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(Work in progress)

INTRODUÇÃO

A Administração Pública é constituída por pessoas colectivas públicas, que actuam através
de órgãos (art. 20º CPA), que são incorporados por pessoas singulares. As pessoas colectivas
públicas têm um conjunto de poderes designados por atribuições (interesses públicos
estabelecidos por lei) e os órgãos têm competências que correspondem a poderes
funcionais atribuídos por lei ou acto administrativo.

Existem dois níveis de Administração Pública: a Administração Estadual (directa, indirecta e


independente) e a Administração Autónoma, que prosseguem interesses públicos
diferentes. A Administração Estadual prossegue interesses públicos do Estado, de nível
nacional. A Administração Autónoma prossegue os interesses públicos de cada uma das
entidades que a constitui.

A Administração Pública lança mão de variadíssimos instrumentos, quer de direito publico


quer de direito privado (privatização da Administração Pública), para cumprir as funções
públicas que lhe são destinadas, escolhendo-os e combinando-os, de modo a prosseguir os
seus objectivos.

Estamos a referir-nos ao conceito formal de Administração Pública.

Só iremos ocupar-nos das actuações de direito público da Administração Pública. A actuação


da Administração Publica traduz-se em factos jurídicos 1 e actos jurídicos: actos

1
O facto jurídico é um evento da vida real relevante para o Direito, pois produz efeitos jurídicos. Esses efeitos
traduzem-se na constituição, modificação ou extinção de uma relação jurídica. Os factos jurídicos podem
dividir-se em factos naturais (eventos que não tiveram nenhuma vontade ou intervenção humana; é o caso de
situações ou acontecimentos que produzem um facto duradouro ou limitado no tempo, por exemplo, uma
tempestade ou um desabamento, ou seja, não há uma relação de causa e efeito entre a existência do facto e a
vontade do homem) e factos humanos (eventos que só ocorrem em virtude da actuação do homem). Os factos
humanos dividem-se em involuntários (ocorrem independentemente da vontade humana: por exemplo, a
morte ou o nascimento) e voluntários (ocorrem devido à vontade humana: por exemplo, o casamento ou a
criação de uma obra). Por sua vez, os factos humanos voluntários podem traduzir-se em actos jurídicos simples
(os efeitos produzem-se independentemente da vontade porque decorrem da lei) e actos jurídicos complexos
ou negócios jurídicos (implicam declarações de vontade que produzem efeitos jurídicos). Estes actos jurídicos
complexos ou negócios jurídicos podem ser unilaterais (uma só declaração de vontade) ou bilaterais (duas ou
mais declarações de vontade). Estes últimos correspondem aos contratos que, por seu turno, também podem
ser unilaterais (produzem obrigações para uma das partes, como o contrato de mútuo) e bilaterais (produzem
obrigações para todas as partes).
administrativos-148º CPA (tradicionalmente a figura central da actividade administrativa), o
regulamento – 135º CPA - e o contrato administrativo.

Os factos jurídicos correspondem a operações materiais de caracter físico. Não contêm em si


a sua própria estatuição e não produzem alteração na ordem jurídica. Podem classificar-se
em operações materiais de exercício (ex. prestação de serviços aos utentes, coacção directa
policial, realização de vistorias, exames, obras, campanhas de esclarecimento) ou de
execução (ex. demolição, pagamento de remuneração, ocupação de terreno); podem ainda
classificar-se como operações materiais instantâneas (ex. Identificação de um individuo),
continuadas (demolição de um edifício) ou periódicas (pagamento mensal de vencimento).

Pode ainda haver actuações administrativas informais como é o caso dos compromissos de
início de um procedimento de planeamento, a prestação de informações ou avisos, a
realização de protocolos ou declarações de intenções administrativas.

REGULAMENTO ADMINISTRATIVO – ART. 135º CPA

Trata-se de normas jurídicas unilaterais, com carácter normativo, geral e abstracto,


emanadas pela Administração Pública, mediante um procedimento próprio, no exercício da
função administrativa, com valor infra legal, e destinadas, em regra, à aplicação das leis ou
de normas equiparadas (por ex. normas da UE). São uma fonte secundária, uma vez que se
encontram submetidos à função legislativa, esta sim considerada fonte primária.

