Direito Processual Civil - Conhecimento

Jurisdição, ação e processo

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

Nesta webaula, dedicaremo-nos a compreender os conceitos de jurisdição, ação e processo, assim como eles se
desdobram em institutos de máxima importância para o direito processual civil contemporâneo. A partir disso,
entenderemos a formação da relação jurídico-processual que se desenvolve por meio do processo.

Jurisdição
As relações sociais são, em regra, tuteladas pelo direito. O direito material conforma as situações da vida prática a
partir de normas jurídicas previstas no ordenamento jurídico-positivo. Diante do surgimento de problemas sociais,
verdadeiras contendas em torno de questões jurídicas, surge a possibilidade de acionamento do Estado para
resolvê-las, à medida que, salvo pontuais exceções, não se admite a justiça pelas próprias mãos (autotutela).

É por meio da jurisdição (poder-dever de dizer o direito) que o Estado empreende a resolução dos conflitos sociais.
A jurisdição é inerte, isto é, depende da provocação dos interessados. Ademais, uma vez em atuação, por meio do
pedido de tutela, substitui a vontade das partes, colocando fim, de maneira preferencial e privilegiada, à questão
submetida à apreciação pelo Estado-juiz: o mérito.

A jurisdição enquanto poder-dever do Estado de dizer o direito encontra-se em consonância com o direito
constitucional de ação (literalmente, a posição jurídica ativa fundamental de provocar a atividade jurisdicional). A
jurisdição tem como características:

A investidura (órgão competente).

Ser inevitável (sujeição aos seus efeitos ou caráter substitutivo).

Ser inafastável (direito fundamental de provocação da atividade jurisdicional).

Ser indelegável (impossibilidade de transferência do Poder Judiciário para outro Poder).

Serve, afinal, ao deslinde da questão deduzida para fins de pacificação social.

Ação exercida
Provocada a atividade do Estado, tem-se a presença da ação exercida ou a demanda, que é a ação concretamente
deduzida. A demanda possui elementos próprios que permitem o conhecimento, por parte do Estado, da questão
de mérito. Envolve, por conseguinte, a apresentação das partes, da causa de pedir e do pedido. Saiba mais a
seguir:

Partes 

As partes são as pessoas relacionadas ou responsáveis no âmbito do mérito deduzido, que comporão os
polos da relação jurídico-processual.

Causa de pedir 
 A causa de pedir é composta pelos fatos e fundamentos jurídicos, isto é, os fatos que interessam ao direito
(fatos jurídicos) e a argumentação jurídica acerca do enquadramento à luz da tutela jurisdicional que se
pretende.

Pedido 

O pedido é expresso no sentido de uma determinada tutela pretendida, além do bem da vida
correspondente.

Processo
A demanda (ação exercida) indica um direito que se afirma ter (direito afirmado in concreto), que é veiculado por
meio do processo, o qual, por sua vez, é estruturado, pela lei processual, em um procedimento.

Com isso, pode-se resumir essa dinâmica no seguinte esquema:

Fonte: elaborada pelo autor.

O processo convola a questão de mérito à relação jurídico-processual, garantida por princípios fundamentais,
como o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa, a isonomia, a cooperação, a boa-fé objetiva, a
duração razoável do processo, a instrumentalidade das formas, a não surpresa, a primazia do mérito etc. Os
princípios são normas processuais que instruem e informam a aplicação do direito positivo. Ao lado das regras,
estruturam tanto o sentido de condução do processo (colocação do mérito no movimento do devido processo
legal), bem como do procedimento (preexistência de fases, direitos e deveres no âmbito do caminho estruturado).

Saiba mais
 Norma jurídica é gênero do qual são espécies: os princípios e as regras. Os princípios têm função orientadora
e limitada para a prática de direito e exigência de tutelas. São conceitos mais abertos, os quais, embora
tenham sentidos mínimos contidos a partir da interpretação da Constituição, das leis, da doutrina e da
jurisprudência, estão abertos às novas manifestações práticas que possam suscitar sua incidência. Já as
regras são normas que delimitam de maneira precisa o seu âmbito de incidência e aplicação, prevendo, na
maioria das vezes, consequências jurídicas mais ou menos claras (sanções) diante do seu descumprimento
(inobservância voluntária ou involuntária).

Os princípios processuais estruturam a marcha processual, que deve estar pautada no absoluto respeito e
observância para efeito de se garantir legitimidade e segurança jurídica à discussão de mérito empreendida.

As partes que compõem a relação jurídico-processual irão dedicar-se, do ponto de vista dialógico, a colaborar na
função jurisdicional exercida pelo Estado-juiz para que dê, ao fim, resposta satisfatória à pretensão desejada, à luz
das possibilidades conferidas pelo ordenamento jurídico-positivo.

Pesquise mais

Para finalizar esta leitura, confira a seguir um infográfico referente à formação da questão de mérito a partir da
noção de ação em abstrato e demanda concretamente exercida.

Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.