Essa se- poetischen Aufgabe, die Kunst, die auf ihren be-
ria uma das partituras possíveis, mas sabemos do stehenden Konstitutionsrhythmus zurückgeführt
jeito enigmático, embora brutal, com que se dá wird. Er verkörpert die Nullstunde, welche die
a convocação/disposição dos corpos e da lingua- zeitgenössischen Poetiken so sehr gekennzeich-
gem, nas performances do Empreza. Os artistas net hatte. Mit dieser Verknüpfung von Handlung
de Goiás propõem exercícios que giram em torno und Zuneigung, schlägt Beuys mit der Wiederauf-
da potência poética extraída de um embate ao nahme des Mythos von Camus, die Kunst als eine
vivo com a alteridade… a matéria, os elementos, Frage über die Grenzen der kreativen Handlung
os fluidos, as ténèbres bourrées d’organes, con- 11
vor: Zweifel, der sich in Glaube verwandelt und
tato enfim com outros corpos, em estado de tur- das Werk des deutschen Künstlers durchzieht. Ein
bulência, algo que sempre promete mudança. E Chiasma zwischen Kunst und Leben kennzeichnet
talvez essa região movediça, esse corpo grupal, 12
ebenfalls radikal die Handlungen der Grupo Emp-
possa evocar narrativas, transversalmente. reza. Arrastão berührt diese Grenzen auf grausa-
me Art und Weise, indem es den Rahmen des bür-
Em ações-tarefa que se desenvolvem entre o ato e
gerlichen Lebens der Mischlings-Metropole11 des
a matéria, seguindo a tradição desde Gutai, Beuys
21. Jahrhunderts testet, Ort der antagonistischen
e Abramovic, o Empreza propõe um contato
Impulse. „Indem er die Richter des traditionellen
renovado do corpo com a externalidade do
Werteurteils vertilgt, führt Sysiphos hier einen
mundo, sempre atravessado por um uso peculiar,
neuen Wert ein: denjenigen des absurden Helden:
extremamente afetivo, da linguagem. De tão
Der Mann, der überhaupt kein geerbtes Wertesys-
intenso, esse uso provoca uma dimensão secreta,
tem mehr hat.“12
ativa uma enervação que altera o corpo vivido em
superfície, disponível, aberto ao mundo, em estado Ein junger Mann in Anzug und Krawatte
grupal. Assim, a ação acaba por fazer vibrar o verlässt ein Gebäude der Avenida Paulista
entorno, em um ciclo. Ouroborus. Estranhamento [Hauptstraße São Paulos] und geht in Richtung
e empatia: um ‘mergulho ao avesso’, 13
na esfera seines Hotels, mehrere Blöcke weiter. Er macht
das micropercepções. A tonalidade poética do einige Schritte, wirft sich auf den Boden, und
Empreza, de acento empático, está em tensão geht so dem Strom des Chaos trotzend viele
com esse misto de conflitos que cada trabalho Häuserblöcke entlang weiter, indem er seinen
pode envolver. Assim se daria com Sangue bom, Körper über den Bürgersteig und den Asphalt

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Carma ideológico, Beijo. Experimentado na der Querstraßen schleift. Mit seiner komischen
duração, o desenho de cada uma dessas ações Fortbewegungsweise, auf den Boden gepresst,
tende a abrir-se – a construção das partituras wirft er bei jedem Atemzug diverse Fragen auf.
quase sempre ‘depende’ de sua abertura ao Das wäre eine der möglichen Partituren, jedoch
campo de eventualidades, à indeterminação do die rätselhafte, obgleich brutale Art ist uns
play. As disposições físicas e mentais, dividuais, bewusst, mit der die Einberufung bzw. Plazierung
tendem a reconfigurar-se a cada ato. der Körper und der Sprache stattfindet, in den
Performances der Empreza. Die Künstler aus Goiás
Um certo apego ao mundano e um estranhamen-
verwirklichen Übungen, die um die poetische
to, um desejo de desfazer o real, para atualizá-lo
Kraft kreisen, die bei einem Live-Zusammenstoß
em zonas transitórias: beber o sangue do outro,
mit dem Anderssein extrahiert wird. … Die
carregar outro corpo pelas ruas, jogar-se contra
Materie, die Elemente, die Fluide, die ténèbres
os pilotis do palácio, os portais da igreja, os mu-
bourrées d’organes,13 also der Kontakt zu anderen
ros da galeria de arte, escarificar a pele no pátio
Körpern, im Zustand der Aufregung, ist etwas das
do museu, arrastar o corpo pelo solo da avenida.
immer eine Veränderung verspricht und vielleicht
Provocações da potência constituinte, as ações do
als sich bewegender Raum, dieser Gruppenkörper14
Empreza estabelecem diferentes pactos de con-
transversive Erzählungen hervorrufen kann.
vivência ao propor jogos momentâneos em que
tarefas ordinárias trocam de lugar com o extraor-
In Sonderaktionen, die sich zwischen den
dinário, delineando configurações carnais, mistas,
Handlungen und der Materie entfalten, regt
abertas ao fluir: estruturas-duração?
die Empreza der Tradition seit Gutai, Beuys und
Arrastão na Paulista atualiza um campo de possí- Abramović einen erneuten Kontakt des Körpers
veis: camadas de história, story, e de experiência. mit der Externalität der Welt, immer von einem
A ação traz latente uma tonalidade melancólica besonderen, extrem affektiven Gebrauch der
em pleno humor XL. Faz pensar em Merz, Kathe- Sprache durchzogen, an. Von einer solchen
drale des erotischen Elends. Pois no potencial en- Intensität provoziert der Sprachgebrauch
trelaçamento do degoût Dada com a vontade de eine geheime Dimension und aktiviert eine
arte expressionista, podemos perceber um traço Neuroverbindung, welche die oberflächliche
do impulso transgressor, delirante, que marca o Lebhaftigkeit zu einem verfügbaren, der Welt
território performativo do Empreza. Implicado no offenen, in kollektivem Zustand befindenden
mundo, o significado dos trabalhos do grupo qua- Körper umwandelt. Auf diese Weise endet die
se sempre depende de modo radical da zona de Handlung damit, dass die Umgebung zyklisch
contatos engendrada, que modifica uma partitu- mitvibriert. Ouroborus. Entfremdung und
ra inicial, deflagrando novas maneiras de pôr em Empathie: ein Eintauchen in das Umgekehrte15, in
relação uns e outros corpos. A arte como ‘sutura der Sphäre der Mikrowahrnehmung. Die poetische
entre vidas’: o desejo de comunicação manifesta
14
Nuance der Empreza, mit empathischem Akzent,
aí um romantismo pós-existencial. Entre a pulsa- steht in Spannung mit dieser Mischung aus
ção da vida, a entrega ao outro e à externalidade, Konflikten, die jede Arbeit nach sich zieht. So war
a cultura da performance, as artes visuais, a poe- es auch mit Sangue bom, Carma ideológico, Beijo.
sia [o campo da visualidade, mas também aquele [Gutes Blut, Ideologisches Karma, Kuss]. Auf Dauer

