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FÁRMACOS UTILIZADOS PARA TRATAR DOENÇAS ÁCIDO-PÉPTICAS

As duas principais causas de úlcera péptica são infecção com o gram-negativo Helicobacter pylori e o uso de
anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). O aumento da secreção de ácido clorídrico (HCl) e a defesa
inadequada da mucosa contra o HCl também têm seu papel nesse processo. O tratamento inclui 1) erradicação
da H. pylori; 2) diminuição da secreção de HCl com uso de IBPs ou antagonistas de receptor H 2; e/ou 3)
administração de fármacos que protejam a mucosa gástrica da lesão.

Pacientes com úlcera péptica (úlceras gástricas ou duodenais) infectados com H. pylori precisam de tratamento
antimicrobiano. O tratamento de escolha consiste em um IBP combinado com amoxicilina (metronidazol pode
ser usado em pacientes alérgicos à penicilina) mais claritromicina. O tratamento quádruplo com subsalicilato
de bismuto, metronidazol e tetraciclina combinada a um IBP é outra opção.

ANTAGONISTAS DE RECEPTOR H2

A secreção gástrica é estimulada por acetilcolina (ACh), histamina e gastrina (Fig 31.4). As ligações de ACh,
histamina ou gastrina com seus receptores resulta na ativação de proteinocinases, que, por sua vez, estimulam
a bomba de prótons H+/K+-adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons hidrogênio em troca de K+ para o
lúmen do estômago. Bloqueando competitivamente a ligação da histamina aos receptores H2, esses fármacos
reduzem a secreção do ácido gástrico. Há três fármacos em uso no Brasil, cimetidina, ranitidina e famotidina
– inibem de modo potente (mais de 90%) a secreção gástrica ácida noturna, a estimulada por alimento e a
basal.

Usos terapêuticos: O uso desses fármacos diminuiu com o advento dos IBPs.
a. Úlceras pépticas: Os três fármacos são igualmente eficazes para a cicatrização das úlceras gástricas
e duodenais. Contudo, a recorrência é comum se houver presença de H. pylori, e o paciente for tratado somente
com esses fármacos. Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem ser tratados com IBPs, pois esses
fármacos curam e previnem úlceras futuras de modo mais efetivo do que os antagonistas H2.
b. Úlceras de estresse agudo: Os anti-histamínicos H2 são usados normalmente por infusão intravenosa
(IV) para prevenir e lidar com úlceras de estresse agudo associadas com pacientes de alto risco nas unidades
de tratamento intensivo. Entretanto, como pode ocorrer tolerância com esses fármacos, o uso dos IBPs também
vem avançando nessa indicação.

Efeitos adversos: Em geral, são bem tolerados. A cimetidina tem efeitos endócrinos porque atua como um
antiandrogênico não esteroidal. Os efeitos incluem ginecomastia e galactorreia (liberação ou ejeção contínua
de leite). A cimetidina inibe várias isoenzimas CYP450. Todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de
fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção.

IBPS: INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS


Os IBPs se ligam à enzima H+/K+-ATPase (bomba de prótons) e suprimem a secreção de íons hidrogênio para
o lúmen gástrico. A bomba de prótons ligada à membrana é a etapa final da secreção de ácido gástrico (Fig.
31.4). Os IBPs disponíveis incluem omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, dexlanzoprazol, pantoprazol e
rabeprazol.

Ações: Esses fármacos são pró-fármacos com um revestimento entérico ácido-resistente para protegê-los da
degradação prematura pelo ácido gástrico. O revestimento é removido no meio alcalino do duodeno, e o pró-
fármaco, uma base fraca, é absorvido e transportado à célula parietal. Ali, ele é convertido no fármaco ativo e
forma uma ligação estável covalente com a enzima H+/K+-ATPase. São necessárias cerca de 18 horas para
ressintetizar a enzima, e a secreção ácida é interrompida durante esse período. Em dosagem padrão, os IBPs
inibem a secreção gástrica basal e a estimulada em mais de 90%.