Destacam-se desta noção três elementos:

a) Um elemento de natureza material


Estão em causa normas jurídicas, no sentido de que podem ser impostas por coacção
e a sua violação leva à aplicação de sanções.
Têm como características a generalidade (aplicam-se a um número indeterminado de
destinatários) e a abstracção (aplicam-se a um número indeterminado de casos e
situações). Não se esgotam numa única aplicação. Trata-se de um acto susceptível de
se aplicar a um número indeterminado de situações e de pessoas.

b) Um elemento de natureza orgânica


Os regulamentos são emanados por autoridades administrativas, incluindo sujeitos
privados incumbidos de funções administrativas (administração em sentido material):
artigo 2º, nº 1 do CPA.

c) Elemento de natureza funcional


São emanados no exercício da função administrativa (e não da função legislativa
como é o caso do Decreto-Lei do Governo). Por essa razão, têm valor infra legal, uma
vez que se encontram subordinados ao princípio da legalidade, como resulta do
artigo 266º, 2 da CRP e do artigo 3º do CPA.

Como exemplos de regulamentos do Governo, temos:


- os decretos regulamentares
- as resoluções do Conselho de Ministros
- as portarias genéricas dos Ministros em nome do Governo
- os despachos normativos dos Ministros em nome do respectivo Ministério.

São também regulamentos administrativos, os decretos regulamentares dos Governos


regionais que regulamentam a legislação regional, as posturas das autarquias locais, os
estatutos auto-aprovados (por ex., das universidades) e outros, adoptados por entes
institucionais e corporativos.

Regulamento administrativo vs lei – Ambos são normas jurídicas, gerais e abstractas. A lei é
emanada por um órgão legislativo enquanto o regulamento é emanado por um órgão
administrativo. Ou seja, a lei é adoptada no âmbito da função legislativa e o regulamento no
âmbito da função administrativa.

Regulamento administrativo vs acto administrativo – Ambos são emanados pela


Administração Publica, no exercício da função administrativa. Os respectivos procedimentos
de adopção são distintos- art. 97º e ss. para o regulamento e 102º e ss. para o acto
administrativo; o regulamento é geral e abstracto enquanto o acto administrativo é
individual e concreto, esgotando os seus efeitos numa única aplicação.

Classificação dos regulamentos administrativos


1. Critério da relação com a lei
- Regulamentos complementares e de execução
- Regulamentos independentes ou autónomos
- Regulamentos autorizados ou delegados

2. Critério do objecto
- Regulamentos de organização (distribuição de funções pelos departamentos e
unidades da entidade pública + repartição de tarefas: estruturam um aparelho
administrativo)
- Regulamentos de funcionamento (incidem sobre os métodos de actuação, através da
fixação de regras de expediente)
- Regulamentos de polícia (limitações à liberdade individual com vista a evitar danos
sociais)

3. Critério do âmbito de aplicação


- Regulamentos gerais (externos), ou seja, aplicáveis em todo o território
- Regulamentos regionais ou locais (RA e autarquias)
- Regulamentos institucionais (emanados por institutos ou associações públicas: só se
aplicam às pessoas sob a sua jurisdição)

4. Critério da eficácia:
- regulamentos internos – apenas produzem efeitos jurídicos no interior da pessoa
colectiva administrativa. Visam regular a organização e funcionamento dos serviços
(distribuição de tarefas e fixação de normas de expediente). Destinatários: os agentes
administrativos. Ex. Circular de serviço ou instrução quanto ao modo de
interpretação de uma lei.
Não são susceptíveis de impugnação contenciosa, mas podem ser objecto de
impugnação administrativa (reclamação graciosa/recurso hierárquico). Não são
inderrogáveis (Cfr. 142º,2 CPA)

- regulamentos externos – normas administrativas cujos efeitos se projectam também


no exterior da Administração Pública. Produzem efeitos não só relativamente à
Administração Pública, mas também em relação a outros sujeitos de direito (outras
pessoas colectivas públicas ou particulares). O art. 135º CPA determina que o CPA só
se aplica aos regulamentos externos.

Regulamentos externos

(cfr. Arts 135º e 136º, nº 1, do CPA e 112º, nºs 6 e 7 da CRP)

- Regulamentos especiais [disciplinam as relações especiais de poder da Administração


ou de Direito Administrativo- situações em que os particulares se encontram numa posição
jurídica especial face à Administração (relações de serviço ou fundamental): utentes de
hospital, alunos de estabelecimento de ensino, presos no estabelecimento prisional]