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 229


Mar e Eros. Performance realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Meer und Eros. Performance verwirklicht im Museum für Moderne Kunst von Rio de Janeiro, 2011
Fotos Grupo Empreza

dos enunciados da história da arte, das narrativas erlebt, neigt die Zeichnung jeder einzelnen dieser
clássicas, dos mitos do oeste do Brasil…], enfim Handlungen dazu, sich zu öffnen. Der Aufbau der
as ações do Empreza exploram múltiplas regiões, Partituren hängt fast immer von seiner Offenheit
trabalhando em termos de microssensorialidades, im Bereich der zufälligen Umstände, in der
transmutando relações em intensidades. Visan- Unbestimmtheit des play, ab. Die physischen und
do os limites da carne, as peças têm forte carga mentalen, individuellen Dispositionen, versuchen
afetiva, fazendo apelo à imaginação: trata-se de sich in jeder Handlung neu zu gestalten.
movimentos que entrelaçam atualidades e virtua-
Einen gewissen Hang zum Weltlichen und eine
lidades. As imagens desempenhadas resvalam em
Entfremdung, einen Wunsch das Reale aufzulösen,
clichês, crenças, mitos, mas propõem, em sua vi-
um es in einer Übergangszone zu aktualisieren:
bração carnal, novos pactos de leitura, novos dia-
das Blut des andern zu trinken, einen anderen
gramas de comportamento – como algo urgente,
Körper durch die Straßen zu tragen, sich gegen
à flor da pele, do mundo.
die Säulen des Palastes, die Tore der Kirche oder
Em Arrastão na Paulista, o feixe de nervos que die Mauern der Kunstgalerie zu werfen, sich im
se desloca pelo chão da avenida reescreve situa- Hof des Museums die Haut zu skarifizieren, indem

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ções, tranformando a mútua adesão dos corpos. man seinen Körper über den Boden der Straße
Mar e Eros, realizada no grande vão externo do schleift. Provokationen der konstituierenden
MAM do Rio, ativa a membrana de contato entre Kraft, die Handlungen der Empreza bestimmen
o corpo grupal e o museu – espaço que se recria verschiedene Pakte des Zusammenlebens,
pela ação da arte, “do saguão ao mar”.15 A ação wenn sie momentane Spiele, bei denen das
pode evocar capas, Parangolés. Os limites são ex- Außergewöhnliche an Stelle von alltäglichen
perimentados nos cortes na pele, atraindo escritas Aufgaben tritt, vorschlagen, indem sich leibliche,
diferentes, flertando com o excesso, o transbor- gemischte fließende Konfigurationen abwechseln:
damento. José Gil observa que “a pele encarna o Strukturen-Dauer?
interior”, “a pele marca uma fronteira para que
a passemos”.16 Os termos do trabalho se deixam Arrastão na Paulista aktualisiert ein Feld von
instaurar no exercício de um ‘corpo disponível’, Möglichkeiten: Schichten von Geschichte, sto-
ry, und von Erfahrung. Die Aktion bringt latent
no fio da lâmina que desenha letras de sangue.
eine melancholische Nuance im XL-Humor mit
Mar e Eros reinstaura corpos e situações, movi- sich. Sie lässt an Merz, die Kathedrale des ero-
mentando imagens readymade. Repercute a sel- tischen Elends denken. Denn in der möglichen
vageria que invade o MAM com Oiticica e sua Verflechtung von degoût Dada mit dem Verlan-
“legião de hunos… em um cortejo que mais pa- gen nach der expressionistischen Kunst, können

