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Essinate Tomas Natal

Análise da obra: o pátio das Sombras

Universidade Pedagógica
Maputo
2021

Essinate Natal
Análise da Obra: o Pátio das Sombras

Ensaio a ser apresentado no


Departamento de Português,
Faculdade de Ciências da
Linguagem comunicação e
Artes.
Professora: Sara Laisse

Universidade Pedagógica
Maputo
2021

Índice Pág.
1. Contextualização................................................................................................5

2. Análise da Obra (O Pátio das Sombras).............................................................6

2.1 Perspectiva Cultural ...........................................................................................7


2.2 Perspectiva Antropológica.................................................................................7/8
2.3 Perspectiva Linguística.......................................................................................7/8
3. Considerações Finais............................................................................................9
4. Referencias bibliográficas...................................................................................10
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Resumo

No presente trabalho vamos fazer análise da obra intitulada O Pátio das Sombras, escrito pelo autor
Moçambicano Mia Couto, onde faz ilustração dos Desenhos do artista plástico Moçambicano
Malangatana. Para nós fazermos a tal reflexão da obra vamos usar a corrente de abordagem
desconstrucionista, olhando para a visão cultural, antropológica e linguística. Frisar que, as obras do
artista Malangatana são bastante complexas exigem, no entanto, maior criatividade. Porque apresentam
imagens contendo várias cabeças, membros superiores e inferiores longas, folhas de plantas e algumas
aves. A obra na qual fizemos referência possui um vocabulário bastante rico e diversificado, a título de
exemplo: [os olhos dela cravavam-se, respondeu um lamento, como um eco longínquo, se emaranhou um
canto triste, enquanto ele corria pelo atalho, a colisão, a pulseira na algibeira, um rastulhar, os habitantes
da cabeça dela eclodiam, a cabeça da velha a estoirar]. Estimulando, deste modo, o leitor a imaginação.
Em algum momento, o leitor pode imaginar a vida após a morte, o regresso dos mortos nas mentes das
pessoas vivas, como é que os entes queridos aparecem nas nossas vidas, dentre outros vocábulos que dão
um prestigio linguístico enriquecido ao texto. No âmbito cultural, a obra nos mostra o quanto a oralidade
continua sendo fundamental na cultura moçambicana, os valores, as crenças, os conhecimentos, os
hábitos e costumes são transmitidos através da oralidade, em linha vertical, dos mais velhos aos menores
e vice-versa, pesar de estarmos na era digital, onde a tecnologia está a emergir. Na visão antropológica, a
avó do menino faz perceber ao neto que existe uma vida após a morte, que os entes queridos permanecem
vivos em nós, mesmo que não estejam conosco fisicamente.

Palavras-chave: reflexão sobre a obra O Pátio das Sombras; abordagem


desconstrucionista; visão (linguística, antropológica e cultural).

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1. Contextualização

O Pátio das Sombras faz parte das diversas obras escritas pelo moçambicano Mia
Couto, nascido na cidade da Beira, trabalhou como jornalista em diversos órgãos de
informação após a independência, onde assumiu a função de diretor. Formou-se em
Biologia e auxilia o trabalho de biólogo com a atividade de escritor. Na arte de
escrever, ele destaca-se como Contista e Romancista. Estreou a sua carreira de
escritor com a obra intitulada A Raiz de Orvalho em 1983, daí várias publicações
foram feitas ganhando diversos prêmios tais como: o prêmio do melhor romance, da
Associação dos Escritores Moçambicanos; o prêmio da Literatura infanto-juvenil
com o Gato e o Escuro recebido recentemente no Brasil. Esta obra Gato e o
Escuro foi traduzido em diversos idiomas como: alemão, francês, catalão, galego,
castelhano, inglês, italiano, holandês e outros.

Da sua vasta e rica obra destaca-se o romance Terra Sonâmbula que foi
considerada um dos 12 romances africanos do século XX. Brevemente foi editado o
seu último romance Jesusalém em Moçambique, Brasil e Portugal.

Olhando atentamente as obras de Mia Couto há sempre uma construção de


identidade, nos seus escritos, em Pátio das Sobras estimula ao leitor a imaginação
embrenhando-se na cabeça da avó os seus entes queridos. A medida em que os
filhos iam morrendo a cabeça começava a tornar-se muito grande.

Esperamos que a reflexão da obra, o Pátio das Sobras, traga uma singela
contribuição para os amantes das literaturas, no geral e das literaturas infanto-
juvenil, em particular e sirva de luz/ponte para futuras pesquisas.