- Regulamentos gerais
*regulamentos executivos ou de execução – destinam-se a desenvolver ou a pormenorizar a
disciplina jurídica constante de uma lei, para que seja aplicável na prática. Operam como
condição de exequibilidade, permitindo aplicar o sentido e alcance da lei, viabilizando a sua
aplicação a casos concretos. Não criam direito, ou seja, não são juridicamente inovadores.
Têm de referir-se à lei que visam regulamentar. Art. 119º, c) e 112º, 6 da CRP
Ex. Lei que atribui bolsas nas condições a regulamentar pelos serviços sociais da
Universidade
Podem ser espontâneos ou devidos. Estes (os devidos) devem ser adoptados no prazo de 90
dias. Se assim não acontecer, o interessado pode requerer a sua emissão ou propor acção de
condenação à emissão de normas devidas – art. 37º, nº 1, al. E) do CPTA
*regulamentos complementares: destinam-se a identificar quadros jurídicos legislativos
amplos como os traçados por leis de base ou leis-quadro. Podem ser de desenvolvimento
(das bases gerais fixadas na lei desde que se respeite a reserva de lei) – decretos
regulamentares; ou integrativos (situações específicas que não se encontrem previstas,
autorizados expressamente por lei e fora da reserva de lei formal)

*regulamentos autorizados ou delegados


Aqui a Administração actua em vez do legislador. Proibidos quando modificativos,
suspensivos ou revogatórios

*independentes (visam regulamentar situações jurídicas pela primeira vez-regulação


primária de certas relações sociais) São aqueles que os órgãos administrativos elaboram no
exercício da sua competência, para assegurar a realização de atribuições especificas, sem
desenvolver nenhuma lei em especial. São inovatórios. Traduzem a concretização de
atribuições conferidas pelo legislador: 112º, 6 e 7 da CRP: expressamente admitidos pela
CRP que estabelece determinados requisitos para a sua validade. Tem de haver uma lei
habilitante que atribui competência regulamentar ao seu autor: que fixe a competência
subjectiva, a competência objectiva e a forma dos mesmos. Noção -136º, 3, do CPA. Podem
ser autónomos - (entes não estaduais/Administração autónoma: competência subjectiva -
atribuições próprias, como expressão da autodeterminação e autogoverno). Ex. Posturas
municipais; ou independentes do Governo (ou de entidades reguladoras). Sem referência
imediata a uma lei. Só admissíveis fora do domínio de reserva da lei. Forma: decreto
regulamentar. Têm de ser publicados no DR.

O Poder Regulamentar

O poder regulamentar corresponde ao conjunto de regras e princípios de natureza material


que determinam e relacionam o conteúdo ou a disciplina dos regulamentos.
O poder regulamentar externo da Administração não é um poder originário, mas um poder
derivado, conferido pela Constituição ou pela Lei.

Se a Constituição ou a Lei nada disserem a esse respeito, a competência regulamentar não


existe.

Fundamento do poder regulamentar

- Do ponto de vista pratico:

* distanciamento do legislador face aos casos concretos da vida social

* impossibilidade de previsão absoluta ou completa das condições de aplicação da Lei aos


casos concretos

- Do ponto de vista histórico:

Impossibilidade de aplicação rigorosa do princípio da separação de poderes, tal como


concebido no Estado Liberal

- Do ponto de vista jurídico:

O seu fundamento assenta na Constituição ou numa lei habilitante (princípio da precedência


da lei).

Já os regulamentos internos encontram o seu fundamento no poder de


autorregulamentação e de auto-organização da Administração. Também no poder de
direcção próprio do superior hierárquico, ou seja, no poder que as autoridades superiores
têm para disciplinar as autoridades subalternas.

Por seu turno, os regimentos dos órgãos colegiais têm o seu fundamento no poder de auto-
organização: artigo 20º, nº 3 do CPA

Limites do poder regulamentar


I. Posicionamento dos regulamentos na hierarquia das fontes:

1. Princípios gerais de direito (reconduzem-se à ideia de direito e ao princípio de


justiça)
2. DI
3. DUE
4. Constituição da República (princípio da reserva da lei, sob pena de
inconstitucionalidade)
5. Princípios gerais do direito administrativo: artigo 266º, 2 CRP e 3º e ss. CPA:
proporcionalidade, justiça, igualdade, imparcialidade, participação, prossecução do
interesse público, ...
6. Lei (pr. da legalidade e da preferência da lei: art. 266º, 2 CRP e 136º, 1 CPA)
7. Regulamentos de órgãos superiores: artigos 143º e 138º CPA

II. Proibição de o regulamento ter efeitos retroactivos: 141º, nº 1 – respeito pelas


competências das autoridades no tempo e pelos direitos adquiridos (segurança jurídica e
protecção da confiança dos administrados). Já não será assim se os regulamentos vierem
estabelecer regimes mais favoráveis para os destinatários.