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 231


recia uma congada feérica com suas tendas, es- wir eine Spur des grenzüberschreitenden, über-
tandartes e capas”. Além da descrição que Waly
17
spannten Impulses wahrnehmen, welcher das
Salomão faz da apresentação dos Parangolés em performative Territorium der Empreza kennzeich-
Opinião 65, lembramos aqui duas imagens fortís- net. In die Welt verstrickt, hängt die Bedeutung
simas dos selvagens do MAM, parte da história der Arbeit der Gruppe fast immer auf radikale Art
contemporânea do Rio de Janeiro: a fotografia de und Weise von hervorgebrachten Kontaktzonen
Corpobra, ação de Antonio Manuel, e o filme que ab, die eine anfängliche Partitur abändert, indem
registra Barrio e o desenrolar de PH no parque do sie auf neu Art die Körper miteinander in Bezie-
museu, rumo ao mar. hung bringt. Die Kunst als Naht zwischen Leben:16
der Kommunikationswunsch zeigt sich hier als
O Empreza parece propor uma escrita que pres-
eine Art postexistentialistische Romantik. Zwi-
ta homenagem e desafia essa arte-processo.
schen dem Pulsschlag, der Auslieferung an den
As situações geram uma pulsação nevrálgica:
Anderen und an die Externalität, der Kultur der
carne. Em Arrastão na Paulista, o contato do
Performance, der bildenden Kunst, der Poesie
corpo do performer com a calçada, ao longo de
(das Feld des Visuellen, aber auch dasjenige der
muitas quadras de percurso-tarefa, acaba por
Äußerungen der Kunstgeschichte, der klassischen
tingir a camisa branca do uniforme-Empreza
Erzählungen, der Mythen von Westbrasilien … ),
com novos traços, vestígios de vivências. São
kurz die Handlungen der Empreza beuten ver-
marcas agregadas ao corpo grupal, enfatizando
schiedenste Bereiche aus, indem sie im Rahmen
as múltiplas direções dos gestos dativos. A par-
der Mikro-Sinnlichkeit arbeiten und Beziehungen
titura de Mar e Eros anuncia que dois homens
in Intensitäten verwandeln. Die Grenzen des Flei-
terão as palavras inscritas na pele de seu dorso,
sches anvisierend besitzen die Stücke eine stark
letras que permanecerão impressas para sempre
affektive Last, indem sie an die Vorstellungskraft
em seus corpos, mas tingirão ligeiramente de appellieren: es handelt sich um Bewegungen,
sangue suas capas/estandartes. A pele é o que die Aktualitäten und Virtualitäten miteinander
há de mais profundo, já que aberta à dimen- verflechten. Die ausgelösten Bilder gleiten in Kli-
são da carne, pura mistura; mas em Arrastão, é schees, Glauben, Mythen ab, aber sie schlagen
como se tudo isso irrompesse em desmedida. E mit ihrer leiblichen Schwingung neue Pakte der
um lirismo metropolitano parece ser ativado aí, Lektüre, neue Verhaltensmuster vor, wie etwas
inframince, em sua própria impossibilidade. Um Dringendes, in der Blüte der Haut, der Welt .
certo postergar do sentido produz um estreme-
In Arrastão na Paulista schreibt das Nervenbün-
cimento, uma diferença poética. O ritmo é o da
del, das sich über den Boden der Straße bewegt,
transformação constante.
Situationen um, indem es die gegenseitigen An-
Este ensaio quer aproximar-se dessas proposi- heftungen der Körper verändert. Mar e Eros [Meer
ções a partir da inspiradora ORGRAMURBANA, und Eros], das im großen äußeren Hof des MAM
situação criada no Aterro, expandida ‘do saguão von Rio inszeniert wurde, aktiviert das Kontakt-
ao mar’: “Era então a palavra ação num espaço membran zwischen dem Gruppenkörper und
mondrianesco, onde o corpo integrava a palavra, dem Museum, den Raum, der durch die Kunst-
sem instrumentação de suportes materiais. Um handlung wiedergeschaffen wird, “vom Innenhof

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pós-Parangolé de Oiticica dissolvido no espaço- zum Meer”17. Die Handlung kann Umhänge, Pa-
corpo coletivo.” 18
rangolés hervorrufen. Die Grenzen werden durch
Einschneidungen der Haut erlebt, zu andersar-
Ao retomar essa manifestação, ou ainda Apoca-
tigen Schriften verlockend, sich dem Exzess, der
lipopótese, em um Aterro aberto à arte, redesco-
Überschreitung annähernd. José Gil beobachtet,
brimos a potência de modos de ser, de pensar a
experiência urbana, que surge como algo discre- dass “die Haut das Innere verleiblicht”, “die Haut

pante. Ações poéticas no auge do esgarçamen- kennzeichnet eine Grenze, damit wir sie über-

to da possibilidade de qualquer ação, em pleno schreiten”18. Die Bedingungen der Arbeit lassen

AI-5: “O Aterro, do saguão ao mar mais pensar sich mit der Übung von einem verfügbaren Körper

agindo: ORGRAMURBANA, a quase corporalida- einleiten, in der Schärfe der Klinge, welche Buch-

de da significação.”19 staben aus Blut zeichnet.