Usos terapêuticos: Os IBPs são superiores aos antagonistas H2 no bloqueio da produção de ácido e na
cicatrização das úlceras. Assim, eles são os fármacos preferidos no tratamento e na profilaxia de úlceras de
estresse e para o tratamento de DRGE, esofagite erosiva, úlcera duodenal ativa e condições hipersecretoras
patológicas. Os IBPs também diminuem o risco de sangramento das úlceras causadas por ácido acetilsalicílico
e outros AINEs e podem ser usados para prevenção ou tratamento das úlceras induzidas por AINEs.

Farmacocinética: Todos esses fármacos são eficazes por via oral. Para obter o efeito máximo, os IBPs devem
ser ingeridos de 30 a 60 minutos antes do desjejum ou da principal (maior) refeição do dia.

Efeitos adversos: Os IBPs geralmente são bem tolerados. Omeprazol e esomeprazol podem diminuir a
eficácia do clopidogrel porque inibem a CYP2C19 e impedem a sua conversão no metabólito ativo. Embora o
efeito nos resultados clínicos seja questionável, o uso concomitante desses IBPs com clopidogrel não é
recomendado devido aos possíveis riscos de eventos cardiovasculares. Os IBPs podem aumentar o risco de
fraturas, particularmente se a duração do uso for de 1 ano ou mais. A supressão prolongada do ácido gástrico
com os IBPs (e os antagonistas H2) pode resultar em carência de vitamina B12, porque o ácido é necessário
para a sua absorção em complexo com o fator intrínseco. O pH gástrico elevado também pode prejudicar a
absorção de carbonato de cálcio. O citrato de cálcio é uma opção eficaz para suplementar cálcio em pacientes
sob tratamento de supressão de ácido, pois sua absorção não é afetada pelo pH gástrico. Pode ocorrer diarreia
e colite por Clostridium difficile em pacientes que recebem IBP. Os pacientes devem ser aconselhados a
interromper o tratamento com IBP e contatar seu médico se tiverem diarreia por vários dias. Efeitos adversos
adicionais podem incluir hipomagnesemia e maior incidência de pneumonia.
Por esses motivos, são considerados medicamentos potencialmente inapropriados para idosos de acordo com
os critérios de Beers e não devem ser utilizados por período superior a oito semanas nessa população.

ANTIÁCIDOS
Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido gástrico formando água e um sal, para diminuir a
acidez gástrica. Como a pepsina (uma enzima proteolítica) é inativa em pH acima de 4, os antiácidos reduzem
a atividade da pepsina.

Química: Os antiácidos variam amplamente em composição química, capacidade de neutralizar o ácido,


conteúdo de sódio, palatabilidade e preço. A eficácia de um antiácido depende da sua capacidade de
neutralizar o HCl gástrico e do fato de o estômago estar repleto ou vazio (o alimento retarda o esvaziamento
do estômago, permitindo mais tempo para o antiácido reagir). Antiácidos comumente usados são combinações
de sais de alumínio e magnésio, como hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio [Mg(OH)2]. O
carbonato de cálcio (CaCO3) reage com o HCl formando dióxido de carbono (CO2) e cloreto de cálcio (CaCl2)
e é também uma preparação comumente usada. A absorção sistêmica do bicarbonato de sódio [NaHCO3]
pode produzir alcalose metabólica transitória. Por isso, esse antiácido não é recomendado para uso
prolongado.
Efeitos adversos: O hidróxido de alumínio tende a causar constipação, ao passo que o hidróxido de magnésio
tende a produzir diarreia.

FÁRMACOS PROTETORES DA MUCOSA


Esses fármacos, também conhecidos como citoprotetores, apresentam várias ações que aumentam os
mecanismos de proteção da mucosa, prevenindo lesões, reduzindo inflamação e cicatrizando úlceras
existentes.

Sucralfato: Esse complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada se liga a grupos carregados
positivamente em proteínas da mucosa normal e necrótica. Formando géis complexos com as células epiteliais,
o sucralfato cria uma barreira física que protege a úlcera da pepsina e do ácido, permitindo a cicatrização da
úlcera. Embora o sucralfato seja eficaz no tratamento das úlceras duodenais e na prevenção das úlceras por
estresse, seu uso é limitado devido à necessidade de dosificações diárias múltiplas e interações
medicamentosas.

Como requer um pH ácido para sua ativação, o sucralfato não deve ser administrado com IBPs, antagonistas
H2 ou antiácidos. O sucralfato é muito bem tolerado, mas pode interferir na absorção de outros fármacos,
fixando-os. Esse fármaco não previne as úlceras induzidas pelos AINEs e nem cicatriza úlceras gástricas.

