Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
INTRODUÇÃO
A Administração Pública é constituída por pessoas colectivas públicas, que actuam através
de órgãos (art. 20º CPA), que são incorporados por pessoas singulares. As pessoas colectivas
públicas têm um conjunto de poderes designados por atribuições (interesses públicos
estabelecidos por lei) e os órgãos têm competências que correspondem a poderes
funcionais atribuídos por lei ou acto administrativo.
1
O facto jurídico é um evento da vida real relevante para o Direito, pois produz efeitos jurídicos. Esses efeitos
traduzem-se na constituição, modificação ou extinção de uma relação jurídica. Os factos jurídicos podem
dividir-se em factos naturais (eventos que não tiveram nenhuma vontade ou intervenção humana; é o caso de
situações ou acontecimentos que produzem um facto duradouro ou limitado no tempo, por exemplo, uma
tempestade ou um desabamento, ou seja, não há uma relação de causa e efeito entre a existência do facto e a
vontade do homem) e factos humanos (eventos que só ocorrem em virtude da actuação do homem). Os factos
humanos dividem-se em involuntários (ocorrem independentemente da vontade humana: por exemplo, a
morte ou o nascimento) e voluntários (ocorrem devido à vontade humana: por exemplo, o casamento ou a
criação de uma obra). Por sua vez, os factos humanos voluntários podem traduzir-se em actos jurídicos simples
(os efeitos produzem-se independentemente da vontade porque decorrem da lei) e actos jurídicos complexos
ou negócios jurídicos (implicam declarações de vontade que produzem efeitos jurídicos). Estes actos jurídicos
complexos ou negócios jurídicos podem ser unilaterais (uma só declaração de vontade) ou bilaterais (duas ou
mais declarações de vontade). Estes últimos correspondem aos contratos que, por seu turno, também podem
ser unilaterais (produzem obrigações para uma das partes, como o contrato de mútuo) e bilaterais (produzem
obrigações para todas as partes).
administrativos-148º CPA (tradicionalmente a figura central da actividade administrativa), o
regulamento – 135º CPA - e o contrato administrativo.
Pode ainda haver actuações administrativas informais como é o caso dos compromissos de
início de um procedimento de planeamento, a prestação de informações ou avisos, a
realização de protocolos ou declarações de intenções administrativas.
Regulamento administrativo vs lei – Ambos são normas jurídicas, gerais e abstractas. A lei é
emanada por um órgão legislativo enquanto o regulamento é emanado por um órgão
administrativo. Ou seja, a lei é adoptada no âmbito da função legislativa e o regulamento no
âmbito da função administrativa.
2. Critério do objecto
- Regulamentos de organização (distribuição de funções pelos departamentos e
unidades da entidade pública + repartição de tarefas: estruturam um aparelho
administrativo)
- Regulamentos de funcionamento (incidem sobre os métodos de actuação, através da
fixação de regras de expediente)
- Regulamentos de polícia (limitações à liberdade individual com vista a evitar danos
sociais)
4. Critério da eficácia:
- regulamentos internos – apenas produzem efeitos jurídicos no interior da pessoa
colectiva administrativa. Visam regular a organização e funcionamento dos serviços
(distribuição de tarefas e fixação de normas de expediente). Destinatários: os agentes
administrativos. Ex. Circular de serviço ou instrução quanto ao modo de
interpretação de uma lei.
Não são susceptíveis de impugnação contenciosa, mas podem ser objecto de
impugnação administrativa (reclamação graciosa/recurso hierárquico). Não são
inderrogáveis (Cfr. 142º,2 CPA)
Regulamentos externos
- Regulamentos gerais
*regulamentos executivos ou de execução – destinam-se a desenvolver ou a pormenorizar a
disciplina jurídica constante de uma lei, para que seja aplicável na prática. Operam como
condição de exequibilidade, permitindo aplicar o sentido e alcance da lei, viabilizando a sua
aplicação a casos concretos. Não criam direito, ou seja, não são juridicamente inovadores.
Têm de referir-se à lei que visam regulamentar. Art. 119º, c) e 112º, 6 da CRP
Ex. Lei que atribui bolsas nas condições a regulamentar pelos serviços sociais da
Universidade
Podem ser espontâneos ou devidos. Estes (os devidos) devem ser adoptados no prazo de 90
dias. Se assim não acontecer, o interessado pode requerer a sua emissão ou propor acção de
condenação à emissão de normas devidas – art. 37º, nº 1, al. E) do CPTA
*regulamentos complementares: destinam-se a identificar quadros jurídicos legislativos
amplos como os traçados por leis de base ou leis-quadro. Podem ser de desenvolvimento
(das bases gerais fixadas na lei desde que se respeite a reserva de lei) – decretos
regulamentares; ou integrativos (situações específicas que não se encontrem previstas,
autorizados expressamente por lei e fora da reserva de lei formal)
O Poder Regulamentar
Por seu turno, os regimentos dos órgãos colegiais têm o seu fundamento no poder de auto-
organização: artigo 20º, nº 3 do CPA
III. Limites de competências e forma: cada órgão com competência regulamentar não pode
invadir a competência de outras autoridades administrativas (competência subjectiva) e
deve prosseguir o fim que determinou que lhe tenha sido atribuído aquele poder
regulamentar (competência objectiva)
V. 145º, 2 – caducidade dos regulamentos por força de revogação da Lei que visam executar
Não há propriamente uma hierarquia automática entre regulamentos, mas apenas uma
preferência aplicativa, de acordo com os interesses em causa, a menos que haja uma relação
hierárquica de subordinação entre os órgãos em questão.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
ACTO ADMINISTRATIVO
Função tituladora – o acto administrativo é um título com força executiva ou eficácia auto-
titulante, podendo servir de base a uma execução. Titula uma actuação da Administração
Pública. Ex. liquidação de imposto, sanção disciplinar, licença de condução.
Função concretizadora – O acto administrativo concretiza as leis, serve para tornar uma
norma geral e abstracta em individual e concreta.
Função definitória – no sentido de que define autoritariamente relações jurídicas, criando-
as, modificando-as ou extinguindo-as, ou seja, disciplina determinadas situações jurídicas.
Ex. matrícula de um aluno numa escola publica.
Função procedimental – o acto administrativo surge como o momento principal do
procedimento para a sua prática e como a face visível do mesmo procedimento.
Função estabilizadora – a decisão, mesmo ilegal, não sendo nula, consolida-se dentro de um
prazo relativamente curto, assegurando a auto-vinculação da Administração e a limitação
dos poderes de revogação (art. 167º CPA).
Função processual – art. 36º e 37º CPTA. O acto administrativo é considerado um objecto de
recurso aos tribunais.
I. Actos que influem sobre um status (conjunto ordenado de direitos e deveres de uma
pessoa com origem no mesmo facto ou acto jurídico)
a) Actos que criam um status (outorga de cidadania, nomeação, matrícula de aluno
numa escola publica, internamento de doente)
b) Actos que modificam um status (promoção, suspensão ou transferência)
c) Actos que extinguem um status (revogação da cidadania, demissão, expulsão do
aluno, alta do doente)
2
62º, 2 CRP: justa indemnização (562º ss CC)
b) Actos impositivos – impõem a alguém a adopção de uma determinada conduta ou
sujeição a determinados efeitos jurídicos [ordens que podem ter conteúdo positivo
(comandos/ordens) ou negativo (proibições)]: demolição. Domínio principal: direito
policial.
c) Actos de indeferimento (recusa de prática de acto favorável ao requerente): efeitos
negativos.