Assim, sob o regime ‘pós-existencial’, repercutem Mar e eros setzen Körper und Situationen durch
múltiplas questões, respostas, provocações, vin- bewegende readymade Bilder erneut ein. Es lässt
das de obras que tentam contato com o tecido die Wildheit widerhallen, die das MAM mit Oiticica
entrópico da metrópole, assumindo o desgas- und ihrer “Legion der Hunnen … in einem Umzug,
te daquelas oposições em tudo nítidas. Lidando der mit seinen Zelten, Fahnen und Umhängen eher

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 233


com as condições do Bigness,20 essas proposições eine phantastische Congada [ein traditionelles und
artísticas insistem em reinventar o ritmo incerto populäres Fest in Brasilien] zu sein schien”19 einge-
de nossas cidades pós-industriais. “Bigness não é nommen hat. Außer der Beschreibung, die Waly
mais parte do tecido urbano”,21 afirma Rem Ko- Salomão von der Präsentation der Parangolés an
olhaas, ao descrever as modalidades que levam der Ausstellung Opinião 65 gemacht hat, erinnern
à permanente redefinição das intenções do urba- wir uns hier an zwei sehr starke Bilder des Wilden
nismo, da arquitetura, da arte sob o regime XL:
des MAMs, Teil der zeitgenössischen Geschichte
“se Bigness transforma a arquitetura, suas acu-
von Rio de Janeiro: die Fotografie von Corpobra,
mulações geram um novo tipo de cidade”.22
Kunstaktion von Antonio Manuel, und der Film,
der Barrio aufzeichnet und der Ablauf des PHs in
Do concreto ao mar Richtung auf das Meer im Park des Museums.

Assim então, deslizando de diferença para dife- Die Empreza scheint jenes Schreiben auszuüben,
rença, configuram-se situações expandidas ‘do das diesen Kunstprozess ehrt und herausfordert.
concreto armado ao mar’, como manifesta o tex- Die Situationen erzeugen einen neuralgischen
to que aparece na coluna Plug, de Torquato Neto, Pulsschlag: Fleisch. In Arrastão na Paulista führt
sobre “o pós-conceito de ORGRAMURBANA, der Kontakt des Körpers des Performers mit dem
onde os projetos se deixam desintegrar na cidade Bürgersteig viele Blöcke der Sonderstrecke entlang
ou do concreto ao manter sobre o aterro água – soweit, dass das weiße T-Shirt der Empreza-Uni-
segurar a palavra ou a água aterrada”.23 Parece form sich mit neuen Merkmalen und Spuren des
muito vívida essa passagem, ao entregar tanto Erlebnisses verfärbt. Das sind dem Gruppenkörper
do clima do momento no Rio, de mesmo modo zuzuordnende Kennzeichen, indem sie zahlreiche
que os escritos de Hélio Oiticica de Nova York [“o Richtungen der darbietenden Gesten betonen.
q eu faço é música”] têm algo das performances Die Partitur von Mar e Eros kündigt an, dass zwei
camp de Jack Smith. Seria preciso dizer que esta- Männer sich Wörter in die Haut ihrer Rücken ein-
mos lidando com movimentos da arte que são pura ritzen lassen, also Buchstaben, die für immer auf
intensidade: experiências-limite [tomando o termo ihren Körpern sichtbar werden bleiben, die ihre
emprestado de Oiticica]. Tal condensação, quem Umhänge bzw. Fahnen aber nur flüchtig mit Blut
sabe inspirada na Conversa infinita, de Maurice verfärben werden. Die Haut ist das, was am tiefs-
Blanchot,24 nomeia provisoriamente, no contexto ten ist, schon weil sie zur Dimension des Fleisches
de uma carta, o desdobramento de “um tipo de geöffnet ist, pure Mischung; aber in Arrastão ist
experiência que se coloca nos limites de um tipo es, als ob das alles in die Maßlosigkeit einbrechen
de produção positiva e de negação de produção: würde. Und eine großstädtische Lyrik scheint dort
q não quer ser obra mas q quer manifestar-se no aktiviert zu werden, inframince, in seiner eigenen
tempo e no espaço e q por isso mesmo é contra- Unmöglichkeit. Eine gewisse Bedeutungsverschie-
dição e limite”.25 Oiticica iria revelar nesse escrito
bung erzeugt eine Erschütterung, einen poeti-
um dos aspectos da arte na era da indetermina-
schen Unterschied. Der Rhythmus ist derjenige,
ção, do propor-propor26 – a transgressão, o trans-
der konstanten Verwandlung.
bordamento que se traça nos próprios limites da
relação arte e mundo: “produção positiva de viver Dieser Essay soll sich diesen Thesen von der in-
negativo, voilà!”27 spirierenden ORGRAMURBANA20 ausgehend an-