Subsalicilato de bismuto: Este fármaco é usado como componente de tratamento quádruplo para cicatrizar
úlceras pépticas. Além da sua ação antimicrobiana, ele inibe a atividade da pepsina, aumenta a secreção de
muco e interage com glicoproteínas na mucosa necrótica, revestindo e protegendo a úlcera.

PROSTAGLANDINAS
A prostaglandina E2, produzida pela mucosa gástrica, inibe a secreção de ácido e estimula a secreção de
muco e bicarbonato (efeito citoprotetor). A deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na patogênese
das úlceras pépticas. Misoprostol, um análogo da prostaglandina E1, está aprovada para a prevenção de
úlceras gástricas causadas por AINEs, de uso hospitalar restrito. O misoprostol é contraindicado na gravidez,
pois pode estimular as contrações do útero e causar aborto.

Fonte:
Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016.
Jameson, J., L. et al. Manual de medicina de Harrison. Disponível em: Minha Biblioteca, (20th edição). Grupo A, 2021.
Katzung, Bertram, G. e Anthony J. Trevor. Farmacologia básica e clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo A, 2017.
https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamento
https://docs.google.com/document/d/1E8qQTQt9DS-
65NIG8luv6dqvMU_MKDLLgVHuCkI0ECA/edit?usp=sharing

LAXANTES

A constipação é definida como uma redução na frequência das evacuações < 1 por semana ou dificuldade de
defecar, podendo resultar em dor abdominal, distensão e fecaloma (impactação fecal), com consequente
obstrução ou raramente perfuração. A constipação é uma queixa frequente, muitas vezes subjetiva. Os fatores
contribuintes podem consistir em inatividade, dieta pobre em fibras e permitir um período de tempo insuficiente
para a defecação.

Na ausência de uma causa identificável, a constipação pode melhorar com tranquilização, exercício, maior
quantidade de fibras dietéticas, agentes capazes de produzir maior massa fecal (p. ex., psílio) e maior ingestão
de líquidos. As terapias específicas consistem em remoção da obstrução intestinal (fecalito, tumor), interrupção
dos agentes não essenciais que induzem à hipomotilidade (sobretudo os antiácidos que contêm alumínio ou
cálcio, opiáceos) ou substituição dos antiácidos à base de alumínio por outros que contêm magnésio. Para
alívio dos sintomas, são necessários ocasionalmente agentes que contêm magnésio ou outros catárticos. Com
uma hipomotilidade ou dismotilidade significativas, ou na presença de opiáceos, os agentes osmoticamente
ativos (p. ex., lactulose oral, soluções para lavagem intestinal que contêm polietilenoglicol) e laxativos
emolientes orais ou retais (p. ex., sais de docusato) e óleo mineral são extremamente efetivos.

Os laxantes são comumente usados contra a constipação, para acelerar o movimento do alimento por meio do
TGI. Esses fármacos podem ser classificados com base no seu mecanismo de ação. Os laxantes aumentam
o risco de perda do efeito de fármacos pouco absorvidos, preparações de ação postergada e preparações orais
de liberação estendida por acelerarem o seu trânsito intestinal. Usados cronicamente, eles também podem
causar desequilíbrios eletrolíticos. Vários desses fármacos têm risco de dependência para o usuário.

LAXANTES IRRITANTES E ESTIMULANTES


1. Senna: Este é um laxante estimulante amplamente usado. Seu componente ativo é um grupo de senosídeos,
um complexo natural de glicosídeos antraquinônicos. Usado por via oral, causa evacuação de 8 a 10 horas.
Ele também causa secreção de água e eletrólitos para o interior do intestino. Em produtos associados contendo
o amolecedor de fezes docusato, esse fármaco é útil no tratamento das constipações causadas por opioides.
2. Bisascodil: Disponibilizado como supositório e comprimidos revestidos entéricos, o bisacodil é um potente
estimulante do colo do intestino. Ele atua diretamente nas fibras nervosas na mucosa do colo do intestino.
3. Óleo de rícino: Este produto é hidrolisado no intestino delgado em ácido ricinoleico, que tende a irritar muito
o estômago e, logo, aumenta o peristaltismo. Ele deve ser evitado em gestantes, pois pode estimular
contrações do útero. Pode produzir cólicas fortes que o tornam difícil de tolerar para muitos pacientes,
sobretudo os idosos.