A pesquisa estrutura-se da seguinte maneira: contextualização, na qual situamos a


biografia do autor, e oferecemos uma visão global da obra, no desenvolvimento
apresentamos a situação linguística, antropológica e cultural. Também fazem da
presente pesquisa as considerações finais nas quais abordamos com objectividade,
as informações apresentadas ao longo da discussão, assim como os nossos
comentários as contribuições trazidas pelo estudo. E por último apresentamos a
referência bibliográfica que permitiram o suporte do estudo.

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2. Análise da Obra: o Pátio das Sombras
2.1 Perspectiva cultural
A razão da escolha da obra o Pátio das Sombras tem como objetivo trazer a superfície
a competência crítica de diversos saberes em relação as obras literárias. Na perspectiva
cultural, enquanto um sistema de produção e recepção cultural que envolve a relação
de poder entre adultos e crianças na confluência de diversas áreas de transmissão de
valores, crenças, conhecimentos, hábitos e costumes são transmitidos através da
oralidade, como nos mostra na obra quando os netos pedem a avó para ajudar no
campus e, ela não pode ir porque sente muita cabeça.
Nesta ordem de ideia, estar com muita cabeça nos leva a refletir diferentes situações:
primeiro estar com uma dor de cabeça muito forte, o que impedia a velha de ir ao
campo; segundo estar muito pensativa e criar má disposição. O que de certa forma deixa
pessoa maldisposta. Ela pede aos netos para irem ao campo fazer a colheita para evitar
que os macacos e os porcos selvagens atacassem toda a machamba, e ela fica sentada
numa sombra. Podemos perceber neste pequeno trecho que a avó quer que os netos
aprendam a trabalhar a terra, como forma de prepará-los, ensiná-los a terem seu próprio
sustento, caso a avó parte desta para a melhor (morrer). Esta expressão " sente muita
cabeça" é ambígua e permite múltipla interpretação e dito isso, a uma criança torna-se
mais confusa.
Nesta transmissão de valores, as crianças são ensinadas a serem obedientes as pessoas
mais velhas como vimos na seguinte passagem: "O moço, obediente, já se afastava
quando a avó o chamou". Para que pudesse mostrar o que o menino carregava no seu
pulso e onde o teria achado aquela pulseira. Surpreendida a avó com a resposta do
garoto quando disse que havia achado perto da fogueira, porque a avó queria de volta
disse ao garoto que a mesma pertencia ao seu pai. Um enorme arrepio tomou conta do
agaroto porque o pai já havia morrido a algum tempo e como essa pulseira chegou a
fogueira. Em seguida, o neto estendeu a mão para que a avó lhe tirasse a pulseira.
Confuso com as palavras que ouviu da sua avó, o menino dirigiu-se ao campo, onde foi
mandado para ensacar os pés de milho. De repente, todos que trabalhavam na horta
suspenderam o trabalho porque ouviram barulho de festa que vinha da aldeia.
Admiraram-se porque não sabia o que estava acontecendo por lá e, mandaram o menino
ver o que estava acontecendo na aldeia. Quando o menino se aproximava da casa, ele
viu vultos (sombras que não representam figuras/objectos concretas), ruídos, risos que
se escapavam entre as árvores da floresta. Chegado a casa, o menino ficou ainda mais
confuso porque encontrou a avó sentada junto ao poço estava sozinha.
Espantado, o neto pergunta se a avó estava a chorar e, disse a ela que tinha sido enviado
para ver o que se passava na aldeia, porque escutavam-se vozes saindo da aldeia.
Atrapalhada, a velha respondeu que não se passava nada e questionou se o menino
ouviu alguma coisa. Ela queria tanto que o menino confirmasse o silêncio e, pediu para
ele lançar uma pedrinha no fundo do posso para ver se ainda tinha água.
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2.2 Perspectiva Antropológica
O pátio das Sombras é um conto tradicional da cultura Maconde, na perspectiva
antropológica são transmitidos alguns ensinamentos as crianças, no geral, e em
particular sobre continuidade da vida após a morte. Para os africanos, os mortos são
seres espirituais (as pessoas vivas não morrem por definitivo), mas podem locomover e
conviver com os vivos sempre objectivando a harmonia. E para manter esses seres
espirituais, as familiais moçambicanas fazem cerimónias/rituais tradicionais para evocar
os espíritos dos seus antepassados. Não são todos os indivíduos que conseguem se
comunicar com esses seres espirituais, no dia do ritual é convidado o médico tradicional
confiado pela família (vulgos curandeiros) acreditados na sociedade que conseguem
estabelecer a comunicação com os espíritos. Este, por sua vez, faz a comunicação com o
ser espiritual e depois faz saber a família o desejo do seu ente querido.
Retomando a história, no dia seguinte, quando os netos voltaram ao trabalho sucedeu o
mesmo e o menino foi mais uma vez enviado a aldeia, antes de chegar em casa avistou
um homem que vinha no sentido contrário. A colisão derrubou o menino e ficou
inconsciente, ao abrir os olhos viu algo caído no chão era a pulseira. E ele a recolheu de
imediato, e ele viu a sua avó estendendo o braço para o ajudar a levantar-se.
O garoto começa a dividir com a avó o grande segredo e detêm a
responsabilidade de não compartilhá-lo com mais ninguém. A quebra do sigilo
poderia deixar os mortos "Sem caminho de regresso. A avó torna-se a ligação
entre os dois mundos (dos vivos e dos mortos). E há, ainda, a preocupação com
segurança da mulher ". Se alguém descobrisse esse mistério, ela podia ser
condenada como feiticeira e podia mesmo tirar-lhe a vida. Mia Couto, 2018,
pág: 15.