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Buscando esquentar essas margens problemáticas nähern, einer Situation, die im Aterro geschaffen
da arte, interessa aqui, finalmente, trazer o termo und vom “Innenhof zum Meer” erweitert wurde:
instaurações situacionais. Em um belo escrito tar-
Das handelnde Wort war also in einem
dio, de fevereiro de 1979, Oiticica parece querer
mondrianischen Raum, wo der Körper das
estabelecer uma espécie de partitura mínima ri- Wort beinhaltete, ohne Vermittlung ma-
gorosa: “procurar dirigir as experiências para uma trieller Grundlage. Ein in einem kollektiven
direção em q o que for feito ou proposto não seja Raum-Körper aufgelöstes Post-Parangolé
algo q se reduza ao contemplativo ou ao espetá-
von Oiticica.21
culo: que sejam instaurações situacionais”.28
Um auf diese Darbietung zurück zu kommen,
Sem que se desfaça o vínculo estreito dessa pro- oder noch Apocalipopótese [kollektive experimen-
posição com alguns trabalhos de HO, como Caju telle Kunstveranstaltung 1968 im Aterro de Fla-
Projeto in Progress, Delirium Ambulatorium, Mitos mengo, wo sich das heutige MAM von Rio de Jan-
Vadios, entre outros conectados em uma espécie eiro befindet]. In einem für die Kunst geöffnetem
de sistema, ou arranjo poético, em constante Aterro [Erdaufschüttung], finden wir die Kraft der
desdobramento,29 a passagem citada indica um verschiedenen Arten und Weisen des Seins, des
caminho potente para pensar a diferença de tra- Denkens über die städtische Erfahrung wieder, die
balhos recentes que se insinuam em busca da in- als Diskrepanz erscheint. Poetische Handlungen
venção de ‘programas situacionais’, permitindo mit dem Höhepunkt des Zerreissens der Möglich-
uma linha de leitura local e provisória do termo. keit jeglicher Handlung, mitten im AI5 [instituti-
onalles Gesetz Nummer 5, die 1968 den Natio-
Em Oiticica, Instaurações situacionais, Caju, Ma- nalkongress schloss und die Diktatur verstärkte]:
nhattan brutalista, Contra-bólide são proposições “Der Aterro, vom Innenhof bis zum Meer, eher
que acabam por revelar lugares em desuso, amea- handelnd zu denken: ORGRAMURBANA, die quasi
çados por novos contornos dados à cidade, traga- Körperlichkeit des Sinnes.22
da desde sempre em uma dinâmica espetacular e
Auf diese Weise, unter dem post-existentiellen
gerida por máquina que parece antenada com o Regime, wirken vielfältige Fragen, Antworten,
controle, sem deixar de manifestar certo desejo Provokationen nach, die von Werken kommen,
por estratégias que lembram demais os tenebro- welche den Kontakt mit dem entropischen Ge-
sos tempos da ditadura militar. webe von der Metropole aufzunehmen versu-
chen, indem sie die Abnutzung jener vorallem
Estamos diante da mesma pergunta: o que
deutlichen Widerstände zu erkennen geben. In-
pode a arte?
dem sie mit den Bedingungen von Bigness23 um-
gehen, legen diese künstlerischen Darbietungen
Cecilia Cotrim é historiadora da arte. Concentra suas Wert darauf, dass der ungewisse Rhythmus un-
pesquisas no campo da arte moderna e contemporânea, serer post-industriellen Städte wieder umgestellt
tanto debatendo a relação entre arte e cidade como wird. “Bigness ist nicht mehr Teil des städtischen
problematizando processos artísticos distintos, como a Gewebes”24, versichert Rem Koolhaas, indem er
escrita, a performance e o cinema. É graduada em Co- die Modalitäten beschreibt, die zu der ständigen
municação Visual pela PUC-Rio e possui doutorado em Neudefinition der Intentionen des Urbanismus,

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 235


História da Arte, Université Paris I (Panthéon-Sorbonne). der Architektur und der Kunst unter dem XL-Re-
Com Glória Ferreira, organizou as coletâneas Escritos de gime führen: “wenn Bigness die Architektur ver-
artistas anos 60-70 (2006) e Clement Greenberg e o de- ändert, werden seine Akkumulationen eine neue
bate crítico (1997). Art von Stadt erzeugen.”25

Notas Vom Beton zum Meer

1 Shibuya, Yann Beauvais 2003, vídeo exibido com So also, von Unterschied zu Unterschied glei-
projeção no solo [coleção do MNAM, Centre Georges tend, gestalten sich also Situationen, die sich vom
Pompidou]. Stahlbeton zum Meer ausbreiten. Genau wie der
2 Em uma de suas notas reunidas na boîte verte, Mar- Text zeigt, der in der Rubrik Plug von Torquato
cel Duchamp escreve: “READYMADE RÉCIPROQUE: Se Neto erscheint, über… „das Postkonzept von OR-
servir d’un Rembrandt comme planche à repasser”. GRAMURBANA, bei dem die Projekte in der Stadt
Duchamp du signe. Paris: Flammarion, 1994:49. oder vom Beton losgetrennt werden, indem das
3 Hubert Damisch escreve sobre Titus, de Rembrandt: Wasser auf dem Aterro erhalten bleibt– das Wort
“esse olhar oblíquo (...) quer que o quadro não sir- oder das zugeschüttete Wasser festhält.“26 Dieser
va a nenhuma visada que não tome logo a primeira
Übergang erscheint sehr lebendig, indem so viel
tangente...” Referência à operação destacada como
über die derzeitige Atmosphäre von Rio verraten
“diagonal do louco”, no belo livro L’Amour m’expose.
wird. Auf die gleiche Art und Weise wie die Schrif-
Paris, Klincksieck, 2007.
ten von Hélio Oiticica über New York [“was ich
4 Mar e Eros, Grupo Empreza. Festival Performance
mache ist Musik”] hat es etwas von den Perfor-
Arte Brasil, MAM, Rio de Janeiro, março de 2011.
5 Ver Furor de arquivo, Arte & Ensaios. Revista do Pro- mances „camp“ von Jack Smith. Es wäre nötig zu
grama de Pós-graduação em Artes Visuais – EBA/UFRJ. sagen, dass wir uns mit Bewegungen der Kunst
Rio de Janeiro, ano XVII, n.19, 2009. beschäftigen, die pure Intensitäten darstellen:
6 Devo essa intuição a Giuseppe Cocco, em palestra Grenzerfahrungen (um den Begriff von Oiticica zu
na Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro, em 4 de abril de verwenden). Eine solche Verdichtung, wer weiß
2013. ob nicht inspiriert von dem L‘entretien infini [Das
7 Podemos aqui pensar na ideia de uma ‘paisagem Unendliche Gespräch] von Maurice Blanchot27,
crítica’, segundo a leitura que Nelson Brissac Peixoto provisorisch im Kontext von einem Brief benennt
faz da obra de Robert Smithson. Ver Paisagens críticas. er die Folgen von „einer gewissen Erfahrung, wel-
São Paulo: Senac, 2010.
che sich an die Grenzen zwischen einer gewissen
8 Antonio Negri. Neuf lettres sur l’art. Ver Lettre
positiven Produktion und einer Verneinung der
à Silvano sur l’événement, de 24 de dezembro de
Produktion bringt: die kein Werk sein will, sondern
1988. In Art et multitude. Paris: Mille et une nuits,
sich in der Zeit und im Raum manifestieren will
2009:99.
und die genau deshalb Widerspruch und Grenze
9 Ver Antonio Negri, Dispositivo metrópole: a mul-
tidão e a metrópole. Lugar Comum, Rio de Janeiro: ist”28. Oiticica würde in dieser Schrift einen der
ECO-UFRJ-Universidade Nômade, n.25-26, maio- Aspekte der Kunst in der Ära der Indetermination
dez. 2008:202. veranschaulichen, derjenige des Das-Vorschlagen-
10 Joseph Beuys. “Camus – Le mythe de Sisyphe”. In Vorschlagens29, der Übertretung, des Überlaufens,