LAXANTES AUMENTADORES DE VOLUME


Os laxantes aumentadores de volume incluem coloides hidrofílicos (de partes não digeríveis de frutas e
vegetais). Eles formam géis no intestino grosso, causando a retenção de água e a distensão intestinal,
aumentando, assim, a atividade peristáltica. Ações similares são produzidas por metilcelulose, sementes de
linho (Psyllium) e fibras. Eles devem ser usados com cautela em pacientes que se encontram imobilizados,
devido ao potencial de causar obstrução intestinal.

LAXANTES SALINOS E OSMÓTICOS


Os catárticos salinos, como citrato de magnésio, hidróxido de magnésio e fosfato de sódio, são sais não
absorvíveis (ânions e cátions) que retêm água no intestino por osmose. Isso distende o intestino, aumentando
a atividade intestinal e produzindo defecação em poucas horas. Soluções eletrolíticas contendo
polietilenoglicol (PEG) são usadas como lavagens colônicas para preparar o intestino para procedimentos
endoscópicos ou radiológicos. Pó de PEG para solução está disponível como laxante em medicamentos
receitados e também de venda livre. Esse fármaco causa menos cólicas e gases do que outros laxantes. A
lactulose é um dissacarídeo semissintético que também atua como laxante osmótico. Ela não consegue ser
hidrolisada pelas enzimas gastrintestinais. As dosagens orais alcançam o colo do intestino e são degradadas
pelas bactérias colônicas em ácidos lático, fórmico e acético. Isso aumenta a pressão osmótica, causando
acúmulo de líquidos que distende o colo do intestino, amolece as fezes e causa defecação. A lactulose é usada
também para o tratamento da encefalopatia hepática, por reduzir os níveis de amônia.

AMOLECEDORES DE FEZES (LAXANTES EMOLIENTES OU SURFACTANTES)


Os fármacos ativos em superfície que se tornam emulsificados com as fezes produzem fezes amolecidas e
facilitam sua progressão. Estão incluídos aí o docusato de sódio e o docusato de cálcio. Eles podem
demorar dias para fazerem efeito e geralmente são usados na profilaxia, em vez de no tratamento agudo. Os
amolecedores de fezes não devem ser ingeridos simultaneamente com óleo mineral, devido ao risco de
absorção do óleo mineral.

LAXANTES LUBRIFICANTES
O óleo mineral e os supositórios de glicerina são considerados lubrificantes e agem facilitando a passagem
de fezes endurecidas. O óleo mineral deve ser ingerido por via oral em posição ereta (de pé) para evitar a
aspiração e uma potencial pneumonia lipídica ou lipoide.

ATIVADORES DE CANAIS DE CLORO


A lubiprostona, atualmente o único fármaco desta classe, atua ativando os canais de cloreto para aumentar
a secreção de líquidos no lúmen intestinal. Isso facilita a progressão das fezes e causa pouca alteração no
equilíbrio eletrolítico. A lubiprostona é usada no tratamento da constipação crônica, particularmente porque
não foram demonstradas intolerância ou dependência associadas a esse fármaco. Interações entre fármacos
também parecem mínimas, pois a biotransformação ocorre rapidamente no estômago e no jejuno.

Fonte:
Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016.
Jameson, J., L. et al. Manual de medicina de Harrison. Disponível em: Minha Biblioteca, (20th edição). Grupo A, 2021.
Katzung, Bertram, G. e Anthony J. Trevor. Farmacologia básica e clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo A, 2017.
https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamento
https://docs.google.com/document/d/1XjpgLmuavQYcNEIcvDP3t2gYsmEAWCUl9k2I2GdlaZA/edit?usp
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ANTIDIARREICOS E ANTIESPASMÓDICOS