2.3 Perspectiva Linguística

Esta história foi recontada através de ilustrações de diversas expressões linguísticas que
permitem o leitor refletir em relação ao conto, a título de exemplo: [os olhos dela
cravavam-se, respondeu um lamento, como um eco longínquo, se emaranhou um canto
triste, enquanto ele corria pelo atalho, a colisão, a pulseira na algibeira, um rastulhar,
os habitantes da cabeça dela eclodiam, a cabeça da velha a estoirar]. Olhando para a
variação de expressões permite imaginar o quão rico e vasto é a cultura Maconde e
oferece conhecimentos diversificados.

No terceiro dia, quando os netos se preparavam para ir ao trabalho no campo, a avó


pediu que o miúdo ficasse a fazer companhia. Os outros partiram sem ele, a velha
convidou o menino para se sentar ao seu lado, de mãos dadas, e se deixasse sonhar,
enquanto ela cantava uma canção de embalar.
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E o miúdo adormeceu e o sonho abriu dentro do garoto, um imenso quintal ondem


desembarcavam familiares falecidos. Os mortos apareciam cantando e dançando numa
grande festa como se estivessem embriagados. Quando um homem se aproxima ao
garoto e diz devolve a minha pulseira. Espantado o miúdo diz –Pai? Murmurando o
garoto diz não posso dar. Porque se lhe dar o senhor nunca mais vai regressar. Com
sorriso no rosto e comovido pelo sentimento do filho tocou na cabeça e disse "isso que
faço não é regressar, meu filho. Ninguém regressa após a morte – porque nós nunca
saímos daqui. Estamos vivendo aqui, convosco." O pai disse ao miúdo que os mortos
não morrem quando saem da vida, mas si morre quando são esquecidos. E pediu ao
miúdo continuar a sonhar. E por último, o miúdo entendeu que a única forma para os
vivos e os mortos conviverem juntos era através de sonho.
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3. Considerações Finais

O Pátio das Sombras é uma obra que reconta uma história da cultura Maconde, povo
nativo da província de Cabo Delgado, nos distritos de Mueda, Nangade, Muedube e
Macomia, distritos onde a população fala a língua Maconde. O conto fala de uma
mulher idosa, que vivia com seus netos e ela sepultava os filhos dentro da cabeça à
medida que iam morrendo, como forma de mantê-los vivos.

De tanta sepultura na cabeça, a velha começou a não sair de casa e, um belo dia quando
os habitantes da aldeia foram trabalhar no campo rebentou a cabeça da velha onde
saíram todos aqueles que ela havia sepultado, cantavam, dançavam numa grande festa.

Os que estavam no campo voltaram e surpreenderam a festa, mas quando se


aproximavam a casa, os mortos voltaram a cabeça e a idosa queixou-se de dores.
Quando os mortos saiam da cabeça a idosa se sentia aliviada e a cabeça não doía, mas
quando os mesmos voltavam aí vinha o drama da dor de cabeça e isso era frequente
quando ela ficava sozinha.

Quando a velha foi surpreendida na sua crença, pelos habitantes da aldeia foi colocada
numa jaula e mataram-na, onde foi acusada de feitiçaria, os espíritos ficaram sem
moradia e foram obrigados a conviver com os habitantes da aldeia. A aldeia encheu-se
de gente, enchendo-se de alegria porque a feiticeira já não estava no seu habitate.
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4. Referências Bibliografias
1. COUTO, Mia. O Pátio da Sombras. Ilustrações de Malangatana, Maputo,
Cayfosa, 2009.
2. Manual de Cultura e Literatura Moçambicana, Maputo, INDE, 2013.
3. SARAMAGO, João. A maior flor. Ilustrações de João Caetano, São Paulo:

Companhia das Letrinhas, 2001.

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