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Joseph Beuys [cat.]. Paris: Centre Georges Pompi- welche sich auf den eigenen Grenzen der Bezie-
dou, 1994:87. hung zwischen Kunst und Welt konzipiert: „posi-
11 Ver Maurice Merleau-Ponty, Le Visible et tive Produktion vom negativen Erleben, voilà!”30
l‘invisible. Paris: Gallimard, 1961:182. Devo a
sugestão a Paulo Veiga Jordão.
Mit dem Versuch diese problematischen Grenzen
12 Sugestão de Edson Barrus, em conversa com o der Kunst auflodern zu lassen, scheint es hier sinn-
Grupo Empreza. Rio de Janeiro, julho de 2013. voll, den Begriff situationistische Aufstellungen
13 Ricardo Basbaum, “Dentro d’água”, in Regist(R)os, einzuführen. In einer späten Schrift, vom Februar
Porto: Museu Serralves, 2000:22. 1979, scheint Oiticica eine Art von minimal stren-
14 A expressão faz parte de uma espécie de glossá- ger Partitur begründen zu wollen, indem er ver-
rio de termos, desenvolvido nas reuniões dos mem- sucht die Erfahrungen in eine Richtung zu leiten,
bros do GE. in der das Gemachte oder Vorgeschlagene nicht
15 Luiz Otavio Pimentel, invadindo a coluna Geleia etwas ist, was sich auf die [ästhetische] Betrach-
Geral, de Torquato Neto, “sobre Orgramurbana. tung oder das Spektakel reduzieren lässt, sondern
Como uma carta para Hélio Oiticica”, 9 de dezem- situationistische Aufstellungen sind.31
bro de 1971. In Paulo Roberto Pires (org.). Torquato
Neto, 1944-1972, Torquatália. Rio de Janeiro: Roc- Ohne dass sich die genaue Verbindung von die-
co, 2004:322. sem Ansatz mit einigen Arbeiten von Hélio Oi-
16 José Gil. A imagem-nua e as pequenas percep- ticica auflöst, wie beispielsweise Caju Projeto in
ções. Lisboa: Relógio d’Água, 2005:58. Progress, Delirium Ambulatorium, Mitos Vadios,
17 Waly Salomão. Hélio Oiticica. Qual é o Pa- unter anderen, die in einer Art System miteinan-
rangolé? e outros escritos. Rio de Janeiro: Rocco, der verbunden sind, oder eine poetische Zusam-
2003:59. menstellung, in ständiger Entfaltung32, zeigt der
18 Luiz Otavio Pimentel, coluna Plug, 26 de junho zitierte Ausschnitt einen wirkungsvollen Weg auf,
de 1971. In Pires, op. cit.:193. um die Andersartigkeit der jüngsten Arbeiten zu
19 Luiz Otavio Pimentel, coluna Geleia Geral, 9 de erfassen, die sich einschleichen, auf der Suche
dezembro de 1971. In Pires, op. cit.:322. nach der Erfindung situationistischer Programme,
20 Segundo Rem Koolhaas, “Bigness ao mesmo indem eine lokale und dem Begriff nach provisori-
tempo proclama a morte do espaço público e
sche Lektürelinie etabliert wird.
encontra um modo de acomodar o coletivo”.
Ver Thinking Big – John Reichman talks with Rem Oiticicas Situationistische Aufstellungen, Caju,
Koolhaas. Artforum, dez. 1994. Seu filme Lagos Manhattan brutalista und Contra-bólide spiegeln
seria outro estranho “manifesto” sobre o deslizar den Versuch, Orte aufzuzeigen, die nicht mehr
de acontecimentos antagônicos e a instabilidade genutzt und von neuen, der Stadt auferlegten
do dispositivo metrópole que, em última instância, Konturen bedroht werden. Die Stadt als solche
se confundiriam com as próprias condições de wird seit jeher in einer spektakulären Dynamik
Bigness. Sob esse regime, “o que aconteceu com o verschluckt und unterliegt einem Apparat, der der
urbanismo?” – essa é uma das perguntas cruciais
Kontrolle zu dienen scheint, wobei sich ein gewis-
propostas pelo arquiteto em SMLXL. Ver também
ser Hang nach Strategien, die sehr an die finstere
Junkspace, 2001, em tudo próximo do humor de
Zeit der Militärdiktatur erinnern, offenbart.
Robert Smithson e sua ênfase (precoce?) no residual,
em suas paisagens entrópicas e altamente críticas, e Wir stehen vor derselben Frage: was kann Kunst?