FISIOLOGIA
Definida formalmente como uma produção fecal de > 200 g/dia com uma dieta pobre em fibras; o termo diarreia
costuma ser usado também no sentido de fezes moles ou aquosas. É considerada aguda se a duração for < 2
semanas, persistente se for entre 2 e 4 semanas e crônica se for > 4 semanas. A diarreia é mediada por um
ou mais dos mecanismos descritos adiante.
Mais de 90% das enfermidades diarreicas agudas são de etiologia infecciosa. Uma evolução mais prolongada
(> 4 semanas) e mais insidiosa sugere má absorção, doença inflamatória intestinal, distúrbio metabólico ou
endócrino, insuficiência pancreática, abuso de laxativos, isquemia, neoplasia (estado hipersecretório ou
obstrução parcial) ou síndrome do intestino irritável. A enterite parasitária e certas formas de enterite bacteriana
também podem produzir sintomas crônicos. Fezes particularmente fétidas ou oleosas sugerem má absorção
de gorduras. O fecaloma (impactação fecal) pode causar uma diarreia aparente, pois somente os líquidos
conseguem passar pela obstrução parcial.

DIARREIA OSMÓTICA
Os solutos não absorvidos fazem aumentar a pressão oncótica intraluminal, acarretando a efusão de água; em
geral, cessa com o jejum. As causas incluem deficiências das dissacaridases (p. ex., lactase), insuficiência
pancreática, crescimento bacteriano excessivo, ingestão de lactulose ou sorbitol, abuso de laxativos
polivalentes, espru celíaco ou tropical e síndrome do intestino curto.

DIARREIA SECRETÓRIA
A secreção ativa de íons causa perda obrigatória de água; a diarreia, em geral, é aquosa, na maioria das vezes
profusa, não sendo afetada pelo jejum; Na+ e K+ nas fezes se mostram elevados. As causas incluem infecções
virais (p. ex., rotavírus, vírus Norwalk), infecções bacterianas (p. ex., cólera, Escherichia
coli enterotoxigênica, Staphylococcus aureus), protozoários (p. ex., Giardia, Isospora, Cryptosporidium),
distúrbios associados à Aids (como os micobacteriose e os induzidos pelo HIV), medicações (p. ex., teofilina,
colchicina, prostaglandinas, diuréticos) entre outros.

DIARREIA EXSUDATIVA
Inflamação, necrose e descamação da mucosa colônica; pode incluir um componente de diarreia secretória
em função da liberação das prostaglandinas pelas células inflamatórias; em geral, as fezes contêm leucócitos
polimorfonucleares assim como sangue oculto ou macroscópico. As causas incluem infecções bacterianas (p.
ex., Campylobacter, Salmonella, Shigella, Yersinia, E. coli invasiva ou enterotoxigênica, Vibrio
parahaemolyticus, colite pelo Clostridium difficile [frequentemente induzida por antibióticos]), parasitas
colônicos (p. ex., Entamoeba histolytica), doença de Crohn, proctocolite ulcerativa, doença inflamatória
intestinal idiopática, enterocolite actínica (por irradiação), agentes quimioterapêuticos para câncer e isquemia
intestinal.

MOTILIDADE INTESTINAL ALTERADA


Consiste em alteração do controle coordenado da propulsão intestinal; diarreia com frequência intermitente ou
alternando com constipação. As causas incluem diabetes melito, insuficiência suprarrenal, hipertireoidismo,
doença vascular por colagenoses, infestações parasitárias, estados com hipersecreção de gastrina e VIP,
amiloidose, laxativos (sobretudo os agentes que contêm magnésio), antibióticos (em especial a eritromicina),
agentes colinérgicos, disfunção neurológica primária (p. ex., doença de Parkinson, neuropatia traumática),
fecaloma (impactação fecal), doença diverticular e síndrome do intestino irritável. O sangue no lúmen intestinal
é catártico e um sangramento GI alto significativo resulta em diarreia pelo aumento da motilidade.

MENOR SUPERFÍCIE ABSORTIVA


Costuma resultar de manipulação cirúrgica (p. ex., ressecção extensa ou rearranjo do intestino delgado) que
deixa uma superfície absortiva insuficiente para a digestão das gorduras e dos carboidratos, bem como para a
absorção de líquidos e eletrólitos; ocorre espontaneamente na presença de fístulas enteroentéricas (sobretudo
gastrocólicas).
TRATAMENTO

A terapia sintomática consiste em vigorosa reidratação (IV ou com soluções orais de glicose-eletrólitos),
reposição de eletrólitos, fixadores de substâncias osmoticamente ativas (caulim-pectina) e opiáceos para
reduzir a motilidade intestinal (p. ex., loperamida, difenoxilato); os opiáceos podem ser contraindicados nas
causas infecciosas ou inflamatórias de diarreia. Antiespasmódicos são utilizados em casos de dores
abdominais.