III. Limites de competências e forma: cada órgão com competência regulamentar não pode
invadir a competência de outras autoridades administrativas (competência subjectiva) e
deve prosseguir o fim que determinou que lhe tenha sido atribuído aquele poder
regulamentar (competência objectiva)

IV. Arts 137º e 146º, 2 do CPA: obrigatoriedade de emissão do regulamento e


impossibilidade de simples revogação dos regulamentos (obrigatoriedade de adopção de
nova regulamentação para evitar vazios jurídicos)

V. 145º, 2 – caducidade dos regulamentos por força de revogação da Lei que visam executar

VI. Princípio da inderrogabilidade singular dos regulamentos administrativos: 142º, 2 CPA

Hierarquia dos Regulamentos


em matéria de atribuições concorrentes
138º, 1 - princípio da preferência aplicativa- regulamentos governamentais aplicam-se
preferencialmente em detrimento dos regulamentos autárquicos e dos regulamentos das
demais entidades com autonomia regulamentar

138º, 2 e 241º CRP – no âmbito dos regulamentos autárquicos, os regulamentos municipais


aplicam-se preferencialmente em detrimento dos regulamentos das freguesias

Não há propriamente uma hierarquia automática entre regulamentos, mas apenas uma
preferência aplicativa, de acordo com os interesses em causa, a menos que haja uma relação
hierárquica de subordinação entre os órgãos em questão.

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

- Regras comuns ao procedimento de formação de actos administrativos e de


regulamentos administrativos (arts 53º-96º CPA)
- Regras próprias do procedimento do regulamento administrativo – 97º-101º CPA
- Regras próprias do procedimento do acto administrativo – 102º-134º CPA

Regras do procedimento do regulamento administrativo

Publicação (DR ou boletim autárquico ou edital-119º, 1, h) e 3 CRP, sob pena de


ineficácia jurídica.
139º CPA – DR ou na net (regulamentos externos)
Art. 5º, nº 1 do CC

Pr da participação art 267, 1 e 5º CRP e 12º CPA


98º CPA- Publicitação do início do procedimento e participação procedimental

100º - audiência de interessados


101º - consulta publica

ACTO ADMINISTRATIVO

Uma das principais formas da actividade jurídica da Administração e a sua forma de


actuação mais tradicional

e) destinada à produção de efeitos jurídicos externos, positivos ou negativos.


Esses efeitos têm de extravasar a AP, projectando-se sobre a esfera jurídica dos particulares,
estabelecendo verdadeiras relações jurídico-administrativas. Só são relevantes os que
produzem efeitos no ordenamento jurídico geral, criando, modificando ou extinguindo
situações jurídicas reguladas pelo direito administrativo.
Normalmente, os actos externos produzem efeitos positivos (favoráveis ou desfavoráveis),
mas também podem produzir efeitos negativos (desfavoráveis), quando recusam a produção
dos efeitos jurídicos requeridos pelos particulares (por ex. indeferimento de licença de obra
ou de atribuição de determinado subsídio). Estes últimos fixam uma posição jurídica do
particular e podem ser impugnados nos termos do art. 37º, 1, b) do CPTA.
- Diferentes dos actos internos que esgotam a sua eficácia no interior da
Administração Publica

Função dos actos administrativos

Função tituladora – o acto administrativo é um título com força executiva ou eficácia auto-
titulante, podendo servir de base a uma execução. Titula uma actuação da Administração
Pública. Ex. liquidação de imposto, sanção disciplinar, licença de condução.
Função concretizadora – O acto administrativo concretiza as leis, serve para tornar uma
norma geral e abstracta em individual e concreta.
Função definitória – no sentido de que define autoritariamente relações jurídicas, criando-
as, modificando-as ou extinguindo-as, ou seja, disciplina determinadas situações jurídicas.
Ex. matrícula de um aluno numa escola publica.
Função procedimental – o acto administrativo surge como o momento principal do
procedimento para a sua prática e como a face visível do mesmo procedimento.
Função estabilizadora – a decisão, mesmo ilegal, não sendo nula, consolida-se dentro de um
prazo relativamente curto, assegurando a auto-vinculação da Administração e a limitação
dos poderes de revogação (art. 167º CPA).
Função processual – art. 36º e 37º CPTA. O acto administrativo é considerado um objecto de
recurso aos tribunais.