ARTIGOS | Crise s | BEITRÄ GE | KRISEN | Ce ci lia Cotrim 237


em ensaios como Tour aos Monumentos de Passaic, Cecilia Cotrim ist Kunsthistorikerin. Der Fokus ihrer
ou A entropia e os novos monumentos. Ver, de Forschung liegt im Bereich der modernen und zeitgenössis-
Nelson Brissac Peixoto, Paisagens críticas. chen Kunst. In dieser Hinsicht debattiert sie die Beziehung
21 Ver Bigness or the problem of large. In OMA, zwischen Kunst und Stadt und problematisiert ausserdem
Koolhaas, Rem, SMLXL, New York: The Monacelli unterschiedliche Kunstgenres wie das Schreiben, die Per-
Press, 1995:502. formanz und das Kino. Sie absolvierte ihr Studium in Vi-
22 In Koolhaas, op. cit.: 514. sueller Kommunikation an der PUC-Rio und promovierte
23 19 de junho de 1971 – artigo assinado por Luiz in Kunstgeschichte an der Universität Paris I (Panthéon-Sor-
Otávio Pimentel. bonne). In Zusammenarbeit mit Glória Ferreira hat sie den
24 Maurice Blanchot escreve, em L’Entretien infini Sammelband Escritos de artistas anos 60-70 (2006) und
(Paris: Gallimard, 1969:302): “A experiência-limite Clement Greenberg e o debate crítico (1997) organisiert.
é a resposta que encontra o homem quando decide
colocar-se radicalmente em questão.” Anmerkungen
25 Ver “Neville meu amor” carta de 21/07/1973,
1 Shibuya, Yann Beauvais, 2003, mit Projektor auf Bo-
em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/
den vorgeführtes Video [Sammlung von MNAM, Centre
enciclopedia/ho/home/index.cfm.
Georges Pompidou]
26 Em A obra, seu caráter objetal, o comportamen- 2 A.d.Ü.: Terreiro meint hier die an der Biennale von São
to, Oiticica anota: “O artista não é então o que de- Paulo geschaffene thematische Räumlichkeiten des Zu-
clancha os tipos acabados, mesmo que altamente sammenseins, die vor allem der Entspannung dienten,
universais, mas sim propõe propor, o que é mais aber auch für andere Aktivitäten wie Debatten und Pro-
importante como consequência” (grifo meu). In jektionen genutzt wurden.
Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 3 In einer von den in der “boîte verte” gesammel-
1986:120. ten Notizen schreibt Marcel Duchamp: “READYMA-
DE RÉCIPROQUE: Se servir d’un Rembrandt comme
27 Hélio Oiticica, ver “Neville meu amor”.
planche à repasser”. In Duchamp du signe. Paris,
28 caderno de Oiticica de fevereiro de 1979. Ver:
Flammarion, 1994, S. 49.
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enci- 4 Hubert Damisch schreibt über Titus, von Rembrandt:
clopedia/ho/home/index.cfm [grifos do artista] „dieser diagonale Blick […] möchte, dass das Bild nur
29 Em “Crelazer”, Oiticica escreve: “As proposi- derjenigen Perspektive dient, die nicht sogleich die erste
ções crescem e se desdobram nelas mesmas e nou- Fluchtlinie nimmt … “ Referenz zum als “Diagonale des
tras...”. Em Aspiro ao grande Labirinto, p. 115. Verrückten” hervorgehobenen Vorgang, im interessan-
ten Buch L’Amour m’expose. Paris, Klincksieck, 2007.
5 Mar e Eros, Empreza-Gruppe. Festival Performance
Arte Brasil, MAM, Rio de Janeiro, März 2011.
6 Siehe “Furor de arquivo”, in Arte & Ensaios. Zeitschrift
der Postgradualen Studiengänge der Bildenden Künste
– EBA. UFRJ. Jahrgang 17, Nummer 19, 2009.
7 Diese Erkenntnis verdanke ich Giuseppe Cocco, bei
einem Vortrag im Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro, am
4. April 2013.
8 Die Idee einer kritischen Landschaft kann hier durch-
Tradução/Übersetzung Angelika Wyss dacht werden, gemäss der Interpretation, die Nelson
Revisão Técnica/Technisches Korrektur Lesen Brissac über das Werk von Robert Smithson gemacht
Anne Essel, Marília Palmeira, Robin Resch hat. Siehe Paisagens críticas. São Paulo, SENAC, 2010.