Os fármacos antidiarreicos podem ser usados com segurança em pacientes com diarreia aguda leve a
moderada. Entretanto, não devem ser administrados a pacientes com diarreia sangui-nolenta, febre alta ou
toxicidade sistêmica, devido ao risco de agravamento do processo subjacente. Esses fármacos devem ser
suspensos em pacientes cuja diarreia esteja se agravando, a despeito do tratamento. Os fármacos
antidiarreicos também são usados no controle da diarreia crônica causada por certas condições, como doença
inflamatória intestinal (DII).
Os antidiarreicos não devem ser usados se a diarreia for acompanhada por febre acima de 38,5º C ou se
houver sangue e muco presente nas fezes.

AGONISTAS OPIOIDES
Conforme assinalado, os opioides exercem efeitos constipantes significativos. Eles ativam receptores opioides
pré-sinápticos no sistema nervoso entérico para inibir a liberação de ACh e diminuir o peristaltismo. Aumentam
a atividade de segmentação fásica do cólon por meio da inibição dos nervos colinérgicos pré-sinápticos nos
plexos submucoso e mioentérico e resultam em aumento do tempo de trânsito colônico e absorção da água
fecal. Além disso, diminuem os movimentos colônicos de massa e o reflexo gastrocólico. Embora todos os
opioides exerçam efeitos antidiarreicos, os efeitos sobre o sistema nervoso central e o potencial de adição
limitam a utilidade da maioria desses fármacos. A loperamida é um agonista opioide de venda livre, que não
atravessa a barreira hematencefálica e que não exibe nenhuma propriedade analgésica nem potencial de
adição. Não foi relatado o desenvolvimento de tolerância com o uso em longo prazo. De costume, a loperamida
é administrada em doses de 2 mg, 1 a 4 vezes ao dia.

ADSORVENTES
Os fármacos adsorventes, como hidróxido de alumínio e metilcelulose, são usados para controlar diarreias.
Presumivelmente, esses fármacos atuam adsorvendo toxinas intestinais ou microrganismos e/ou revestindo e
protegendo a mucosa intestinal. Eles são muito menos eficazes do que os fármacos antimotilidade e podem
interferir na absorção de outros fármacos.

FÁRMACOS QUE MODIFICAM O TRANSPORTE DE LÍQUIDO E ELETRÓLITOS


O salicilato de bismuto, usado na diarreia do viajante, diminui a secreção de líquidos no intestino. Sua ação
pode ser devida ao componente salicilato, bem como sua ação de revestimento. Os efeitos adversos podem
incluir língua escurecida e fezes pretas.

RESINAS DE LIGAÇÃO DOS SAIS BILIARES


Os sais biliares conjugados são normalmente absorvidos no íleo terminal. A doença do íleo terminal (p. ex.,
doença de Crohn) ou a ressecção cirúrgica resultam em má absorção de sais biliares, podendo causar diarreia
secretora colônica. As resinas de ligação de sais biliares, a colestiramina pode diminuir a diarreia causada
pelo excesso de ácidos biliares. Esse produto é apresentado em uma variedade de formulações em pó e
pílulas, que podem ser tomadas 1 a 3 vezes ao dia, antes das refeições. Os efeitos colaterais incluem
distensão, flatulência, constipação intestinal e impactação fecal. Em pacientes com diminuição das reservas
de ácidos biliares circulantes, a remoção adicional de ácidos biliares pode resultar em exacerbação da má
absorção de gordura. A colestiramina liga-se a diversos fármacos e reduz a sua absorção; por conseguinte,
não deve ser administrado dentro de duas horas após o uso de outros fármacos.

ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS
Antagonistas muscarínicos exercem efeito antiespasmódico no trato gastrointestinal.

A atropina (na forma do isômero ativo, l-hiosciamina) pode ser usada como antiespasmódico
para reduzir a atividade do TGI. Atropina e escopolamina são provavelmente os antiespasmódicos mais
potentes disponíveis. Embora a motilidade gástrica seja reduzida, a produção de ácido clorídrico não é afetada
de forma significativa.