Classificação dos actos administrativos


(qto ao conteúdo)

I. Actos que influem sobre um status (conjunto ordenado de direitos e deveres de uma
pessoa com origem no mesmo facto ou acto jurídico)
a) Actos que criam um status (outorga de cidadania, nomeação, matrícula de aluno
numa escola publica, internamento de doente)
b) Actos que modificam um status (promoção, suspensão ou transferência)
c) Actos que extinguem um status (revogação da cidadania, demissão, expulsão do
aluno, alta do doente)

II. Actos desfavoráveis (que provocam situações de desvantagem)


a) Actos ablatórios [suprimem2, comprimem (declaração de utilidade publica numa
expropriação, requisição de bens ou serviços/abate de árvores ou animais) ou
retiram direitos ou faculdades]; ex. expropriações, servidões, extinção de uma
concessão, …

2
62º, 2 CRP: justa indemnização (562º ss CC)
b) Actos impositivos – impõem a alguém a adopção de uma determinada conduta ou
sujeição a determinados efeitos jurídicos [ordens que podem ter conteúdo positivo
(comandos/ordens) ou negativo (proibições)]: demolição. Domínio principal: direito
policial.
c) Actos de indeferimento (recusa de prática de acto favorável ao requerente): efeitos
negativos.

III. Actos favoráveis (desencadeiam benefícios para terceiros ou provocam situações de


vantagem)
a) Concessões (no domínio próprio de actuação da AP) – exercício de poderes próprios
da Administração ou criação, reservada a esta, de situações especiais de benefício
dos particulares
* Concessões translativas – transmissão para o concessionário de poderes
administrativos já existentes na titularidade da Administração concedente, ficando
esta apenas com poder de controlo e fiscalização (ex. concessão de serviços públicos)
* Concessões constitutivas – a entidade concedente cria poderes ou direitos de que a
AP não pode ser titular, mas que só ela pode conceder, como é o caso da concessão
de uso privativo do domínio publico (instalação numa praça de um quiosque ou de
uma esplanada)

b) Autorizações (fora do domínio de actuação da AP) – visam por iniciativa do interessado,


remover um limite imposto pela lei ao exercício de uma actividade fora do domínio
administrativo da autoridade autorizante
- No domínio das relações entre a Administração e os particulares:
* Dispensa – A Administração vai remover um dever especial relativo a uma
actividade estritamente proibida ou imposta por lei, a que não corresponde um
direito da Administração (ex. dispensa do dever de andar desarmado: licença de uso
e porte de arma)
* Autorização constitutiva de direito ou autorização-licença – actos administrativos
que constituem direitos em favor dos particulares em áreas de actuação sujeitas pela
lei a proibição preventiva (licença de construção). Característica principal:
constituição de um direito novo.
* Autorização permissiva ou autorização propriamente dita – autorização para o
exercício de actividades correspondentes a um direito pré-existente, condicionado
pela lei (liberdade de iniciativa económica – art. 61º CRP: autorização para o exercício
da actividade industrial ou comercial). Característica principal: pré-existência de um
direito novo.

- Na relação entre órgãos administrativos


* Autorização constitutiva de legitimação – autorização para a prática de um acto
administrativo, num caso concreto, para o qual determinado órgão já é competente,
sob pena de invalidade (controlo preventivo). Diferente da delegação de poderes
(não tem competência)
* Aprovação – autorização permissiva que visa desencadear a produção de efeitos do
acto aprovado, sob pena de ineficácia

IV. Actos administrativos de 2º grau (operam sobre actos administrativos precedentes)


a) Actos que visam destruir, cessar ou suspender a eficácia de actos anteriores (ex.
anulação, revogação, suspensão)
b) Actos que visam modificar total ou parcialmente o conteúdo de actos anteriores
(revogação parcial, rectificação e prorrogação)
c) Actos que visam consolidar actos administrativos anteriores, quando estes sejam
inválidos (ratificação, reforma ou conversão)
DISTINÇÕES