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9 Antonio Negri. “Neuf lettres sur l’art”. Siehe “Lettre à 23 Laut Rem Koolhaas, “verkündet Bigness gleich-
Silvano sur l’événement”, vom 24. Dezember 1988. In zeitig den Tod des öffentlichen Raumes und findet
Art et multitude. Paris, Mille et une nuits, 2009. S. 99. eine Weise das Kollektive unterzubringen”. Siehe
10 Anmerkung des Übersetzers: Arrastão na Paulista “Thinking Big – John Reichman talks with Rem Kool-
ist ein zweideutiges Wortspiel, es bezeichnet zum ei- haas”. Artforum, Dez. 1994. Sein Film Lagos wäre ein
nen typische Bandenüberfälle in den brasilianischen anderer fremdartiger Aufruf zum Abgleiten von den
Großstädten und zum anderen weist es auf eine krie- antagonistischen Geschehnissen und der Instabilität
chende Fortbewegungsart hin. des großstädtischen Dispoitivs, das sich, in letzter
11 Siehe Antonio Negri in “Dispositivo metrópole: Instanz, mit den eigenen Bedingungen von Bigness
a multidão e a metrópole”. In Lugar Comum, Rio de verwechseln lassen würde. Unter diesem Regime, was
Janeiro, ECO-UFRJ-Universidade Nômande, Nr. 25- ist mit der Urbanisierung geschehen? - das ist eine der
26, Mai/Dez 2008, S.202.Joseph Beuys. “Camus – Le bedeutendsten Fragen, die vom Architekten in SMLXL
mythe de Sisyphe.” In Joseph Beuys [cat.]. Paris: Centre dargelegt wurden. Siehe auch Junkspace, 2001, in je-
Georges Pompidou, 1994, S. 87. der Hinsicht dem Humor von Robert Smithson nah und
12 Joseph Beuys. “Camus – Le mythe de Sisyphe.” In seiner Hervorhebung des Übriggebliebenen, in seinen
Joseph Beuys [cat.]. Paris: Centre Georges Pompidou, entropischen und höchst kritischen Landschaften und in
1994, S. 87. Essays wie “Tour aos Monumentos de Passaic”, oder “A
13 Siehe Maurice Merleau-Ponty, Le Visible et l‘in- entropia e os novos monumentos.” Siehe von Nelson
visible. Paris, Gallimard, S. 182. (Ich verdanke den Brissac Peixoto, Paisagens críticas.
Einfall Paulo Veiga Jordão.) 24 Siehe Bigness or the problem of large. In OMA,
14 Vorschlag von Edson Barrus, in einem Gespräch Koolhaas, Rem, SMLXL, New York: The Monacelli Press,
mit der Künstlergruppe Grupo Empreza. Rio de Janei- 1995:502.19
ro, im Juli 2013. 25 In Koolhaas, ebd.: 514.
15 Ricardo Basbaum, “Dentro d’água”, in Regist(R)os, 26 19 Juni 1971 – Artikel unterschrieben von Luiz Otá-
Museu Serralves, 2000, S. 22. vio Pimentel.
16 Der Begriff ist ein Bestandteil von einer Art eines Be- 27 Maurice Blanchot schreibt in L’Entretien infini: “Die
griffsglossars, das in den Sitzungen der Mitglieder der Grenzerfahrung ist die Antwort, die der Mensch findet,
Grupo Empreza entwickelt wurde. wenn er sich radikal in Frage stellt.” Paris: Gallimard,
17 Luiz Otavio Pimentel, der in die Rubrik Geléia Geral 1969, S. 302. 19 Juni 1971 – Artikel unterschrieben
von Torquato Neto eindringt, “Sobre Orgramurbana. von Luiz Otávio Pimentel.
Como uma carta Hélio Oiticica”, 9. Dezember 1971. in 28 Hélio Oiticica, siehe “Neville meu amor”. Brief von
Paulo Roberto Pires (org.). Torquato Neto, 1944-1972, 21/07/1973, in: http://www.itaucultural.org.br/aplicex-
Torquatália. Rio de Janeiro. Rocco, 2004, S. 322. ternas/enciclopedia/ho/home/index.cfm.
18 José Gil. A imagem-nua e as pequenas percepções. 29 Em A obra, seu caráter objetal, o comportamento,
Lisboa, Relógio d’Água, 2005, S. 58. Oiticica anota: “O artista não é então o que declancha
19 Waly Salomão. Helio Oiticica. Qual é o Parangolé? e os tipos acabados, mesmo que altamente universais,
outros escritos. Rio de Janeiro: Rocco, 2003, S. 59. mas sim propõe propor, o que é mais importante como
20 A.d.Ü.: Kollektives Event, dass in der unmittelbaren consequência” (grifo meu). In Aspiro ao grande labirin-
Umgebung des Museums der Modernen Kunst von Rio to. Rio de Janeiro: Rocco, 1986:120.
de Janeiro am 23 August 1970 unter Einbezug des Pu- 30 Hélio Oiticica, siehe “Neville meu amor”.
blikums stattfand und von den visuellen Dichtern Flam- 31 Heft von Oiticica vom Februar 1979. Siehe: http://
marion und Luís Otávio Pimentel realisiert wurde. www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia/ho/
21 Luiz Otavio Pimentel, Rubrik Plug, 26. Juni 1971. In home/index.cfm [Handschrift des Künstlers]
Torquato Neto, ebd.: 193. 32 In “Crelazer” schreibt Oiticica: “Die Ansätze wach-
22 Luiz Otavio Pimentel, Rubrik Geleia Geral, 9. Dezem- sen und entfalten sich in sich selbst und in den anderen
ber1971. In Pires, ebd.: 322. ...”In Aspiro ao grande Labirinto, S. 115.

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