O butilbrometo de escopolamina exerce um efeito espasmolítico na musculatura lisa do trato gastrintestinal,


das vias biliares e geniturinárias. Como um derivado de amônia quaternária o butilbrometo de escopolamina
não atravessa o sistema nervoso central. Portanto não ocorrem efeitos colaterais sobre o sistema nervoso
central. A ação anticolinérgica periférica resulta de uma ação bloqueadora ganglionar na parede visceral e de
sua atividade antimuscarínica.

Caso a dor abdominal severa e de causa desconhecida persista ou piore, ou esteja associada a sintomas como
febre, náusea, vômito, alteração da motilidade intestinal, aumento da sensibilidade abdominal, queda da
pressão arterial, desmaio, ou presença de sangue nas fezes, é necessário realizar o diagnóstico apropriado
para investigar a etiologia dos sintomas.

Fonte:
Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016.
Jameson, J., L. et al. Manual de medicina de Harrison. Disponível em: Minha Biblioteca, (20th edição). Grupo A, 2021.
Katzung, Bertram, G. e Anthony J. Trevor. Farmacologia básica e clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo A, 2017.
https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamento
https://docs.google.com/document/d/12Y2PIyGqohKFLpr_VOk414j7s0ATx1K_1vEA0V4C3f8/edit?usp=
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ANTIEMÉTICOS

Náuseas se referem ao desejo iminente de vomitar e costumam preceder ou acompanhar os vômitos. Vômitos
se referem à expulsão forçada do conteúdo gástrico através da boca. Ânsia de vômitos se refere à atividade
respiratória rítmica forçada que precede os vômitos.

O “centro do vômito” no tronco encefálico é uma região neuronal imprecisamente organizada dentro da
formação reticular lateral do bulbo, que coordena o complexo ato do vômito por meio de interações com os
nervos cranianos VIII e X e redes neurais no núcleo do trato solitário, que controlam os centros respiratório da
salivação e vasomotor. Foram identificadas concentrações elevadas de receptores muscarínicos M1,
histamínicos H1, de neurocinina I (NK1) e serotonina 5-HT3 no centro do vômito (Figura 62-6).
Existem quatro fontes importantes de influxo aferente para o centro do vômito:

1. A “zona de gatilho quimiorreceptora” (CTZ, de chemoreceptor trigger zone) ou área postrema localiza-se na
extremidade caudal do quarto ventrículo. Encontra-se fora da barreira hematencefálica, porém acessível a
estímulos emetogênicos no sangue ou no líquido cerebrospinal. A CTZ é rica em receptores D2 dopamínicos
e receptores opioides e, possivelmente, receptores 5-HT3 de serotonina e receptores NK1.

2. O sistema vestibular é importante na cinetose por meio do nervo craniano VIII. É rico em receptores M1
muscarínicos e H1 histamínicos.

3. Os nervos aferentes vagais e espinais do trato gastrintestinal são ricos em receptores 5-HT3. A irritação da
mucosa gastrintestinal por quimioterapia, radioterapia, distensão ou gastrenterite infecciosa aguda determina
a liberação de 5-HT da mucosa e a ativação desses receptores, que estimulam o influxo aferente vagal para o
centro do vômito e a zona de gatilho quimiorreceptora.

4. O sistema nervoso central desempenha um papel no vômito, devido a transtornos psiquiátricos, estresse e
vômito antecipatório antes da quimioterapia para o câncer. A identificação dos diferentes neurotransmissores
envolvidos no vômito possibilitou o desenvolvimento de um grupo distinto de fármacos antieméticos, que
possuem afinidade por vários receptores. Com frequência, são usadas associações de fármacos antieméticos
com diferentes mecanismos de ação, so-bretudo em pacientes com vômitos causados por agentes
quimioterápicos.
Considerando a complexidade dos mecanismos envolvidos na êmese, não é de surpreender que os
antieméticos apresentem uma variedade de classes:

ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 5-HT3 DE SEROTONINA

Os antagonistas seletivos dos receptores 5-HT3 possuem pro-priedades antieméticas potentes, que são
mediadas, em parte, por meio do bloqueio dos receptores 5-HT3 centrais no centro do vômito e na zona de
gatilho quimiorreceptora, porém prin-cipalmente pelo bloqueio dos receptores 5-HT3 periféricos nos nervos
aferentes espinais e vagais intestinais extrínsecos. A ação antiemética desses fármacos limita-se aos vômitos
atribuíveis à estimulação vagal (p. ex., pós-operatórios) e à quimioterapia; outros estímulos eméticos, como a
cinetose, são pouco controlados.