Acto administrativo e acto confirmativo – O acto administrativo é um comando (autoritário)


individual e concreto, praticado no exercício da função administrativa – e, em regra, por um
órgão administrativo, com efeitos constitutivos externos e destinado a disciplinar de forma
inovatória (criando, modificando ou extinguindo) situações ou relações jurídico
administrativas (art. 148º CPA). Por definição, qualquer acto administrativo é
contenciosamente impugnável (art. 51º CPTA). Já o acto confirmativo limita-se a reproduzir
no seu enunciado semântico, o conteúdo de um acto administrativo anterior (acto
confirmado). Tal como os actos instrumentais de execução ou integrativos de eficácia,
também praticados posteriormente ao acto administrativo (nas fases eventuais que se
podem seguir à fase constitutiva do procedimento – fase integrativa de eficácia e fase de
execução -, o acto confirmativo não contém uma estatuição autoritária, ou seja, um
comando destinado a disciplinar inovatoriamente situações ou relações jurídico-
administrativas, a qual está inserta apenas no acto administrativo anteriormente praticado a
que o mesmo acto confirmativo se reporta. Pela mesma razão, não existe neste inovação
jurídica. Não sendo um acto administrativo, o acto confirmativo não pode ser
contenciosamente impugnado (arts 13º, 2 do CPA e 53º, 1 do CPTA), até porque,
relativamente aos actos anuláveis, tal poderia traduzir numa forma de contornar as
disposições legais que estipulam prazos para o efeito (ex. 58º do CPTA).

Validade e eficácia dos actos administrativos – As questões de validade do acto


administrativo distinguem-se da respectiva eficácia, pelo caracter extrínseco desta última,
isto por contraposição ao caracter intrínseco da validade: enquanto o acto inválido é um
acto mal formado, que padece de uma patologia, que é intrinsecamente desconforme com a
ordem jurídica, o acto ineficaz é aquele a quem apenas falta uma condição ou requisito para
a produção dos seus efeitos que estão comprimidos, enquanto se não preencher o requisito
ou condição. É o caso do acto cuja eficácia é diferida nos termos da lei ou de uma clausula
acessória aposta pelo seu autor (estando sujeito a um termo ou condição suspensiva), que
não é, por essa razão, inválido, uma vez que se trata de um requisito extrínseco para que ele
possa produzir os seus efeitos e não de uma desconformidade intrínseca do acto com a
ordem jurídica.
Assim, actos válidos podem, para produzir efeitos, depender da verificação de um requisito
ou condição de eficácia; e actos anuláveis, que padecem da modalidade de invalidade menos
grave, podem produzir efeitos, enquanto não forem anulados administrativa ou
judicialmente, podendo mesmo os seus efeitos estabilizar-se na ordem jurídica por decurso
dos prazos de impugnação. Logo, o acto inválido é por regra eficaz até que os seus efeitos
venham a ser destruídos.

Executividade e executoriedade do acto administrativo – O ser um acto administrativo


executivo (que constitui em si um título executivo) implica que seja por natureza exequível;
não significa que sempre e necessariamente que ele seja também executório. Acto executivo
é aquele que goza da possibilidade efectiva de execução pela Administração através de actos
de execução e operações materiais, por não obter com a sua mera prática ou adopção todos
os resultados práticos que visa alcançar (é o caso de um acto que determine a demolição de
um edifício). Todo o acto exequível constitui um título executivo, por nele poder assentar
uma execução coerciva, em caso de resistência ou desobediência do particular a qualquer
das suas determinações, independentemente da questão de
Outra questão é a de se saber se pode a própria Administração recorrer ela própria à força
(sem a intervenção dos tribunais), para prosseguir a execução dos seus actos (ou seja, se tais
actos são executórios), em caso de resistência ou desobediência. O CPA já não consagra a
regra da executoriedade dos actos administrativos, exigindo a expressa previsão legal da
imposição coerciva pela própria Administração do cumprimento de obrigações e da
observância das limitações decorrentes de actos administrativos (art. 176º, 1 CPA). Todavia,
o art. 6º do diploma que aprovou o novo CPA (DL 4/2015, de 7 de Janeiro), mantém em vigor
o artigo 149º, 2 do anterior CPA, que proclama a executoriedade dos actos administrativos
até que, nos termos do art. 8º, 2 daquele diploma, entre em vigor lei que defina “os casos, as
formas e os termos em que os actos administrativos podem ser impostos coercivamente
pela Administração”, diploma que ainda hoje não existe. Note-se, no entanto, que a regra da
executoriedade dos actos administrativos ainda em vigor acaba por ter um alcance reduzido
nos casos da execução de obrigações pecuniárias (art. 179º CPA) e prestação de facto
fungível (art. 181º) – que seguem ou acabam por seguir o processo de execução fiscal. De
facto, o processo de execução fiscal é uma verdadeira acção, sob supervisão judicial, ainda
que com uma forte componente não jurisdicional, na medida em que muitos actos
processuais são praticados por órgãos administrativos.

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