No Brasil, dispõe-se da ondansetrona e da palonosetrona. São recomendados para náuseas e vômitos


induzidos por quimioterapia, pós-operatórios e pós-radioterapia. São agentes bem tolerados, com excelente
perfil de segurança. Os efeitos colaterais mais relatados consistem em cefaleia, tontura e constipação intestinal.

ANTI-HISTAMÍNICOS

As propriedades antieméticas das fenotiazinas são mediadas por meio da inibição dos receptores dopamínicos
e muscarínicos. As propriedades sedativas devem-se à sua atividade anti-histamínica. Os agentes mais
comumente usados como antieméticos é a prometazina (anti-histamínico).

A difenidramina e um de seus sais, o dimenidrinato, são antagonistas dos receptores H1 de histamina de


primeira geração, que também possuem propriedades anticolinérgicas significativas. Em virtude de suas
propriedades sedativas, a difenidramina é muito utilizada em associação com outros antieméticos para o
tratamento dos vômitos induzidos pela quimioterapia. A meclizina é um fármaco anti-histamínico H1 com
propriedades anticolinérgicas mínimas, que também produz menos sedação. É utilizada na prevenção da
cinetose e no tratamento da vertigem causada por disfunção do labirinto.

METOCLOPRAMIDA E DOMPERIDONA
A metoclopramida e a domperidona são antagonistas dos receptores dopamínicos D2. No trato
gastrintestinal, a ativação dos receptores de dopamina inibe a estimulação colinérgica do músculo liso;
acredita-se que o bloqueio desse efeito constitui o principal mecanismo procinético de ação desses fármacos.
Esses fármacos aumentam a amplitude peristáltica do esôfago, elevam a pressão do esfíncter esofágico inferior
e aceleram o esvaziamento gástrico, porém não exercem nenhum efeito sobre a motilidade do intestino delgado
ou do cólon. A metoclopramida e a domperidona também bloqueiam os receptores dopamínicos D2 na zona
de gatilho quimiorreceptora do bulbo (área postrema), resultando em poderosa ação antináusea e antiemética.

Usos clínicos: Doença do refluxo gastresofágico,comprometimento do esvaziamento gástrico, dispepsia não


ulcerosa, prevenção dos vômitos.

Os efeitos adversos antidopaminérgicos, incluindo sintomas extrapiramidais, limitam o uso prolongado de


doses elevadas.

CORTICOSTEROIDES
Os corticosteroides (dexametasona, metilprednisolona) possuem propriedades antieméticas, porém a base
desses efeitos permanece desconhecida. Esses fármacos parecem aumentar a eficácia dos antagonistas dos
receptores 5-HT3 para a prevenção das náuseas e dos vômitos agudos e tardios em pacientes submetidos a
esquemas de quimioterapia moderada a muito emetogênicos.

BUTIROFENONAS

Droperidol e haloperidol atuam bloqueando os receptores de dopamina. As butirofenonas são antieméticos


moderadamente eficazes. O droperidol é usado com mais frequência para sedação em endoscopia e cirurgia,
em geral associada a opioides ou benzodiazepínicos. Contudo, deve ser reservado para pacientes com
resposta inadequada a outros fármacos. Doses altas de haloperidol são quase tão eficazes quanto as doses
altas de metoclopramida na prevenção da êmese induzida por cisplatina.

BENZODIAZEPÍNICOS
A potência antiemética do lorazepam e do alprazolam é baixa. Seu efeito benéfico pode ser devido às suas
propriedades sedativas, ansiolíticas e amnésicas. Essas mesmas propriedades tornam os benzodiazepínicos
úteis no tratamento da êmese por antecipação.

Fonte:
Whalen, Karen, et al. Farmacologia Ilustrada. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo A, 2016.
Jameson, J., L. et al. Manual de medicina de Harrison. Disponível em: Minha Biblioteca, (20th edição). Grupo A, 2021.
Katzung, Bertram, G. e Anthony J. Trevor. Farmacologia básica e clínica. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo A, 2017.
https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamento

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